Uê Paesano! (Eu e o Anarquista)

Um conto erótico de Anjo Cigano
Categoria: Heterossexual
Contém 4483 palavras
Data: 06/04/2012 03:10:09
Última revisão: 08/04/2012 03:06:26

Olá! Volto trazendo uma estórinha relativamente curta ante os meus contos anteriormente publicados. Foi feita num "lance" de inspiração momentânea e serve como um ganchinho para minha próxima aventura que se passa nos Anos de Chumbo. Palavrinhas antiquadas, expressões em italiano, Uê Paesano é uma música característica dessa época em que São Paulo começava a conhecer a pizza! Bom, perdoem possíveis errinhos gramaticais e boa leitura a todos... Espero que gostem. Beijos a todos!

Lembro-me bem dessa parte de minha infância... Nessa época São Paulo ainda era feita de mais casas do que prédios, e muitas dessas casas possuíam quintais nos quais as pessoas tinham por hábito plantar pés de frutas.

Lembro-me que morava em uma casa dessas no Brás, não era bem uma casa, tava mais pra um cortiço italiano que hoje não se vê mais. Os donos eram um casal de idosos que falavam enrolado um ítalo-português que se fazia engraçado aos meus ouvidos infantis.

Logo que a senhora adoeceu, sua filha que morava lá pelo Bixiga, veio morar com eles para ajudá-los e veio junto com o marido um homem de trinta e poucos anos chamado Antônio.

Filho de imigrantes portugueses trabalhava como taxista, era um cara sério, mas muito bonito, me lembro de no auge da minha puberdade ter me “divertido” muito sozinha pensando nele e naqueles antipáticos olhos verdes escuros que adornavam o rosto moreno azeitonado cuja marca azulada da barba fechada o deixava mais lindo. Meu pai um metalúrgico simples que andava dentro da lei tinha sempre uma leve desconfiança que Antônio era metido com anarquistas que era comum na época. Sua esposa era uma mulher bonita e gentil, logo depois de mudar-se engravidou e numa noite chuvosa Antônio bateu na porta no quarto em que morávamos desesperado solicitando os serviços de parteira de minha mãe que aprendera o ofício com minha falecida avó que viera da Itália.

Ouvi nitidamente os gritos da mulher que repentinamente cessaram dando lugar ao silêncio que não contrastou com o choro do bebê e sim com os pingos da chuva. Pela janela vi que ele ficou ali sob aqueles mesmos pingos um longo tempo.

-Vem, meu filho você vai arrumar uma constipação nesse temporal.

Ele nada respondeu ao meu pai eu mesmo não indo com a cara dele o foi consolar após ter perdido sua esposa e seu filho no parto.

Foi o primeiro enterro que vi, mas não liguei muito, pois na época contava com mais ou menos dez anos e fui me divertindo com meus irmãos durante o cortejo que atravessou a cidade rumo ao cemitério do Araçá, fomos contando os trouxas que tiravam o chapéu daqui até lá, mais de trinta eu ganhava, menos ganhava o Savério (com todo o respeito ao Alcântara Machado).

Com esse triste acontecimento o homem ficou mais fechado do que de costume, nunca fora visto com mulher nenhuma, de poucas palavras, de olhos cansados que vi sendo adornados pelo tempo...

Nunca havia trocado sequer uma palavra com ele exceto por aquela vez...

Devia estar com uns doze anos e fui com meus irmãos e meus primos que eram verdadeiras pestes “pegar” as frutas que pertenciam ao quintal da casa, com a morte de sua esposa e de sua sogra que não tardou a acompanhar a filha, ele ficou morando com o sogro e tomando conta do cortiço, já que o velho homem não dava conta e com isso as frutas eram dele também.

Tudo teria saído bem se meu velho avô que vivia conosco não tivesse nos flagrado e guardado as frutas para que nós as devolvêssemos mais tarde quando ele chegasse “da praça” termo este que os antigos usavam para designar o trabalho dos taxistas.

-Ô Seu Antônio, meus netos têm uma coisa pra falar pro senhor.

Depois de pedirmos desculpas de cabeça baixa ante aquele homem sério, o vi sorrir pela primeira vez e enquanto eu passava pela pior vergonha da minha vida ele acariciou meus cabelos, dizendo que aquilo era coisa de criança que não precisávamos devolver as frutas e que poderíamos pegar quando quiséssemos. Claro que meu avô não deixou.

Quando completei quinze anos, após muito prazer solitário pensando no anarquista como meu pai o chamava, fui convidada por uma tia que tinha boas condições financeiras e morava em Piracicaba para completar meus estudos lá e como era uma boa oportunidade de crescer longe do trabalho quase escravo que as crianças faziam nas fábricas paulistas para ajudar no sustento de casa meus pais concordaram com minha mudança. Lá conheci o Agenor, um rapaz vizinho de minha tia, de boa posição social estudava no mesmo colégio que eu e aspirava fazer Direito e seguir a carreira política assim como seu avô quatrocentão que fora um dos primeiros governantes da cidade.

Terminados meus estudos, estava pronta para ser uma boa dona de casa, sim naquela época ser a “rainha do lar” era a maior posição que uma mulher poderia alcançar. A educação nas escolas e colégios ficava por conta das freiras era raro vermos uma professora.

Voltei para São Paulo na companhia de meu noivo Agenor que sendo pouco mais velho que eu estava há um ano de completar seus estudos universitários. Fui o orgulho do cortiço: uma moça jovem, bonita, casta e noiva de um futuro político! Ovacionada, cheguei cheia de presentes para minha família, mas minha cabeça toda hora me fazia perguntar a eles sobre o anarquista.

-Por que ta querendo saber tanto desse homem Sollene?

-Nada, mãe... Tenho pena dele coitado desde que perdeu a esposa. Ele casou de novo?

-Não, coitado, aquele sofre desde que a mocinha morreu...

Disse minha mãe fazendo o Sinal da Cruz como sempre fizera cada vez que falava ou ouvia falar em um defunto.

A noitinha era comum as famílias colocarem cadeiras nas portas para conversarem enquanto a criançada brincava livre pela rua num tempo onde a violência era rara. E foi nessa noite que eu enquanto conversava com uma de minhas primas que viviam no mesmo bairro quando ele chegou. Assim que pus meus olhos naquele homem de agora cinqüenta anos senti meu corpo inteiro estremecer. Ele estava mais lindo do que nunca. Rugas lhe adornavam os cantos dos olhos, o tal bigode chinês ladeava a boca e o ar cansado nos olhos verdes... Nos olhamos por alguns segundos e em meio um quase sorriso ele me disse:

-Você cresceu menina...

Nada disse e sorri.

A vida seguia normal, eu ajudava nos afazeres domésticos e a noite Agenor vinha namorar comigo, sentávamos cada um em um sofá daquela espécie de sala montada em apenas um cômodo dividindo espaço com o fogão e quatro camas. Mesmo sendo um perfeito cortiço, meu noivo gostava muito de mim e não se importava com nossa diferença social e sempre tratava com carinho meus pais e meus irmãos. Naquela época as moças eram inocentes até demais e eu não era diferente.

Acreditava que amava o Agenor e sabia que o que eu fazia a noite antes de dormir era errado principalmente por fazer pensando no Antônio, mas era inevitável passar um dia sem me tocar, pois já contava com 19 anos, namoro morno e respeitoso e hormônios sempre foram hormônios em qualquer época.

Dentre todos em casa, apenas eu não trabalhava, pois não pegava bem a noiva de um granfino como se dizia naqueles tempos trabalhar e com isso eu recebia uma espécie de mesada de meu noivo para preparar o enxoval, sendo assim passava boa parte do dia sozinha em casa arrumando as coisas, bordando, cozinhando ou seja fazendo as tarefas da moça de família dos idos anos 20.

E foi numa dessas tardes quando eu já havia terminado alguns afazeres e estava meio entediada que a macieira no fundo do quintal me chamou a atenção. As frutas vermelhas bem maduras enchiam minha boca de água e logo ri ao me lembrar da vez em que meu avô me fez devolver as frutas que pegara de Antônio também me lembrei que ele disse que eu poderia pegar sem problemas e uma maçã não faria falta...

Como ainda era quase uma menina esqueci-me dos recatos de boa moça e tal qual criança que cresce solta subi na árvore para apanhar a fruta. Feliz desci com aquela que curiosamente era a fruta do pecado nas mãos e dei de cara dom ele me olhando sério.

-Bonito... Roubando fruta...

-Não roubei.

-Ah não?

-O senhor me disse que eu podia pegar, lembra?

-Lembro sim...

Fez uma pausa e me olhou dos pés a cabeça.

-Mas você era uma criança, agora já está bem grandinha, se bem que para mim ainda é uma menina.

Senti meu rosto ruborizar e tal qual criança assustada lhe devolvi a maçã.

Ele segurando meu punho disse sorrindo.

-Você ta linda Sollene... Aposto que aquele almofadinha é bem feliz com você...

Nessa hora a mão quente e forte delicadamente levantava meu rosto segurando meu queixo.

-O senhor... Eu...

Estava embaraçada por completo.

-Sabia que eu posso contar o que você fez hoje? Não ia ser bonito a namoradinha de um futuro Doutor subindo em árvore, roubando fruta.

-Eu já devolvi.

Dizia com voz amedrontada, enquanto ele me puxava pelo braço.

-Vem cá boneca.

De cabeça baixa entrei em sua casa que era um pouco maior que a minha tendo três cômodos e quase chorando pedi.

-Seu Antônio, por favor...

-Eu não paro de pensar em você desde o dia que você voltou...

A verdade era que nem eu parava de pensar nele, aliás, nunca parei.

Lentamente ele me levou até seu quarto e se sentando na cama abaixou as alças do meu vestido.

-Olha como você já está grandinha pra subir em árvore... Olha essas tetinhas que delícia... Como cresceram...

Aquilo era uma deliciosa loucura! Eu uma moça de família, virgem, noiva de um futuro político de família abastada estava ali semi nua na frente daquele homem pouco mais jovem que meu pai e que sempre fora o responsável pelos meus devaneios eróticos...

-Por favor...

-Vem cá, vem...

Aproximei-me dele lentamente e logo senti pela primeira vez o toque de um homem em meus seios e mesmo sabendo que aquilo era errado gemi.

-Você também gosta de mim, não gosta boneca? Pensa que eu não vejo o jeito como você me olha.

-Gosto sim Seu Antônio e gosto desde criança, mas é errado...

-Não é não meu anjo, gostar não é errado...

Dizia enquanto apertava meus mamilos me causando deliciosas sensações em minha vagina.

-É errado sim eu sou noiva... Hum...

Nessa hora gemi e fechei os olhos ao sentir sua boca sugando meus seios o que pra mim foi uma surpresa, pois mesmo sendo virgem e inexperiente sabia bem de conversas com as amigas que sexo era algo proibido e naquela época feito as escuras, debaixo dos lençóis e muitas vezes sem tirar as roupas... Mas esses anarquistas eram tudo doidos como meu pai dizia, não acreditavam em nada, defendiam o aborto, o amor livre... E pude constatar que essa era a dele mesmo por ver o jornal Uê Paesano que era editado por um grupo de anarquistas na Mooca descansando sobre a mesa da cozinha.

Mas não me importava eu estava adorando aquilo tudo e me perguntava se era tão gostoso, por que fazer escondido?

Quando senti que sua mão já entrava por dentro da calcinha (leia-se calçola) que eu usava recobrei meu juízo e me desvencilhando de seus carinhos e me vestindo corri para casa.

Passei o resto do dia inquieta e todos perceberam, na hora do “happy our” da época não fui para fora, mas fiquei olhando pela janela enquanto ele de sua casa também me olhava com um jeito sério e malicioso.

Também não consegui dormir, virei a noite toda na cama, e como o banheiro era coletivo e no quintal, me levantei para tomar um banho mesmo que gelado.

Enquanto caminhava no escuro senti uma vontade louca de mudar o caminho e parar em sua casa, afinal eu naquela hora já nada sabia dos meus sentimentos por Agenor e apenas pensava no português anarquista que havia me feito descobrir os prazeres da carne mais cedo.

Não pensei, joguei meu último respingo de sanidade no lixo e me vi parada a porta dele.

Naquela época existiam poucos crimes e a maioria das casas viviam com as portas abertas, a dele, bem a dele era diferente sempre fechada mais tarde descobri que era medo da polícia que combatia ferrenhamente quem fosse contra o governo.

Pensei, respirei e bati três vezes sem que ninguém abrisse, já pensava em ir embora e recobrar meu juízo quando ele abriu.

Vestia uma ceroula branca e trazia o peito coberto de pêlos negros nu.

Lembro-me bem do olhar que trocamos, um olhar cúmplice de quem sabia que cometeria um crime, mas um olhar terno onde havia amor, por mais que lhes pareça loucura ele não era o cafajeste que me tiraria a virgindade e me abandonaria.

Nada disse, apenas toquei em seu peito e ele tomou minha mão a beijando e logo entrei em sua casa.

Não dizíamos nada apenas nos olhávamos e nos beijávamos quando ele quebrou o silêncio.

-Desde que ela morreu eu nunca mais pensei em ninguém como penso em você minha menina...

-Eu sempre te amei Seu Antônio... Desde criança...

-Desde que roubava maçã no meu quintal...

Ele riu e me abraçou.

-Pensei que vocês não considerassem nada como “seu”.

-Vocês quem?

-O senhor sabe...

-Não, não sei.

-Todo mundo diz que o senhor é anarquista e aquele jornal que estava na sua mesa...

-Isso te incomoda?

-Não... Deveria, mas não me incomoda... Afinal meu noivo...

-Como você pode?

- O que?

-Ter ficado noiva se diz que sempre me amou.

-O senhor não poderia ter ficado comigo Seu Antônio eu era uma criança...

-Eu nem imaginava que um dia aquela menina sem graça iria ficar tão linda.

-Eu...

Disse sem jeito acariciando seu peito.

-Vem aqui, vem...

Ele me levou para o quarto onde lentamente se livrou de minha camisola e voltou a beijar e sugar meus seios enrijecidos tal qual criança faminta me deixando louca e oscilante entre o medo e o tesão, sim medo... Tudo que envolvia sexo nos era sinônimo de medo naquela época.

-Você é linda, minha bambina...

Dizia já abaixando minha cacinha.

-Você é a primeira italianinha que vejo que gosta da burguesia...

-Se o senhor fosse meu namorado me deixaria ir naquelas reuniões que vocês vão?

Perguntei me referindo as reuniões dos anarquistas e comunistas feitas as escondidas.

-Você iria fazer sardela pros “paesane”.

Disse rindo.

-Ainda lembra do cheiro da sardinha?

-Sim, amore do cheiro da sardinha e do gosto da caponata... Mas sei fazer bacalhau também pro meu “morruga”.

Disse antes de gemer ao sentir seu dedo maroto deslizando em meu clitóris...

-Com seu dedo é mais gostoso...

-Como com o meu dedo? Alguém já fez isso em você?

Perguntou com um olhar meio ciumento, meio desconfiado...

-Não Seu Antônio, que juízo o senhor faz de mim?

-Mas então?

-Eu fazia sozinha, oras!

Disse morrendo de vergonha lhe provocando risos.

-Fazia sozinha é?

-Unhum...

Disse ao sentir o dedo afastando meus lábios.

-E fazia pensando em quem carcamaninha?

-No senhor...

-Pára de me chamar de senhor menina, não sou tão velho só tenho uns cinco anos a menos que seu pai.

Disse sarcástico.

-Vem aqui, deita e me mostra como você fazia...

-Mas...

-Vem...

Logo me vi deitada em sua cama, de olhos fechados, pois estava morrendo de vergonha acariciando meus seios enquanto apertava outra mão entre as pernas.

-Hum...

-Minha bonequinha que bucetinha linda que você tem, mexe nela pra eu ver mexe...

Na década de 20, a virgindade era tudo pra uma moça, com isso sempre que me acariciava procurava não tocar muito em minha vagina com medo de “me machucar”, mas agora não importava estava disposta a entregar minha pureza para o meu anarquista naquela noite.

-Abre mais as perninhas, isso...

Logo eu desajeitada tentava introduzir um dedo dentro de mim mesma, quando sua mão tomou o lugar da minha.

-Deixa que eu te ensino “principessa”...

O dedo entrava e saia lentamente de dentro de mim sem me machucar, afinal ele tinha nada menos que trinta anos a mais do que eu de experiência, enquanto sua boca beijava meu pescoço.

Senti que perderia o chão num determinado momento que entendi que minha vagina “mordia” o dedo dele, afinal eu não sabia o que era um orgasmo verdadeiro e enquanto serpenteava meu corpo naquela velha cama de madeira escura prendia seu dedo dentro de mim fechando as pernas até me sentir satisfeita por completo.

- O que foi isso?

Perguntei extasiada.

-Você gozou amore mio.

-Eu o que?

Ele riu e finalmente retirou seu dedo de dentro de mim completamente molhado e levou até sua boca me deixando morta de vergonha e em seguida voltou com o dedo até minha vagina me causando uma sensação estranha já que eu estava sensível e levou o mesmo dedo até minha boca.

Ora, essas coisas não se faziam naquela época, ou se fazia era muito escondido e eu senti um pouco de nojo, mas acabei chupando seu dedo enquanto ele dizia.

-Sente seu gostinho que delícia...

Logo desviei minha atenção para o volume dentro da ceroula branca que ele usava e ele percebendo tomou minha mão levando-a até seu pênis.

-É com isso que se faz neném?

Ele ria da minha inocência apesar dos meus vinte anos.

-É sim minha menina, você quer que eu faça um neném em você?

-Não! Meu pai e minha mãe me matam!

Ele ria cada vez mais e seu sorriso era lindo.

-Por que o senhor, quer dizer você nunca sorriu antes? Seu sorriso é lindo.

-Por que desde que ela morreu eu nunca mais fui feliz, como to sendo agora menina...

-Mesmo sabendo que existe outro?

-Existe outro Sollene?

-Meu noivo...

-Eu não sou nenhum cafajeste, você podia ser minha filha... Não quero tirar sua virgindade e te largar, quero que você fique comigo! Com o que eu ganho na praça a gente vive.

-Mas, eles vão me matar.

-A gente foge bambina!

-Pra onde? Pra Mooca?

Ri beijando seu peito e numa atitude mais ousada colocando minha mão dentro da ceroula branca... A bendita ceroula branca.

-Nossa!

- O que foi?

-Isso é... Enorme!

Ele riu e me beijou.

-E cabe todinho dentro de você, quer que eu te mostre.

-Tenho medo o senhor... Você vai me machucar...

Ele apenas me olhava enquanto com sua mão sobre a minha que segurava seu pênis grosso e marrom tal qual seus lábios e a movimentava me fazendo masturbá-lo.

-Põe ele na sua boquinha põe minha linda...

-Na boca?

Perguntei com cara de nojo.

-Por que você ta com nojo bambina? É com isso que eu quero fazer muitos filhos em você e te fazer a mulher mais feliz do mundo.

-Sim, imagino, na Mooca e morrendo de medo da polícia te pegar seu anarquista antipático.

Disse antes de passar a língua em seu pênis e constatar que não era nada de outro mundo e que se eu o amava, amava sua boca e assim a beijava, pois ela fazia parte dele e seu pênis também era parte de meu homem então não havia porque não tê-lo em meus lábios.

- O dente, não!

-Desculpa, machucou?

-Não, mas toma cuidado.

Aquele pedaço de carne pulsante mal cabia em minha boca me causando ânsia enquanto ele alheio ao meu doce sofrimento gemia de olhos fechados e acariciava meus cabelos.

Vez por outra olhava “para cima” e o via engolindo seco pelo movimento que seu pomo de Adão fazia em sua garganta.

-Chega menina, eu vou gozar.

-O que eu faço?

-Vem aqui...

Ele me pôs quase sentada em seu colo fazendo minha vagina se encaixar em seu pênis com muita dificuldade.

-Ai, ta me machucando...

-Quer parar?

-Não! Eu vim aqui pra ser sua...

Dizia tentando acomodar mais e mais aquilo tudo dentro de mim quando senti como se algo me rasgasse e um beijo ardente abafou meu grito de dor.

Quando dei por mim estava “sentada” naquilo tudo e sangue, muito sangue escorria para fora de mim.

-Vem cá...

Ele me pôs deitada em sua cama e com uma camisa branca sua que estava esquecida sobre a cama limpou carinhosamente o sangue da minha virgindade.

-É normal, não fica assustada, daqui a pouco passa...

-Dói...

-Eu sei você quer ir pra casa?

-Não, você ainda...

Disse olhando seu pênis duro.

-Vem...

Lenta e cuidadosamente ele introduziu seu pênis dentro de mim movimentando-se de forma rítmica e delicada e logo a dor dava lugar ao prazer e eu gemia completamente agarrada nele. Assustei quando senti seu corpo enrijecer e um liquido quente me invadir.

-E agora?

Perguntei deitada em seu peito, aquele peito que nunca sairia da minha memória.

-Agora você vai pra sua casa e amanhã quando for de noite, essa hora você vem aqui, mas vem com uma mala com roupa sua que a gente vai embora.

-Pra onde?

-Pra casa de um amigo meu na verdade é uma pensão, a gente fica lá um tempo, uns quinze dias e volta pra falar com seus pais eu vou deixar esse lugar pra eles, pelo prejuízo que eu dei.

Disse olhando para a mancha de sangue no lençol e me beijando a cabeça.

-E vamos viver pra sempre numa pensão?

-Não bambina, eu tenho um dinheiro guardado, não é muito mas dá pra comprar uma casa decente pra gente.

-Na Mooca?

Ri e puxei seus pelos.

-Ai! Não carcamana, no Cambuci!

-Dá no mesmo lá só tem baderneiro como o senhor meu “Seu Antônio”...

-Sim, assim posso levar o moleque que você vai me dar pras reuniões do partidão comigo.

-Mas amanhã a gente tem que “brincar” de novo senão ele vai nascer sem bracinho ou sem as perninhas.

Ele fez uma cara de quem não entendeu...

-Como assim?

-O neném Toninho...

Já começava a tratar meu amor com intimidade de esposa.

-A gente deve ter feito acho que a cabecinha dele ou dela hoje, amanhã a gente vai fazer os bracinhos, ou os olhinhos não sei, mas a gente tem que fazer todo dia senão pode faltar alguma coisa...

Aí que ele não se segurou mesmo. Gargalhava quase alto me fazendo temer pelo sono de meus pais e me irritando.

-Do que você está rindo?

-De você bambina!

-Sou palhaça por acaso?

-Não é isso...

-Então o que?

-Boneca, não precisa “brincar” todos os dias pra fazer um neném, uma vez só já faz inteiro.

-Eu não sabia.

Disse querendo sumir de vergonha.

-Mas eu gostei da idéia de fazer todos os dias...

Dizia beijando meu pescoço.

-Vou pra casa, amanhã... Amanhã a gente...

-Não vai mais precisar se “brincar” escondido, amanhã você vai ser minha mulher!

No dia seguinte não o vi, mas segui suas recomendações o esperando de malas prontas, porém ele não apareceu fazendo-me sentir burra e amedrontada.

Assim seguiram-se três dias nos quais eu mal podia olhar para meus pais e para Agenor.

No final da manhã daquele domingo, voltava da missa de braços dados com a Carmela, minha prima quando ouvi um pequeno buchicho as portas do cortiço.

-Deus o tenha, coitado, mas quem vai conta o governo não pode esperar muita coisa.

Dizia dona Eulália.

-O que aconteceu?

-Ah, bom dia Sollene, já vi que você não está sabendo.

-Sabendo do que Dona Elvira?

-O Seu Antônio...

Meu coração quase pulou pela boca.

-O que tem ele?

-A polícia pegou...

-Tá preso?

-Antes fosse.

Emendou minha mãe.

-O que foi mamma?

-Teve uma briga lá dos comunistas, uma greve lá pelo Cambuci e me parece que ele tacou uma pedra num praça e... Deus o tenha, mas...

Não esperei ela terminar de falar e entrei correndo para sua casa, onde encontrei com sua irmã que viera trazer a notícia, logo ela mesmo sem me conhecer se deu conta de quem eu era.

-A menina dele...

-Ele te falou?

-Sim... Me falou e me pediu o dinheiro da herança do nosso pai, eu nunca entreguei nas mãos dele porque essa vida que ele levava de querer mudar o mundo. Mas agora era diferente ele me disse que tinha conhecido uma moça e que...

-Por que?

Perguntei chorando.

-Lutar pelos pobres, era assim com meu pai, foi assim com ele...

-Quem foi?

-Não me disseram, ele era só um taxista pobre, anarquista, saiu como vilão.

-Bem, eu vou ver se trago meu filho que casou agora pra tomar conta daqui e, quanto ao dinheiro dele, é seu... Eu conhecia bem o jeito do meu irmão, ele deve ter te colocado em maus lençóis e esse dinheiro vai te ajudar.

Naquela noite eu saí do cortiço, não casada nem fugida, saí de cabeça erguida, arrumei as malas na frente de todos, meu pai esbravejava, ameaçava me bater, minha mãe chorava e meus irmãos nada entendiam.

Na estação do Brás, lágrimas turvavam minha vista que tentava alcançar um trem para sair da cidade e esquecer o meu presente agora tão passado.

“Uê Paesano... Uê, uê, uê Paesano... Uê Paesano come stai?

A música ecoava no rádio da sala que fora esquecido por mim quando aquelas dores começaram.

-Força...

-Ah! Me ajuda, eu não vou conseguir.

-Vamos, menina todo mundo consegue, segura na cama e faz força, isso, empurra pra baixo.

Mais um grito lancinante e o choro de um bebê recém nascido ecoou pelo quarto da casa em que eu vivia sozinha no interior de São Paulo.

Era minha filhinha com Antônio que nove meses depois da nossa primeira e última noite de amor havia nascido.

-Ela é linda...

-É sim, minha filha e tem os olhos verdes... Não herdou de você...

Disse a simpática, porém curiosa parteira que me ajudara.

-São iguais aos do pai.

Respondi segura de mim.

Ao meu anjo dei o nome de Antonia, como o pai, porém sempre procurei mantê-la longe dessas brigas política.

Não me casei, a criei sozinha trabalhando como costureira e a formei professora.

Quando minha filha se casou me levou para viver com ela e o marido um simpático e bem sucedido advogado em São Paulo e não foram uma nem duas as vezes em que me peguei rondando o que sobrara do velho cortiço na esperança de ver um certo táxi parado na porta.

Lembro-me que da última vez em que vi meu Antônio. Foi em 1974, só que nessa época ele atendia pelo nome de Vitor e me chamava de vovó, mas era todinho o meu anarquista, inclusive nas idéias de mudar o mundo o que lhe rendeu visitas nada agradáveis aos porões obscuros da Ditadura. Hoje é um socialista engajado na política.

E eu? Bem, eu sou só uma velha que espera todas as noites pela hora em que meu amor virá me buscar, mas não para vivermos no Cambuci e sim em um lugar chamado sempre.

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Comentários

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parabens pela sua desenvoltura em historia parece texto de novela emocionante msm

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Adorei... ótimo como sempre... minha nota não poderia ser outra se não 10... adoro seus contos... beijo grande. Isa.

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Muito lindo seu conto mas em relação aos outros achei que faltou algo!

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Amei! Kd o povo que não vem ler essa estória linda? Tá todo mundo dormindo no feriadão? rsss Maravilhoso parabéns

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