Cotidiano de Amores Cruzados - Cap. 9

Um conto erótico de Contos Em Série
Categoria: Homossexual
Contém 3298 palavras
Data: 07/04/2012 00:02:36
Última revisão: 16/04/2012 01:04:32

– Eu quero um filho! – murmurou Diogo entre os beijos.

Paulo olhou assustado. Ele estava nu na cama, por cima de Diogo, com seu pau rígido encostado na barriga do seu menino, pronto para mais uma noite de sexo interminável. Então, lentamente foi virando seu corpo para o lado, saindo de cima de Diogo, e deitando ao seu lado. Os dois olhavam para o teto, em silêncio.

– Dicas de como broxar um homem....

Diogo soltou uma gargalhada.

– Não foi minha intenção. Mas é sério. – Diogo virou-se de lado olhando para Paulo – Meu relógio paternal despertou. E eu preciso de um filho.

Paulo virou-se de lado olhando para Diogo.

– Ok. Abra as pernas que meus espermatozóides fecundarão os seus óvulos..

Diogo deu uns socos em Paulo, que riu, mas continuou a provocar.

– Você sabe que vamos ter que acasalar sem a camisinha...

– Paulo...

– Ah, preciso saber, você ta em seu período fértil?

Diogo ficou sério, emputecido, e Paulo deu um sorriso de lado. Diogo sentou-se emburrado, apoiando suas costas na cabeceira da cama, e Paulo logo também sentou, o abraçando, e o beijando.

– Ownt, meu bebê... Me.desculpa...

Diogo sorriu e encostou sua cabeça no peito de Paulo.

– Eu sei que pode parecer rápido, mas você me fez perceber que o tempo é muito curto para ser contado conforme o mundo ordena. E não me importa se aos olhos de uns estamos indo depressa, ou de outros estamos lentos. O que importa é que cada segundo seja contado para a minha felicidade. E nesse segundo, minuto, tempo, eu preciso de um filho para que possamos ser inteiramente felizes.

Paulo ficou calado, e enquanto pensava, acariciava os cabelos encaracolados de Diogo.

– Você que sabe que nós somos dois homens. Gays. E seja lá o método, por barriga de aluguel, adoção, vai existir dificuldade. Você ta preparado para trilhar um caminho difícil de sermos dignos dessa felicidade?

– Aham...

– Então, você não terá um filho. Nós vamos ter um filho.

Diogo sorriu e Paulo foi até o seu encontro, o beijando, e aproveitando para subir em cima do seu menino, para continuarem um outro assunto interminável de uma noite.

E tudo já fora combinado. O primeiro passo desse novo desafio era ler e pesquisar sobre o assunto. Depois, Diogo comentou com Paulo de um casal de lésbicas que conhecia: Lindsay e Mel. Brasileira e filha de cientistas ateus, Mel se mudou para o EUA quando criança. Lá conheceu Lindsay, uma menina de família tradicional judaica. Juntas, tiveram que lutar em nome do amor. Há oito anos atrás, de volta ao Brasil, elas adotaram a menina Cássia. Então, Diogo entrou em contato com o casal e decidiu com Paulo visitar esse lar com uma diferente particularidade.

Mas antes Diogo tinha que resolver uma questão mal esclarecida. Para isso, foi até o apartamento de Wander.

– Belo apartamento. – disse Diogo analisando o imóvel que já estava bem decorado, enquanto Wander fechava a porta – Cadê o Jeff?!

– O quê?

– Há duas semanas que eu não vejo o meu amigo. A última vez que o vi, foi no meu apartamento, ele estava num estado deplorável e partiu pra sei lá aonde.

– Quer uma novidade? Deus me libertou do que eu tive com ele.

– Quer uma novidade? Eu e o Paulo estamos morando juntos. – Wander olhou surpreso – E isso deve doer em você, né? Você enche a boca pra falar de amor, sem nem sentir, pois você nunca amou o Jeff! Você o usou para fazer ciúme no Paulo e...

– Do que você ta falando?! – interrompeu Wander nervoso.

– Do amor ao próximo, senhor fariseu! – rebateu Diogo alterado – O seu pseudo-amor fez o Jeff fugir, o deixou numa situação onde para nem amigos ele pode gritar socorro!

– Eu amei o Jeff! Mas ele deve ta se virando muito bem. Se prostituindo como um sodomita com os machos dele!

Diogo olhou sem entender.

– É uma pena que o Jeff tenha escolhido ficar com alguém onde a hipocrisia e a covardia reina como defeitos. Eu só vim aqui porque o Paulo não teria a coragem de lhe mandar a real, porque a realidade na maioria das vezes é negativa. E só você, pode mudar a realidade de vocês dois. Ah, não julgue o Jeff. Ele se afundou na prostituição, e você nesse fanatismo idiota. Cada um utiliza o que lhe convém como válvula de escape.

Diogo saiu sem nem titubear, deixando Wander perdido em seus pensamentos.

O jantar na casa de Lindsay e Melanie estava sendo um sucesso. Na verdade, a palavra jantar ao pé da letra não havia acontecido. Diogo, Paulo, Lindsay e Mel ficaram conversando por horas sobre a adoção de Cássia. Cássia era uma adolescente de 14 anos, de pele seca e bem pálida, cabelos loiros ralos, porém presos a um coque, corpo normal, olhos fundos por causa dos óculos que usava e com uma beleza diferente. Ao ver Diogo e Paulo, Cássia foi bem simpática com eles, mostrando maturidade ao falar sobre sua adoção, animando o casal. Mas foi no verdadeiro sentido da palavra jantar, que tudo desandou.

– As horas voaram! – exclamou Lindsay – A janta sai ou não sai, hein minha flor?

Todos riram, porém Cássia pareceu tensa.

– Mãe, não sei eles, mas eu não to com taaaanta fome agora.

Mel e Lindsay se entreolharam rapidamente apreensiva.

– Filhinha, bora comer só um pouquinho. Eu já pus o macarrão no forno e vou lá tirar. Lin, você pega as bebidas? – perguntou Mel.

– Ok! E vocês já podem ir sentando-se à mesa.

Lindsay se levantou e foi com Mel para a cozinha, mas logo voltou colocando as bebidas na mesa e Mel colocando o refratário de macarrão com salsicha e lingüiça. Já sentados, cada um pôs a comida em seu prato e na sua vez, Cássia hesitou, mas pôs no prato uma quantidade razoável.

– Eu fico tão feliz quando sei de alguém que vai adotar uma criança. Independente do sexo, raça, idade dos pais... – enquanto falava, Cássia cortava algumas salsichas e lingüiças – Por falar em idade, vocês sabiam que a maioria dos pais prefere adotar bebês? Tudo porque bebês não possuem uma personalidade traçada. Por isso servidores públicos que adotam criança com mais de 6 anos de idade tem direito a uma pensão para cuidar dessa criança até que ela complete 18 anos. Eu fui adotada com 6 anos, mesmo minhas mães não sendo funcionarias publicas. Foi uma paixão a primeira vista!

Diogo e Paulo se entreolharam comendo e sorrindo com o entusiasmo de Cássia.

– Quantos filhos?

– Como? – indagou Diogo.

– Quantos filhos vocês pretendem adotar, criar..

– Ah, de início só um né?! – Paulo respondeu rindo.

– Uau! Menino ou menina?

Diogo e Paulo se entreolharam, pois ainda não haviam decidido.

– Meu Deus! Não sei a de vocês, mas as minhas lingüiças e salsichas estão deliciosas! Aqui oh – Cássia pegou o garfo e prendeu a salsicha e lingüiça colocando no prato de Diogo e Paulo, e depois voltando a falar – São deliciosas, apesar de calóricas e não serem tão recomendadas por médicos. Médicos? Eles querem nos entupir verduras, legumes!

Enquanto Cássia falava, ela acenava com a comida e Paulo e Diogo iam comendo e entretidos, sem nem notar que Mel e Lindsay permaneciam quietas.

– Porque vocês não escolheram o sexo?

– Oi? – indagou Diogo

– O sexo do bebê, criança de quem vocês vão adotar. Isso é muito importante a ser discutido, analisado, e... Meu Deus! O trabalho de feira de ciências! Já tou cheia... Eu já volto! – disse levantando-se para ir embora.

– Cássia senta e coma, agora! – manifestou Lindsay gritando nervosa.

O silencio pairou. Diogo e Paulo ficaram assustados sem entender e Mel olhou repreensiva para Lindsay. Os olhos de Cássia encheram-se d’água e ela sentou-se, pegando a colher, e levando um pouco de macarrão à boca. Os olhares voltaram-se a ela. Ela repetiu a ação duas vezes, até que na quarta vez, Cássia se levantou, ameaçou vomitar e subiu correndo, pondo a mão na boca e no estômago. Imediatamente, Mel e Lindsay subiram correndo, e sem saber o que fazer, Paulo e Diogo permaneceram e ouviram uma desconfortável discussão.

– Filhinha, filhinha você ta bem? Você não devia obrigá-la comer desse jeito, Lindsay!

– E vamos nos manter, entretidas, pelas técnicas dela até que ela morra cadavérica?!

– Pára! – Cássia gritou chorando – Eu sei muito bem dos meus atos e limites!

– Limite? Olha pra você! Olha pra toda essa situação! Você perdeu todo e qualquer senso do que é ter limite!

– Já chega, Lindsay...

– Não! Filha, olha pra mãe. Você precisa de tratamento. Você ta doente!

– Oh... Uau! Que bela ironia! Minha adorável mãe lésbica falando de doença, sendo pioneira de uma doença deplorável que é ser uma maldita lésbica!

Ouviu-se somente o eco de um tapa, e um berro de desespero de Mel aos prantos. Diogo olhou para Paulo, assustado com toda a situação e saiu completamente atônico. Paulo ficou sem saber o que fazer, mas resolveu ir atrás do seu amado.

E assim passaram-se uma semana. Paulo e Diogo não comentavam o ocorrido na casa de Lindsay e Mel, nem nada sobre o filho que planejavam ter. Até as ligações que recebiam de Lindsay e Mel, eles preferiam não atender. A verdade é que tudo aquilo decepcionou Diogo. Não que ele esperasse visitar uma família perfeita. Mas o fato dele não ter percebido algo de errado em Cássia e todo seu jeito, o fez achar de quão desleixado como pai ele podia ser. E o xingamento de Cássia, o fez pensar de quão uma criança pode não aceitar a sexualidade dos pais, usando isso como abuso.

Por toda semana que passou, Wander se viu incomodado com tudo que Diogo lhe acusou. Wander sabia que amava Jeff, mas a sua raiva e religião sufocava esse amor. Então resolveu despertar, antes que esse amor fosse de vez embora.

– Eu te amo...

Os olhos de Jeff se abriram. Ele viu Wander, encostado na porta, dentro do seu quarto de quitinete. Jeff que estava nu, deitado no chão, imediatamente se levantou e buscou algo para se cobrir, vendo só uma calcinha no chão. Envergonhado, ele a vestiu escondendo sua nudez enquanto Wander permanecia parado.

– O que você ta fazendo aqui? Como me achou? Oh my! Mais uma situação pra você me julgar e..

Wander foi até Jeff e o segurou pelos braços.

– Eu te amo! – gritou com a voz embargada – Eu tenho um amor idiota, destruidor, egoísta que não superou um prazer sexual, uma fantasia erótica, que talvez todos nós tenhamos por alguns instantes, mas o meu amor fez você optar por viver isso por toda a vida. E eu só tenho esse amor a oferecer. Esse amor e um relacionamento onde não haverá religião, preconceito, obstáculos, somente eu e você, juntos, um ao outro.

Wander largou Jeff e engoliu seco.

– E eu temo que isso não seja o suficiente.

– E não é. O Ricardo é o meu macho suficiente. Now please, go!

Naquele instante, a porta se abriu. Ricardo chegava, e ao ver a cena, ignorou Wander, e partiu pra cima de Jeff, o pegando pelos cabelos.

– Que que é isso hein viado? Hã? O que essa bichona ta fazendo aqui? Hein, sua putinha safada...

– Humm.. – Jeff gemeu, apalpando com a mão o pau de Ricardo.

– Larga ele! – Wander ordenou com raiva.

Ricardo largou Jeff, e olhou para Wander carregando em seus olhos o ódio.

– Não se intromete, Wander! Sai daqui!

– Não, meu viadinho. Você é quem vai sair daqui. – Ricardo falou mantendo seu olhar fixo em Wander – Vai pro banheiro porque eu vou dar o papo de homem pra bicha. Ta esperando o que, viado? Anda, filha da puta!

Jeff sabia que a raiva e força de Ricardo eram descontroladas e ele destroçaria Wander. Mas apenas acenou positivamente e foi para o banheiro. Sozinhos, Wander e Ricardo se encaravam.

– Ninguém meche com a minha putinha e fica impune! Ninguém entra no ninho onde minha bicha é pra ser fudida!

– Sádico... Ele não é seu! Não adianta tentar usá-lo, isso não esconderá o ser descartável que você é!

Ricardo levantou o braço e fechou o punho.

– Não! – gritou Jeff saindo do banheiro.

Ricardo abaixou o braço, mas manteve-se de punho fechados encarando Wander.

– Eu mandei você ir pro banheiro...

– Meu macho... – Jeff caminhou até Ricardo, começou a apalpar seu corpo forte e braços musculosos – Meu homem, tesão... Por favor...

– Não me toca, seu viado! Vai pro banheiro... Agora!

– Ricardo...

– Ricardo é o caralho! – gritou, dando um soco em Jeff que caiu no chão, mas logo o suspendeu pelos seus delicados braços.

– Eu sou o seu macho!

Ricardo puxou o corpo do Jeff colando no seu. Com sua voz grossa e rouca, falou no ouvido de Jeff, sarrando seu pau nele e dando um tapa em sua bunda.

– Vai pra porra do quarto, sua putinha... Agora!

Ricardo largou Jeff e virou-se para Wander, e quando ia avançar em Wander, Jeff correu e se pôs na frente.

- Por favor, não o machuca...

– Bicha escrota, filha da puta, some daqui!

– Não, eu faço...

– Vai pro banheiro então, seu viado de merda!

– Eu não posso!

– Some daqui então, caralho!

Ricardo ia avançar em Jeff, mas Wander pegou seu amado pela barriga que se debatia aos prantos, o arrastando para fora. Ao saírem, Ricardo saiu chutando tudo e quebrando com toda sua força todos os poucos moveis que tinham ali.

Paralelo a tudo isso, Diogo e Paulo resolverem ir até a casa de Lindsay e Mel. Mas quando chegaram lá, foram surpreendidos com o barulho de música alta e a porta aberta. Então entraram e viram a casa cheia, repleta de adolescentes se pegando, dançando com quase todas as luzes apagadas. De longe também avistaram Cássia, que comia compulsivamente os salgados que tinham na mesa.

– Cássia! – gritou Diogo devido à música alta, indo com Paulo até a ela – O que ta acontecendo aqui?

– Uau! O adorável casal gay na minha festa particular. Sejam bem-vindos!

Cássia sorriu, voltando a comer, e ficar ao lado de alguns amigos embriagados. Paulo e Diogo se entreolharam e resolveram que ali eles agiriam como pais. Foi difícil, mas com muita firmeza e determinação, eles conseguiram pôr todos os amigos de Cássia para fora, mesmo sobre os protestos dela.

– Vocês não tinham esse direito! Vocês não são meus pais!

– De direitos pra deveres, o seu dever não é dar uma festa enquanto suas mães viajam. – disse Diogo mantendo a calma.

– Eu só queria me divertir como qualquer adolescente normal! – gritou Cássia chorando – Ser uma pessoa normal... Por causa disso tudo, meus cabelos vivem caindo, minhas unhas são frágeis e o médico disse que estou com uma grave anemia. Droga, eu to com fome!

Cássia pegou alguns pratos de salgados e começou a comê-los. Diogo olhou preocupado para Paulo, e Paulo foi para um outro cômodo ligar para Lindsay e Mel. Enquanto Cássia comia, Diogo manteve-se parado observando, até que ela parou de comer e sentou no chão chorando.

– Eu tou tão cheia... Eu não devia ter comido... Eu preciso queimar o que eu comi! – disse já se levantando e começando a pular.

– Cássia! Cuidado que você vai acabar vomi...

Nem mal Diogo concluiu o que ia falar, e Cássia subiu as escadas correndo, sendo seguida por ele, porém ela foi mais rápida e trancou-se no banheiro, deixando Diogo apavorado.

– Cássia, pelo amor de Deus, abre a porta!

Cássia começou a chorar e suas mãos tremiam. Ela caminhou até o vaso, ajoelhou-se, apoiando os cotovelos na borda do vaso. Para provocar o vômito, ela colocava dedos na, porém o vômito vinha com pouca força. Diogo batia na porta desesperado, chorando e assustado, foi quando Paulo apareceu e o abraçou, tentando acalmá-lo.

Sem êxito, Cássia se levantou e já suava frio. Ela abriu o armário do banheiro, deixando várias coisas caírem, mas conseguindo pegar um pote de laxante e pondo 2 comprimidos na mão.

– Cássia, o Diogo ta nervoso aqui e isso ta me enfurecendo. Então se você não abrir essa porta agora, eu vou arrom...

Paulo foi interrompido com Cássia abrindo a porta chorando. Eles entraram e viram o pote e vários comprimidos de laxantes no chão. Cataram os comprimidos e jogaram no vaso, dando descarga, enquanto Cássia chorava envergonhada sentada.

– Meu Deus, garota, porque você faz isso? – indagou Diogo sem resposta – Por quê? Por que você se trata assim? Por que odeia suas mães? Por que tudo isso?! Por favor, me explica, porque você assusta a idéia de eu ter um filho...

Diogo sentou-se no chão nervoso, e Cássia foi até o seu lado.

– Me desculpa, eu não queria te assustar. E eu amo minhas mães! Naquele dia, eu sabia que vocês estavam ouvindo e queria feri-las por isso as xinguei, mesmo elas só querendo me ajudar. Quando criança eu era gordinha, e eram sempre as mesmas piadinhas, brincadeiras aterrorizantes sem más intenções. Consegui emagrecer, mesmo com toda neurose, e aí as piadinhas agora eram de lésbicas. Foi então que aprendi que o mundo sempre dirá algo de você. Você é gorda, filha de lésbica, autista, negra, puta. A sociedade sempre insistirá em arranjar algum tipo de preconceito pra você. E o filho de vocês, mesmo que vocês não fossem gays, já tem um preconceito e rótulo esperando por ele.

Cássia abaixou a cabeça e pôs a mão na barriga, fazendo uma cara de dor e vergonha.

– Minha barriga ta doendo... Vocês podem me dar licença é que eu...

Paulo e Diogo assentiram positivamente e saíram do banheiro, sentando-se no chão, perto da porta do banheiro a espera de Cássia.

– Eu não quero ter um filho agora. – falou Diogo olhando para o chão – Eu não estou preparado para vê-lo sofrer por ter pais gays, ou qualquer que seja preconceito que a sociedade lhe dê. Você consegue apoiar essa decisão?

Paulo deu um sorriso de lado e somente abraçou Diogo, beijando sua cabeça.

E após tudo isso, quatro amigos se reencontraram. No apartamento de Paulo e Diogo, Paulo, Diogo, Wander e Jeff estavam lá, reunidos e sentados com seus respectivos pares em sofás diferentes. Eles conversavam sobre tudo o que aconteceu em suas vidas, se bem que Jeff quase não falava nada, apenas ouvia e mantinha um olhar distante e sua cabeça apoiada nos ombros de Wander.

– Mas se você quiser Jeff, você pode voltar pra cá – disse Diogo – Eu e o Paulo procuramos uma casa, afinal é justo que...

– Xiu... O casal “pauogo” continua aqui.

Todos olharam sem entender, mas felizes por uma ‘brincadeira’ de Jeff.

– É... Junção de Paulo e Diogo. Pode ser “dipau”, “paudi”, mas sempre vai ter um ‘pau’ no meio.

Todos riram. E Wander emendou.

– De qualquer forma, o Jeff vai morar no meu apartamento. E eu decidi, pra não apressar as coisas, voltar para a casa dos meus pais.

– Droga! – exclamou Paulo, levantando-se – Meu amor, eu esqueci de comprar a ferramenta pra consertar a pia do outro banheiro e a loja fecha daqui pouco. Eu vou lá e já volto!

Paulo saiu correndo, apressado, e Diogo, Jeff e Wander mantiveram a conversa.

– Mas e a faculdade, Jeff?

– Ele resolveu trancar. Mas pode ficar tranqüilo Diogo, pois agora eu tomo conta dele e aos poucos ele toma as rédeas de tudo.

Wander olhou para Jeff, que apenas deu um leve sorriso.

– Agora a gente precisa ir pra organizar as mudanças e tudo mais. – disse Wander se levantando junto com Jeff.

– Ok. Mas vamos marcar de sair, ô casal”wanff”. Não, “jewan”. Ah sei lá, não sou bom nisso!

Os três riram e Diogo aproveitou para levá-los até a porta. Depois foi até a cozinha, preparou algo para comer, e enquanto comia pensava preocupado em Jeff, que já não era mais o mesmo, e em Cássia. Mas seus pensamentos foram interrompidos com a campainha que tocava. Levantou-se, abriu a porta e se surpreendeu.

– Eu fiquei sabendo que vocês estavam querendo um filho – disse Suzana, com um sorriso no rosto e acariciando a barriga.

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Comentários

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Valeu pelos comentários de geral (Y) Estou aberto a críticas e elogios portanto que construtivos ;D

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