Mutante, essa é uma palavra que pouco era dita, eu já tinha ouvido falar antes, é ensinado que mutantes são humanos com anomalias genéticas, pessoas doentes. Porém esse assunto é muito evitado, pelas pessoas, na TV, nos jornais, as pessoas vivem fingindo que não existem pessoas assim. E descobrir que se era um mutante, é uma coisa muito próxima a morte.
- Eric, vocês devem ter se confundido, eu pareço normal não é? Sem aparência mutante.
- Mutações não são apenas mudanças de aparência, elas podem se dar de diversas outras formas, e nós temos certeza de que você é um mutante.
- E então?
- O Brasil é um país que não tolera mutantes, tive sorte de não ser seguido, se não a polícia secreta já teria nos encontrado, se pegarem você, vão te prender e provavelmente te matar.
- O que vocês vão fazer comigo?
- Calma, nós vamos te ajudar, não precisa ter medo.
- Você foi na escola por mim?
- Sim, eu não sou professor de educação física, eu sou um cientista...
- Você pode me curar?
- David, anomalias genéticas não podem ser desfeitas, pelo menos ainda.
- E... como é minha mutação? Você sabe?
- Você aparentou umas mudanças quando saiu do controle, seus músculos expandiram e... bem, acho que seus hormônios saíram de controle...
- Ah... me desculpe pelo beijo.
- Não tem problema, não foi o beijo que me machucou. (ele da um leve sorriso)
- Ah é... desculpe por isso também... (ficamos em silêncio por um tempo até que continuo) Você não parece cientista, é muito jovem e... musculoso.
- (risos) Inteligência não é tudo para alguém que leva uma vida como a minha.
- Como assim?
- Eu ajudo pessoas na sua situação.
- E... como você sabia onde me achar?
- Marta, ela é uma espécie de...
Então, falando nela, ela entra pela porta dizendoagente federal. Em alguns minutos.
- Vamos David, me ajude a afastar a cama...
- Mas... como ela sabe que...
- Ela é vidente. Vamos me ajude....
Eric estava com o braço machucado, então não botou muita força, mas se bem que estranhamente a cama parecia não pesar nada para mim. De repente ouço alguém batendo alguma porta violentamente, Marta sai do quarto em que estamos dizendo para ficarmos quietos. Em baixo da cama havia um chão falso, era uma entrada estreita...
- Eu entro primeiro, veja se consegue puxar a cama quando você entrar.
Ele entra e eu faço como ele diz, facilmente arrasto a cama para cima do buraco e Eric fecha a entrada. Pensei que se tratava de algum túnel de fuga, mas era um compartimento para esconderijo, um pouco maior que um caixão, depois que eu entro fico apreensivo, Eric e eu estávamos deitados de lado bem próximos, apenas alguns centímetros separavam nossos rostos, embora estivesse tão escuro que não dava pra vê-lo... pergunto bem baixo...
- E a Marta?
- Ela não foi vista ainda, eles devem estar procurando por você.
- E você?
- Alguém pode ter feito um retrato falado de mim.
Então ouvimos o barulho da porta do quarto sendo aberta brutalmente, ficamos em absoluto silêncio.
- Por favor não quebre nada, eu sou uma mulher humilde policial... (fala Marta)
- Não se preocupe senhora, é uma revista rápida... A senhora tem parentes?
- Não, sou viúva, tudo que me restou foi esse barraco para viver.
Em um momento, percebo que o cara afasta a cama um poco, meu coração dispara, começo a suar, minha respiração acelera... sinto que Eric coloca uma mão no meu ombro massageando de leve me acalmando um pouco... O policial fala...
- Tudo certo por aqui, tem mais algum cômodo na casa?
- Sim senhor policial, por aqui por favor...
Ouvimos a porta se fechar... Felizmente tudo havia dado certo.... então Eric diz cochichando...
- Temos que ficar aqui até que Marta nos confirme que ele foi embora. (eu fico em silêncio e ele continua) Você está bem?
- Ssim... (ele coloca uma mão no meu rosto)
- Você está suando... ah não, de novo, David tenta se acalmar cara!
Dito isso ele coloca as mãos no meu rosto tentando me acalmar, minha respiração e batimento cardíaco estavam acelerados, então no impulso... avanço no Eric o beijando. Eu não sei porque eu fazia isso, era como se meu corpo precisasse disso. Ele correspondeu, foi um beijo demorado, intenso, até mesmo violento, diferente do primeiro, nesse usávamos nossas línguas, como se estivéssemos com sede daquilo. Depois de um tempo, enquanto o beijava, minha respiração e batimento iam voltando ao normal, levei minha mão ao seu abdômen por debaixo da camisa, queria sentir seu corpo, mas não deu muito certo...
- Ai! Aí não...
- Mais ataduras? Cara! O que eu fiz com você?
- Calma, pelo menos você não saiu de controle agora.
- E o que foi esse beijo então?
Percebi que ele ficou meio acanhado, demorou um poco para responder...
- Acho que o seu suor... deve ter feromônios nele, isso deve estar nos afetando.
Nos assustamos quando de repente Marta chama nossos nomes dizendo que o policial já tinha ido. Eric abre a passagem e eu afasto a cama de novo. Marta que tínhamos que sair dali o mais rápido possível.
Saímos do tal barraco, estava escurecendo, a casa em que estávamos ficava em uma parte pobre da cidade. Andamos um pouco até chegarmos a uma estrada de terra, após mais uma pequena caminhada chegamos a um carro, popular, mas parecia bem novo, entramos, eu no banco de trás, Eric no banco do motorista e Marta ao seu lado. Entramos e saímos pela estrada, todo esse percusso foi silencioso, o que me incomodou, então no carro eu falo...
- Há mais como eu? (os dois se olharam e depois de um tempo Marta fala)
- Sim, mas nós já cuidamos deles.
- Para onde vocês vão me levar?
- Precisamos chegar em Chicago, temos que pegar um avião, então vamos para Assunção onde é mais seguro que o Brasil. (fala Marta)
- Mas e minha família?
- Sinto muito querido, mas você não pode mais vê-los, pode os por em perigo. (fala Marta)
- E por que Chicago? Isso não é nos Estados Unidos?
- Sim, é onde está nossa base de operações. (fala Marta)
Eu queria que Eric falasse, todas as minhas perguntas Marta respondia, e eu acho que eu não gostava de algo nela, então faço uma pergunta direta para Eric...
- O que vai acontecer comigo quando chegarmos a Chicago Eric? (ele demora um tempo, mas responde)
- Paciência David, tudo será explicado para você.
Ele demostrava irritação na voz, então preferi parar de fazer perguntas.
A estrada de terra acaba, saímos do carro e andamos um pouco por uma trilha na mata densa até chegarmos a um extenso escampado. Vamos até um galpão que parecia abandonado e estava de frente para o escampado que serviria como pista de decolagem pois dentro dele havia um avião monomotor, pergunto se não teria perigo de algum radar detectar o avião, Marta me responde que o avião era equipado com um mecanismo que desviava ondas eletromagnéticas nos tornando invisíveis aos radares dos federais. Entramos no avião, fico surpreso por Eric saber pilotar... logo decolamos, eu estava com medo, hoje tinha amanhecido na minha casa pronto para ir treinar futsal e agora virei um fugitivo procurado em todo Brasil. Eu não tinha certeza de nada, tinha muitas dúvidas, não fazia nem ideia de como seria minha vida a partir daquele dia.
[CONTINUA]
Aí está o segundo capítulo, se estiverem gostando comentem e votem por favor, quero saber a opinião de vocês. Até o próximo. Abraços!