Capitulo 5 - Mudando o ponto de vista.
Ricardo estava tenso na garagem. Não sabia se ia embora, se ficava ali, se trocava de roupa. Ele realmente estava perdido e horrorizado.
Levou cerca de 20 minutos andando de um lado para outro na garagem quando virou-se para voltar andando e viu Betão vindo em sua direção, sem camisa. Ele andou apressadamente em direção a Betão, ele estava realmente preocupado com ele.
Mas quando chegou junto antes que pudesse falar qualquer coisa Betão o agarrou pelo braço e o arrastou. A força da mão dele ao redor do braço dele parecia que iria esmagar os ossos do braço dele a qualquer momento.
Ricardo: -Betão você ta me machucando.
Betão abriu a porta do carona do carro e arremessou Ricardo dentro.
Betão: -Deixa de ser frouxo.
E bateu a porta. Fez a volta e entrou no banco do motorista. Ligou o carro e saiu a toda da chacará. Ricardo estava assustado.
Ricardo: -Betão, pra onde estamos indo?
Betão ficou calado, apenas respirava pesadamente. Seguia dirigindo a toda velocidade. Ricardo não sabia o que fazer e decidiu ficar calado. Conforme ele seguia pelo caminho Ricardo reconheceu para onde iam e o pânico tomou conta dele.
Ricardo: -Betão porque você ta me levando pra esse lugar?
Ele não respondeu.
Ricardo ainda mais nervoso: -Porque Betão? O que você vai fazer comigo?
Betão virou-se com uma feição de puro ódio e gritou: -CALA A BOCA DESGRAÇA!
Ricardo se assustou e encolheu-se no carro. Eles estavam indo para o mesmo lugar onde Betão estuprou Carlos. Ricardo pensava que agora seria a vez dele.
Eles chegaram e Ricardo estava com o coração para pular da boca de medo.
Betão: -SAI DO CARRO!
Ricardo respirou fundo, abriu a porta e saiu, ele não ia dar moleza, ele não ia se entregar como Carlos se entregou. Betão deu a volta no carro.
Ricardo: -Olha so Betão eu não tenho me...
Betão agarrou ele pela camisa e o puxou para perto dele, enquato levantava o braço direito preparando um soco daquele que o cara vai buscar la atras da cabeça. Ricardo apenas fechou os olhos e pensou: “Deus que eu sobreviva a essa pancada”.
Betão completamente transtornado: -SE LIGUE NO QUE VOU TE FALAR AGORA PLAYBOY!
Ricardo fechou a cara e agarrou o braço de Betão e falou serio e firmemente: -Rapaz você abaixe seu tom de voz comigo!
Betão olhando serio e com ódio para Ricardo o manteve preso pela camisa, ele quase não acreditava que Ricardo estava respondendo a ele. Ninguém fazia isso. Ricardo percebeu a confusão dele e se aproveitou disso.
Ricardo ainda serio e altivo: -Agora me solta e vamos conversar como pessoas civilizadas.
Betão mantinha o braço levantado e o olhar de ódio para Ricardo: -Cara você vai morrer! tá ligado? Tá ligado?
Ricardo experimentando um misto de nervosismo e coragem Deus sabe lá vinda de onde: -Mas, mas, mas que merda é essa que você esta falando?
Betão apertou os olhos falou em voz baixa e com pausa entre as palavras: -Se você abrir tua boca e contar o que tu viu lá.....
Ricardo com desdém: -Essa palhaçada toda aqui é por causa disso? É serio? Com quem você acha que esta falando Senhor Betão? Com um moleque? Você pensa que eu sou uma fofoqueira de esquina? Eu fiquei lá fora todo preocupado como você poderia estar passando, pensando em alguma maneira de te ajudar e quando você sai a primeira coisa que você faz é me arrastar para esse lugar para fazer esse show?
Betão ficou congelado na posição que estava olhando para Ricardo sério.
Ricardo fez força e tentou se soltar do agarrão de Betão mas não teve sucesso: -humfff, da pra fazer a gentileza de me soltar? Ou se vai me socar a cara faça logo isso e vamos acabar com essa palhaçada.
Betão soltou a camisa de Ricardo e soltou o soco, mas não em Ricardo, o soco foi no vidro da porta do carona do seu carro. O impacto estraçalhou o vidro em mil pedaços.
Ricardo se assustou pela ação dele, mas se sentiu aliviado por não ter sido nele o soco. Ficou calado enquanto ele se apoiava na janela que acabara de arrebentar, com a cabeça baixa e a respiração pesada.
Ricardo sentiu que ele estava confuso. Aos olhos dele Betão acabava de se transformar. A imagem daquela montanha de músculos animalesca e cruel, quase que a encarnação da maldade que ele tinha do cara começava a se transformar. Ele continuava sendo tudo aquilo, mas agora ele encontrava uma justificativa. Para ele Betão precisava de ajuda mas não conseguia pedir.
Nesse contexto ele tentou dar a chance de Betão demonstrar isso a ele. E se ele estivesse certo, Ricardo estaria disposto a ajudar ele: -Betão, se você estiver precisando conversar, eu estou aqui para te ouvir. Não precisa de violência nem de intimidação. Se deixar eu posso tentar te ajudar.
Betão: -Você estava mesmo preocupado comigo?
Ricardo: -Sim, eu estava, claro que eu estava! Depois do que eu vi, eu estava totalmente preocupado com você! Estava ate angustiado.
Betão ainda sem se virar: -Angustiado?
Ricardo serio: -Sim, eu estava angustiado. Eu não gostei do que vi fazerem com você.
Betão se virou para Ricardo. Tinha uma feição seria, não mais de ódio, mas ainda pesada em seu rosto.
Ricardo: -Assim como não gostei do que você fez com Carlos.
Ao ouvir isso Betão se virou abruptamente e desferiu outro soco contra a porta do carro, dessa vez na lataria, o que a fez deformasse no local do impacto. E ao retirar a mão a mancha vermelha de sangue manchava o local do impacto.
Betão finalmente se desarmou: -Pensei que você estava preocupado comigo.
Ricardo: -E estou. Tratamos do assunto de Carlos em outro momento. Mas preciso que você me responda uma coisa.
Betão tirando a camisa e amarrando na mão que sangrava: -O que?
Ricardo: -Porque você deixa seu avó te tratar daquele jeito?
Betão: -Porque eu não tenho escolha, ele da a ordem e eu tenho que obedecer.
Ricardo: -Mais porque?
Betão: -Porque sim.
Ricardo: -Mas simplesmente porque sim? Não tem alguma razão?
Betão se irritou: -PORQUE SIM PORRA!
Ricardo não deixando por menos: -PORQUE SIM NÃO É RESPOSTA!!
Betão abaixando o tom de voz: -Não grite comigo!
Ricardo: -Então não grite comigo também! Eu estou tentando te ajudar caralho. Mas você ta dificultando.
Betão olhou estranho para Ricardo: -Eu não te pedi ajuda.
Ricardo: -Eu sei. E a alguns segundos atras tinha dito para mim mesmo que so ia te ajudar se você pedisse. Mas to vendo que você precisa. E não sei porque eu quero te ajudar.
Betão: -Não sou fresco pra ficar pedindo ajuda por ai.
Ricardo: -Pedir ajuda não é frescura.
Betão não respondeu.
Ricardo: -Porque tem que deixa ele te espancar daquele jeito cara?
Betão: -Porque tem que ser assim. Sempre foi assim, acho que é o certo ser assim.
Ricardo: -Você ta maluco? Não tem nada de certo nisso.
Betão mais uma vez não respondeu. Se virou de costas e se afastou de Ricardo. Abriu a porta do carro, e usando a mão que tinha amarrado a camisa começou a puxar os cacos de vidro de cima do banco do carro para fora.
Ricardo: -Você não pode aceitar esse tratamento Betão...
Betão interrompeu Ricardo em um tom seco: -Chega!
Ricardo decidiu por se calar.
Betão: -Não tenho essas viadagens. Não preciso de ajuda nem de você nem de ninguém. Vai entra nessa porra desse carro e vamo sair daqui antes que eu decida terminar o que comecei aqui.
Ricardo entrou no carro e Betão em seguida. Betão levou ele ate a entrada da roça da sua familia. Ricardo agradeceu abriu a porta e quando ia saltar sentiu mais uma vez a enorme mão de Betão travando seu braço.
Betão: -Desculpa ae o mau jeito. Tu foi muito gente comigo e eu cavalo contigo. Mas meu vó ae complica minha cabeça, fico tenso. Vou ter que ajeitar umas merdas que fiz erradas ae pra evitar que ele me panque de novo.
Ricardo: -Eu entendo que você esteja sobre pressão, só não entendo porque se permite essa pressão. Mas quando você se tocar que aceitar ajuda e ate mesmo pedir ajuda não é viadagem, ate porque de viadagem eu entendo muito bem, eu vou estar aqui para te ajudar.
Betão fez uma cara de confusão: -Porque tu entende de viadagem?
Ricardo: -Eu sei de um segredo seu, para igualar isso vou te contar um meu. Eu sou gay.
Betão se assustou com a inforção: -TU É MOÇA?
Ricardo: -Me respeite rapaz, eu sou macho, muito macho, porem sou gay.
Betão estava realmente assustado com a informação: -Cara se eu desse pra você o que dei pra Carlos você ia gosta?
Ricardo: -Claro que não! Aquilo que você.... Quer saber, esse papo fica pra depois.
Betão arrancou imediatamente com o carro com o fechar da porta.
Ricardo percebeu que Betão estava mais quebrado psicologicamente ate mesmo do que Carlos estava. A situação dele era ruim. Ficou claro que era o tratamento especial do seu avó que o transformava naquilo que ele era. Mas que ainda existia uma possibilidade de resgata-lo.
