Cotidiano de Amores Cruzados - Último Capítulo

Um conto erótico de Contos Em Série
Categoria: Homossexual
Contém 3679 palavras
Data: 26/05/2012 03:17:34
Última revisão: 19/01/2013 21:35:44
Assuntos: Gay, Homossexual

As ondas do mar estavam violentas. A ventania era forte. E na areia formava-se uma enorme poeira misturada com fumaça. A casa, onde Paulo e Roberto estavam, estava destruída, com alguns de seus destroços espalhados pela areia ateando fogo. Aquele belo cenário havia se transformado em guerra.

Biel estava por cima de Diogo, o protegendo. Os dois estavam deitados e sujos de areia. Então o catarinense saiu de cima do seu guri, sentando-se, enquanto Diogo se levantava vagarosamente e tentava enxergar algo, porém a poeira e a fumaça tomava conta do local. Porém aos poucos a poeira foi baixando, restando somente a fumaça, e Diogo se desesperou ao ver o fogo entre os destroços da casa onde estava o seu amor.

— Nãããããão! — berrou Diogo caindo de joelhos na areia, chorando compulsivamente.

Biel abraçou Diogo, mas Diogo chorava inconsolável e começou a agredir o catarinense, soltando-se dos braços de Biel, levantando-se, correndo e gritando em meios aos destroços.

— Paulo! Paulo cadê você? Paulooooooo! Pauloooooooooo! Alguém ajuda! Socorro! Alguém! — gritava desesperado à procura de Paulo.

Biel levantou-se, correu até o cafuzo e o segurou firme. Diogo tentou se soltar dos braços de Biel, se debatendo, mas sem forças, acabou abraçando o amado, aos prantos. Então, os olhos marejados d’água de Diogo encontraram com o de Biel, e no êxtase do momento, os dois trocaram um beijo apaixonado regado de lágrimas, tristeza e dor. E logo se afastaram, apenas se abraçando e ficando em silêncio.

— A... A... A... Juda! (...) Soco.. So.... Cof, cof, cof, cof. — murmurou tossindo uma voz bem baixinha.

Biel e Diogo se entreolharam assustados. Era a voz de Paulo.

— Paulo?! — gritou Diogo — Paulo é você? Responde, Paulo, cadê você? Paulooooo!?

Diogo começou a correr pela areia, tentando achar Paulo, e Biel fez o mesmo.

— Diogo! — gritou Biel — Achei ele!

Diogo sorriu e correu até onde Biel estava, mas se assustou ao ver uma enorme barra de ferro por cima das costelas de Paulo. Se ajoelhou ao lado do seu amado e viu que ele estava desacordado, com parte do rosto e corpo queimados levemente, e com a roupa coberta de sangue.

— Alguém ajuda! Paulo, acorda meu amor, fala comigo, você precisa viver, você ta ouvindo? EU preciso de você vivo, comigo, ao meu lado, juntos...

— Bah! A gente precisar tirar essa budega de cima dele... — murmurou

— Porque eu não posso, eu não vou....

— Diogo! — gritou impaciente, interrompendo — Respire! Levante, enxugue as lágrimas e raciocine. A gente precisa tirar essa barra de ferro em cima dele... Agora! Visse?

Diogo acenou positivamente, levantou-se e enxugou as lágrimas. O cafuzo caminhou até a ponta da barra de ferro e Biel foi para a outra ponta, e com muito esforço e força, eles conseguiram suspender a barra. Porém a barra ameaçou cair. Diogo e Biel fizeram um pouco mais de esforço e conseguiram caminhar com a barra suspensa e jogá-la na areia, respirando aliviados. Logo Diogo voltou a ajoelhar ao lado do corpo de Paulo, acariciando o rosto e o corpo do seu homem.

— Vai ficar tudo bem... Eu estou ao seu lado, então tudo ficará bem. Porque somente quando estamos juntos, é que a vida faz sentindo e eu prometo que nada mais vai nos separar.

Biel olhou entristecido, abaixou a cabeça e se afastou, com o telefone na mão. Diogo apenas deitou-se na areia, segurando as mãos de Paulo e chorando muito. E após uma pequena longa espera um helicóptero surgiu. Diogo levantou-se, e junto com Biel, acenou da praia para ser visto. E num pouso forçado, o helicóptero aterrissou na areia e policiais saíram, indo em direção a Paulo, o carregando para dentro do helicóptero e decolando. Então restou a Biel e Diogo ficarem ali, na praia deserta, em meios a fumaças e destroços com fogo, sentindo a ventania forte e vendo o mar revoltado.

Na mesma noite, Biel e Diogo foram “resgatados” e Paulo deu entrada no hospital, inconsciente. Inicialmente seu estado era grave, porém foi ficando estável, mas sem previsão de uma recuperação. O médico dizia que Paulo teve muita sorte, afinal Roberto que também estava na explosão, foi encontrado queimado e morto. E ia mais além. Acreditava que Paulo estava tentando sair da casa quando ocorreu a explosão, pois se ele estivesse no mesmo local que Roberto, com certeza já estaria morto.

E assim passaram-se uma semana. Paulo ainda estava inconsciente, porém Diogo permanecia o tempo todo no hospital. Diogo se alimentava pouco, dormia menos ainda e via o dia nascer e a noite chegar naquele corredorzinho de hospital. Lindsay e Mel se responsabilizam em cuidar de Wandinho, Jeff da casa e Biel em levar a comida para alimentar o seu guri. Porém, um dia, Biel chegou ao hospital e não encontrou o seu guri lá. E logo imaginou onde poderia encontrá-lo.

Era uma tarde ensolarada, num devasto campo desmatado. Diogo estava em pé, com seus pensamentos confusos e sua visão tentando ir além do horizonte acompanhado de uma brisa fresca que o refrescava. Logo Biel surgiu

— Ei guri! Tas atucanado no tédio, é?

Biel se aproximou de Diogo, ficando ao seu lado e os dois riram pausando no silêncio.

— Não... To atucanado nos problemas... — respondeu vagamente — O tempo passou, os sonhos amadureceram e a vida criou novas formas. Estamos tão distantes daqueles meninos que já fomos um dia. Mas com aquele mesmo amor puro, perfeito, infantil, porém, sendo adultos imperfeitos e impuros.

— Bem nessa... Era tudo tão simples quando éramos piás. Não havia cobrança, nicada, malícia. Apenas o amor..

— É. Mas foi só aprendermos a gozar e pronto! Passamos a ser adolescentes adultos que fazem da vida um conflito talvez por medo de ter a responsabilidade de ser feliz.

— Capaz! Isto daria um ótimo seriado.

Diogo caiu na gargalhada..

— Como “Dawson’s Creek”? E pensar que você vivia insistindo para eu escrever o meu próprio seriado.

— E tu respondias: “Bah, eu não tenho história, guri!”.

— Eu não falo assim! — exclamou rindo.

— Ah, é claro mermão! É meiiixmo! — os dois caíram na gargalhada — Mas é sério. Tu devias escrever...

— Eu não! Escreve você!

— Tu és o escritor! — falou despropositado, mas acabando por se lembrar e lembrar a Diogo, de uma das ultimas cenas de “Dawson’s Creek”, onde na ocasião Joey devia escolher entre Dawson e Pacey.

A ficção se encontrou com a realidade. Diogo sentou-se na grama e Biel deitou-se e apoiou a sua cabeça no colo do cafuzo. Diogo acariciou levemente os cabelos de Biel, e olhando para horizonte, escreveu o seu final com as falas do seu seriado favorito.

— Este escritor decidiu que não importa como isso termine. Porque ficção é ficção. E pela primeira vez em muito tempo, minha vida é real. Não importa quem termine com quem. Porque de alguma forma sempre seremos eu e você.

— Almas gêmeas...

— É. O que nós temos vai além da amizade. Além da paixão. É pra sempre.

— É sim... Eu amo você, Diogo.

— Eu também amo muito você, Biel.

Os dois sorriram e no horizonte viram a ingênua lembrança de dois meninos magricelos correndo e brincando no campo pela tarde toda. Eles voltaram a se olhar, sorrindo.

— Eu e você para sempre.

— Pra sempre.

Diogo deitou-se na grama e ficou ali com o seu guri, observando em silêncio as formas da nuvem. Até que seu telefone tocou. Instintivamente, Biel saiu do colo de Diogo, e Diogo sentou-se na grama, atendendo ao telefone. Era Jeff.

— Hello, bicha! Foi dá um passeio em Nárnia ou “purpurinou”? Você sumiu! Don’t stop-me! A mapoa brega da enfermeira não quer deixar eu falar com o Paulo, acredita meu amor? Oh my! Eu contei? O Paulo acordoooooou!

Diogo não acreditou. Desligou o telefone e levantou-se rindo olhando para Biel. Biel apenas retribuiu com um sorriso e assentiu positivamente, fazendo o cafuzo correr para encontrar Paulo.

"Meu querido filho. Espero que seja um saco pra você estar lendo esta carta, pois ao ler isso, provavelmente eu não estarei mais aqui. E isso é um saco para nós dois. Meu menino... Você deve estar tão desorientado. Por isso, escrevo esta carta para cumprir meu papel de mãe lhe dando conselhos.

Na verdade mãe é algo que eu nunca pude ser. Cometi muitos erros. E os aceitei. Então o meu primeiro conselho: Cometa erros, mas nunca os aceite, somente aprenda com eles.

Engraçado, que meus erros foram cometidos por você. Sim, você amava o menino Diogo e mesmo assim, para salvar a família, renunciou e ficou com a Suzana. Já eu fiquei com o seu pai mesmo sem amá-lo, pois acreditava que seria o melhor para nossa a família. Erramos por família. E sabe o porquê eu não corrigi o seu erro? Porque eu trilhei o caminho errado. Então aqui vai o meu segundo conselho: Siga sempre o caminho correto, para que você possa servir de exemplo e orientar as pessoas pelo qual você ama.

E foi por amor que eu voltei. Por você. Um dia, após o Roberto me agredir, um jovem médico apareceu lá, me socorrendo. Eu estava frágil, desabilitada como nunca havia estado, e ele me examinou precariamente e me disse que eu provavelmente teria um câncer terminal. Foi aí que eu planejei minha fuga e ele ligou para que você me socorresse. Por isso eu vivia sempre no hospital. E graças ao grandioso Deus, o câncer apenas me destruía por dentro e me poupava externamente. Pedi sigilo aos médicos, pois não queria viver como os meus últimos dias de vida, e sim como os melhores. Amando você que me ensinou o que é amar e ter amor próprio. Portanto ame e se ame. Ame, seja lá quem ou como for, nunca deixe de amar. Pois o amor é a semente que gera a felicidade.

Beijos, meu filhotinho lindo e querido.

Da sua querida mãe que o ama e sempre o amará.

Já sinto muitas saudades.”

Os olhos de Paulo se encheram d’água ao ler verso por verso a carta da mãe, que foi achada em seus pertences e entregadas por uma enfermeira. Paulo dobrou a carta, aproximou de seu nariz, sentindo o cheiro de sua mãe e guardou dentro do camisolão de hospital que vestia.

A porta se abriu. Diogo apareceu com um sorriso, olhos cheios de olheiras e marejados d’água.

— Ei, monkey! — falou Diogo embargadamente e correndo em direção a Paulo, o abraçando emocionado — Seu macaquinho! Fujão! Você não nunca mais vai me deixar sozinho ok? Nunca mais! Porque da próxima vez eu te capo, ouviu?

Diogo beijou todo o corpo de Paulo, aproximando a sua boca da do seu homem, e lhe dando um carinhoso beijo. Porém Paulo não correspondeu e Diogo se afastou cobrando por uma explicação.

— O que foi? Eu te amo! Vamos recomeçar e...

— Não. Me desculpa, Diogo. Mas eu não quero mais.

Diogo olhou incrédulo para Paulo e seus olhos foram se enchendo d’água. Furioso, o cafuzo segurou o saco de Paulo pelo camisolão e foi apertando, e Paulo começou a gritar, rindo.

— Ai! Ai! Seu maluco, eu to brincando! Eu te amo! Solta, solta! Maluco!

Diogo largou e os dois riram, se aproximando e trocando um apaixonado beijo.

— Idiota! Eu te capo, ouviu? Eu não quero mais te perder pra nada e ninguém!

Diogo voltou a beijar Paulo, porém mais sacana e então sentiu o pau de Paulo endurecer. Eles riam sacanamente e Diogo subiu por cima de Paulo, mas logo Paulo o afastou, olhando assustado. Diogo ficou sem entender.

— Diogo! Porque eu não tou sentindo minhas pernas? — perguntou preocupado.

Diogo temeu.

E os dias se passaram. As semanas vieram. A vida seguia com problemas cotidianos. E era ali, no quarto, que Diogo e Paulo faziam de cada cotidiano uma deliciosa foda. Ambos estavam nus e suados, deitados na cama. Paulo de barriga pra cima com o pau meio-bomba e com a cabeça do pau vermelha e melada de goza. Já Diogo estava de bruços, exibindo sua bunda e com a goza escorrendo entre suas pernas.

— Uau! — suspirou Diogo sem ar — Como você consegue ser tão foda em uma foda?

— Aprendi com um putinho safado quando eu era casado. — os dois caíram na risada — É. Pelo menos meu pau foi poupado do castigo de Deus.

— Já vai começar é? Você vai se recuperar. Você sofreu uma pequena lesão que fez você perder os movimentos inferiores, porém sem afetar a parte sexual. E além do mais, o médico já disse que com a ajuda das terapias que você já está fazendo é provável que você recupere de vez todos os movimentos em 1, 2 anos, tempo longo, mas bem curto quando se trata de paraplegia.

— Eu sei. Mas bora trepar? Mais e mais e mais, meu putinho safado. Porque como já dizem: Conversar depois da foda é para os românticos!

Paulo agarrou Diogo, o beijando, e Diogo subiu por cima do seu homem, roçando sua bunda naquele caralho em riste que já pulsava.

— Você vai me deixar todo fudido, seu puto!

— Essa é a idéia...

— Safado! — brincou e saiu de cima de Paulo deitando-se na cama — E nada disso! A gente precisa é cuidar do Wandinho...

— A Mel e a Lindsay tão passando olho nele, papai zeloso. Ah falando no Wandinho, o médico me disse que será importante um acompanhamento de um terapeuta ocupacional para estimular as áreas cognitivas dele.

— Hum. Ele já é acompanhado pelo pediatra cardiologista. Fora o tratamento fisioterápico para a estimulação das pernas e braços, e a fonoaudióloga que tem como objetivo fortalecer a musculatura da boca para a amamentação, postura da língua e etc. E sabe o que eu acho? Vai dar muito bem pra ele ter uma vida normal. É desafiador é claro. Mas é preciso o estímulo, principalmente incentivando ele a conviver com as crianças ditas “normais”. Pois é possível uma criança portadora de síndrome de Down, ter uma vida social e profissional normal, claro, dentro do potencial que cada indivíduo possui.

— Concordo. E quando ele crescer eu pretendo estimular a independência dele. Quero meu meninão trabalhando e até indo ao trabalho e a outros locais, sozinho. Claro que com a prudência necessária, sabendo do real potencial dele, a atividade envolvida ou se a empresa está preparada para recebê-lo. Mas eu sei que o nosso filho tem uma vida incrível pela frente.

— Adoro quando você fala “nosso filho”.

— Nosso filho, nosso filho. — repetiu rindo — Você é muito especial, meu macaquinho. Assumiu o nosso filho. Está comigo mesmo eu estando neste estado de...

— Ei, monkey! Eu já disse que em breve você se recuperará. E isso é um problema de um cotidiano assim como desemprego, doença, problemas financeiros e etc. Além do mais, eu enfrento nossos pequenos problemas sendo muito bem recompensado por um cara grande, forte, lindo, gostoso...

— Ouvi elogios! Alguém falou de mim? — interrompeu Jeff entrando no quarto.

— Jeff! — gritaram Paulo e Diogo, constrangidos.

Diogo pegou os shorts que estava no chão e jogou um para Paulo, e os dois vestiram-se enquanto Jeff tampava os olhos com as mãos.

— Ai que imagem horrível! As donzelas já estão vestidas?!

Paulo e Diogo confirmaram e Jeff tirou as mãos de olhos.

— Ufa! Mas então, gostaram do modelito? — disse Jeff dando uma voltinha e exibindo uma blusa super apertada acompanhada de um minúsculo short e com seus cabelos avermelhados — To gata, né? E vão se acostumando, porque agora, eu, linda, diva e absoluta morarei com vigor aqui. E prometo que pelo menos a noite eu deixarei vocês treparem em paz!

— E mesmo se atrapalhasse, eu não ligaria. É bom ter você de volta, amigo.. E nós queremos você sempre aqui, para cuidar de você e consertar as suas atrapalhadas. Agora senta aqui, vem.

— Eu não! Vocês fizeram “a coisa” aí né?! Que nojo!

— Ah va! Mas me diz como você ta, hein? Com a morte do Cláudio e talz..

— Digamos que já to ficando expert em morte de ficantes, né baby.

— A viúva negra gay! — ironizou Paulo — A sua fama de bicha que leva os namorados a morte ta se alastrando, viu?

— Bate três vezes no arco-íris, meu amor! Porque eu to um bofe que é um espetáculo! Um espetáculo velho, árabe, casado e empresário cheio do acué!

Paulo e Diogo riram, não acreditando no que ouviram. E foram surpreendidos por Biel, entrando no quarto e se juntando ao trio.

— Trilegal isto! A indiada fanfarra e nem me convidam, né?

— Não senta na... — tentou alertar Jeff em vão, pois Biel se jogou na cama, deitando sua cabeça no colo de Diogo.

Diogo acariciou o cabelo do seu guri.

— Eu fiquei muito feliz por você ter resolvido ficar, viu? Um dia vamos todos pra Santa Catarina.

— Não dá nada. Eu prometi não te abandonar, meu guri. E tas pronto pra assistir a nova série que vai estrear na TV a cabo?

Diogo olhou para Paulo, pedindo permissão e Paulo assentiu positivamente.

— Permissão concedida minha abelha rainha! — zombou Paulo — Mas eu quero você no meu futebol depois de assistir a novela com as suas amigas mocinhas aí!

Paulo riu, e Jeff, Diogo e Biel avançaram em cima de Paulo, que tentava se defender e os quatro iniciaram a maior algazarra. Então, Melanie entrou no quarto.

— Jeff, sua biba recalcada! Para de dar a Elsa e ficar roubando minhas blusas! — gritou Melanie avançando em cima de Jeff, porém o menino correu para a sala e a loira foi correndo atrás dele.

Lindsay também entrou no quarto, segurando Wandinho, e logo Biel saltou da cama e correu em direção da morena.

— Ei! Deixa eu segurar esse piá ganjudo!

Lindsay entregou Wandinho para Biel, que segurava e balançando lentamente o menino no canto do quarto. Lindsay sentou-se na cama.

— O meninão de vocês é mesmo lindão e espertão!

— Puxou ao pai aqui!

— Convencido... — desdenhou Diogo — Mas então Lindsay? Como ta a Cássia? Eu to morrendo de saudades dela! Quando ela volta?

— Amanhã. Ela já conseguiu ganhar peso na clinica de reabilitação. Mas como vocês sabem, a anorexia é uma doença combatida diariamente. A cura não é instantânea e existem recaídas. Serão dias de lutas, esforços, mas eu acredito que ela conseguirá. A minha filhinha tem uma força que vocês nem imaginam. .

Paulo e Diogo sorriram e Biel voltou a sentar na cama segurando Wandinho. De repente, a campainha tocou. Mel e Jeff entraram no quarto, um correndo atrás do outro, e se jogaram na cama.

— Me avoa, sua caminhoneira furiosa! Vai bater bolacha que eu vou baixar a vovó! — implicou Jeff.

— Mona louca! — zombou Mel se divertindo.

— Ei! Sosseguem os dois! — advertiu Diogo — E quem tocou a campainha?

Quando Jeff ia responder, Debbie surgiu na porta com uma mala na mão. Debbie era mãe de Diogo. Uma senhora muito louca, que vivia mudando de personalidade e atualmente era cantora hippie evangélica. Ela já tinha seus 50 anos, era negra e com cabelos de dreads. Então, ao seu lado, apareceu Bernarda, uma loira maluquinha, assistente de Debbie e com um belo par de olhos verdes.

Todos ficaram sem entender a presença de Debbie e Bernarda, exceto por Jeff e Biel, que já conheciam a mãe de Diogo.

— E ai, filhão? Na paz? Santo Cristo, que vibe boa! Por isso, eu vim fazer parte deste seu paraíso zen! — informou Debbie.

— Oba! Supimpa, supimpinha, supimpão! — exclamou Bernarda empolgada e rindo — Então, onde eu posso colocar as nossas malinhas, chefinha?

Diogo olhou aterrorizado.

“E a história nunca acaba. Ao contrário, se renova. Novos personagens entram em nossas vidas. Novos dilemas são implantados. Amores são desfeitos. E relações construídas. Porque a vida na verdade é um ciclo. Onde uma vida está cruzada na outra. E as tristezas, alegrias, surpresas, decepções e amores estão conectados.”

Todos estavam reunidos no apartamento de Paulo e Diogo, para irem juntos fazer um piquenique. Paulo conversava sentado na cadeira de rodas com Cássia e Lindsay enquanto segurava Wandinho no colo. Já Diogo, Jeff e Mel se arrumavam. Biel assistia a TV, sentado no sofá. E Bernarda e Debbie dançavam uma música imaginária.

— Ô pessoal! Eu to levando o Wandinho e indo na frente com a Lindsay e a Cássia! — avisou Paulo saindo junto com o filho, Lindsay e Cássia.

Bernarda parou de dançar e resolveu ir junto com Paulo. Então, a loira pegou a sua bolsa e quando ia sair, Biel levantou-se e a segurou pelos braços.

— Aquieta, galega! Eu carrego pra ti.

Biel pegou a bolsa de Bernarda, piscou um olho e saiu sorrindo. Bernarda deu um leve suspiro, apaixonada. E ao ver a cena, Diogo ficou enciumado pelo amigo e provocou a loira.

— Ei, Bernarda! Não se encanta muito não, viu? Ele é homo!

— Ah, mas todos nós somos, né?! — Diogo olhou surpreso e Bernarda caiu na risada — Homo sapien sapien! Ou é sapien sapien sapien? Sapien!

Bernarda foi embora rindo, e Diogo riu, achando graça. Debbie aproveitou para se aproximar do filho e puxar assunto.

— Ela só se faz de tontinha e bobinha. Pode acreditar.

— Eu sei. Afinal, vestir personagens é com você mesmo, né? Só a personagem “mãe” que você nunca conseguiu vestir quando abandonou eu e meus irmãos! — retrucou com raiva, aproveitando e indo embora.

Debbie apenas deu um longo suspiro, repetiu seu mantra para manter sua força energética e foi embora. Então, restou apenas Jeff, Mel e a TV ligada.

— Tô passada! Cadê todo mundo? Ô sapata, ta se montando toda por quê? Você é da bagaceira, mona, let’s go!

— Me erra, sua bicha poc poc! — gritou Mel já irritada.

Jeff riu e ao olhar pra TV não acreditou no que viu. Suzana estava na tela, ao lado do empresário árabe Amir Garib, e a manchete apresentava a mulata como a nova esposa do empresário.

— Oh... My... Gosh! — murmurou Jeff incrédulo.

“Como eu disse, a vida está conectada numa outra. A minha vida pode estar conectada a sua. E os nossos amores cruzados. Portanto, a gente se encontra por aí. No meu, no seu, no nosso, COTIDIANO DE AMORES CRUZADOS”.

Num devastado campo, Paulo está sem camisa, segurando a mão direita de Wandinho, que já está com 4 anos. Diogo segura a mão esquerda do filho, e juntos, os três correm rindo, acompanhados de um cachorro labrador e um poodle, pelo campo.

<<FIM>>

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Comentários

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perfeito kra foi um dos finais mais magnificos que ja li parabens

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simplesmente maravilhoso!você esta de parabéns.

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Obrigado a tudo e a todos. De verdade. Amanhã postarei um último post com os créditos finais e algumas novidades pra vocês! (: OBRIGADO MESMO PELO ESTÍMULO DE TODOS! õ/

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