Valeu pelos comentários gente. Fico feliz em ver que vocês ainda gostam da minha história. Eu escrevo de coração.
Para Mauricio aquela madrugada foi pesada, um acidente de carro o deixou horas dentro da sala de cirurgia, ele só queria saber de salvar aquelas vidas e ir para casa. Pedro preparava a roupa que ia trabalhar no dia seguinte e escreveu uma carta para o seu marido.
“NÃO ESQUECE QUE AMANHÃ CHEGAM AS NOVAS SECRETARIAS A DORA E A ISABEL. A ISABEL VAI MORAR CONOSCO NO QUARTO DOS FUNDOS. POR FAVOR NÃO ESQUECE”.
Pedro deixou o bilhete na cômoda do quarto e foi tomar banho, naquele momento um forte vendo abriu a janela e derrubou o cartão. Pedro se preparou para dormir e viu que a janela estava aberta. Ele pensou consigo mesmo – Eita... que comece a temporada de chuvas.
Mauricio chegou em casa debaixo de uma tempestade. Ele jantou, tomou uma Vitamina C para prevenir e foi direto dormir.
Pedro acordou razoavelmente cedo e se apressou para trabalhar. Dora chegou pontualmente às 7h, momento em que Pedro estava preparando o lanche dos meninos. Jeitosa ela se encarregou de fazer o café da manhã das crianças enquanto Pedro atendia Isabel que chegou praticamente de mala e cuia.
- Então Isabel... é esse quarto que você vai ficar. Eu consegui arrumar alguma coisa, mas ainda podemos melhorar.
- Que nada seu Pedro... o quarto é lindo e maior do que o meu antigo. – ela disse rindo. Eu só vou guardar as minhas coisas e vou cuidar dos meninos.
Nesse momento o celular de Pedro toca.
- Alô? Claro que eu não esqueci... eu sei que está chovendo... Emilly aguarda apenas alguns minutos estou chegando.
Por causa da forte chuva, e os trovões Isabel quase não conseguia ouvir seus pensamentos, diria o que Pedro falou. Para não parecer idiota, ela apenas balançava a cabeça e ria. Pedro se despediu das duas e foi ao encontro de Emilly.
- Ele parece ser uma pessoa muito boa né dona Dora? – diz Isabel praticamente gritando.
- Sim... e ainda tem esses três pedaços de mal caminho. – disse Dora fazendo careta para as crianças.
- Tia Isabel... você vai tomar conta de nós? – perguntou Paulinho.
- Sim. Vamos brincar bastante e aprender bastante. – disse ela rindo e abraçando a criança.
Mauricio acordou e foi ao banheiro, como todo homem fez o número um e tomou banho. Apenas de toalha desceu e deu de encontro com Isabel que ia ao quarto dos gêmeos pegar fralda.
- AHHHGGGHHHHHHHHHHHHH!!!! – gritou Isabel caindo no chão.
- AHH!!! – se assustou Mauricio.
- Quem é você! – disse ela se levantando e pegando uma vassoura.
- Calma... eu moro assim... e...e quem é você? – disse ele mantendo certa distância.
- Dona Dora!!!! Não se mexa!!! Dona Dora!!!!! – gritou Isabel.
- Que foi minha filha.... Nossa Senhora!!! – gritou Dora ao ver Mauricio apenas de toalha.
As duas começaram a discuti e a Dora perguntou como a Isabel deixou aquele homem entrar. Pelo fato de o Mauricio estar molhado, elas pensaram que ele havia arrombado a porta. Durante a discussão o Mauricio deu um grito pedindo silêncio das duas. Ele foi até a estante da sala e pegou um porta retrato.
- Eu moro nessa casa... com o meu marido e meus filhos... e quem são vocês? – ele perguntou mostrando a foto.
- Eu não sabia... desculpe senhor.... acho que houve um mal entendido. – disse Dora.
- Eu não acho... eu tenho certeza. – disse o Mauricio subindo as escadas.
- Meu Deus... eles são... são.... – gaguejou a Dora.
- Eles são gays.
- Onde está o meu pai? – perguntou Paulinho.
- Qual deles? – perguntou Isabel.
Pedro conseguiu chegar a tempo em seu primeiro dia no hospital. Ele entrou em sua sala e se sentiu pela primeira vez em casa, mas a tranquilidade durou pouco, logo depois que o celular dele tocou.
- Como assim?! Você coloca duas estranhas na minha casa?! – perguntou o Mauricio.
- O que?! – questionou Pedro sem entender nada.
- Eu acordo e desço as escadas e encontro duas estranhas com os meus filhos.
- Como duas estranhas? Você bebeu? É a Dora e a Isabel. Amor você esqueceu que nós estamos contratando duas empregas? – Pedro perguntou.
- Eu... eu... esqueci... amorzão... tá tudo bem. Eu vou lá embaixo e me resolvo com as duas. – ele disse.
- Amor... espera. Eu estou indo aí em casa... acho que deixei escapar um pequeno detalhe.
Sim... Durante toda a negociação Pedro Soares apenas esqueceu de dizer que ele era casado com outro homem. Ele ligou para a mãe e perguntou se ela havia contando para Isabel ou Dora que ele era homossexual, Paula disse que não, pois, achava melhor o filho contar para as empregadas. Ao sair do hospital a chuva ainda estava forte e não havia guarda-chuva na guarita do hospital. Vinicius encontrou Pedro e resolveu puxar assunto.
- Nossa eu não sabia que aqui chovia tanto. – ele disse se aproximando de Pedro.
- E é apenas o inicio amigo... eu que acabei esquecendo de comprar guarda-chuvas ou capa de proteção... mas hoje mesmo vou ao centro. – disse Pedro.
- Você quer ir para o seu carro? – perguntou Vinicius.
- Pretendo, mas essa chuva... – falou Pedro olhando para o céu.
- Ohhh... eu sei. – disse Vinicius. – Ahhh a minha capa é a prova d’água. Eu posso te dar uma carona. – ele disse rindo.
- Claro... você faria isso por mim? Eu não quero incomodar. – perguntou Pedro.
- Não... vem logo, se apoia em mim. – disse Vinicius cobrindo os dois.
- Devagar... eu não quero derrubar a gente na água. – falou Pedro.
- Sou forte... deixa disso. Preparado... vamos.
O carro de Pedro não estava estacionado muito longe, mas foi o suficiente para Vinicius manter contanto com aquele que estava gostando. Pedro agradeceu a gentileza e disse que um dia iria retribuir.
Naquela manhã chuvosa, Phelip decidiu não ir para casa e ficou abraçadinho com Duarte. Os dois estavam em uma fase boa do relacionamento e tudo estava voltando ao normal.
- Sua mãe não fica chateado porque você dorme aqui? – perguntou Phelip.
- Não. A minha tia está morando lá em casa agora junto com meus primos. Está até um pouco lotado. – ele falou levantando.
- Entendo. Ei é nesse fim de semana, não esquece. Eu já convidei a Fernanda para ir com a gente. – Phelip falou
colocando a cueca.
- Pelo visto devemos esquecer o bronzeador né? – ele falou rindo.
- Nossa choveu a madrugada toda... daqui a pouco tem rio transbordando, gente desabrigada... nossa... triste né?
- Ano passado fizemos aquela arrecadação de roupas lembra?
- Sim... foi bacana.
- Eii o chato é que no sitio eu não vou poder te namorar né? – falou Duarte.
- Infelizmente, mas podemos dar uma escapada para o mato. – Phelip falou rindo e saindo do quarto.
- Por favor, eu lá tenho cara de ficar me agarrando no mato. – Duarte falou enquanto eles desciam a escada.
- Bom dia crianças. – falou Paula.
- Mãe! – protestou Phelip.
- Bom dia Paula. Dormiu bem com toda essa chuva? – perguntou Duarte sentando a mesa.
- Sim... como uma criança. Ei vocês não tem ideia do que aconteceu hoje na casa do Pedro.
- O que? Está tudo bem? – questionou Phelip.
- Não está tudo bem, mas essa semana o Pedro contratou uma babá e uma governanta...
- Governanta... que chic... – brincou Duarte.
- Então... o Mauricio esqueceu e o Pedro também não contou a elas que era casado com o Mauricio. Agora mais cedo eles se encontram e parece que foi a maior confusão.
Enquanto Paula contava a história para os meninos. Pedro chegava em casa para tentar acalmar as coisas. Ele entrou e Isabel estava no chão brincando com os gêmeos, Dora estava na cozinha preparando o almoço e Mauricio estava assistindo televisão com Paulinho.
- Oi gente... ninguém morto... isso é um bom sinal. – ele disse tentando manter o sorriso no rosto.
- Bom dia seu Pedro. – disse Isabel.
- Isabel, você pode levar os meninos para a sala. Por favor. – ele falou enquanto ia na cozinha chamar a Dora.
- Claro. – ela disse levanto primeiro Pablo.
- Dora... você pode vir a cozinha por um instante. – ele pediu.
- Só um minuto seu Pedro, deixa eu lavar a minha mão.
Pedro chegou na sala e dei um beijo no marido, sob o olhar atento de Isabel que ficou visivelmente constrangida com a situação.
- Então gente... acho que aconteceu um pequeno contra tempo agora. E eu queria deixar isso em panos limpos. Dora, Isabel... eu e Mauricio somos casados há três anos. Formamos uma família. Eu realmente não sei o que aconteceu comigo para não falar isso, na verdade é tão natural para mim que eu acabei esquecendo. Eu peço desculpa, aos três pelo constrangimento. – disse Pedro.
- Seu Pedro eu pessoalmente não tenho nenhum problema, o meu filho também é homossexual... um pouco mais alegre que vocês dois... então.... – disse Dora.
- E você Isabel? – perguntou Pedro.
- Eu... eu... não sei... mas eu acho que isso não vai atrapalhar o meu desempenho com os filhos de vocês. São três crianças maravilhosas e comportadas, o sonho de qualquer babá. – ela disse rindo.
- Gente eu também quero me desculpar da forma que eu agi hoje mais cedo... eu tenho trabalhado tanto que esqueci que vocês duas foram contratadas.
- Que bom... tudo verde e lindo, mas agora eu tenho que ir. – disse Pedro.
- Amor.. fica mais um pouco, vamos almoçar juntos hoje... uma comidinha caseira... né Dora? – perguntou Mauricio enquanto segurava a mão de Pedro.
- Sim... estou fazendo frango assado com um tempero especial, arroz com brócolis, purê de batatas e uma macarronada de lamber os beiços. Afinal é o meu primeiro dia, eu tenho que agradar aos patrões. – ela disse fazendo todos na sala rirem.
- Depois de um convite desses. Eu vou ficar... vou apenas trocar de roupa. – ele disse subindo as escadas.
A paz havia ternado para a casa de Pedro. Era o inicio de uma nova vida para eles. Os dois aprenderiam muito com as duas e vice-versa. Priscila estava praticando o seu passa tempo preferido, torturar o Vinicius.
- Olá? – disse Priscila.
- Doutora, eu estou um pouco ocupado agora se....
- Ocupado? Fazendo o que? Bulinando o meu irmão enquanto você leva ele até o quarto? – ela disse sem olhar para ele.
- Como assim? O que você está querendo dizer? – ele perguntou assustado.
- Então você não nega que está afim dele? Afinal eu não culpo você... o meu irmão é lindo, uma pessoa maravilhosa e inocente por não perceber isso.
- Dr. Priscila a senhora está louca? – ele perguntou se levantando.
- Não... louco está você... escuta só duende do armário... você vai voltar para o seu lugar e não vai se meter com meu irmão... se não eu mesma vou anestesiar os seu testículos e tirar os dois e colocar no lugar um par de silicone para você virar uma atração de circo horrenda e as pessoas vão dizer, olha um travesti que deu errado. Não ouse se colocar no caminho deles.... só isso que eu te falo.
Priscila saiu rindo e Vinicius ficou preocupado com aquela situação. Ele pesquisou sobre a vida de Priscila no hospital e todos falavam que ela era uma pessoa doce e parceira dos colegas. Ele achava que havia algo a mais.
- Carlos... podemos conversar? – falou Vinicius.
- Sim... lógico. – disse Carlos sentando na mesa ao lado dele.
- A Priscila... ela está tornando a minha vida impossível... eu não quero reportar o comportamento dela para o Dr. Emanuel... se ela já faz isso, imagina eu dedurando ela.
- Você sabe que ela passou por um trauma sério a pouco tempo, talvez isso seja uma forma de escape... vai saber...
- Ela me ofende, com coisas que eu não entendo e também eu tenho certeza que não faz parte do perfil dela. Eu acho que você está certo.
Pedro observava Dora a fazer o almoço. Ela notou e eles começaram a conversar.
- Então seu filho é homossexual também? – ele perguntou.
- Sim... assumido... assumidissimo. Queria tanto que ele fosse igual a você... juro que pensei que a tua mãe fosse a tua esposa. – ela disse rindo.
- Mas cada um tem sei jeitinho... para a minha mãe quando eu assumi foi difícil. Mas ela é a minha melhor amiga... assim como eu presumo você ser a do seu filho.
- Sim... tenho quatro filhos. Ele é o meu caçula, sempre teve tendências de gay. E no meu coração eu já sabia que um dia ele se descobriria. – ela disse.
- Que bom que você teve essa atitude.
Pedro estava satisfeito com a decisão que tomou. Os filhos estavam felizes, o Marido satisfeito e naquele dia eles provaram a melhor comida do mundo, essas são as palavras do Paulinho. O tempo estava acabando e muita coisa para todos mudariam.