Cotidiano de Amores Cruzados - Cap. 14

Um conto erótico de Contos Em Série
Categoria: Homossexual
Contém 4040 palavras
Data: 05/05/2012 23:48:55
Última revisão: 24/05/2012 17:20:17

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Adrenalina: Hormônio produzido pelas glândulas supra renais, cuja secreção é aumentada em situações que deixe o corpo em estado de alerta e pronto para reagir. A adrenalina pode implicar o medo, trazendo o desespero. E quando em nossos corpos circulam tanta adrenalina, desespero e medo, o resultado pode vir como tragédia.

Naquele quartinho de hospital, estava Roberto com uma arma apontada. Em sua mira, escorados na parede quase que espremidos, estavam Diogo, Paulo, Sônia, Suzana, Jeff, Cláudio e Biel. E atrás de Roberto, o tendo como mira, vários policias com armas apontadas, incluindo Ricardo (cap.8) para a surpresa de Jeff. Ali, todos liberavam adrenalina, sendo reféns dos seus próprios medos ou segredos.

— Larga essa arma, seu desgraçado! — gritou Paulo enfurecido — A minha mãe não irá com você!

— Irá! Ah, irá... Nem que eu a carregue em meus braços... Morta!

— Filho da puta!

— Senhores, por favor, se acalmem. — tentou tranqüilizar Ricardo — Olhe pra mim, senhor Roberto, olhe pra mim. Enquanto o senhor fazia essas pobres pessoas reféns, incluindo uma mulher grávida, estávamos levantando a sua ficha. Soubemos dos crimes hediondos que o senhor cometeu no passado: Homicídio, drogas, seqüestros. Então olhe pra mim e vamos tentar entrar um acordo, senhor Roberto. Ou senhor Romualdo, que é seu nome verdadeiro.

Todos ficaram surpresos, e Roberto e Cássia apenas se olharam abaixando a cabeça. Roberto virou-se cuidadosamente para olhar para Ricardo, e aproveitando o descuido do seqüestrador, um policial disparou contra ele. Imediatamente, Paulo se jogou no chão junto com os amigos, e Roberto, devido ao baque e dor do tiro, acabou caído ao chão. Os policias pularam em cima dele, o imobilizaram, o algemaram e Ricardo decretou:

— O senhor está preso por falsidade ideológica, homicídio culposo e doloso, crime hediondo entre outros. Tudo que o senhor fale poderá ser usado contra o senhor. — disse levando Roberto algemado.

Após o susto, na recepção do hospital, policias colhiam depoimentos de todos. Sônia, Paulo e Diogo eram interrogados por um policial, Biel e Suzana por outro. Cláudio se escondia, enquanto Jeff era interrogado especialmente.

— Eu não sabia que você era policial. — comentou Jeff surpreso com Ricardo.

— Pois é. Tem horas que tenho que carregar um cacetete nas mãos. Que pode ser atolado no seu cuzinho novamente. Tudo na disciplina.

Ricardo olhou para os lados, e sem ninguém notar, se aproximou de Jeff e apalpou a bunda do garoto. Ele aproveitou e pressionou o seu dedo grosso na direção do cuzinho de Jeff, por cima da calça, arrancando gemido baixinho e gostoso do afeminado.

— Você gama na pica do seu macho, né viado? Pena que não soube escolher. Mas eu te perdôo, e deixo você lavar minha pica nessa boquinha e cuzinho guloso. Porque da próxima vez que eu te encontrar, você vai ser meu, seu viadinho arrombado.

Ricardo deu um sorrisinho e saiu, enquanto Jeff se recompunha. Cláudio que assistia toda a cena escondido, se aproximou cobrando explicações.

— Que foi isso? Quem era ele?

— Um ex-peguete meu.— limitou-se rm dizer.

— Um tira? Puta merda, você sabe que eu sou fichado na polícia por drogas! Eu me fudendo de medo em dar depoimento a eles e você aqui no bem bom? Fora o perigo dos seus amigos que não gostam de mim, me delatarem

— Relaxa, baby. Eu não tenho amigos. E nós, não temos casa.

Jeff sorriu e agarrou Cláudio, lhe tascando um beijo molhado e excitante, sem se importar com as presenças alheias.

— Infelizmente, a senhora vai responder ao processo como cúmplice do seu marido. — afirmou o policial para Sônia que estava acompanhada de Diogo e Paulo — Porém, por ter sido também a vítima irá responder esse processo em liberdade.

— Isso é um absurdo! Minha mãe foi cúmplice por ter sido coagida!

— Tudo bem, meu filho, tudo bem. O destino que a vida dá as coisas é inquestionável. O que eu preciso agora é apenas descansar. Eu não estou me sentindo muito bem.

— Eu vou te levar...

— Não. O policial me acompanhará, e você, apenas converse com o menino Diogo.

Sônia deu um sorriso para Diogo, que retribuiu. Ela saiu junto com o policial deixando Diogo e Paulo “a sós”.

— Pelo visto a festa de boas-vindas a sua mãe não terminou como você planejou..

— A festa nem começou como eu planejei. Ela nesse hospital, fora o clima de desavenças.

— É... Você e o Biel, eu e a Suzana. Eu e o Jeff. Jeff e Biel. O clima não estava mesmo muito bom – os dois riram — Mas e esse Cláudio hein? O Jeff ta se metendo numa enrascada. Se relacionar com alguém envolvido em drogas é perigoso.

— Eu sei. Mas o proibido é perigosamente divertido. De qualquer forma, eu emprestei a casa em que eu vivia com a Suzana para ele morar enquanto isso, já que eu vou ficar com a minha mãe no campo. – Diogo ficou surpreso – Pois é. Eu decidi morar junto com a Suzana no campo, ao menos até ela ter o bebê. Mesmo com a saúde habilitada da minha mãe acho que será melhor pra...

— Eu entendi – interrompeu secamente — Boa sorte nessa sua mais nova empreitada.

Diogo deu um sorriso forçado e saiu, indo a direção a Suzana e Biel que terminavam de dar seus depoimentos. Ao chegar, Diogo encarou enfurecidamente Suzana e ela apenas se retirou.

— Barbaridade! Achei que tu ias dar um coió na guria só pelo olhar! — Os dois riram — Tu estás bem? Bah, eu te amo tanto e fiquei com tanto medo em te perder, meu guri.

— É... Eu também. Eu também temi perder pessoas que eu amo.

Biel abaixou a cabeça, entristecido, e Diogo percebeu a gafe que cometeu.

— Me desculpa... É que eu ainda estou tão ligado ao...

— Eu te amo. Eu te amo mais que a mim. Eu te amo por sermos corpos diferentes dividindo uma única alma. Eu te amo porque sempre seremos Diogo e Biel. Almas gêmeas. E nada, e nem ninguém, pode mudar isto. Eu e você. É pra sempre...

— Pra sempre...

Diogo se aproximou lentamente de Biel e lhe deu um demorado selinho, que acabou se transformando em um delicado e amoroso beijo. Paulo que observava tudo de longe ficou com os olhos cheios d’água, e Suzana que estava ao seu lado, apenas o abraçou.

E os minutos se passaram. Minutos transformados em horas, que viraram dias, e então passaram a ser meses. Diogo e Biel passaram a morar juntos. Eles viviam uma relação confusa com muitas declarações, caricias, sonhos, beijos, amores, porém sem a importância do firmamento de um compromisso, mesmo um sendo apenas do outro.

Já Jeff morou por pouco tempo com Cláudio na casa que Paulo emprestou, graças ao problema do namorado com drogas. Os dois passaram a viver num local menos visado, e no início as boas fodas seguravam a relação, inclusive fazendo Jeff experimentar algumas drogas e não gostar. Mas quando percebeu a extremidade da decadência que as drogas levam, Jeff temeu e Cláudio, apaixonado, lhe prometeu que se recuperaria. Mas as promessas afastavam cada vez mais a verdadeira recuperação e o amor os cegavam da sanidade.

E por fim Paulo, junto com Suzana e Sônia, se mudou para o campo. Paulo começou a viver com Suzana um lindo sonho de amor graças ao lindo campo que os cercavam, a barriga apaixonante quase que estourando de Suzana, e as boas lembranças que um dia já viveram. Mas nem todas as lembranças eram permitidas, pois ambos ignoravam novamente a sexualidade de Paulo e o seu romance com Diogo. E nessa boa vida de casados, o único problema eram as idas e vindas de Sônia ao hospital, devido a uma doença desconhecida. Mas uma ida ao hospital traria mais cores a esse fantástico sonho. Ou um grande problema...

— Acho que ta na hora, meu amor... Ta na hora do nosso bebê nascer! – exclamou Suzana gargalhando de felicidade, sendo ajudada por Paulo, que rindo, a ajudou e a colocou no colo, a levando para carro.

Paulo deu entrada com Suzana no hospital e após longos segundos, entraram na sala de parto. Paulo fez questão de assistir o parto, que foi cesariano e aconteceu sem complicações. Ao contemplarem o filho, Suzana e Paulo transbordaram de emoção. Ele por ser finalmente pai. Ela por pensar aliviadamente que seu filho havia nascido perfeito, pois fisicamente parecia como uma criança qualquer. Uma criança chamada Wanderson.

Após alguns dias, Wanderzinho começou a exibir traços característicos de crianças com Síndrome de Down. Suzana se apavorou, mas por medo da desdenha de Paulo, resolveu fingir tranqüilidade, passando a ter um cuidado exagerado com o filho que ela considerava doente, não deixando ninguém toca-lo, nem mesmo os médicos.

Para as visitas que recebia, Suzana era um exemplo de mãe perfeita. Também não é para menos. Ela sempre se mostrava eufórica, falante, preocupada com o ambiente onde Wanderzinho dormia, e nem parecia ter acabado de dar a luz por transbordar tamanha energia. Mas a perfeição se quebrava quando ela estava sozinha. Pois se alimentava, dormia muito pouco, ficando cada vez mais exausta e se sentindo inútil e incapaz quando, por exemplo, não conseguia identificar o choro do filho, acusando o filho de ser doente.

Paulo trabalhava ainda na cidade, e encontrava dificuldades na locomoção para o campo. Os pais de Suzana até ajudavam, mas achavam que a filha tinha tudo sobre controle. E Sônia passava muito tempo no hospital, adoecida. Quando Paulo tentou falar com Suzana da possibilidade de ir para cidade, a idéia que foi imediatamente recusada pela mulata. E assim ela seguia cada vez mais sem dormir.

Mas seus problemas aos poucos foram expostos. Suzana começou a reclamar que se sentia fracassada e desiludida, pois esperava mais do bebê e dela mesmo. E quando as visitas chegavam, ela se irritava com as atenções voltadas somente para o filho, começando a competir com ele, pois sentia que jamais recuperaria sua vida pessoal e viveria em função de Wanderzinho para sempre. E isso a perturbava. A fragilizava. E a desmascarou, quando ela largou todos os hábitos de higiene e começou a achar que alguém a perseguia e queria roubar seu filho. Então todos perceberam seu grave problema e Paulo teve que intervir.

— Eu não quero! — protestou Suzana já aos prantos — Eu e meu filho não vamos!

— Suzana você ta exausta! E não dá pra conciliar o meu trabalho e morar no campo. Com a gente na a cidade, eu consigo umas férias, a gente passa o tempo se curtindo, contratamos uma babá...

— Não, não, não, por favor, não... Eu sei que ele é doentinho, mongolzinho, mas ele é meu! Meu filhinho... Tão querido.

Suzana abaixou a cabeça e caiu no choro, e Paulo, sensibilizado, a abraçou, mas Suzana logo o empurrou, começando a gritar descontroladamente e o agredindo.

— Eu não vou! Eu não preciso de babá, eu não preciso voltar praquela cidade e ser humilhada por você ser uma bicha! Eu não preciso de ninguém que cuide dele! Eu só preciso de...

Suzana interrompeu-se, chorando, parando de tentar bater em Paulo e cambaleando. Paulo imediatamente a segurou, a abraçou, e ela simplesmente correspondeu o abraço, chorando e adormecendo, em pé mesmo, em seus braços.

E foi decidido. Paulo voltou para a cidade junto com Sônia e Suzana. Lá ele conseguiu férias no trabalho, passou a ajudar com o bebê, e até contratou uma babá/empregada. Porém os problemas de Suzana só aumentavam. Ela agora estava deprimida por estar na cidade, e focava todos os cuidados em Wanderzinho. Mas nem sempre conseguia atender as necessidades do filho e isso a irritava. Permanecia a se alimentar e dormir pouco, recusando qualquer ajuda da babá ou de Paulo. E quando Paulo deu uma saidinha e a babá cuidava de Wanderzinho, Suzana se viu diante dos seus maiores problemas.

— Sai daqui! — ordenou Suzana para babá entrando no quarto de Wanderzinho — Sai daqui, sua rameira babá ladra de filhos! Saí daquiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Imediatamente a babá saiu correndo desesperada. Ao ver o filho no berço, os olhos de Suzana se encheram d’água e ela sorriu. Ela se aproximou lentamente do filho, mas quando ia tocá-lo, ele começou a chorar. Suzana se irritou e pegou desastrosamente o filho pelos braços.

— Cala a boca! Cala a boca, meu mongolzinho! — disse balançando sem jeito o filho de um lado para o outro — Anda, anda, anda meu filhinho lindo, pára... Pára de chorar... Pára de chorar... Pááááááára! — gritou levantando os braços e segurando Wanderzinho para jogá-lo na parede.

Suzana titubeou. Abaixou os braços com o filho e entrou no banheiro, o jogando com roupa e tudo na banheira. Wanderzinho chorava ainda mais e Suzana aflita e desesperada, começou a afogá-lo, e ao perceber, tirou subitamente o filho da banheira e o colocou deitado no chão. Então, ela tirou sua blusa exibindo seus inchados seios negros, pegou o filho e o aproximou de seus seios. Wanderzinho só chorava e Suzana tentava fazê-lo mamar. Mas ao apertar um pouco seus seios, Suzana percebeu que não saia mais leite. Suzana entrou em choque.

Quando viu uma ambulância enfrente a sua casa, Paulo se assustou. Burlou a aglomeração dos curiosos na porta e entrou na casa, subindo as escadas desesperadamente. Ao entrar no quarto, viu Suzana nua, sentada toda molhada em cima da cama, com a cabeça baixa. Do outro lado, em pé, viu a babá segurando Wanderzinho cercada de alguns médicos.

—Suzana?

Imediatamente levantou-se e correu nua em sua direção, o abraçando e chorando.

— Paulo... Paulo, meu amor, eu matei o meu filho..

Paulo se assustou, e preso ao abraço de Suzana, apenas olhou para babá, que acenou negativamente e mostrou Wanderzinho mexendo os pezinhos.

— Ele tava chorando. Me irritando, me enfrentando, ele acabou com meu leite... Esse mongol acabou com todo meu leite! Olha pra mim, meu amor, olha. Eu não matei o meu filho, eu não me lembro, eu só lembro que... Meu leite secou!

— Suzana, por favor, se acalma....

— Você me perdoa? Eu matei o meu filho, ele me odeia, eu to ficando louca... Eu tou sem leite. Ele sugou todo o meu leite. Meu leite secou... Virou pó! Secou! Meu leite secou... Meu leite, meu leite... Secou... SecouSe...Cou... Cou... Se.... Se....

Suzana acabou adormecendo nos braços de Paulo, ele apenas a colocou deitada na cama. E por um instante, Paulo a invejou por estar dormindo e ele ser o que encara a dura realidade. E assim aconteceu. Paulo acabou tendo que sair do emprego para cuidar de Suzana, recebendo a ajuda financeira dos pais dela. Já sua mãe Sônia, mesmo que ainda doente, tentava ajudar cuidando de Wanderzinho, mas não podia fazer muita coisa. Até que um dia Paulo recebeu uma visita.

— Oi — disse Diogo sorrindo levemente, mas preocupado ao contemplar Paulo desgastado, sem camisa e barrigudinho, barba mal feita, olheiras visíveis e cabelos com alguns fios brancos.

Paulo sorriu e Diogo entrou, reparando na casa sem iluminação e com uma baita bagunça. Diogo sentou-se no sofá e Paulo foi até a cozinha, voltando com um copo de cerveja. Ele ofereceu a Diogo, que rejeitou, e então bebeu satisfeito.

— Me desculpa por não ter nada oferecer, mas é que... Minha mãe ta desabilitada pra caralho, eu despedi a vadia da babá/empregada e a Suzana... — interrompeu-se começando a rir — Bom... A Suzana, meu filho e eu, todos a minha volta estão fudidos.

Diogo engoliu seco. Paulo deu um outro gole na bebida.

— Eu não vim visitá-los antes porque...

— Porque eu já fudi seu rabo, e agora to fudendo uma buceta! – disse Paulo caindo na gargalhada e Diogo manteve-se sério.

— Acorda Paulo. Porque você é o único de pé ainda, e deve ser assustador ser alicerce de uma família. Mas é por isso que você não pode se deixar levar, bebendo, entrando num quadro depreciativo enquanto a sua mulher está num quadro de depressão pós-parto grave e...

— Vai pra casa do caralho, seu viadinho da porra! – gritou levantando-se e jogando o copo contra a parede, que espatifou.

Diogo se assustou e manteve-se sentando. Paulo o levantou, o pegando pela camisa.

— Quem você pensa que é, hein? Entrar todo arrombado na minha casa e dizer o que posso ou não fazer? Vai pro caralho! Eu não sou mais aquele viadinho que você converteu, seu filho da puta, porque eu tenho a minha família! Eu tenho o meu filho! A minha mulher! A minha... A... Minha...

Num ímpeto de impulso, Paulo agarrou Diogo e começou a beijá-lo violentamente. Sua língua invadia a boca daquele seu menino, explorava, salivava, mas Diogo apenas mantinha-se parado, sem corresponder. Então aos poucos, Paulo foi se acalmando, afastando sua boca de Diogo, o abraçando e chorando feito uma criança.

— A minha família... E eu destruí a única família que eu consegui finalmente construir. Eu amo tanto a Suzana, meu filho, e eu só queria ter a minha família de volta.

— Então suba, tome um banho, faça a barba e descanse. Amanhã acorde cedo, eu vou pegar o Wandinho, e você arruma essa casa. Depois passe metade do tempo procurando emprego e bicos, e a outra metade cuidando da sua esposa e sua mãe. Eu estou de férias e passarei aqui sempre pra levar e cuidar do filho que um dia eu tanto quis ter.

Paulo acenou positivamente, e Diogo apenas aproveitou-se daquele abraço desajeitado e másculo, daquele homem que um dia já foi seu. Diogo foi se excitando, e então se largou dos braços de Paulo e decidiu ir embora. Suzana, que observava tudo escondida do alto da escada, chorou. E Sônia apareceu na sala vindo da cozinha.

— Meu menino... Não cometa o mesmo erro que eu. Não se puna, ou se obrigue a ficar com alguém para manter uma família. Você sabe que não é ela que você ama.

Sônia sorriu, e sentou-se com o filho no sofá, e Paulo apenas repousou a cabeça no colo de sua mãe.

Ao chegar em casa, Diogo resolveu não contar para Biel de sua visita para Paulo, pois queria evitar confusão. Confusão essa que viria através de um outro assunto.

— Você vai viajar? Bah! Como você mesmo diz, barbaridade! Mas é claro. É claro que você viria, destruiria minha armadura, bagunçaria toda minha vida, pra depois ir, de queixo erguido com a certeza de que eu sempre serei seu!

— Nós vamos...

— Você não passa de um egoísta como eu que... O quê? Nós vamos?

— Sim, tchê. Nós vamos juntos, viajar.

— Mas eu tenho...

— Exatamente. O que tu tens? Tu tens um trampo com filiais em outros estados onde tu podes pedir transferência. Um amigo que namora um pesteado de drogas e se recusa atender teus telefonemas ou pedidos de desculpa. E um tanso que trocou o teu amor por um tapado casamento hetero. Acorda guri! Todo mundo seguiu com sua vida e tu estacionaste aqui. E não é vergonha nenhuma pedir ajuda, portanto, me dê as mãos e vamos caminhar juntos pelos cais de nossos desejos e sonhos. Porque tu sempre terás a mim.

Biel sorriu, se aproximou de Diogo, e os dois trocaram um longo beijado molhado. Biel aproveitou para passar a mão na bunda do cafuzo, sorrindo sacanamente.

No dia seguinte, Diogo foi até a casa de Paulo e buscou Wandinho. Passeou, brincou, cuidou e se divertiu cuidando do menino, mas a noite, o levou de volta para Paulo. E esse ato foi se repetindo. Diogo não contou nada para Biel, fingiu ter cancelado as férias e enrolava numa resposta da viagem. Já Paulo falava para Suzana que Wandinho estava com uma amiga, sem nem desconfiar que a esposa já sabia de tudo.

Um dia, Diogo estava numa praça, repleta de mães e crianças, brincando com o Wandinho. Diogo erguia o menino pra cima, que ria, e o balançava de um lado para outro. Então ele viu Suzana. Ela estava bem longe e caminhando em sua direção, descalça, com os cabelos desgrenhados e com uma velha roupa. Imediatamente Diogo pegou Wandinho no colo e suas coisas para ir embora.

— Larga o meu filho! – gritou Suzana.

A praça toda parou. Diogo respirou e permaneceu parado, enquanto Suzana vinha correndo em sua direção se aproximando dele.

— Me dá o meu filho!

— Suzana... O Paulo sabe, e eu tenho a autorização dele pra cuidar do Wandinho.

— É Wander! Wanderson, o nome dele, e me dá o meu filho!

— Você ta doente...

— Você não vai tomar o meu filho de mim! Fique com tudo, com todos os restos da minha vida, mas eu o meu filho não! O meu filho é meu! E se você não soltá-lo, eu vou gritar e alguém vai socorrer uma pobre aflita mãe que quer o seu filho!

Suzana começou a soluçar alto e com medo das pessoas que apenas o olhavam furiosamente, Diogo acenou positivamente e entregou Wandinho pra Suzana.

— Cuidado com ele, por favor.

Suzana segurou Wandinho sem jeito e sorriu. Olhou para Diogo e sussurrou:

— Eu sou a mãe dele, não você. E eu vou sair, mas se você for atrás de mim eu juro... Eu juro que esse meu mongolzinho vai cair das minhas mãos e virar uma criança normal.

Suzana riu e Diogo sentiu medo. Ela foi caminhando sem olhar pra trás, com os olhos arregalados, e logo virou-se e saiu correndo. Diogo tentou gritar por socorro, mas seria inútil. Então tirou do bolso o celular para ligar para Paulo.

Paulo voltava de um bico que arranjou. Já era tardinha, e ele dirigia o carro que estava parado num transito infernal. O rádio tocava músicas, mas foi interrompido por uma notícia. “E fugiu hoje, da penitenciaria, um dos maiores bandidos da década de 80”. O telefone de Paulo tocou. Ele pegou e viu no visor o nome de Diogo, atendendo.

— Alô, Diogo. Eu tou dirigindo, quase chegando em casa, já te ligo. – disse desligando sem nem deixar Diogo falar.

“Ainda não se tem muitas noticias de como aconteceu a fuga de Romualdo, mais conhecido como Roberto, mas...”. Pra Paulo tudo parou. A voz do rádio sumiu. O transito se abriu, e ele imediatamente acelerou o carro, seguindo desesperado para casa. Ao chegar, entrou correndo em casa e já na sala viu todos os móveis quebrados, e algumas manchas de sangue espalhada nas paredes. Seu coração disparou.

E a noticia da fuga de Roberto percorria através de rádio e TV. Porém, com um acréscimo na informação: “Já temos noticia de que a fuga de Romualdo, mais conhecido como Roberto, foi feita através de ajuda de alguns policias que estão sendo investigados”. Ao ouvir aquilo, Ricardo engoliu seco. Ele estava dirigindo seu carro, num local deserto e perigoso na missão de prender marginais. Mas parou o seu carro e sorriu, quando de longe avistou Cláudio deitado no chão e Jeff ao seu lado ajoelhado.

— Eu não agüento... – disse Jeff chorando — Eu não agüento mais esse vício, essas drogas! Você me prometeu que ia parar, largar...

— Eu vou, eu vou... Essa foi a última vez... Eu só preciso.. Preciso.. Você.. Toma... Toma, meu viadinho gostoso.... Fuma comigo.... Só uma vez... Toma... Fuma comigo, caralho! Vem... Vem pro meu mundo!

Cláudio riu e estendeu a pedra de crack com um cachimbo improvisado para Jeff, que pegou tremendo e chorando. E quando Jeff se preparava para fumar, algo o impediu.

— Drogado bom é drogado morto! — gritou Ricardo saindo do carro, tirando uma arma do bolso e disparando para cima. — E viado ordinário vai ter que sentar gostoso na minha rola.

Ricardo passou a mão por cima de sua rola, e apontou a arma para Jeff e Cláudio, que entraram em desespero.

E mesmo depois de tantos meses se passando, a mesma adrenalina foi e será tomada nos mesmos corpos em situações diferentes. O medo. O disparo do coração. O desespero. Porém dessa vez a força da adrenalina nos corpos de Diogo, Suzana, Paulo, Sônia, Roberto, Ricardo, Jeff, Cláudio e Biel, levará pelo menos três deles a morte.

PS: Nem irei me desculpar pelo atraso na publicação, pq realmente tentei de td para publicar antes, mas to sem tempo total. Por estar no final, os contos acabam por ficar grandinhos (9/10 páginas no Word). E para o penúltimo capítulo resolvi dividi-lo em 2 partes, para que a leitura não fique cansativa. No mais, contadordeserie_rj@hotmail.com e valeu pelos votos que me incentivaram e me fizeram chegar até aqui. Criticas e elogios sempre bem-vindos, e abração a tds.

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Comentários

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jesuiiiiiiiiiiiis ta maravilhoso teu conto, continua logoooooooooo

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Cara d+ amos sua serie muito boa parabens sua narração é perfeita cara todo o conto é perfeito adoro parabens

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