Eii galera... domingo frio e preguiçoso aqui. Mas decidi postar essa porte logo. Eu agradeço a todos os comentários que vocês deixam... é muito importante para mim, pois, foi por causa de vocês que eu comecei a escrever... então!!
Aproveitem!!!!
Era para ser apenas um dia chuvoso e preguiçoso. As pessoas saíram de suas casas para o trabalho, crianças iam para as escolas e todos estavam programados para o seu final de semana. Para alguns a diversão estava apenas começando, outros estava preocupados com problemas familiares e também havia aqueles que queriam apenas estar ao lado daqueles que amava.
- Espero que essa festa não seja chata com essa chuva toda. – disse Fernanda indo contra vontade.
- Para de ser pessimista. – disse Duarte.
- Verdade... tem que ir... somos jovens é aventura. – disse Phelip rindo.
- Vocês estão certo. Eu quero apenas curtir essa viagem. – disse Fernanda enquanto eles cantavam a música “Onde tenha Sol”.
Na casa dos Soares. Paula, Rodolfo e Caleb conversaram com Priscila sobre o seu comportamento durante as últimas semanas.
- Chega!!! Eu estou normal. – disse ela.
- Não amor... no inicio você realmente estava, mas ficar humilhando os outros? – falou Caleb.
- Priscila... se você quiser podemos procurar ajuda? – ela disse.
- Que mané ajuda pai? – ela perguntou.
- Priscila Soares!!! – gritou Paula.
- Eu to indo nessa ok!!! Superem isso. Eu quero viver a minha vida. – ela disse saindo na chuva.
- Priscila!! – disse Paula sendo segurado por Celab que fez sinal de negativo com a cabeça.
- Gente eu também não posso ficar. – disse Rodolfo.
- Pode ir seu Rodolfo... vamos tentar conversar com ela hoje. – disse Caleb.
- Mas ela saiu correndo na chuva... – disse Paula.
- Ela levou o guarda-chuva. - disse Rodolfo colocando a cabeça na janela.
- E ainda tem o Phelip e os meninos que foram para este sitio com essa chuva. – ela disse olhando pela janela.
- Eu vou fazer um chá... a senhora quer? – perguntou Caleb.
- Sim meu filho. Você vai esperar a Priscila?
- Sempre.... eu sempre vou esperar a sua filha. – ele disse ficando vermelho.
- Que bom que os meus filhos encontraram os homens certos. – ela disse sem pensar arrancando um riso discreto de Caleb.
- A senhora sabe... trabalhei como professor universitário durante 14 anos. Sempre tive problemas com meus alunos... mas a senhora é uma mãe que muitos sonham em ter. – ele disse.
- É a vida meu filho... eles saíram do meu ventre... até mesmo o Phelip...
- É isso mesmo.... o Phelip.... ele a ama como se saísse do seu ventre. A senhora tem um coração do tamanho do mundo.
- Quando você me der um neto... vai saber que sentimento é este. – ela disse rindo.
Pedro e Mauricio acordaram tarde e aproveitaram alguns momentos abraçados apenas olhando um para o outro. Ao descer Pedro estava sem camisa e apenas com uma samba canção. Ao ver Isabel e Dora conversando na cozinha, ele ficou vermelho e subiu para colocar uma camiseta.
O café da manhã de Dora era majestoso. Eles se sentiram verdadeiros reis. Pedro tomou banho e foi trabalhar. Deixando o marido dormindo. Ao chegar no hospital ele encontrou o Vinicius na entrada. Eles conversaram um pouco, coisas superficiais e obvias. Os empreiteiros estava levando a obra mesmo com tanta água caindo do céu.
Longe dali, um senhor barbudo dormia em cima de uma poltrona. Ele acordou assustado com o som de um alarme que muito lembrara aqueles de ambulância. Ele olhou para a tela do computador e soltou um.
- Fudeu! – gritou o homem pegando o telefone.
Tudo... começou as 10h da manhã de uma sexta-feira. Crianças estavam nas escolas, os pais trabalhando e a vida seguia normalmente apesar da forte chuva. Ninguém estava preparado para o que estava a vir... e muitas coisas mudariam na vida de todos daquela pequena cidade. Os portões do reservatório travaram e água ficou acumulada até alcançar a cota permitida. Apesar de todo o esforço o homem não conseguiu evitar o incidente. As portas explodiram e destruiu tudo o que estava a frente. Casas, lojas e empresas.
Os rios da redondeza já estavam também em seu nível e com a força das águas subiu rapidamente. Poucos tiveram tempo para reagir, alguns se salvaram subindo em lugares altos. E a destruição continuava.
- Corram!!! Corram!!! – disse uma mulher toda suja entrando desesperada no hospital.
- Senhora tudo bem! – perguntou Vinicius.
- O que aconteceu? – perguntou Pedro.
Não houve tempo para resposta. A água quebrou as portas de vidro do hospital e muitos foram arrastados. Pedro conseguiu se segurar em uma parede, um galho grande de arvore prendeu Vinicius na parede e a água começou a subir. Ao ver ele naquela situação Pedro lutou contra a correnteza formada e conseguiu alcançar o amigo.
- Calma. – disse Pedro.
- Sai daqui! Você vai morrer afogado! – gritou Vinicius.
- Não... eu vou te ajudar. – disse Pedro tentando tirar o galho.
- Está preso! – disse Vinicius. – Chama alguém!
Pedro olhou em volta e não havia ninguém. Ele segurou o galho e apoio os pés na parede e sem avisar puxou. Vinicius deu um grito de dor e por pouco não desmaiou. As águas continuam a entrar no hospital e inundar tudo, a sala de visita estava praticamente submersa. Com muita dificuldade eles conseguiram subir por um lado da escada.
No sitio, Phelip, Fernanda e Duarte de nada desconfiavam e resolveram arrumar a barraca para passar a noite.
- Ainda bem que a chuva parou por aqui. – disse Fernanda.
- E ai Brown! – disse Gustavo.
- E ai Gusta! – disse Phelip.
- Ei é o seguinte... você trouxe um amigo que é da escola... tipo... todo mundo aqui é da faculdade cara. Vacilou. – disse em tom baixo.
- Sério, eu não sabia. Eu...
- Tudo bem... ainda bem que tu trouxe a tua gatinha. – ele disse praticamente gritando.
- Como assim? – perguntou Duarte. – Gatinha?
- É a Fernanda... a namorada do Phelip. – disse Gustavo. – Ei, encontro vocês lá na fogueira.
- Alguém... pode me explicar isso? – perguntou Duarte.
- Eu... eu.... deve ser viagem da cabeça do Gustavo. – disse Phelip.
- Para... para... conta logo para ele. – disse Fernanda.
- Contar o que? – perguntou Duarte quase chorando. – Vocês....
- Não!! Pelo amor de Deus... conta para ele... se não eu conto. – disse Fernanda saindo.
- Eu... contei para todo mundo... que... eu estava namorando com a Fernanda. Fiquei com medo que a galera da faculdade descobrisse que eu sou gay. – ele disse baixando a cabeça.
- Me tira daqui. – disse Duarte chorando. – Me tira daqui agora ou eu vou andando para casa. – falou enquanto recolhia seus pertences.
- Calma amor... vamos conversar. – Phelip falou tentando se aproximar.
- Não chega perto de mim e não me chama de amor... você pensa o que eu não ouvi o que o seu amigo falou?! Eu vou embora para não deixar você e seu relacionamento hetero envergonhado.
- Eu vou chamar a Fernanda... vamos embora. – ele disse abaixando a cabeça.
Sim... eles nem imaginavam o que estava por vim. Por outro lado, na cidade a destruição alcançava proporções desesperadoras. Na casa dos Soares, Caleb e Paula tomavam um delicioso chá quando a energia acabou. Com o silêncio eles começaram a ouvir gritos e um barulho estranho fora da casa. Ao abrir a porta da cozinha, Paula teve uma desagradável surpresa. Com a ajuda de Caleb ela conseguiu fechar a porta, mas a água já estava na altura da cintura. Quando chegaram na sala outra surpresa, não havia mais porta de entrada. Paula ficou em choque e Caleb a pegou no colo e a levou para o segundo andar.
Na casa de Pedro e Mauricio a situação não estava diferente, todos estavam no segundo andar apenas observando a água subir.
Minutos antes
Isabel foi no banheiro e quando retornou estava tudo alagado e os gêmeos quase se afogaram, pois, estava brincando no cercadinho. Mauricio estava dormindo e ouviu os gritos dela e de Dora no andar de baixo. A água já havia tomado toda a casa.
- O que está acontecendo. – gritou Mauricio.
- Eu não sei!!! - gritou Dora segurando Pablo.
- Vamos subir. – ordenou Mauricio.
- Seu Mauricio... os gêmeos quase... eu digo... eles quase se afogaram. – disse ela segurando Patrick que estava chorando.
- Eles estão bem... vamos subam.
Mauricio olhou pela janela e via apenas água. Em algumas residências as pessoas subiram nos telhados para escapar da fúria das águas. Ele tentou olhar para a casa de Rodolfo, mas não conseguia. Ele pensava em apenas uma pessoa naquele momento.
- Pedro... onde está você? – perguntou ele abaixando a cabeça.
Não muito longe dali as águas ganhavam uma proporção maior. Priscila Soares foi arrastada pela grande rio que tomou conta da rua. Ela lutou com todas as forças para se manter na superfície, mas era constantemente levada para baixo.
Ela viu toda sua vida passar diante de seus olhos. A infância na praia, a adolescência, o dia em que passou no vestibular para medicina e até mesmo o sonho que teve com o irmão Paulo. “É isso....” ela pensou, desistindo de lutar contra a correnteza. Quando de repente uma mão a puxa com violência das águas.
- Calma! – gritou um homem forte. – Te pegamos!! Não se preocupa.
- O que aconteceu? – ela perguntou atordoada.
- Ninguém sabe... o rio invadiu a cidade. – ele disse.
Ao se dar conta de onde estava Priscila se desesperou. Ela e mais 10 pessoas estavam em cima de uma laje de concreto, faltando pouco para a água alcançar. Na laje ao lado onde funcionava uma escola de ensino infantil várias crianças estavam sentada com alguns professores. Todos pensavam que aquilo era um pesadelo e não esperavam o momento de acordar.
A escuridão predominava.... até que.
- Porra!!!! – gritou Pedro. – Porra!!!
- O que? – disse Vinicius levantando-se vagarosamente.
- Estamos presos aqui! – disse Pedro sentando no chão molhado.
- Onde estamos? – perguntou Vinicius.
- Na antiga escadaria. Está bloqueada. Os pedreiros traçaram com concreto, pois, a nova ala de queimados ficaria no primeiro andar. – ele disse colocando a cabeça entre os joelhos.
- Ou seja... – disse Vinicius deitando.
- Estamos ferrados... se a água aumentar mais... morremos.
- Ei... cada o cara otimista que eu conheci. – ele disse rindo.
- Não está aqui... – disse Pedro chorando.
- O que foi? – perguntou Vinicius.
- Meus filhos... meu marido... a minha família. – ele falou desambando.
- Ei... calma... uma coisa por vez.... – disse Vinicius dando um riso forçado, seguido de um aí.
- Eu reclamando da vida aqui... olha o seu ombro... você perdeu muito sangue. – ele falou tirando uma das blusas e fazendo uma atadura cobrindo o ombro do amigo.
- Eu to bem... – disse Vinicius.
Na estrada a chuva estava cada vez mais intensa. Duarte olhava fixamente para a janela observando os pingos de chuva sendo levados pela velocidade do vento.
- Gente... parece que estamos em um velório. – brincou Fernanda.
- Sim... um velório da nossa amizade. – falou Duarte.
- Para com isso ok! Se tem alguém para você ficar chateado aqui sou eu. – disse Phelip.
- É mesmo... você... eu não sabia disso!!!
Os dois começaram praticamente gritar dentro do carro. Fernanda pediu para Phelip parar o carro, pois, desceria.
- Para essa merda agora. – disse ela abrindo a porta do carro ainda em movimento.
- Espera. – disse Phelip parando o carro, enquanto Fernanda descia.
- Está vendo?! – disse Duarte.
- Agora a culpa é minha? – perguntou Phelip.
- A culpa nunca é sua!!! Você está sempre certo. – disse Duarte chorando.
- AHHHHHHHHHHHHH- gritou Fernanda.
- O que foi isso? – disse Phelip.
- Fernanda?! – gritou Duarte saindo do carro.
Quando eles saíram do carro e a chuva passou. Eles puderam ver uma enorme cratera na estrada. E Fernanda havia sumido.
Sim... deveria ser um dia normal. Mas a vida é uma caixinha de surpresa. Bastava apenas agora esperar... esperar e orar para que as consequências deste dia não virasse uma ferida eterna.
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