Oi gente, eu sei que eu dei uma sumida. Infelizmente eu tive alguns problemas e não poderei mais continuar com o Succubus. Espero que vocês entendam.
Essa é a minha nova série de contos, essa é uma historia fictícia, qualquer semelhança com a vida real é uma mera coincidência!
Esse capitulo é meramente para introdução...
Espero que vocês gostem e se quiserem me adicionar no msn: brunow_inccubus@hotmail.com
“Não é fácil identificar que você está se apaixonando por alguém; nem saber como ou quando isso aconteceu. Você só sabe que um dia você acorda e desde do momento em que você abre os olhos você não consegue parar de pensar naquela pessoa.”
Eu tinha acabado de completar 17 anos. Naquele ano eu me formaria no colégio e com sorte eu entraria em uma boa faculdade. Quando eu tinha 10 anos eu insisti com os meus pais que eu queria entrar no meu colégio; era um dos melhores colégios particulares da minha cidade e também porque meu melhor amigo, Lucas, tinha conseguido uma vaga. No ultimo dia de seleção eu consegui uma vaga no colégio e também no transporte escolar que meu amigo, e assim nesse dia nós selamos um pacto: nós nunca iriamos sair do colégio nem do escolar ate completarmos 18 anos e assim consecutivamente entrar na faculdade. Eu sei um pouco de mais para meninos de 10 anos mas nós já queríamos ser os melhores em tudo o que podíamos.
Mas voltando ao que interessa, Lucas havia completado 18 anos nas ferias de um ano para o outro, e ele era um ano atrasado nos estudos, já eu era um ano adiantado por isso terminaria o colégio com 17 anos.
Durante as ferias Lucas mudou muito, não só fisicamente mas sua personalidade havia mudado. Em relação ao seu físico eu só posso dizer que o tempo lhe fez bem, de um menino alto e magricela ele se tornou um rapaz forte e imponente, seu rosto arredondado infantil deu espaço a um rosto firme, angular de expressões “enigmáticas” e seus olhos, que antes eram grandes e redondos haviam estreitado em um olhar profundo e cerado.
Já a sua personalidade deu uma guinada quando ele conseguiu tirar a tão desejada carteira de motorista; um mês antes do meu aniversário, no seu primeiro exame de rua Lucas acertou em cheio e foi o primeiro garoto da nossa sala a ter sua habilitação e o único que ha obteve de primeira. Isso fez com que ele se tornasse um rapaz despojado, e bem famoso entre as garotas. O que eu devo admitir inflou o seu ego mais do que eu esperava.
Quando o mês do meu aniversário se aproximava Lucas me deu a fatídica noticia que seu pai havia lhe dado um carro e por isso ele iria sair do ônibus escolar. Apesar de por dentro estar chateado uma única frase saiu por entre meus lábios:
Bruno: Claro! Eu entendo... felicidades...
Lucas: Qual é Nuno... não é como se agente não fosse mais amigos... eu sou o seu ‘brother’!
Bruno: Você sabe que eu odeio quando vocês falam ‘brother’...
Lucas: Qual é cara... não é como se nós nunca mais fossemos nos falar...
O tempo todo eu continuava olhando para o meu livro, eu me recusava a olhar para ele, sabia que eu ia ficar mais e mais magoado.
Lucas: Olha pra mim Bruno! Agora! (dessa vez ate eu me assustei com o timbre de voz dele)
Bruno: Sim? (virando lentamente para a sua direção)
Lucas: Não é como se eu estivesse quebrando a nossa promessa... mas cara eu já tenho 18, e um carro... velho não fica zangado... vai...
Lucas podia crescer e ficar malhando o quanto fosse mas fato é ele sempre foi o crianção entre nós dois.
Bruno: Beleza Luc... mas olha lá hein... não vai se meter com aqueles retardados dos meninos da escola só pra se sentir popular...
Lucas: Veei... ce me conhece de mais pra saber que eu nunca faria isso...
E assim prosseguiu ate o fim das aulas. Ele sempre me jurando que não iria mudar nem nada do tipo. Mas bem no fundo eu sabia que algo iria mudar, e de fato mudou; Lucas tinha ficado amigo dos então populares não só da minha sala mas como de todo o colégio e eu fiquei quase um mês sem conversar com ele.
No ônibus que eu ia para o colégio nós tínhamos lugares marcados, o meu era no corredor, quase no fundo, e Lucas costumava sentar do meu lado. Após 3 dias do meu aniversário, era uma segunda feira, e quando eu estava entrando no ônibus o motorista, William, falou comigo:
William: É Nuno, seu tempo de castigo acabou! Hoje entra um moleque novo e ele vai sentar contigo ok...
Bruno: Porque?
William: Primeiro porque assim eu tento te manter sentado durante a viagem, acho que sem o Lucas aqui você não consegue ficar sentado no seu lugar (rindo) e segundo porque eu sei o quanto você gosta de conversar e bem... achei que seria uma boa... agora já pro seu lugar que nós já estamos atrasados!
Eu sentei no meu lugar e fiquei esperando, e esperando. Eu era o primeiro a embarcar então demorou um pouco pra eu ver quem era o tal garoto. Já no meio da “viagem” nós entramos em uma rua que antes não entravamos. Haviam predinhos dos dois lados da rua, três andares no máximo e nos paramos na frente de um. Dois toques breves na buzina foram o suficiente para o portão do prédio abrir e um garoto sair em direção ao ônibus. Não consegui ver direito ate que ele entrou no ônibus. William provavelmente o chamou para lhe dar as boas vindas e isso me deu tempo de analisa-lo melhor.
O garoto devia ser um pouco mais alto do que eu, tinha o cabelo de um loiro invejável que refletia a luz quando ia de encontro com a mesma. Ele estava usando uma calça jeans apertada rasgada nos joelhos e um coturno semiaberto. A blusa do uniforme me parecia nunca ter sido usado e por cima ele estava com uma jaqueta de couro surrada e a mochila pendendo em um dos ombros.
A medida que ele andava na minha direção algumas pessoas o olhavam e logo em seguida pra mim ele se aproximou e falou em um tom baixo quase imperceptível:
Gabriel: Posso passar?
Bruno: Desculpa! O que?
Gabriel: Eu queria saber se eu posso me sentar... o motorista me disse...
Bruno: (o interrompendo) Ahh claro! Senta ai cara... você então é o carinha novo!
Gabriel: (se sentando e deslisando a mochila por entre as pernas) Sim.
Bruno: Ahhh legal... Eu sou o Bruno... mas a galera do colégio me chama de Nuno...
Nesse ponto eu já não sabia mais o que falar ou o que fazer. De perto deu pra perceber que ele tinha o cabelo um pouco maior do que os outros caras do colégio, ele tinha um corte social no estilo DiCaprio. Seus olhos eram de um verde oliva muito vivo, e sua boca era de um rosa intenso, ela era pequena mas ao mesmo tempo voluptuosa. Quando eu ia falando com ele, ele simplesmente virou e começou a olhar para a rua.
Gabriel: Gabriel.
Bruno: Oi?
Gabriel: Meu nome... é Gabriel...
Era como se Gabriel tivesse uma barreira invisível ao redor dele. Ele não deixava que os outros se aproximassem dele. Então depois desse breve, mas extremamente desconcertante, dialogo nos ficamos em silencio ate chegar na escola.
Eu não sabia se ele era um garoto mau humorado ou se ele estava nervoso pelo seu primeiro dia, que a proposito era obvio que era o seu primeiro dia na escola.
Ao chegar na escola nós nos levantamos e ele se foi com um frio “a gente se vê!” e então caminhou ate a entrada da escola sem olhar pra trás, sem falar com ninguém ou nem ao menos se dar o trabalho de olhar para as pessoas.
Muitas pessoas notaram o já nominado “garoto novo”, e todos já queriam saber quem ele era, de onde veio, porque mudou de escola, e é claro que todas as meninas queriam saber se ele era solteiro.
O dia foi passando e Gabriel continuava sendo o assunto. Depois do intervalo eu já estava sentado no meu lugar de costume, Lucas estava na frente da sala, literalmente deitado na mesa do professor conversando com duas meninas quando o coordenador do 3º ano entrou trazendo Gabriel. O nosso professor vinha logo atrás, e o coordenador pediu que todos voltassem aos seus lugares.
Lucas não se sentava mais perto de mim desde do segundo mês de aulas uma vez que os professores não conseguiam dar aula quando nós dois estávamos juntos. Logo o único lugar vago era exatamente do meu lado. Quando eu consegui raciocinar direito meus pensamentos foram interrompidos pelo coordenador.
Coordenador: Bem turma, eu quero apresentar o seu novo colega de sala, Gabriel, ele não só está mudando de escola mas também de cidades. Não é mesmo Gabriel?
Gabriel estava olhando para o coordenador com uma expressão fria mas claramente dava para ver que ele não queria que o nosso coordenador desse detalhes da sua vida para as pessoas.
Coordenador: Pode se apresentar agora.
Gabriel: Meu nome é Gabriel... eu to aqui porque meu pai quer, e (ele respirou fundo enquanto virava os olhos) tenho 17 anos, sou de sagitário e eu odeio praia... posso me sentar agora? (pendendo a cabeça para traz e olhando para o coordenador)
Coordenador: P-pode... (assustado com o jeito dele)
Gabriel andou arrastadamente olhando fixamente para... mim. Sim eu também não podia acreditar que o menino intocável estava literalmente me dando uma brecha para estabelecer contato.
Gabriel: Posso?
Bruno: Claro!!!
Gabriel: Parece destino não...?
Bruno: O que? Oi?
Gabriel: Parece que eu vou sentar do seu lado no ônibus e na sala de aula...
Bruno: Eu não me importo... Na verdade eu fiquei tipo OWWW do jeito que você falou lá na frente... e a cara do coordenador... foi a melhor...
Ele tinha voltado a ser o mesmo menino do ônibus. Longe e quase intocável. Ele parecia ate ter algum tipo de autismo ou talvez ele fosse “cool” de mais pra falar com as pessoas. Resultado é que ficamos por 25 minutos calados.
Professor: ... e é por isso que vocês estarão trabalhando em duplas para esse trabalho. Então formem suas duplas e me entreguem os nomes ate o final da aula.
Nesse momento eu fiquei um pouco deslocado. Minha vida toda eu sempre fiz trabalhos com o Lucas. Mas agora ele estava soterrado de garotas querendo fazer trabalho com ele. Eu estava perdido em meio ao pensamentos, eu já sentia que começava a ficar difícil respirar mas algo me trousse de volta a realidade.
Gabriel: (ele havia se inclinado na minha direção) E então?
Bruno: Oi? Desculpa eu não te ouvi...
Gabriel: Cara... é simples... você quer ou não fazer o trabalho comigo?
Eu já começava a perceber que Gabriel vivia em uma grande modo de defesa. Ele era cheio de charme e parecia um desses artistas de alma torturadas mas na verdade ele estava na defensiva o tempo todo...
Bruno: Você não precisa falar assim... eu só não te ouvi...
Gabriel: (voltando a sua posição de antes) Ok... me des... desculpa!
Bruno: De boa... claro que faço com você...
Quando eu respondi eu olhei para o Lucas que conversava animadamente com uma das meninas. Ele tinha um sorriso largo no rosto e parecia se entreter com qualquer coisa que ela falava. Ele deu uma olhada pra trás e piscou na minha direção. Eu não sabia como interpretar o que ele tentava me falar com aquele gesto, mas eu sei que eu fui tomado por uma fúria que nunca tinha sentido antes.
Eu continuei a anotar a matéria que o professor passava e não desviava mais o meu olhar para Lucas.
Quando eu percebi as pessoas já estavam juntando suas coisas e se levantando. Gabriel me chamou e quando eu olhei ele estava se levantando e estava com uma tira de papel na mão. Ele acenou duas vezes a tira e eu entendi que eram os nossos nomes e então foi caminhando em direção ao professor.
Lucas vinha se esquivando das carteiras em minha direção. Quando chegou ele se colocou na frente da minha carteira ficando abaixado e colocando seu rosto sobre os punhos da minha mesa.
Lucas: Então? Vamos fazer o trabalho juntos neah?
Bruno: Anh.. Eu já... meio que tenho dupla...
Lucas: Quem? (franzindo o cenho e olhando em volta) O sexto integrante dos “New Kids on the Block”?
Bruno: Oi? Como assim? Você nem conhece o cara...
Lucas: E você conhece?
Bruno: Ele ta no ônibus agora... ele senta comigo... e o nome dele é Gabriel...
Eu fui me levantando com a minha mochila em um dos ombros e Lucas também foi se colocando de pé. Ele ainda mantinha o cenho franzido como se não entendesse. Gabriel se aproximou por trás de mim e me deu um tapinha nas costas e então continuou andando para a porta da sala.
Bruno: E só pra contar... eu acho que ele ta mais no estilo Hendrix... ou Cobain! Ainda não consegui me decidir!
Eu sai andando e quando olhei para trás Lucas continuava parado e suas novas amigas estavam falando com ele.
Bruno: Hey! Gabriel! Espera.
Ele simplesmente parou no corredor e me esperou.
Bruno: Então como você quer fazer isso? Se quiser eu posso ir a sua casa depois da aula...
Gabriel: Não dá eu trabalho...
Bruno: Ok! Então a noite?
Gabriel: Olha agente pode dividir não?
Bruno: Acho difícil...
Gabriel: (me interrompendo) Então eu faço e te mando... pode ser?
Bruno: O que? Não! Como assim?
Gabriel: Olha eu não tenho tempo! Eu trabalho as tardes com o meu pai e a noite não é uma boa ideia... e antes que vc sugira nos finas de semana eu trabalho também...
Acho que ele não percebeu mas ele estava a pouco de gritar comigo. Ele já estava com os braços aberto e sua cara ficava cada vez mais vermelha. Acho que ele só percebeu quando viu a expressão de “medo” no meu rosto.
Gabriel: Desculpa... sério mesmo!
Bruno: Não você tem razão eu não te conheço... e tipo que deve dar pra dividir
Eu começava a andar para fora do prédio mais rápido, me agarrando a minha mochila e olhando para o chão... Acho que eu devo ter corrido em algum ponto porque quando eu percebi eu já estava fora da escola em uma praça que eu espero o ônibus vim buscar os alunos.
Eu coloquei os meus fones de ouvido e comecei a escutar o radio. De olhos fechado e escorado no banco de pedra da praça eu tentava analisar o que estava acontecendo comigo. Primeiro Lucas se afasta e se tornou outra pessoa e agora esse garoto novo, cujo eu nem deveria ligar, mexeu mais comigo em uma manhã do que eu podia esperar.
Quando eu já estava quase sem respirar de novo eu senti alguém puxando meu fone. Eu abri os olhos rapidamente olhando, era Gabriel que já estava sentado no encosto do banco.
Gabriel: Olha cara eu sei que eu fuibabaca la dentro...
Bruno: Sem problemas
Gabriel: Claro que tem problema... eu fui um imbecil e bem eu quero pedir desculpa...
Bruno: Você já falou isso...
Gabriel: Ouch! Afiado você...
Eu não respondi, continuei olhando para o outro lado da rua. Eu sabia ser uma Dramma Queen quando queria e acho que ele percebeu isso.
Gabriel: Ok... toma! (me estendendo um cartão) é onde eu trabalho... chega lá mais tarde ok?
Bruno: Ok (pegando o cartão e colocando no bolso)
Gabriel: Então tá... eu vou esperar o ônibus em outro lugar...
Eu não tentei o impedir de ir para longe. Eu não queria ele perto de mim. Eu peguei o cartão e olhei. Era um cartão de studio de tatuagem e body piercing. Black Roses era o nome, achei estranho o nome mas bem eu não sabia nada de tatuagem nem piercings. Meus pais nunca deixariam eu colocar então eu não passava muito tempo pesando no assunto.
A ida de volta para casa foi estranha. Gabriel e eu já havíamos estabelecido mais do que um mero OI. Mas mesmo assim no ônibus parecíamos dois estranhos. Quando chegamos a sua casa ele se levantou e se foi com um simples “ate mais”.
Eu cheguei em casa, tomei um demorado banho e então almocei. Ja tinha esquecido de tudo o que tinha acontecido de manha, ate que quando eu coloquei a mão dentro do bolso da minha calça para pegar o meu telefone a primeira coisa em que eu encostei foi o cartão que Gabriel me deu.
Eu olhei por um tempo e decidi ir ate o lugar. Não era tão longe da minha casa. Pra falar a verdade era exatamente entre a minha casa e a dele. Eu me arrumei, peguei o livro que iriamos precisar e fui em direção ao tal studio.
Chegando lá eu fiquei boquiaberto com o lugar. Era grande, em comparação com o que eu achei que esses lugares seriam. Tinha uma grande porta de vidro com a logo plotada. Mais uma vez eu me perdi em meus pensamentos e fui acordado por uma voz.
Gabriel: Não é exatamente o que você estava esperando?
Eu me assustei ao virar e ver Gabriel sem o uniforme. Ele estava usando uma regata larga que deixava seus braços e parte do peitoral de fora. Ele era obviamente mais forte do que eu mas isso não foi o que me assustou e sim o fato dele ter os dois braços totalmente tatuados e as tatuagens se encontravam ao longo da clavícula. Eram rosas muito bem desenhadas e o esfumaçado da sua tatuagem parecia real. Junto com as rosas haviam espinhos e alguns pequenos crânios que eram envolto pela roseira.
Gabriel vendo o meu espanto tomou a iniciativa de retomar o dialogo.
Gabriel: Que foi? Nunca viu alguém tatuado antes?
Bruno: Não assim... te perto eu quero dizer...
Gabriel: (rindo) Claro... mais isso não é nada comparado com as costas e braços do meu pai.
Bruno: Ele não vai se incomodar que deu ter vindo assim...
Gabriel: Para a nossa sorte ele teve um problema e desmarcou tudo, então eu só tenho que ficar aqui para atender o telefone e se alguém aparecer.
Ele era outra pessoa longe do colégio. Era como se ele fosse bem mais alegre e definitivamente mais cativante longe da pressão dos estudos. Ele me levou para dentro, me mostrou o lugar e eu fui ficando cada vez mais e mais “encantado” com as coisas que ele me mostrava. Mas foi quando ele mostrou o portfolio de tatuagens do pai dele que eu fiquei mais impressionado.
Bruno: Nossa! O seu pai é um artista...
Gabriel: Também acho! Ele é um dos melhores que eu já vi.
Bruno: Foi ele que fez as suas...
Gabriel: Não...
Ele ficou serio de repente, e nós ficamos alguns minutos calados olhando as fotos na pasta que estava no meu colo ate que ele falou:
Gabriel: Então vamos olhar o trabalho neah?
Bruno: Claro...
Algo tinha mudado nele; mais uma vez ele estava frio e distante. Mas eu tinha que respeitar os limites da nossa recém formada amizade, então o melhor era esperar ele querer falar sobre o que fosse que estivesse o incomodando. Passamos o resto da tarde trabalhando no nosso projeto, ate que por volta das 18:30 ele perguntou se eu estava com fome e foi buscar algo pra nos comermos.
Durante toda a tarde eu pude ver mais facetas de Gabriel e ao mesmo tempo pude prestar atenção nele. E acabei vendo que eu prestava mais atenção nele do que geralmente eu presto em outras pessoas. Comecei a ficar mais confuso, isso nunca tinha acontecido comigo. Eu já tinha ficado com outras pessoas mas eu nunca tinha ficado tenso do jeito que eu fico perto dele, nem desconcertado com tanta facilidade como acontece quando ele fala comigo. Agora eu posso falar que era química rolando mas naquele momento eu só sabia que algo estranho estava acontecendo.
Nós comemos e não conseguíamos mais ficar sentados falando sobre o projeto então decidimos parar. Ele me falava mais de como era trabalhar lá, e me mostrava os materiais e tal.
Gabriel: E esses são os piercings... (risos) ou pelo menos alguns dele...
Bruno: E-eu já vi um piercing antes... tem muita gente colocando no colégio... mas...
Gabriel: Eu acho que você deveria ter um...
Bruno: Que? Não... eu não... sei lá não é muito minha praia...
Gabriel: Ok... calma... só to brincando com você... e só falei porque sou eu que faço os piercings então eu ganho comissão assim... (rindo)
Bruno: Ohh.. entendi! Bem sendo assim vou pensar no seu caso...
Ele fez uma expressão de surpresa com a minha resposta mas nos fomos interrompidos por um barulho vindo da frente. Era o pai do Gabriel, um homem muito mais bonito do que os homens da sua idade, ele parecia um membro de um moto clube com sua calça jeans surrada e rasgada e com o seu colete de couro. Ele me cumprimentou, bem mais calorosamente que o filho, e então chamou Gabriel no escritório e me perguntou se eu podia esperar na recepção.
Depois disso tudo o que eu pude ouvir foi os gritos dos dois abafados pela porta espeça do escritório. Eu não sabia pelo o que eles estavam brigando mas eu aproveitei esses momentos em que eu esperava para juntar as minhas coisas. Quando terminei Gabriel vinha na minha direção feito um foguete.
Gabriel: Vamos embora...
Bruno: Ok...
Meio sem jeito e “assustado” eu me levantei, me despedi de longe do pai dele que só acenou com a cabeça então nos saímos em direção a rua. Estava frio e eu não achei que eu ficaria ate tão tarde lá então eu não tinha nenhuma blusa de frio ou moleton comigo. Eu andava do lado dele mas ele andava apressadamente quase impossível de se acompanhar.
Bruno: Na boa (ofegante) pode ir na frente... eu não... consigo... te... acompanhar m... mais!
Gabriel: Bruno? Nossa desculpa! Você ta bem?
Bruno: Depende... eu to ótimo... meu pulmão nem tanto...
Gabriel: E você ta gelado!(encostando de leve no meu braço) Toma...
Ele colocou a sua jaqueta sobre mim e foi exatamente nesse instante que o minha vida começou a mudar. Outros garotos já haviam sido educados comigo, mas Gabriel era diferente, ele era cuidadoso, quando queria, e além do gesto dele que me surpreendeu eu comecei a sentir o seu perfume invadir a cena, era uma fragrância intensa, um pouco floral com um toque amadeirado, era literalmente o cheiro dele, um cheiro enigmático e atraente.
Bruno: Valeu pela jaqueta mas pode ficar com ela! Você ta só de regata...
Gabriel: Fica melhor em você de qualquer jeito...
Bruno: O que? Como assim? N-nós estamos em um filme agora... porque isso foi digno de filme mela cueca
Gabriel: (rindo e olhando pra mim) Desculpa... saiu sem querer... mas fato... fica muito bem em você...
Bruno: OK... você oficialmente me assusta!
Gabriel: Por que?
Bruno: Por que? (rindo) Cara você parece um valentão, todo frio e cheio de não me toques, ai você fira o cara mas engraçado que eu já vi, então você vira o rebelde que sai correndo depois de uma briga e agora você fala comigo como se eu fosse...
Gabriel: Fosse?
Bruna: Como se eu fosse uma mina que você ta afim... (imitando a voz dele) Fica melhor em você de qualquer jeito...
Gabriel: Não te trato como uma menina...
Bruno: Mas fala comigo como se eu fosse...
Gabriel: E quem te disse que eu gosto de meninas?
Pego de surpresa de novo. Como assim um cara como ele é gay? Ele teria praticamente toda menina que ele quisesse e ele me solta uma bomba dessa.
Ele continuou me olhando esperando por uma resposta. Seu sorriso de lado me intrigava se aquilo era uma piada ou se ele realmente dizia aquilo. Ele ficou sem paciência de esperar pela resposta e virou e continuou andando, agora em um ritmo humano.
Bruno: Então... você quer dizer que... você é...
Gabriel: Gay? ... Viado?
Bruno: Obviamente eu estava procurando por uma maneira educada de perguntar...
Gabriel: Um homem que mantem relações homo afetivas... esta melhor?
Bruno: Nossa... não precisa ficar nervoso não...
Gabriel: Você tem razão... já a segunda vez que eu desconto em você... e você continua aqui... (imitando a minha voz) então... você é... masoquista?
Bruno: (empurrando ele pra frente) Para! Não tem graça... então você é?
Gabriel: Faria alguma diferença pra você se eu fosse?
Bruno: Não... eu acho que não...
Gabriel: Você iria parar se sentar do meu lado se eu falasse que eu fosse?
Bruno: Nunca... Por que?
Gabriel: Porque isso já aconteceu comigo... Eu contei para um amigo e ele espalhou pra cidade, parou de falar comigo e ainda fez com que outras pessoas me odiassem.
Bruno: Mas isso passou agora...
Eu percebi que ele estava a um tris de começar um desabafo que eu não sei porque eu tinha certeza que ele ia se arrepender depois. Eu tinha que para-lo antes que ele se deixasse levar.
Bruno: Eu morro descendo essa rua... Toma (tirando a jaqueta)
Gabriel: Pode ficar com ela... serio... ela é a menor que eu tenho e bem parece ser do seu tamanho.
Bruno: Que isso Gabriel... eu não posso aceitar cara...
Ele chegou muito perto de mim; uma dessas abordagem de pessoas que não tem problemas com invadir o espaço pessoal da outra. Eu podia sentir o seu nariz quase tocar o meu, os seus olhos estavam fixos nos meus e suas mão me seguravam pelo braço
Gabriel: (falando pausadamente) eu já falei que fica melhor em você... então leva ela...
Bruno: O-oo-ok... eu to um pouco constrangido aqui...
Gabriel: Poderia ficar mais...
Bruno: Acho que não...
Então eu realmente pude ver que Gabriel era um garoto “problemático”, como alguns diziam. Eu particularmente preferia chama-lo de intenso. Foi tudo muito rápido, depois que eu respondi o sorriso de canto de boca voltou a aparecer e então ele me puxou e os nossos lábios se tocaram. Eu arregalei os olhos enquanto ele forcava a sua língua para dentro da minha boca. Foi o melhor beijo que eu já tinha experimentado ate então. Ele tinha uma pegada forte e continua, seu perfume invadia minha narina me inebriando e seu toque me excitava.
Nos cambaleamos ate que as minhas costas encontraram o muro de um prédio, e nós nos perdemos em meio aquele beijo. Eu confesso sempre soube que eu tinha um grande interesse em garotos. Mas Gabriel era diferente, era excitante, era intenso, era emocionante.
Depois do demorado beijo ele me soltou e deu dois passos pra trás. Ainda sorrindo e olhando pra mim ele falou:
Gabriel: Eu te disse que tinha como ficar ainda mais desconcertado!
Bruno: Com certeza
Eu sentia minha face ficando mais e mais vermelha de vergonha. Eu não entendia o porque ele tinha feito isso. Nós acabamos de nos conhecer a única explicação que pesava em mente era que ele era louco. Mais uma vez meus pensamentos foram interrompidos
Gabriel: Bem eu fico feliz que nós começamos bem a nossa amizade! Agora deixa eu te levar pra casa que realmente começou a esfriar...
Eu não tinha o que falar, ele simplesmente me acompanhou ate em casa. Eu não sabia se ele saberia como voltar, mas tudo parecia parte da grande cena do espetáculo que era Gabriel.
Ao chegar perto da minha casa ele parou debaixo de uma árvore baixa. Eu me virei sem entender e ele me puxou pela mão.
Gabriel: Só pra você não me esquecer ate amanhã...
Outro beijo surpresa, um pouco mais rápido e definitivamente mais intenso. Quando paramos ele só me olhava eu me virei para entrar em casa e me assustei quando ele deu um tapinha na minha bunda.
Gabriel: Te vejo amanhã... espero que tenha gostado da jaqueta!!
E assim ele saiu, subindo a rua em direção a sua casa. Eu corri para o meu quarto. Eu estava sem saber o que pensar, completamente perdido na lembrança daqueles beijos. Foi a coisa mais impressionante que já tinha me acontecido. Eu tirei a jaqueta e me joguei na cama com ela na mão, sentindo ainda o cheiro que ele tinha deixado no couro eu senti que tinha algo no bolso. Quando eu olhei eu achei duas folhas dobradas e guardadas de qualquer jeito.
Quando abri eu não acreditei no que eu via. Uma delas era só algumas frases desconexas escritas mas a outra tinha um sketch meu. Eu não vi como ele fez, quando, ou em que tempo espaço mas o desenho era lindo. Eu me deitei de costas com a folha na minha mão e olhando para ela. Eu ainda conseguia sentir o seu perfume e assim eu fiquei ate dormir. Eu só sabia que eu queria ver ele mais uma vez, eu queria beija-lo mais uma vez...
Continua