Oi gente! Obrigado pelos comentários! Fico extremamente feliz que vocês tenham gostado!
Aqui vai a segunda parte do conto! Essa é uma historia fictícia, qualquer semelhança com a vida real é uma mera coincidência!
Espero que vocês gostem e se quiserem me adicionar no msn: brunow_inccubus@hotmail.com
“I let it fall, my heart And as it fell, you rose to claim it It was dark and I was over Until you kissed my lips and you saved me”
Set Fire to the Rain – Adele
A noite parecia eterna, eu acordava de cinco em cinco minutos. Sonhos onde aqueles beijos se repetiam continuavam a vim.
Cinco horas da manhã. É isso, não da mais pra tentar dormir. Eu me levantei e fui ate o meu banheiro. Enquanto eu me despia apenas uma coisa vinha a minha mente; Gabriel.
Eu entrei debaixo do chuveiro e tomei um demorado banho. Saindo para o meu quarto eu vi o sketch jogado do lado da minha cama. Eu fui ate ele, cuidadosamente para não molha-lo eu o dobrei e coloquei na minha mesa de cabeceira.
Eu me vesti e desci para tomar café. Ao chegar na cozinha eu vi um bilhete dos meus pais na porta da geladeira, sempre o primeiro lugar que eu vou assim que acordo. O bilhete dizia que eles tiveram que viajar para uma cidade perto da nossa a trabalho. E como de costume tinha milhões de instruções da minha mãe como onde ela deixou comida, o que eu deveria fazer entre outras muitas.
Meu pai sempre mais pratico me deixou uma boa quantia de dinheiro e um bilhete dizendo que o meu cartão estava desbloqueado mas para só ser usado quando necessário.
Terminando de ler o bilhete eu o fechei em minha mão e olhei para a porta da geladeira na minha frente. A primeira coisa com qual eu me deparei foi uma foto da minha família. Eu e meu pai estávamos em pé, enquanto minha mãe estava sentada no sofá com o meu irmão mais velho deitado com a cabeça no colo dela. Sim eu tinha um irmão mais velho que estava fazendo um intercambio na Inglaterra ate o meio deste ano.
Eu me lembrei bem desse dia. Nós estávamos brincando que meu irmão era o favorito da minha mãe e que ela o mimava demais. Minhas memorias foram me guiando e eu lentamente começava a sorrir, ate que o sorriso desapareceu de vez. Agora eu me lembrava quem havia batido a foto, quem era a pessoa que eu estava fazendo uma careta na hora. Era Lucas quem havia capturado aquele momento.
Não havia como explicar o porque eu estava com tanta raiva dele. Dele não, eu não tinha raiva do menino brincalhão que tirou aquela foto, muito pelo contrario eu o amava como amo meu irmão. Eu tenho raiva desse playboy que hoje ele se tornou. Essa pessoa pequena que depende da atenção dos outros para ser feliz.
Eu mau acabei o meu café e William estava buzinando do lado de fora da minha casa. Correndo eu juntei minhas coisas e na hora de pegar um agasalho eu optei por ir com um dos meus. Já me bastava sentar do lado dele e ser o único que conversava com ele eu não precisava que as pessoas achassem que Gabriel me “infectou” com a sua rebeldia.
William: Bom dia! Dormiu de mais?
Bruno: Nada... to acordado desde cedo... mas perdi a noção do tempo... desculpa!
William: Nada!!! Uns três meninos não vão hoje na aula... parece que vai ter um recesso na escola... ai já viu neah...
Bruno: Nem lembrava disso... parece que a escola vai fechar de quarta a sexta pra dedetizar ou algo do tipo...
Assim nos seguimos ate os primeiro alunos entrarem no ônibus. Fui pro meu lugar e esperei ate entrar na rua do Gabriel. Quando estávamos chegando eu já sentia borboletas no meu estomago, sentia o nervosismo tomando conta de mim.
Lá estava ele. Andando ate o ônibus com o seu cabelo loiro radiante, sua jaqueta hoje era do tipo “motoqueiro” branca e azul e como sempre a sua mochila pendendo em um dos ombros. Mas logo meu nervosismo de vê-lo se transformou em preocupação. Ele tentava, inutilmente, tampar um olho roxo com a franja, mas era maior do que a sua franja podia tampar. Ao chegar perto de mim ele virou o rosto e pediu que eu o deixasse passar. Depois que ele sentou ele não falou nada comigo, como se não me conhecesse.
Ficamos calado ate o ônibus parar na frente da escola. Eu me levantei mas deixei ele passar na frente. Fui seguindo ele ate a entrada e então eu tentei o segurar pela jaqueta
Bruno: Calma... agente pode conversar
Gabriel: Conversar o que? Agente já ta quase acabando o trabalho não estamos?
Bruno: Não to falando do trabalho... quero falar com você...
Gabriel: Não é como se fossemos amigos nem nada...
O tempo todo ele olhava para baixo e segurava a alça da sua mochila com as duas mãos. Ele não olhava pra mim e sempre mantinha aquele tom frio e distante.
Bruno: Foi o seu pai que fez isso com você? Eu escutei vocês brigando...
Gabriel: Na boa... não é da sua conta... valeu?
E com um movimento forte ele se desvencilhou de mim e continuou andando se misturando com os demais alunos que subiam a grande escadaria da entrada de ônibus.
A medida que ele se afastava eu sentia o meu cenho franzino, mas não por me intrigar, mas sim por uma grande angustia que tomava conta de mim. Eu tentava controlar minhas expressões mas elas teimavam em me desobedecer e logo meu queixo se juntou ao meu cenho, também se franzindo e logo meus olhos se encheram d’água.
Como era possível eu sentir isso por uma pessoa que eu conheci a um dia? Como eu podia estar chorando? Eu não entendia o que estava acontecendo, como era possível que aquele menino novo mexia tanto comigo.
Eu sai na direção oposta. Não queria assistir aula, não tinha cabeça para isso. Eu entraria no colégio mais tarte, inventaria qualquer desculpa para o coordenador e assistiria o restante das aulas.
Fui andando ate a praça onde os ônibus ficam parados. Sentei no mesmo banco que sempre sento, deixando a minha mochila acertar o chão com um baque surdo eu não consegui mais segurar. As lagrimas vieram de uma vez e eu me pus a chorar.
Mais uma vez eu me perdia em meio aos meus pensamentos, e esses me levavam de um lado para o outro sem me darem tempo para analisar o que eu estava sentindo, o que estava acontecendo ou mesmo achar um jeito de resolver algumas coisas.
Drasticamente eu fui arrancado dos meu pensamentos voltando a realidade com alguém me chamando:
Leonardo: Você ta bem?
Bruno: Desculpa o que?
Leonardo: Você quer uma água ou algo?
Sem resposta o homem foi buscar uma água pra mim. A medida que ele se afastava eu pude focar melhor a visão e vê-lo realmente. Ele devia ter os seus 18, talvez 19 anos, tinha a pele bronzeada e com certeza era menor do que eu.
Quando voltava eu pude perceber que ele tinha o corpo bonito, parecia malhar ou praticar algum esporte. Ele estava com uma bermuda jeans que deixava exposta a suas panturrilhas grossas e extremamente torneadas. Ele estava de havaianas e com uma blusa branca com a gola em V que deixava boa parte do seu tórax a mostra.
Ele sentou do meu lado e abriu a água, ao me passar a garrafa eu o olhei vendo que ele tinha um dos sorrisos mais sinceros que eu já havia visto. O sorriso era largo e radiante, enquanto seus olhos era cerados e emoldurados por espessos cílios. Suas sobrancelhas eram largas e arqueadas e seu cabelo era cortado curto quase rente a cabeça.
Leonardo: Meu nome é Leo... eu tava indo pra aula e vi você chorando... você ta precisando de alguma coisa?
Bruno: (respirando fundo) N-não... eu to bem... você estuda aqui?
Leonardo: Não, não, eu estudo no colégio aqui em baixo, quase perto da avenida...
Bruno: Ahh... não se atrase por mim... pode ir... eu to bem...
Leonardo: Agora eu sei que você não ta bem... mas tudo bem eu não queria ir pra aula hoje mesmo... E ai você tem um nome? Apelido... qualquer coisa... (rindo)
Bruno: É Bruno... mas a galera aqui me chama de Nuno... E você é o Leo?
Leonardo: Isso... Leo... Leonardo... como preferir...
Enquanto íamos conversando Leo foi me acalmando e me fazendo rir. E momento nenhum ele me perguntou o que tinha acontecido, e eu só tinha a agradecer a ele, acho que voltaria a me angustiar se falasse.
Ele me levou para trás da praça, onde havia uma pista de skate e uma quadra de futebol. Nós nos sentamos e ficamos conversando sobre tudo. Em poucos minutos era quase amigos.
Depois de mais alguns minutos ele se levantou, batendo de leve na parte de trás da sua calça para tirar as folhinhas que ficaram pregadas e pegando a sua mochila ele me falou:
Leonardo: Eu tenho que ir... se não, não me deixam entrar mais no colégio... olha você se cuida tá?! Não quero te ver chorando de novo. Ah! Eu passo aqui depois pra ver como você tá!
Bruno: Mas eu saio tarde hoje... eu tenho mais aulas...
Leonardo: Tudo bem... almoçamos juntos então...
Mas uma vez com o sorriso estampado na cara ele se inclinou na minha direção e me deu um beijo na bochecha e atrapalhou o meu cabelo. Os meninos que eu conhecia não faziam isso normalmente, o que me levava a pensar que Leo era um dos homens mais atenciosos que eu já havia encontrado. Ele foi andando na direção do seu colégio e quando eu já estava de pé pronto para ir eu olhei para ele e o vi girando em seus calcanhares acenando pra mim e gritando:
Leonardo: Te vejo no almoço! Se cuida!
Eu mais uma vez não podia acreditar no que estava acontecendo. Eu ri para mim mesmo e ajeitando a minha franja eu fui andando para a escola.
Ao entrar, como eu imaginava, eu tive que me explicar para o coordenador. Eu contei para ele que os meus pais viajaram no meio da noite e que eles não me acordaram para me avisar e que eu não acordei com o meu despertador hoje por isso estava atrasado. Ele disse que estava tudo bem e que eu poderia ir para a minha aula.
Entrando na sala eu vi Gabriel desenhando pela primeira vez. Ele era tão habilidoso que eu não acreditava como era a grande a sua pericia. Eu me sentei e não falei nada, apenas me preparei para a aula que começaria.
Ele se assustou quando me viu, mas também não falou nada. Ficamos calados enquanto todos da sala conversavam e falavam alto. Como já era costumeiro meninas se jogando em cima do Lucas que depois que me viu começou a contar as suas historias mais alto.
O professor chegou e então todos foram para o seus lugares e assim as aulas foram passando ate o intervalo. Eu já estava juntando o meu material quando eu escutei a voz do Gabriel:
Gabriel: Foi mau o jeito que eu falei com você hoje de manha...
Bruno: Parece que você é mestre nisso...
Gabriel: Hein?
Bruno: Briga primeiro e depois vem pedir desculpas... Você é realmente muito bom nisso...
Gabriel: OK... eu assumo que eu perco a linha as vezes... mas então você me desculpa?
Bruno: Faz alguma diferença?
Eu já falava com um ar cínico e um tanto maldoso. Ao terminar de falar eu olhei para ele e como esperado ele estava com uma cara de surpresa. Então como a demora da sua resposta foi a minha vez de sair de perto dele. Eu me dirigi para longe, me misturando as pessoas, andando em grandes passos em direção as escadas.
Saindo em direção ao pátio eu já tinha me decidido que eu não deixaria o mau humor ou as ações das pessoas me atingirem. Não tinha certeza de quanto tempo essa sentimento de auto confiança iria durar mas eu gostava dela e me agarraria a ela o quanto eu pudesse.
Ao chegar no lugar onde tinha as mesas onde os alunos usavam para lanchar eu me sentei com alguns amigos e ficamos conversando mas logo a conversa foi para um lado que eu não queria: Gabriel – o menino novo.
Deixei eles falarem o que quisessem e so fiquei escutando. Quando de repente um dos meus amigos falou que ele estava vindo na nossa direção.
Eu virei os olhos em sinal de desgosto mas parece que não foi um sinal forte o suficiente, ele continuou andando ao nosso encontro e só parou quando chegou na minha frente.
Gabriel: Eu preciso falar com você...
Bruno: Depois... ok?
Gabriel: Sério velho... preciso falar com você...
Bruno: Nossa... tá bom! (falando pra mim mesmo) saco!
Nós andamos para longe da mesa, para a tristeza dos meus amigos que queriam muito escutar o que ele tinha pra falar.
Bruno: Então? O que foi...
Gabriel: Nossa! Agora é você que não precisa falar assim...
Bruno: Ohhh-ho-ho-não... eu não vou deixar isso acontecer de novo... esse seu truque de envolver as pessoas, fazendo com que elas se sintam a vontade e como se fosse amigos de longa data... não mesmo...
Gabriel: Bem... costumava funcionar...
Bruno: Ahhh então você sabe que você faz isso... não é tipo seu jeito ou nada do tipo..
Gabriel: Ok... eu já entendi... eu quero pedir desculpa mesmo... por favor... você não foi nada que não solicito comigo e eu só trato você mal...
Bruno: Pra você ver... Agora vai me contar quem te deu uma surra ou eu vou ter que fazer outra cena para você se sentir mau?
Gabriel: Ahh então isso é algo que você sabe que esta fazendo? Não é o seu jeito nem nada?
Não teve como segurar, Gabriel era engraçado e uma boa companhia quando queria. E querendo o não ele sabia fazer o jogo social bem melhor do que eu e quando eu percebi nós já estávamos quase nas quadras da escola conversando sobre outras coisa.
Bruno: Ótimo, já deixei você mudar de assunto uma vez agora ou você me conta ou eu paro contigo de vez...
Gabriel: Aiii garoto você não pode só esquecer?
Bruno: Não dá... é muito roxo... (rindo)
Gabriel: Engraçadinho! Foram uns caras ontem... quando eu estava indo pra casa... eles me pararam e pediram um isqueiro emprestado. Quando eu fui entregar dois deles me seguraram e um deles me bateu... foi só isso...
Bruno: Eu já vi isso antes... quer dizer, eu já ouvi um caso assim... você acha que eles estavam nos seguindo?
Gabriel: Ok hollywood... pode parar... os caras só estavam afim de uma briga...
Gabriel continuou falando enquanto isso eu puxei a sua franja para o lado. Ele se calou e ficou me olhando como se tentasse falar “O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO”. Eu o ignorei e continuei. Eu precisava ver como ele estava.
Era pior do que eu pensava. Não era só o olho que estava roxo, o supercilio estava inchado e parte da sua testa estava esfolada como se o agressor estivesse com algum tipo de anel.
Gabriel: Então doutor? É muito grave?
Bruno: Cala a boca menino...
Gabriel: Sério Nuno... a galera ta olhando...
Bruno: Bem (me afastando) não é como se eu estivesse te beijando...
Gabriel: O que? Beijando? Porque você faria isso?
Eu fiz a tão presente cara de intrigado e olhei para ele por alguns minutos. Eu não sabia falar se ele estava brincando ou não. Eu não entendia como alguém podia ser tão dissimulado como ele, então eu só me virei e sai andando para o prédio.
Como assim ele finge que nada aconteceu? Não é como se estivéssemos rodeados de pessoas. Ninguém estava prestando atenção em nós então porque fingir que nada aconteceu?
Eu começava a pensar que Gabriel era realmente perturbado. Que talvez ele sofria de múltiplas personalidades ou que ele era algum tipo de evolução do autismo.
Voltamos a sala e eu assistir as aulas ate 12:40. A maior parte das aulas eu me concentrava em ignorar Gabriel. Quando o sinal tocou eu mais que depressa juntei tudo o que estava na mesa e sai apresado para chegar na praça em que eu conheci o Leo.
Quando estava quase atravessando a rua eu já podia ver ele, sentando no mesmo banco em que me encontrou, mas ao contrario de mim ele estava sorrindo e olhando na minha direção. Atravessei a rua e fui ao encontro dele.
Bruno: Achei que você estava brincando...
Leonardo: Nunca... Então onde você quer almoçar?
Bruno: Não sei... tem um restaurante aqui perto... a comida é boa...
Leonardo: Nada... to afim de comer besteira...
Bruno: McDonald’s?
Leonardo: É disso que eu to falando! (rindo)
E passando o braço por cima do meu ombro Leo foi me levando para o McDonald’s mais próximo. Nos íamos conversando e ele ia brincando comigo ate chegarmos no local. Como de praxe entramos, pedimos e sentamos em uma das mesas que fica do lado da janela.
Bruno: Bem... me explica como que você vê um menino chorando no meio do nada, para pra falar com ele, mata aula com ele e depois vai almoçar com o menino... é uma coisa que você faz sempre... você é tipo um bom samaritano?
Leonardo: Olha... não vou te enganar não... é que eu te vi lá no banco chorando igual criança ai eu não resisti e meu coração derreteu! Geralmente eu não faço isso não...
Bruno: Ahh ta... não sei o que pensar agora...
Leonardo: Como assim?
Bruno: Bem... eu não sei se eu penso “nossa que legal, ele me notou” ou se eu penso “a que legal... ele acha que eu sou um pirralho indefeso”
Leonardo: A vá! Olha seu tamanho ‘rapa’. De pirralho não tem nada... Mas não foi isso... foi que eu te vi lá tão bonitinho chorando ai eu quis ajudar...
Bruno: Ok... agora soou estranho... (rindo)
E eu fui percebendo que com o Leo era assim, você nunca sabia se ele estava brincando ou te dando molhe. Você nunca sabia falar se ele era gay ou não.
Eu fiquei com ele ate a hora da minha aula da tarde. Nós andamos pelo bairro e fomos andando de volta para o colégio. Quando estávamos quase chegando Leo começou a perguntar sobre namoro, seu eu tava com alguém e esses coisas e começou a me contar que ele tinha terminado um namoro serio de 1 ano e pouco, que foi muito duro para ele.
Bruno: Não, eu nunca tive nada serio assim... mas eu ate estava gostando de alguém ate um tempo atrás.
Leonardo: Era por causa dele que você tava chorando?
Bruno: Dele? O que te diz que era um cara?
Leonardo: “Vei” foi mau mesmo... eu tipo gosto de mulher, mas esse meu namoro foi com um carinha, e tipo que rolou do nada. Ai eu tava pensando no meu caso e acabei falando “dele”... me desculpa...
Bruno: Não precisa surtar menino! Foi só uma pergunta! E sim era um cara que eu estava afim, mas como tudo tem um fim esse só chegou mais rápido...
Leonardo: E era por causa dele?
Bruno: Ahh.. eu tenho que ir agora... se eu não entrar vou chegar atrasado... foi muito bom ficar com você hoje... talvez agente repita isso...
Eu falava o mais rápido que podia para não deixa-lo falar. Ao terminar eu fui despedir dele e como era costume meu eu sempre dou um beijo na bochecha dos meus amigos como o Lucas, e Leo já me passava essa impressão. Fui ao encontro dele mas eu me desequilibrei na hora e acabei dando o selinho nele ao invés de um beijo na bochecha.
Me levantei vermelho de vergonha não querendo nem ver a cara dele. Quando eu assustei ele já estava falando:
Leonardo: Que isso? Assim na primeira saída já despedindo com selinho?
Eu olhei rápido para ele. Ele estava coçando a parte de trás da cabeça e sorrindo pra mim. Eu sorri aliviado que ele não se zangou com o ocorrido. Ele me abraçou para se despedir e eu me assustei, fiquei sem saber o que fazer. Leo me soltou e voltou a sorrir.
Leonardo: A gente se vê depois então neah?
Bruno: Sim...
E assim ele foi embora e eu corri para a aula. Chegando lá metade da sala já havia chegado. Gabriel estava sentado no fundo olhando pela janela e rodando um zippo (isqueiro) na mão.
Bruno: Ainda pensando na briga?
Gabriel: Achei que você não estava falando mais comigo
Bruno: E não estou... mas ... isso não me impede de estar preocupado...
Gabriel: Por que se preocupar? Eu só sou o rebelde sem causa que desconta toda a raiva em você certo?
Bruno: Não acho que seja sem causa... mas eu acho que eu sei quem fez isso com você.
Gabriel: Sabe? (agora olhando pra mim e virando rapidamente na minha direção)
Bruno: É um garoto aqui do colégio. Mas ele só anda com mais dois meninos... eu nunca vi ele com mais ninguém além de Crabbe and Goyle...
Gabriel: Quem?
Bruno: Aiin você não lê não? Foi uma referencia a Harry Potter...
Gabriel: Aff... não curto esses livro de via...
Bruno: Viadinhos?
Gabriel: Desculpa...
Bruno: Eu sugiro que você não faça nada por enquanto... se você fingir que não liga eles vão se irritar e ai eles vão querer te pegar de vez...
Gabriel: E como isso me ajuda? Eu não quero outro olho roxo.
Bruno: A questão é o local... você tem que fazer eles tentarem te pegar de novo onde alguém posso pará-los... como a escola por exemplo!
Gabriel: Não sei não...
O professor chegou e a maçante aula preparatória para o vestibular começou. Eu já não aguentava mais escutar a voz do professor nem os múrmuros dos alunos tentando conversar o mais baixo possível.
A aula terminou e mesmo antes do professor se despedir da sala eu já estava no corredor indo para fora do prédio.
Quando eu estava quase no portão do colégio eu ouvi Lucas me chamando:
Lucas: Hey! Nuno espera!!!
Bruno: Oi Luc... e ai?
Lucas: Eu que pergunto... fazendo trabalho como garoto novo, matando aula.. e ai velho o que ta acontecendo?
Bruno: Nada... eu só ...
Eu quase falei que meu pais haviam viajado, mas me pareceu uma boa ideia não contar na hora. Foi a primeira vez em anos que eu não contava algo para Lucas.
Bruno: Eu fui dormir muito tarde ontem porque tava falando com o meu irmão pelo Skype... ai eu perdi a hora!
Lucas: Ahh ok... vem eu te levo pra casa...
Bruno: Não precisa... e eu não avisei o William...
Lucas: Ele vai achar que você não veio... você não perdeu o ônibus hoje?
Bruno: Verdade!
Eu estava sem jeito. Não sei porque me sentia assim, mas andando ate o carro do Lucas eu mandei uma mensagem para William falando que não ia voltar com ele.
Chegamos no carro e assim que entramos ele já começou a falar sobre o que estava acontecendo, das conversas com as meninas da sala. Passamos do lado do ônibus e eu pude ver Gabriel me olhando com uma cara diferente, como ele se perguntasse porque eu estava com o Lucas.
Ignorei por um minuto e voltei a prestar atenção em Lucas.
Lucas: Então nós continuamos amigos certo?
Bruno: Claro... (menti, não sabia se éramos como antigamente)
Lucas: Legal! Ai quer fazer alguma coisa agora? Não tem aula amanhã...
Bruno: Minha mãe falou que precisava que eu voltasse pra casa... foi mau
Lucas: Entendo... mas (o clima mudou drasticamente) você quer me contar o que aconteceu ontem?
Bruno: Como assim?
Lucas: Pois é, eu estava na casa do meu pai ontem, e quando eu estava saindo eu vi você e o tal menino novo na esquina...
Bruno: A gente estava fazendo o trabalho...
Lucas: Pareciam bem próximos para só estar fazendo o trabalho...
Eu sabia. Era bom de mais pra ser verdade, alguém tinha que ver o beijo só pra “fuder” tudo de uma vez. Lucas viu o beijo e agora ele consegui me colocar num lugar onde eu não tinha como correr.
Bruno: Eu me desequilibrei e ele tava me ajudando... só isso.
Lucas: Bruno para de mentir cara! Eu vi os seus pais saindo hoje de manhã com malas, eu vi você beijando aquele cara na esquina da casa do meu pai...
Bruno: E dai?
Lucas: E dai? E dai que a gente era supostamente amigos... e você ta escondendo as coisas de mim agora?
Bruno: Amigos? Não somos mais amigos desde que você se rendeu pro lado negro da força Luc...
Lucas: Eu fiz amigos! (gritando)
Bruno: NÃO... VOCÊ TROCOU OS SEUS AMIGOS... VOCÊ ESQUECEU QUEM OS SEUS AMIGOS ERAM! Aquelas meninas te zuavam... elas não são suas amigas... eles são tão fúteis que eles nem lembram de tudo o que fizeram com você... só porque você tem um carro agora...
Lucas: Que? Você ta falando que eu só tenho amigos por causa do carro...
Bruno: Foi mau Lucas mais eu bem que te avisei... eu te pedi que não mudasse... que não se tornasse alguém que você não é... e essa pessoa com quem eu to falando agora não é o Luc... eu não te conheço mais...
Lucas: Sempre o dramático não?
Bruno: Para o carro...
Lucas: Não... aposto que o seu namorado ta te esperando...
Bruno: PARA A PORRA DO CARRO...
Lucas: Uii mais um pouco e eu acreditava em você...
Pelo menos de uma coisa eu tinha certeza, nós estávamos indo em direção a minha casa.
Eu decidi ignorar Lucas. E parece que funcionou, ele me levou direto pra casa em uma velocidade que eu sabia que era ser muito superior a que ele podia estar.
Ele brecou o carro de uma vez na frente da minha casa e enquanto eu descia do carro ele olhou pra mim e falou:
Lucas: Eles estavam certo... você nunca entenderia...
Bruno: Eu não tenho certeza do que você esta falando mas na via das duvidas façamos o seguinte, você fica com os seus novos “amigos” e eu continuo sem falar com você...
Bati a porta do carro antes que ele pudesse me responder. Corri para o portão e entrei em casa. Eu queria trucidar ele mas dessa vez eu não queria chorar. Nem uma lagrima foi derramada pela briga com o Lucas... Quando eu olhei o relógio nós tínhamos gastado mais tempo do que eu pensei para chegar em casa.
“Seria bem mais rápido se eu tivesse voltado com o William” eu pensei pra mim mesmo. Fui subindo as escadas e quando eu estava quase no topo eu vi a porta do meu quarto entre aberta.
Luz saia dela, uma luz leve, como se todas as velas que eu tinha no quarto estivessem acessas. Meu coração desparrou, mil coisas passavam pela minha cabeça mas eu continuava ir em direção ao quarto.
Quando abri a porta eu tomei um susto, arregalei os olhos e prendi a respiração. Eu não acreditava o que eu estava vendo. Deixei minha mochila deslizar pelo ombro ate atingir o chão e levei as mãos a boca.
Todas as cortinas estavam fechadas, dentro do quarto o meu radio tocava só o instrumental de Set Fire to the Rain da Adele. Na minha cama havia um ate então desconhecido Gabriel, nu, deitado entre os lençóis branco, me olhando e sorrindo.
Todas as velas do meu quarto estavam acessas dando um ar romântico ao quarto. A pouca luz que banhava o corpo de Gabriel revelava aos poucos que ele possuía um físico que não é facilmente detectável quando coberto pelas roupas.
Ele estendeu o braço em minha direção e fez me chamou com a mão.
Gabriel: Eu achei que uma simples DESCULPA não seria o suficiente desta vez!
Continua...
