Olá. Mais uma parte postada, espero que estejam gostando! Parabéns a quem tá escrevendo no site. A qualidade dos textos tá bem alta. Nota 10 pra vces e pra quem comenta e motiva a continuação! Comentem. Valeu
Caminhei até a avenida principal de Juiz de Fora sem me preocupar com o tempo. Mas ao longe uma cena me chamou atenção: Pedro junto com rapazes bem suspeitos seguindo a pé para um beco. Não podia ser o que estava pensando. Eu precisava averiguar isso. Segui atrás dele e de outros rapazes que também entravam no beco.
Lá dentro, uma das piores cenas da minha vida. Nossos olhos se encontraram e eu não sabia se seria capaz de suportar mais essa.
Segui correndo sem direção, apenas com a necessidade de saí dele.
Ainda pude ouvir Pedro me chamando, mas só queria ir embora. Corri rápido e não vi mais nada.
Um carro vindo.
Ele não vai frear.
- Carlos...
Não me lembro de mais nada além daquele grito de Pedro e do carro vindo em minha direção. Acordei tempos depois num hospital, com o soro na veia e sentindo fortes dores pelo corpo. Olhei para o lado e lá estava Pedro sentado, me olhando como quem tivesse dúvidas se falaria ou não comigo. As lembranças vieram como uma explosão na minha cabeça, a cena de Pedro se drogando, usando maconha com quatro elementos extremamente suspeitos veio como um flash e aí eu entendia seu receio de falar comigo. Decidi fingir não lembrar de nada para saber até onde iria:
- Carlos, amor. Ainda bem que você acordou. Tava ficando preocupado.
- Acordei sim. Mas preocupado com que? Eu fui atropelado, você não teve culpa.
Ele me olhou com um remorso, abaixou os olhos até que o médico entrou:
- Então Carlos, sentindo alguma coisa?
- Dores pelo corpo todo, principalmente na perna esquerda.
- É normal, você tá sendo medicado, mas a dor vai persistir por algumas horas. Logo logo você vai pra casa e se recupera melhor lá.
Pedro, que havia se afastado deu uma risada de comemoração e o médico, Marcos Soares (vi pelo bordado no jaleco), virou-se para ele e disse:
- E você acompanhante, poderá descansar um pouco. Se quiser ir em casa e voltar mais tarde para busca-lo.
Achei estranha a troca de olhar entre os dois, pareciam já ter se conhecido antes. Mas eu tava muito mais preocupado comigo mesmo.
O médico saiu e eu perguntei:
- Pedro, avisou a minha mãe do que aconteceu?
- Eu liguei e ela disse que viria pra cá em algumas horas, mas ainda não deu tempo dela chegar.
Me acalmei mais por saber que minha mão chegaria logo. Virei minha cabeça como quem quisesse dormir e Pedro avisou que iria em casa buscar minhas roupas e tomar um banho. Assisti sua saída e até comemorei um pouco. Precisava ficar sozinho. Não sabia como reagir. Mais uma vez na minha vida não sabia o que fazer, diante de mais uma situação complicada. Eu amava Pedro. Apesar de João ainda aparecer na minha mente com certa frequência, Pedro se mostrou apaixonante, feliz e tão carinhoso que me conquistou de uma forma que jamais imaginei que pudesse ser conquistado. Mas eu precisava me posicionar, mais uma vez. Ou eu buscava ajudar Pedro a parar com as drogas, ou eu o deixava e buscava um novo rumo pra minha vida.
Fui interrompido dos meus pensamentos com a entrada abrupta da minha mãe no quarto. Ela me abraçava tanto que só aumentava minha dor, mas eu estava feliz or vê-la. Meu sorriso só se reduziu ao ver que atrás dela estava João, com uma cara de preocupação bem conhecida por mim. Falei bem perto do ouvido dela:
- Precisava ter trazido ele mãe?
- Ele que me trouxe Carlinhos. Se não fosse ele eu estava no ônibus até agora.
Cumprimentei meu primo e o médico entrou explicando para minha mãe a situação. Ela ainda me deu um sabão por ter sido atropelado e blá blá blá.
Mais ou menos uma hora depois e eu só aguardava a liberação do médico, sentia menos dores e estava doido pra voltar pra casa, a casa de Pedro que ainda não tinha voltado, quando uma enfermeira entra com o buquê de flores e um cartão que dizia ser para mim. Minha ainda fez uma piada enquanto a enfermeira saísse e eu fui ler o cartão acreditando ser Pedro, tentando se redimir, mas me enganei. No cartão:
“Não pude esperar você acordar
Mas estava preocupado então resolvi mandar esse recado
Te atropelei, mas não foi culpa minha
Espero que melhore logo
Me ligue quando puder
Fernando”
Em baixo tinha escrito o telefone dele e eu li em voz alta. João saiu do quarto, alegando procurar o médico para me dar alta logo. Achei estranha a atitude do cara que me atropelou. Ele foi um verdadeiro cavalheiro, primeiro por não ter culpa do acidente e segundo por ter me tratado como uma donzela (rsrs). Achei engraçado e disse a mim mesmo que ligaria logo que chegasse em casa.
João voltou com o médico de plantão no quarto e ele assinava a minha alta.
Saímos do hospital e entrei no carro de João sem conversar muito. Iria para casa de Pedro e continuaria fingindo não ligar para o que vi, mas com certeza teríamos uma conversa em breve.
Chegamos rápido a casa e, com o apoio de João eu cheguei até a porta. Minha mãe disse que, como eu estava bem ela voltaria para Cataguases, já que estava trabalhando ainda.
Agradeci muito sua presença, abraçando muito. Olhei para João:
- João, obrigado de verdade por tudo.
Ele apenas sorriu e veio para um abaraço, sussurrando em meu ouvido:
- Eu ainda quero você, lembra?
Aquilo me fez tremer.
Foco, Carlos. Primeiro resolve com Pedro, depois resolve com João. Mas já num tava resolvido com João?
Nossa!
Nada tem feito sentido.
Me despedi deles, olhei o carro ir embora, ainda imaginando como encarar Pedro.
Percebi que estava sem chave e toquei o interfone. Estranhamente, o portão se abriu sem que eu precisava me identificar.
Segui direto para a sala e não vi nem ouvi nada. Cheguei em meu quarto, o de solteiro, peguei uma roupa e decidi tomar banho. Tive muita vontade de beber água e decidi passar na cozinha antes. Ao chegar lá me choquei com a cena. Em meio aos beijos, ele me olha com um ar de vingança:
- Já chegou Carlos?
Não estava acreditando naquilo...
CONTINUA...
