GENTE A TEMPORADA ESTÁ CHEGANDO AO FIM. QUERO AGRADECER A TODOS PELOS EMAILS E MENSAGENS DE CARINHOS. SENTI SAUDADES DE ALGUMAS PESSOAS QUE ANTES POSTAVAM, MAS QUERO AGRADECER TAMBÉM AOS NOVOS LEITORES, O INCENTIVO É MUITO IMPORTANTE. OBRIGADO.
- Phelip... Phelip acorda! – disse Duarte.
- O que foi amor? – perguntou Phelip.
- Eu não vou nem dizer nada sobre esse amor.... mas eu vim aqui para dizer que a água baixou mais... o carro já passa... vamos. – disse Duarte com um misto de alegria e medo.
- Sério?! – ele disse se levantando e colocando a camisa.
Quanto mais eles entravam na cidade, mais ficavam com medo de saber o que acontecerá com a sua família. O exercito estava em toda parte, pois, protegia as casas abandonadas de invasores ou saqueadores.
- Para onde você está aindo? – perguntou Duarte.
- Lembra o que falaram? A parte das empresas não foram afetadas. – disse Phelip.
Paula e a mãe de Duarte colocavam roupas para secar em um varal improvisado no estacionamento da fabrica. Quando ouviram os gritos de seus filhos.
- Mamãe!! – gritou Duarte chorando.
- Meu filhinho!!! – ela disse gritando.
- Phelip? – questionou Paula. – Phelip!!!! – ela disse gritando e chorando em direção ao seu filho.
- Mãe?! – ele disse sendo abraçado por Paula.
- Eu te amo!!! – ela disse beijando o garoto. – Você não sabe como o meu coração estava apertado. – ela disse chorando.
- Eu também mãe. Eu pensava muito na senhora! – ele disse.
- Meu filho! O que aconteceu com o seu braço? – perguntou
- O seu filho é um herói. – disse Fernanda. – Ele salvou a minha vida.
- Não foi nada demais! – disse Duarte sem graça.
- Nada demais? Ele se jogou dentro da correnteza para salvar a minha vida.
- Sim é verdade... ele falou rindo.
- Vamos entrar! O seu pai precisa te ver meu lindo. – disse Paula praticamente sufocando o seu filho.
- Mãe!! Devagar. – ele falou.
Rodolfo Soares estava perdido em seus pensamentos e ouviu o riso do filho. “Nunca mais te verei... outro filho que se foi.” – ele pensou.
- Pai? – disse Phelip.
- Ohh meu filho... eu escuto até a sua voz... quero te pedir perdão sobre os anos que eu passei te negando... eu te amo! – ele disse com a mão no rosto.
- Pai... eu estou aqui. – ele disse chorando.
- Phelip!! – ele disse se levantando e abraçando o filho mais novo.
- Eu te amo! E não tenho motivos para te perdoar...
- Meu Deus!! Obrigado Senhor. – ele disse.
- Pai... eu estou bem... estamos bem agora. – disse Phelip.
- Precisamos encontrar os teus irmãos... eu quero ver a minha família junta agora. – ele disse.
- E onde eles estão? – perguntou Phelip.
- No hospital... vamos! – disse Rodolfo sem perder tempo.
Antes de saírem todos para o hospital, Rodolfo deixou uma ordem para os seus funcionários que naquele noite seria apenas para celebrar.
Ao chegar no hospital, os funcionários estavam lavando a lama do primeiro andar. Paula e Rodolfo foram conversar com Carlos sobre a morte de Ronald e Dr. Emanuel. Pedro estava sentado no corredor do hospital no segundo andar, chorando. Quando ele vê uma sombra se aproximar, não consegue distinguir quem é devido a clareado do sol e vê que é seu irmão ele levanta.
- E ai? Encontrou o Paulo? – ele perguntou chorando.
- O que?! – perguntou Phelip.
- Vai ficar aparecendo para mim agora também? Já está sendo difícil sem te ver... por favor, vai embora. – disse Pedro sentando.
- Eu jamais te deixaria... você é meu irmão mais velhor. – ele disse se aproximando e limpando as lágrimas de Pedro.
Pedro tocou na mão de Phelip e se tocou que aquilo era uma mão de verdade e deu um grito de alegria e abraçou o irmão. Pedro não achava que riria novamente, mas estava feliz apesar de tudo. Ele praticamente ergueu Phelip que chorava também, pois, pensava que também não teria mais esses momentos com o irmão mais velho.
- Festinha sem mim? – perguntou Priscila, correndo e abraçando os irmãos.
- Agora sim! – disse Rodolfo. – Era isso que eu precisava ver... para ter certeza que a minha família estaria junta novamente.
- Estamos bem amor... estamos bem. – disse Paula segurando o choro.
Aquele momento para a família Soares foi momento de união e ternura, mas naquele momentos outras pessoas não tinham as mesmas expectativas. Os dias que seguiram foram de adaptação e limpeza da cidade. Agentes da prefeitura limparam todas as ruas atingidas e as pessoas aos poucos iam voltando para as suas casas. Alguns perderam tudo, outros tiveram apenas perdas emocionais, o que é muito forte.
O cemitério da cidade também estava passando por uma pequena reforma e os corpos estavam sendo preparados no IML para o enterro. A cidade passou por dias de luto. A maioria se considerava sortudo por conseguir sobreviver, as escolas fizeram muitas homenagens aos desaparecidos e mortos naquele dia.
O engraçado é que a vida continuava a mesma, mas algo faltava dentro de cada um daqueles que viveram o horror do desastre.
- Você está bem? – perguntou Jean para Vinicius.
- Sim. – ele disse disfarçando, mas era possível ver suas mãos tremendo.
- Não... não está nada bem. – disse Jean sentando de frente ao Vinicius segurando a mão dele.
- Eu... eu... não sou muito de ter amigos... e... aquelas pessoas que eu gostava estão... mortos... – ele disse chorando. – Você deve estar me achando um idiota.
Não houve reação. Apenas um beijo... longo e demorado. Vinicius não podia acreditar naquilo. Em sua cabeça mil coisas se passaram. Jean abriu seus olhos e passou toda a sua coragem para Vinicius.
- Eu disse que você não está só...
- ohh... hummm... uau! – ele disse.
- Eu estou gostando de você... naquele dia em que você estava dormindo eu passei quase uma hora te olhando e pensando em como a pessoa que tem você é sortuda.
- Mas... eu... não.. não tenho ninguém. – ele disse nervoso.
- Olha... eu sei que assusta, mas eu queria ter você. – ele disse.
- Mas você é do exercito.... pode dar algum tipo de problema... eu...
- As pessoas que devem saber da minha preferência sexual... já sabem... não tenho, porque, ter medo das pessoas. – ele disse sério.
- Eu entendo... – disse Vinicius o beijando.
- É tão gostoso. – ele disse.
- Não... espera... nós não podemos! Eu digo... – disse ele sendo beijado por Jean.
Aquele beijo era o inicio de uma linda história. Que teria os seus percalços, um caminho não tão simples de se seguir.
Pedro teve outro motivo para sorrir, Mauricio foi pegar seus pais e o seu filho. Como a parte administrativa do hospital estava uma verdadeira bagunça ele resolveu ficar. Ele estava um pouco sensível e ia para o banheiro chorar em algumas situações. Ele tinha no Doutor Emanuel um pai e em Ronald um irmão. A dor da perda estava em todos os lugares em que ia.
- Amiga! – disse Pedro para a Emilly que estava chorando na sala.
- Desculpa Pedro... eu sei que temos muito trabalho. – ela disse limpando as lágrimas.
- Calma. Tudo bem... eu também estou um pouco assim... me sentindo culpado em estar vivo, mas existem pessoas que dependem de nós. – ele disse se mantendo forte.
- Eu sei... por isso que eu ainda não enloqueci... o chefe da capital ligou. Eles vão mandar uma junta médica para a cidade.
- Que bom... estamos precisando de algum suprimento... quando a internet voltar vou fazer uma solicitação por email. – ele disse sentando.
Duas batidas na porta... Pedro levanta e abre, ele não vê ninguém e fecha a porta. Novamente outra batida... e ao olhar para baixo os olhos dele encheram de lágrimas.
- Meu filho! – ele gritou abraçando Paulinho.
- Aii – disse o menino assustado.
- Papai te ama!! Te ama muito!! – ele disse beijando a criança.
- Calma pai!! – ele falou rindo.
- Eu posso receber um abraço também? – perguntou Mauricio encostado na porta.
- Abraços e beijos! – disse Pedro.
- Vem cá amor. – disse Emilly segurando Paulinho no colo.
- Obrigado... obrigado. – disse Pedro olhando para Mauricio.
- Eu já disse... eu que tenho que te agradecer. – falou Mauricio.
- Te amo.
- Eu também... Bem garotão... já viu o papai Pedro... agora temos que ir para a casa da vovó.
- Eu quero sorvete. – disse Paulinho.
- Vamos comprar no caminho. – falou Mauricio.
- Ebaaa! – gritou o menino.
- Eita campeão! Calma. Papai te vê em casa. – falou Pedro se despedindo.
O relacionamento de Priscila com as pessoas estava melhorando, apesar de ela ainda estar com uma personalidade... digamos... distinta. Ela e Vinicius começaram a se entender e a se tornarem amigos.
- Eu beijei o Tenente Jean!
- Cala a boca! – disse ela. – Quando?
- A alguns minutos atrás... ele é muito delicioso.
- Safadinho... mas e qual é a dele? – perguntou Priscila.
- Eu não sei... pelo que parece é algo sério, mas ele é do exército. O lar dos machistas e homofóbicos... o que eu faço?
- Em primeiro lugar não generaliza... e pelo amor de Deus não faz essa cara assustada que eu fico com medo parece o incrível hulk com diarreia...
- Priscila!! – protestou.
- Calma... amigo você não tem nada a perder... é charmoso, colocando a roupa certa até atraente e encalhado... aproveita que o Deus Grego te quer. – ela disse pegando um prontuário.
- Será?! Vou tentar né?
- Pega essas fichas... são dos leitos de cima.
- Priscila e como vai ficar a organização do hospital? – questionou.
- Estão vindo uns médicos aqui para delegar funções para todos. Uma vez que a administração está totalmente destruída, perdemos arquivos e a equipe foi reduzida... mas temos que seguir... sei que é difícil, mas as pessoas precisam de nós. – ela disse com a voz rouca.
- Sim... eles precisam... vamos lá? – ele disse.
Duarte e sua mãe tiveram que ficar hospedados na casa dos Soares. E a convivência entre ele e Phelip não estava sendo nada fácil. Eles tiveram que trabalhar juntos durante a limpeza da casa.
- Olha... eu sei que eu errei, mas eu aprendi a minha lição... eu amo você. – disse Phelip.
- Não é assim... o que estava em jogo era muito mais... eu não confio em você. – disse Duarte varrendo.
- Então vai ser assim? – ele perguntou.
- Já está sendo... eu sinto muito, não posso voltar atrás.
Sim o vacilo de Phelip foi grande demais para a relação deles. O coração de Duarte estava doendo, mas decido a manter a decisão. Do outro lada do cidade o relacionamento de Luciana e Carlos não poderia estar melhor.
- Eu te amo tanto loirinha. – ele disse rindo.
- Eu te amo meu negão. – falou Luciana.
- Eu acho que está na hora. – ele falou.
- Na hora? – perguntou Luciana.
- Nós passamos por um inferno nas ultimas semanas. Sofri muito pensando o pior e tive tempo para refletir. Eu quero que você seja a minha mulher...
- Mulher?! – perguntou Luciana emocionada.
- Sim... quero te amar e cuidar de você até estamos velhos.
- Eu... eu aceito. – ela disse.
No escritório do hospital Pedro, Emily e alguns funcionários passam horas organizando um cronograma para apresentação durante a visita da junta médica na cidade. Eles estavam cansados física e psicologicamente.
- Gente por hoje chega... amanhã temos o enterro do Dr. Emanuel e do Ronald... vai ser um dia bastante difícil. – disse Pedro quando o seu celular tocou.
- Eu já vou... conversamos amanhã. – disse Emily.
- Alô?! – disse Pedro.
- PJJPSJDJPJSJSJDPSJDPSJDJASSJDJPSJNDOKNJDO – disse Luciana gritando e chorando.
- Calma Luciana pelo amor de Deus... o que aconteceu? – perguntou Pedro preocupado.
- JOIOJMDNENOCNENJPPKSDKSD – ela falou chorando.
- Eu não to entendo nada... pelo amor de Deus para de Chorar!
- O CARLOS ME PEDIU EM... EM... CASAMENTO!! SJPSJJDKKOCOKP!!! – ela gritou.
- Que bom!! Finalmente uma noticia boa nisso tudo! – disse Pedro aliviado com a noticia.
- Vem aqui em casa!!! E trás a Priscila!!! – ela disse chorando.
Aparentemente a vida estava voltando ao curso natural. As pessoas estavam começando a se curar... mas havia também aqueles que não se conformavam com a perna e a cada dia o sofrimento se tornava um espinho que se encaixava em seu peito e demoraria para sair.
- Senhor... peço agora em nome dos meus filhos que continuam desaparecidos... me de força para enfrentar isso... eu quero forças Deus. – disse Dora de joelhos no chão e orando.
- Dora? – perguntou Mauricio.
- Desculpe Doutor Mauricio! – ela disse levantando.
- Não. – ele disse se ajoelhando. – Eu sempre... tive... meio que raiva de Deus sabia? – ele falou.
- Mesmo Doutor? O senhor não parece ser alguém que guarda rancor no coração. – ela disse limpando as lágrimas.
- Eu perguntava “Porque eu”... entre tantas pessoas nesse mundo... porque... eu tinha que ser gay... e demorou muito para entender que ele não tinha culpa nisso e muito menos eu... afinal, ele me fez... é assim que as pessoas falam... ele nos criou e nos formou... Dora... eu não posso imaginar qual é a dor que você está sentindo agora. Mas quero dizer que eu e o Pedro estamos ao seu lado... você já se mudou para cá... e qualquer coisa que você precisar fale para gente, seja algo material ou uma conversa. – ele disse.
- Obrigada! – disse Dora o abraçando forte e chorando.
- Tudo bem... pode chorar... pode chorar! – disse Mauricio.
A vida vive de transformações, mas o que fazer com o espinho no peito? Tirar? Será esse o melhor caminho? Para uma mãe, nada é pior do que a perda de um filho. Mas nesse momento é que as pessoas podem contar com as outras... um ombro amigo... uma ajuda financeira... não importa... mas sim a ação por trás de tudo isso. O objetivo de não deixar ninguém sozinho... assim como nós não gostaríamos de ficar em momento de aflição.
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