AVISO: -Meu erro foi não informar isso no inicio desta historia, mas aviso agora. Essa historia contem muita violencia tanto fisica, como moral. Se não você não gosta de historias com esse tipo de conteúdo. Recomendo não continuar com a leitura.
Capitulo 4 - Como nascem os monstros.
Ricardo seguia Betão de carro horrorizado com a cena que acabará de assistir. Foi de uma violência e agressividade desnecessária. Não era excitante, ele mesmo não entendia como o próprio Betão conseguiu manter o pau duro para realizar aquilo. Sem contar a sua preocupação com Carlos que ficou, espancado, estuprado, gozado e mijado no chão. Ele precisava voltar lá para ajuda-lo.
Finalmente chegaram a chácara dos Mattos.
Ricardo correu em direção a Betão: -Senhor, Senhor Betão.
Betão rindo um pouco da situação: -Cara, você ganhou ponto comigo hoje. Relaxa, vou tirar os caras do pé de sua família, tua rocinha vai ficar de boa. E ficamos quites.
Ricardo com ar preocupado: -Muito obrigado, eu agradeço senhor, mas...
Betão: -Não precisa mais me chamar de senhor, já perdoei tua petulancia, pode me chamar só de Betão.
Ricardo: -Como Senhor quiser, mas eu preciso que o senhor me libere agora.
Betão: -Porque? Tem algum compromisso?
Ricardo: -Eu preciso prestar um socorro lá para Carlos.
A feição leve e risonha de Betão desapareceu: -Como é?
Ricardo: -Entenda, eu sou mais útil para o Senhor se acharem que eu tô do lado deles. Entende? Eu posso dar uma de agente duplo e te ajudar em muitas outras coisas alem dessa de hoje.
Betão olhando serio para Ricardo: -E como não vou saber que você tá fazendo o mesmo comigo agora?
Ricardo: -É só o Senhor julgar, eu levei ele para o Senhor fazer o que fez.
Betão ainda com a feição seria se aproximou mais de Ricardo e com um movimento rápido e brusco agarrou novamente o pescoço dele e mais uma vez o elevou para o alto, tirando seus pés do chão.
Betão: -Espero que você já tenha aprendido que o cachorro que manda nesse canil aqui sou eu. Se você me trair, o que vou fazer com você, vai fazer parecer brincadeira o que fiz com o frango Carlos. Entendeu?
Ricardo fez que sim com a cabeça, afinal falar era impossível naquela situação. Ao ver a resposta Betão largou o seu pescoço o fazendo cair no chão buscando desesperadamente por ar.
Betão voltando a rir e desamarrando a cara: -Vai lá socorrer o frango vai. Mas vai a pé.
Ricardo nada falou apenas se levantou e saiu em disparada para ajudar Carlos.
Mais de trinta minutos se passaram entre a saída e o retorno de Ricardo para o local onde tudo aconteceu. Carlos ainda se encontrava sentado no chão, quase que da mesma maneira que Betão o deixou. Quando Ricardo chegou perto dele ele começou a proteger a cabeça com as mãos e a gritar em desespero:
Carlos: -Não, não, não me machuca mais por favor!
Ricardo: -Calma, calma, sou eu, sou eu, Ricardo, eu já me livrei de Betão, calma.
Carlos ainda em pânico, tirou a mão dos olhos e viu que se tratava realmente de Ricardo e ao constatar isso caiu no choro. Ricardo tentou o acalmar, mas sem sucesso. A única coisa que ele pôde fazer foi aguardar que ele se acalmasse por si mesmo.
Passado algum tempo, ele finalmente se acalmou.
Ricardo: -Vamos se molhar ali no rio vamos.
Carlos olhou para Ricardo com uma cara de dar pena. Ele estava totalmente humilhado. Ricardo o ajudou a se levantar e foram ate o rio. Após se lavarem Ricardo o levou para casa, o ajudou a deitar-se, deixou o telefone dele para caso ele precisasse de qualquer coisa, conversou com a empregada sem dizer o que tinha acontecido, apenas disse que ele precisava de cuidados e não de ser pressionado para dizer o que tinha acontecido. Voltou ao quarto para se despedir de Carlos.
Ricardo: -Carlos tô indo, mas precisando de qualquer coisa me liga tá bom?
Carlos deitado quase que em posição fetal apenas assentiu com a cabeça. Ricardo estava com muita pena de Carlos, mas o que ele podia fazer mais do que já havia feito, quando se virou para sair do quarto ouviu ele dizer.
Carlos: -Não conta pra ninguém.
Ricardo voltou novamente a ele: -Eu não contaria jamais.
Carlos: -Não importa, ele vai espalhar pra todo mundo.
Ricardo: -Claro que não vai, isso que ele fez é crime.
Carlos: -Não importa, ele esta acima da lei nessa cidade.
Ricardo se sentou na beira da cama: -Carlos, sinceramente eu espero que você me desculpe.
Carlos: -Não tenho nada pra desculpar você, não foi culpa sua.
Ricardo: -Eu não..., eu devia ter feito alguma coisa para impedir Betão.
Carlos: -Você fez o certo, se você se metesse agora seriamos eu e você que estaríamos nesse estado e não teríamos ninguém pra nos ajudar.
Ricardo: -Carlos ele não é isso tudo como...
Carlos alterado: -Como que ele não é isso tudo!?! Olha que ele acabou de fazer comigo!! Ele é escroto, ele cruel, toda vez que ele encrenca com alguém esse alguém se fode!! Dessa vez foi comigo, eu fui contra essa porra desse jornal, eu não gosto de política, ficam me envolvendo nessas merdas e eu que acabo me fudendo.....
Simplesmente Carlos disparou a falar e não parou mais. O resultado daquilo era claro para Ricardo, Betão mais uma vez conseguiu o que queria, ele quebrou Carlos física e psicologicamente. A chance dele continuar na carreira política estava reduzida a zero. Mais uma vez não haviam concorrentes para o prefeito Raul.
Veio o final de semana que passou muito rapidamente. A imagem do que aconteceu com Carlos não saia da cabeça de Ricardo. Se perguntava se realmente deveria continuar a trabalhar na casa dos Mattos. Embora precisasse daquele dinheiro, o custo desse trabalho talvez não o compensasse. Perguntou por noticias de Carlos a prima que disse que ele parecia ter pego uma virose pois estava com febre, e dor no corpo. Não saia de debaixo dos cobertores. Mal sabia ela que ele fazia isso para não mostrar as marcas roxas das pancadas que levou de Betão.
Chegou naquela segunda-feira pela manhã para trabalhar como de costume, chegou a garagem e notou que um dos carros do Prefeito Raul não estava estacionado. O que é estranho já que este nunca saia antes das 9 horas da manhã. Segunda-feira era um dia puxado, como Ricardo não trabalhava aos fins-de-semanas na Segunda todos os carros precisavam ser lavados. Iniciou o trabalho pelo maior, a picape 4X4 de Betão. Quando já terminava, notou o carro de Prefeito adentrar a propriedade. Observou de longe e notou que duas pessoas que a ele eram estranhas saírem do veiculo. Era um casal que aparentavam um certa idade. Entraram direto no casa, sem dar chances para que ele pudesse observa-los melhor, mas chegou a ver o motorista retirando bagagens da porta-malas do carro. Entendeu que devia tratar-se de visitas para a família. Voltou a terminar o seu trabalho no carro quando surge Betão, vindo pelos fundos da propriedade, lugar qual nunca via ele utilizar para entrar e sair de casa.
Betão se aproximou de Ricardo rapidamente, esta com a cara de sono, quem acabará de acordar e tinha pulado da cama. Também estava sem camisa, usando apenas um short e segurava nas mãos um par de tênis, uma bermuda e uma camisa.
Betão em tom apressado: -Me da a chave.
Ricardo se dirigiu ao quadro de chaves para busca-la
Betão já entrando no carro e nervoso: -Bora porra da logo o caralho dessa chave.
Ricardo se apressou mais e entregou as chaves para Betão, mas antes que ele conseguisse coloca-la no contato ambos ouviram:
-Betão, seu avô ta te chamando!
Ricardo observou Betão apertar os olhos e dar um soco no volante como quem diz sem dizer “que merda, me fudi”. E com o pensamento rápido Ricardo respondeu ao grito:
Ricardo: -Betão saiu agora a pouco!
A empregada voltou para dentro de casa, Betão olhou para Ricardo com uma cara de alivio e chegou ate a esbouçar um sorriso.
Betão em voz baixa: -Agora você inverteu o jogo, eu que tô te devendo uma.
Ligou o carro e saiu em disparada. Ter um ponto com Betão era algo que não se deveria desconsiderar.
A bem da verdade que Betão ficou o dia todo fora, Ricardo encerrou seu expediente e ao voltar no dia seguinte notou que o carro dele não estava na garagem, talvez tivesse saído cedo, mas soube pelos outros funcionários que ele nem havia retornado do dia anterior ainda.
Por volta das 14 horas ele finalmente apareceu. Estacionou o carro e saltou do lado de Ricardo. Ele saiu tão apressado no dia anterior que ate o seu costumeiro uso de boné tinha sido esquecido.
Betão falando baixo: -E ae? Meu avô ta ai?
Ricardo: -Eu não sei eu fico aqui do lado de fora só cuidando dos carros, mas o carro de seu pai não tá ai, eles podem ter saído juntos.
Betão com ar de preocupado: -Porra cara tô fudido! Tô fudido!
Ricardo esta impressionado, pelo que ele já tinha visto de Betão e pelas historias que tinha ouvido não acreditava que estava vendo ele com medo do avô.
Ricardo: -Senhor Betão porque não fazemos assim, o Senhor entra e cinco minutos depois eu entro chamando o Senhor para vim aqui fora resolver um problema urgente. Se ele não estiver pegando no seu pé o Senhor me da um passa fora, se ele estiver pegando no seu pé o Senhor pede um momento a ele e segue comigo aqui pra fora.
Betão: -Gostei, gostei, você pensa rápido. Marca ai, cinco minutos no relógio e entra. E não sai de lá sem falar comigo, entendeu?
Ricardo: -Pode deixar!
Enquanto Betão se dirigia para o interior da residência, Ricardo trocou de roupa para não entrar mal trapilho e molhado no imóvel. Quando completo quatro minutos ele seguiu para dentro conforme combinado. Nunca tinha entrado ali, ficou impressionado com o requinte da decoração e dos moveis, a copeira o encontrou no hall de entrada. E perguntou o que ele queria ali, ele disse que tinha um recado urgente para Betão e ela indicou o caminho do escritório para ele. A porta estava fechada, quando ele se preparava para bater na porta ouviu parte da conversa que vinha lá de dentro:
Betão: -...mas eu já cuidei disso!
A outra voz (desconhecida de Ricardo): -Você é um incompetente! Como deixou que chegasse a esse ponto!
Betão: -Eu não sabia que aqueles insetos iam ter coragem pra fazer uma porra dessas, mas já corri com os caras recolhendo todos que nós encontramos
Um som de estralo como de um tapa ou algo parecido se seguiu.
A outra voz alterada e quase gritando: -É isso que seu cérebro diminuto não entende! Não era para nem existir jornalzinho de nenhum tipo!!! Ninguém poderia nem sequer pensar algo de mal da nossa família!
E novamente o som se repetiu, parecia mesmo ser um tapa.
Betão: -Desculpa, desculpa, mas eu já peguei o tal candidato de jeito.
A outra voz: -Apagou o desgraçado?
Ricardo se assustou com as palavras
Betão: -Não, ia levantar muitas suspeitas, mas dei um jeito nele, ele nunca mais se mete em política de novo e nem vai pensar em falar mal da gente de novo.
A outra voz um pouco mais calma: -Você é realmente um merda! Um cagão! Um frouxo (e o som de tapa novamente), eu chego a ter nojo de você. Espero realmente que esse cidadão não seja novamente problema senão quem vai pagar o por isso vai ser você, seu nada!
Fez-se silencio novamente. Ricardo ficou com medo que Betão mudasse de idéia e obedecesse a ordem de quem quer que fosse que falava com ele daquele jeito e decidisse dar cabo de Carlos. Sim, porque ficava claro que aquele homem que falava com ele tinha total controle e influencia sobre ele. Decidiu aproveitar o silencio e bater na porta.
A outra voz: -Entre.
Ricardo em uma postura humilde entrou, viu o senhor que tinha chegado no dia anterior em pé de frente a Betão que estava sentado na sofá, o senhor segurava na mão um chicote de vaqueiro. Ele reconheceu que era o avô de Betão. O rosto de Betão estava marcado, o tom branco da pele dele contratava com as marcas certamente feitas pelo chicote. Ricardo de imediato entendeu que o sons que ouviu não eram tapas e sim chicotadas e algumas delas na cara de Betão, que nem sequer ousou revidar.
Avô de Betão: -Pois não?
Ricardo gaguejando: -Éh, Senhor Betão eu preciso que o Senhor venha comigo.
Betão respirou para responder quando levou a chicotada na cara novamente.
Avô de Betão: -Ele esta ocupado, agora saia imediatamente daqui e feche a porta.
Ricardo abaixou a cabeça e fechou a porta. Ele estava assombrado com o que tinha visto.
Avô de Betão: -Você realmente acha que sou um idiota não é seu imbecil?
Betão: -Não senhor, nunca pensaria isso do senhor!
Avô de Betão: -Se você acha que gosto de te castigar você esta certo. Fico torcendo para você fazer essas merdas só pra quando eu chegar aqui fazer isso. Vai vira de costas e fica de camisa para não deixar cicatriz.
E alguns segundos depois só o que Ricardo ouvia era uma seqüência que parecia interminável de chicotadas, as quais Betão recebia sem sequer um gemido soltar. Ricardo começa a entender o porque do comportamento de Betão com o mundo, mas não entendia como um homem daquele tamanho se permitia ser subjugado daquela forma por um velho que não suportaria sequer um soco dele. O que ele não sabia é que as chicotadas eram a parte mais delicada dos castigos impostos a ele por aquele homem, mas muito em breve teria essa informação como também descobriria coisas pelas quais Betão passava muito piores que aquela. Muita coisa ia mudar na vida de Ricardo nos próximos dias.