Gente mais dois episódios para o fim da temporada... quero agradecer a todos os amigos que comentam e curtem essa história, um super beijo!!!
A natureza é sem dúvida, uma força que não podemos controlar. Ela age da forma que quer e devasta tudo o que está pela frente. Aquela cidade provou o que a ação do homem é capaz de fazer, a natureza sempre revida de alguma forma.
Muitas pessoas participaram do enterro de Ronald e Dr. Emanuel. As famílias decidiram enterra-los no mesmo dia. Centenas de pessoas participaram da solenidade. Amigos, familiares e muitas pessoas que estavam apoiando a família também foram.
- Um momento... em que tentamos encontrar um culpado. – disse o Padre. – Mas é a vida... Deus ele tem um plano para cada um de nós, eu sei como é difícil ouvir isso ainda mais quando somos tão próximos dos nossos entes. Dois homens tão diferentes, mas ao mesmo tempo muito amado por todos que estão aqui... criam que Deus os levará para junto de sua morada. – disse o Padre.
No momento em que o Padre pediu um minuto de silêncio, todos abaixaram as cabeças e pensaram. Para Pedro aquele minuto durou uma eternidade. Ele lembrou da água invadindo o hospital, das horas de espera nas escadas junto ao
Vinicius, o momento em que ele chegou na parte superior do hospital e quando encontrou o corpo de seus amigos. Aquele choque voltou novamente. Ao perceber o estado do marido Mauricio apertou bem a sua mão e apenas com o olhar conseguiu transmitir o que as palavras tentavam dizer – Vamos conseguir superar isso.
Duarte estava próximo a Fernanda e Phelip próximo ao Vinicius. Todos também haviam sofrido com a enchente cada um com sua história de medo e superação. Depois do enterro Pedro pediu para ficar um pouco mais e Priscila resolveu atender ao irmão. Eles se dirigiram para o tumulo de Paulo.
- Ele era tão lindo. – disse Priscila chorando.
- Sim... ele era. – falou Pedro retirando algumas plantas de cima da lapide.
- No dia da enchente eu quase morri afogada... e por um momento eu desisti de tudo... da vida... queria morrer, então um homem praticamente me pescou da água. – ela disse.
- Eu estava na recepção do hospital... o Dr. Emanuel havia acabado de falar comigo... e eu dei uns papeis para o Ronald tirar copias. – disse Pedro chorando. – Encontraram o corpo dele próximo a máquina de Xerox.
- Ei! Para com isso, você não tem culpa de nada... as coisas acontecem. – disse ela abraçando o irmão.
- Então porque eu me sinto um assassino? – perguntou Pedro.
- Não... você não é um assassino... é a pessoa mais doce, atenciosa e generosa que eu conheço... você é bom em todos os sentidos... eu queria ter essa tua paciência e sabedoria... eu tenho tanta inveja de você... da tua doçura. – ela disse chorando.
- Obrigado... você também não é tão má. – ele disse rindo e chorando ao mesmo tempo.
- Pedro, todos nós temos os nossos problemas, mas precisamos seguir... E estamos juntos nessa para a eternidade. – ela falou.
Em casa Mauricio deixou os filhos com Isabel e subiu. Deitou na cama e colocou os dois braços em baixo da cabeça. Naquele momento caiu a fixa dele... o Dr. Emanuel havia falecido na enchente. Ele chorou e lembrou de um dia há anos atrás no hospital.
- Dr. Mauricio? – perguntou Dr. Emanuel.
- Eu preciso ter uma conversa séria com o Sr. – ele disse o direcionando ao seu gabinete.
- Pois não. – disse Mauricio.
- Eu recebi algumas reclamações ao seu respeito, sobre a sua atitude.... digamos.... como eu posso dizer....
- Sobre eu ser gay? – disse Mauricio.
- Bem... sim... sobre esse fato de você ser homossexual. – ele disse.
- Doutor... é a Marcela... eu terminei o nosso relacionamento e ela faz da minha vida um inferno.
- A Dra. Marcela é impulsiva algumas vezes. – ele disse arrumando os óculos.
- Olha... se o senhor quiser me demitir por causa disso, tudo bem... eu vou embora e sigo a minha vida, cansei de ser humilhado. – ele disse.
- Era justamente sobre isso que eu queria falar com o você... como posso falar... você não faz mais parte do quadro de residentes deste hospital... – ele disse sério.
- Tudo bem... – disse Mauricio sentido uma faca entrando no seu peito. – Eu entendo... – ele disse se levantando e indo até a porta.
- Dr. Mauricio!! Espere. – disse Dr. Emanuel. – Você não faz mais parte do quadro de residentes, pois, você vai ser efetivado como médico titular deste hospital. – ele falou.
Mauricio não sabia o que pensar ou dizer. Apenas voltou e sentou na cadeira.
- E... e... o senhor não... não se importa de eu ser homossexual? – ele perguntou.
- Vocês acham que não... mas eu tenho observado vocês todo esse tempo... dois anos... em que você trabalha aqui.... e nos 23 anos que eu tenho de carreira, eu só vi um jovem igual a você na minha vida.
- Quem? – perguntou o Mauricio.
- Eu! As pessoas me olham agora, mas eu também vim de uma família humilde e eu lutei para tirar eles do interior e consegui hoje eu tenho uma casa boa, meus filhos estão se formando em áreas que eles gostam... não duvide do seu potencial. Eu acredito em você, independente da sua preferência sexual.
- Obrigado Doutor Emanuel.
3 MESES DEPOIS....
- Ele chega hoje? – perguntou o Carlos.
- Sim... vai se preparando... parece que ele é casca grossa. – falou Pedro.
- Eu estou nervoso. – disse Mauricio.
- Para com isso amor... ele vai adorar você. Vai gostar de todos vocês. – falou Pedro arrumando o jaleco do marido.
- Boa tarde. – falou uma mulher alta e bonita da pele morena da cor do pecado.
- Boa tarde Senhora. – falou Vinicius.
- A senhora está em busca de algo? – perguntou Pedro atencioso.
- Eu procuro o Dr. Mauricio Elias Soares? – ela perguntou.
- Sou eu. – disse Mauricio levantando a mão. – Poderia ajudar em algo?
- Bom saber que todos desse hospital são prestativos... vai ser um ano no mínimo interessante. – ela disse sorrindo.
- Hum... – falaram praticamente todos juntos.
- Sou a Dra. Alex Fiorentino... na verdade Alexis Fiorentino. – ela disse para a surpresa de todos.
- Ohhh!!!
- A algo de errado? – perguntou ela.
- É que na verdade... esperamos um homem velho e caduco. – disse Priscila.
- Ahh. – disse a Dr. Alexis rindo. – Sempre me confundem, mas não tem problemas com o tempo vocês se acostumam.
Sim. Novos rostos apareceriam para deixar a vida dessa turma um pouco mais agitada. Carlos e Luciana preparam o casamento dos sonhos. O sonho de menina da Lu... casar de véu e grinalda com alguém que ela amava. Eles reuniram alguns parentes e amigos para um jantar especial no restaurante de Caleb.
- Bem gente... esse jantar tem um motivo muito especial. – falou Luciana.
- Nós queremos nos casar no mês que vem e já estamos com tudo quase pronto. E queríamos fazer um anúncio também. – disse Carlos.
- Sim... queremos falar agora com quatro pessoas especiais que fizeram tudo isso acontecer... o primeiro é o meu eterno herói, Pedro Soares, sem ele eu não estaria aqui agora e a irmã dele a Priscila que em um momento de dificuldade foi mais do que uma amiga para mim. – ela disse se emocionando. – Ufa! Isso é tão difícil.... bem como eu estava dizendo... quero pedir a vocês dois para serem os padrinhos de casamento.
- E Mauricio... você quer ser o meu padrinho junto com a minha irmã Suelen que sempre apoiou esse casamento?
Todos ficaram surpresos com o pedido. Mas aceitaram sem problemas. Naquela noite eles se divertiram como há muito tempo não faziam. Phelip era o único sem motivos para celebrar, Duarte ainda mantinha a decisão e não se voltava com o namoro deles.
- Qual é Duarte... me perdoa? – disse ele.
- Eu te perdoo... se você dançar comigo... agora aqui na frente de todo mundo.
- O que? Mas...
- Tá vendo... sempre existe um mas... toda vez é a mesma coisa! – disse ele indo conversar com alguns convidados.
Phelip pediu permissão e saiu para a área externa. Pedro ao ver o irmão naquela situação resolveu segui-lo. Ele sentou no jardim e ficou olhando para a lua que também não apareceria a muito tempo.
- Sou um idiota mesmo.... que droga! – disse ele.
- Eu esperava mais de você. – falou Pedro.
- O que? – ele disse se virando. – Oi Pedro... tudo bem?
- Eu estou... na medida do possível... e você? – ele questionou sentando ao lado do irmão.
- Todos esperam... até eu mesmo. – ele falou respondendo o comentário de Pedro.
- Mano... é complicado... e eu sei que dá medo, mas um dia terá que vencer essas barreiras.
- Eu amo ele Pedro... do fundo do meu coração... mas em pensar todos me olhando como olham para você e o Mauricio... eu simplesmente não consigo.
- sim... é algo que nós aprendemos a conviver... queremos que todos se danem, nos amamos e isso é importante. Você tem que ver o que é mais importante... quer viver uma vida de medo? Enquanto o tempo passa?
- Não sei Pedro. – ele disse apoiando a cabeça no ombro do irmão.
- Tudo bem... eu não vou te abandonar. – ele disse segurando a mão do irmão.
- Eu sei que não... por isso eu te amo. – ele falou.
- Mas você tem que arrumar a sua situação com o Duarte.
- Cara... o Duarte... eu nunca pensei que amaria um homem na minha vida... e ele é tudo... lindo, educado, charmoso, dramático. – ele disse rindo.
- Então não deixa essa oportunidade passar... não deixe o seu homem fugir. – disse Pedro. – Vamos entrar agora... está muito frio aqui.
Não muito distante dali, Vinicius estava atrasado para o jantar de seus amigos, mas o que ele estava fazendo estava como prioridade naquele momento.
- Caramba você é muito gostoso. – disse Vinicius rindo.
- Eu sou gostoso... você já se olhou no espelho? – ele falou limpando o suor da testa dele.
-Estamos saindo há três meses... né? E vocês já estão indo embora? – ele perguntou. – E nós?
- Eu tenho que ver... minha família está toda no Rio... você poderia se transferir? – perguntou Jean tentando encontrar uma saída.
- Caramba...odeio isso. – ele disse se levantando. – Tenho que ir... é a festa de noivado do Carlos. – enquanto colocava a calça.
- Também fui convidado esqueceu? – disse Jean.
- Então vamos. – disse Vinicius saindo do quarto.
Enquanto que para alguns a lua de mel estava em turbulência para outros as coisas apenas esquentavam.
- Para Caleb... – disse Priscila rindo com o assanhamento de seu noivo.
- Obrigado pela noite de homem. Estava com saudades de nós. – ele disse beijando o pescoço dela.
- Eu também estava... com muita! – ela disse.
- Você não acha que agora que o Carlos e a Luciana vão casar... nós poderíamos.... sabe.... – ele falou.
- Não estraga o momento! – ela disse beijando o pescoço dele.
- Ei! Vocês dois vão para um quarto. – disse Mauricio rindo.
- Opa! – disse Caleb.
- Não queria atrapalhar... digo... como amigo do noivo eu não faço a mínima ideia de como fazer uma despedida de solteiro... queria saber se você pode me ajudar? – perguntou Mauricio para o Caleb.
- Claro... sim! Vamos pensar em algo.
- Quer dizer eu tive algumas ideias, mas todas envolvem homens e mais homens, e acho que ele não vai gostar muito. – disse o Mauricio rindo.
- Mauricio Elias Soares! – repreendeu Priscila.
- Desculpa! – ele disse rindo.
- Ei tenho uma ideia que pode funcionar perfeitamente. – disse Caleb.
Na manhã seguinte Pedro foi pegar o seu novo carro no loja, apesar da enchente eles perderam poucos bens materiais, então tiveram que comprar apenas alguns objetos que se perderam ou queimaram. Ele contou com a ajuda de sua amiga Luciana para escolher um bom veiculo.
- Ei... eu estava pensando... poderíamos sair... só as garotas... o que você acha? – perguntou Luciana.
- Ohh Deus!! Essa obrigação é minha... – falou Pedro.
- Não amigo... sei que estás com problemas lá no hospital, como está sendo a adaptação da nova médica?
- Bem, mas ninguém substituirá o Dr. Emanuel ele realmente vestia a camisa do hospital.
- Deve ser difícil para todos... eu lembro quando o Paulo morreu eu fiquei arrasada e até hoje parece que ele vai voltar. – ela disse.
- Ele ia te fazer feliz. – disse o Pedro.
- Sei que ia, mas agora o meu coração abriu e está dando essa chance para o Carlos. Hoje se eu tivesse que escolher eu realmente não sei quem seria.
- Entendo amiga... o Carlos é um cara especial, só podia ser o melhor amigo do meu marido. – disse Pedro rindo.
- A vida é engraçada, hein? – ela perguntou.
- Muito maldosa. Mas temos que leva-la em frente. – falou.
- Pedro... – ela disse rindo.
No hospital, as obras ganharam obras, depois da enchente tudo na cidade estava em obra. Os médicos, supervisores e alguns funcionários estavam em reunião para conhecer os direcionamentos da Dra. Alexis.
- Bem... o meu trabalho costuma ser simples... dou ordens e quero resultados. – disse sentada na bancada da mesa.
- Claro... era a mesma forma que o Dr. Emanuel presidia. – disse Pedro.
- Muito bem gente! Vamos ter um ano maravilhoso... o meu 13º depende disso. – ela falou tirando um sorriso de todos.
- Pedro e Emily vocês podem ficar por favor. – ela falou.
- Claro. – disse Pedro olhado para Emilly.
- Então... vocês dois fizeram um trabalho excelente ano passado. Pedro fiquei impressionada quando vi os relatórios deixados pelo Dr. Emanuel. E sei também que vocês dois que encontraram o corpo dele e dos seus amigos de trabalho Ronald. Sei que é difícil, já passei por uma situação parecida, mas esse ano eu vou ter que exigir um pouco mais de vocês. Se quiser Pedro, já pode contratar uma pessoa para ficar no lugar dele. – ela explicou para os dois.
- Claro. Sim. – disse Pedro.
- Então podem ir... e tenham um bom dia. – ela falou.
Quando os dois saíram a Dra. Tirou uma foto de sua gaveta, era um menino, ela passou a mão na fotografia e uma lágrima escorreu de seu rosto.
Pedro e Mauricio preparavam a despedida de solteiro de Luciana e Carlos. Mas será que todo esse trabalho daria certo?
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