Olá galera, saudade de vocês, já faz um tempo que escrevi meu primeiro conto aqui “Life As It Should Be”, adorei a receptividade de vocês, o apoio, queria agradecer por terem acompanhado tudo, alguns me adicionaram no msn e conversaram comigo, foi ótimo, agora estou aqui para um novo conto, uma nova série pra vocês, espero que gostem, vai ser ótimo passar mais uma temporada aqui com todos, obrigado!
-Vocês vão viajar de novo?
-Sim, estamos querendo abrir uma filial da empresa em Minas Gerais, vamos ter que passar um tempo por lá.
-Um tempo? Quanto tempo?
-Talvez 2 ou 3 meses – disse meu pai com uma frieza só, como se 3 meses fosse pouco tempo.
-Vocês acabaram de voltar pra casa, a gente nunca passa um tempo juntos, só nós 3.
-Eu adoraria passar um tempo em família, mas se eu não trabalhasse, você não teria o que você tem.
-Mãe? – olhei pra cara da minha mãe, esperando que ela intervisse ou ficasse do meu lado, tentativa desperdiçada – eu vou ter que ficar sozinho de novo?
-Sozinho? – disse minha mãe com espanto – a Fátima te deixa sozinho?
-Não mãe, mas eu estou sozinho, vocês nunca estão aqui.
-Que injusto com a gente.
-Vocês perderam meus três últimos aniversários e nem fizeram questão de ligar.
-Mas isso não vem ao caso Eric, a Fátima sempre cuidou bem de você e você sempre fica bem – disse ela saindo com meu pai pelo quarto e indo para fora de casa.
-Que ótimo, primeiro vocês transformam a empregada em babá, daqui a pouco vão transformar ela em minha mãe.
-Já chega Eric! – disse meu pai dando um grito – parece um garoto mimado, você já tem 17 anos, logo faz 18 e ainda com essas frescuras.
Meus pais quase não ficavam em casa, eles viviam viajando, sempre estavam em reuniões e coisas do tipo, estavam em qualquer lugar menos em casa comigo, me lembro deles estarem por certo até meus 7 anos, a partir do momento que eles perceberam que eu podia ficar sozinho com uma babá, eles começaram a não frequentar a própria casa, desde então, quase não tivemos um natal, ano novo ou meu próprio aniversário em família.
-Tudo bem, acho que talvez seja mesmo a hora de vocês irem embora de uma vez – eu não sabia se sentia tristeza, raiva ou qualquer coisa, meus pais sempre ausentes e brigando comigo por eu querer ficar perto deles.
Eles entraram no carro e foram embora, sem sequer termos uma despedida digna, entrei pra dentro de casa e fui pro meu quarto dormir um pouco, logo depois que eu me deitei ouço alguém bater na porta.
-Eric, posso entrar?
-Oi Fátima.
-Desculpa, mas eu ouvi a conversa de vocês.
-Fátima, desculpa ter falado daquele jeito, sobre você virar minha mãe, eu gosto muito de você, você que cuidou de mim, mas é que é difícil não ter os pais por perto, pensar que eles não te amam.
-Não fica triste, uma hora eles vão perceber o quanto estão perdendo da sua vida e vão se arrepender, nesse dia vocês voltaram a ser uma família unida de novo.
-Pra falar a verdade, acho que nunca fomos, mas eu estou feliz por você estar aqui, você é uma ótima mãe.
-E você é um ótimo filho, você é como meu segundo filho.
A Fátima sempre trabalhou com a nossa família, desde que eu nasci ela trabalhou na minha casa e desde os 7 anos foi minha babá, meus pais a ajudavam, pois ela ficou grávida na adolescência e foi abandonada grávida pelo namorado, seu filho também morava com a gente e meus pais estavam pagando sua faculdade.
-Falando em filho, onde está o Caio? Não o vi hoje.
-Pra falar a verdade, eu não sei, ele saiu cedo e ainda não voltou, deve ficar fora o dia inteiro, porque logo vai dar a hora da faculdade.
-Entendo.
-Vou lá embaixo, tenho que arrumar algumas coisas, você fica bem aqui sozinho?
-Sim, pode ir.
Fiquei lá no meu quarto, pensando na minha situação, em como tudo era complicado, as horas voaram enquanto estava lá e logo eu dormi, acordei no dia seguinte com o despertador me lembrado de que eu teria de ir à escola, estava no último ano do ensino médio, eu morava num condomínio e minha amiga ia comigo para a escola.
-Oi Alana.
-Bom dia Eric, como estão as coisas?
-Nada bem, meus pais viajaram de novo – minha voz saiu quase inaudível, meu olhar condenava a minha tristeza.
-Não sei por que você se decepciona tanto com isso, você já devia estar acostumado.
-Eu ainda sou humano, ainda tenho sentimentos, mas tudo bem, vou superar.
Alana era uma menina super espontânea, já a conhecia desde pequeno, era muito engraçada e falava o que pensava, era uma garota bonita, era muito delicada e suas feições pareciam com a de uma boneca, cabelos longos e castanhos claros, sabia muito bem se vestir.
Chegamos à escola um pouco mais cedo e ficamos conversando dentro da sala, conversava com todas as pessoas da sala, era até que popular por ali, todos eram meus colegas, mas amigo de verdade, só a Alana, nós contávamos tudo um ao outro, logo ela sabia sobre mim, ela sempre demonstrou aceitar tudo isso numa boa, nunca fez julgamento algum.
Depois de algum tempo de conversa, os alunos começaram a se sentar em seus devidos lugares, provavelmente porque a professora estava chegando, mas logo em seguida, notei uma presença incomum na sala, alguém desconhecido, fiquei me perguntando quem ele era.
A professora então entrou na sala, ficou em pé no centro da sala e se pronunciou.
-Bom dia classe.
-Bom dia – a turma respondeu com "tanta vontade" que era assustador.
-Bom, como vocês podem perceber, temos um aluno novo por aqui - ela fez um sinal com a mão direita para o lado – por favor apresente-se.
CONTINUA…