Estou muito feliz com este relato, cada dia que passa existe leitores novos e mais comentários que me fazem rir sozinho '---' Mais uma parte pessoal, beijo!!
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Amigos, estou aqui, morrendo de saudade de Marcelo e com essa impressão estranha de que ele passa por algo que está guardando para si. Acho que isso o tem deixado preocupado e gostaria de saber o que dizer a ele. Hoje a segunda está tranqüila e até agora não há problemas, tirando os boatos de que todos os estagiários estarão fora depois do dia trinta; isso me deixa triste porque preciso desse emprego e já até me cadastrei em outras empresas conveniadas, mas as coisas não são fáceis.
Amigos, sinto-me a vontade de assim os tratar, pois desse modo já os considero; vocês são os únicos a quem confidencio que habita em mim esse bicho quem não sei o nome mas que se alimenta do meu coração e nervos; vocês são meu lenitivo, minha dor é amortecida quando a vocês me reporto, as vezes com o choro contido, Faz toda diferença para mim contar a vocês o que passo, embora seja covarde e ainda esteja anônimo. Já me disseram que é mais fácil sofrer quando há alguém olhando e a cada dia creio mais nisto. Desculpo-me quanto ao modo como discorro o que comigo acontece, vou procurar um outro modo de falar pelo que tenho passado.
Talvez dessa forma escreva em razão do fato de eu ter tido uma instrução mais rígida que os padrões que agora todos têm acesso. Fui bolsista em uma escola seminarista em regime de semi-internato por anos, mas não fui seminarista (embora a certa altura da minha vida tenha considerado isso um possível caminho). Perdi a conta das vezes em que meu modo de escrever foi repreendido por meus preceptores que dele desdenhavam dizendo que precisava melhorar da escrita à grafia e até hoje duvido que escreva de forma correta em certas ocasiões. Hoje tendo deixar essa prática, mas me tornei um prolixo.
Na faculdade a zoação é geral quando tenho que escrever um trabalho, os colegas dizem que tenho mais de duzentos anos, vez por outra me pego escrevendo de forma pouco coloquial e isso me incomoda, mas escrever sempre foi um dos poucos prazeres que tive antes de ir para a faculdade. Não leio o que escrevo, simplesmente despejo no teclado o que sai do coração e isso não tem conexão com meu cérebro, se encontrarem erros de português não reparem, podem acontecer e erros de digitação também, ainda mais agora que só tenho o computador daqui da empresa para fazer meus desabafos e tenho que digitar correndo.
Tenho aprendido gírias próprias da minha galera, mas não é fácil quando sento à máquina para escrever, simplesmente descarrego essa torrente de mistos sentimentos com pouco controle sobre a forma, contudo sem alterar o conteúdo. Desculpem por às vezes não conseguir esquecer anos de castigos e os registros que isso deixou no meu português, pode até parecer o contrário, mas há vantagens em escrever assim, não para manter amizades ou mesmo para trocar informações, há sempre alguém te zoando.
Creiam, eu fico pouco a vontade e desgosto muito, mas vou procurar mudar o jeito. Quero dizer que não pretendo parecer intelectual ou erudito, longe de mim essas, definitivamente não são atribuições minhas; mas essa sempre foi minha forma de escrever que tem mudado graças a Deus. Agradeço a todos vocês, obrigado por terem se recordado do meu aniversário, dos poucos amigos que tenho nesta comunidade estão alguns dos que mais prezo e respeito. Em tempo algum me ofendo com o fato de suscitar dúvida o que escrevo; eu mesmo não achava possível encontrar atenção na medida que recebo de Marcelo, até hoje me acho pouco merecedor das coisas que tenho tido.
Já tenho o que para mim é muito caro que é poder desabafar com alguém o que sinto, essa ligação com Marcelo que não sei para onde caminha em como devo reagir a ela e isso para mim é mais que suficiente e não tem preço, não imagino a quem possa contar minhas angústias que não seja vocês. Um diário não me aconselharia tão bem quanto os amigos aqui. Sinto gratidão a todos vocês e torço pela felicidade de cada um, embora não os conheça pessoalmente, Obrigado por me ouvirem.
O almoço com o Gutinho foi uma delícia, Guto é sempre tão animado e divertido. Gosto muito de estar ao lado dele e de como ele me trata. É um tipo de rapaz interessantíssimo e durante o almoço eu vi como ele é assediado, talvez em razão do seu charme, ele é muito envolvente e se dá às pessoas sem reservas; esse é o seu maior talento. Fomos servidos por três garçonetes que disputavam para atender a mesa, engraçado que quando vou lá sozinho custa tempo pra eu ser atendido. Mas entendi que foi por canta do Guto, ele realmente chama a atenção por onde passa.
“Está marcado mesmo, Claudinho? Vamos fazer rapel no próximo feriado?” Guto perguntou ao que respondi: “Claro que vamos! Dúvidas?”. “Combinado então, Coelhinho, eu vou te mostrar porque a galera do rapel me chama de lagartixa” ele respondeu. Minha relação com Guto é de irmão para com outro irmão; não vou dizer que não o acho bonito; ele é muito interessante sim, educado e como já ouvi dizerem “tem uma pegada forte” hehehehe forte essa expressão não? Mas o vejo como um amigo a quem gosto de abraçar e estar perto e a quem considero fiel.
Marcelo, segundo ele chegaria hoje, mas isso talvez só à noite. Terei de esperar para vê-lo, ai Deus, a saudade me corta o peito e é como se nada tivesse de forma de sempre. “Estou vendo essa carinha meio preocupada, o que é que está rolando?” Perguntou-me Guto, eu quis disfarçar, mas Gutinho não é bobo, “Vamos lá, diga o que há” Insistiu. “É o Marcelo, Guto, estou sentindo ele meio diferente, não sei bem o que nem se há motivo, mas ele está como que preocupado com algo que não sei” Respondi com certo receio de Guto achar estranha minha preocupação, mas na esperança dele me informar de algo que eu busco saber! Quero muito saber o incomoda Marcelo. “Acho que não passa nada, ele deve estar só meio cansado, e esse problema com a tia lá no sítio dela é uma barra danada, deve ser isso” Ele respondeu, e completou dizendo enquanto sorria: “Bonitinho você se preocupar com ele assim, coelhinho."
E comigo você se preocupa assim também? Marcelo perguntou me deixando muito sem jeito. “Claro que sim Guto” respondi com um sorriso meio sem graça. “AAAAhhhh bom! Senão eu ficar com ciúme, mas não fica vermelho não ehehehe “Ele respondeu me dando um beliscão de leve no nariz. Guto tem dessas coisas, ele parece uma criança às vezes, ele quer toda atenção que pode ser dada e ainda mais. Depois do almoço ele me deixou de volta ao estágio, fiquei feliz por saber que minha supervisora será substituída, neste momento ela e mais outros supervisores estão em reunião, todos os estagiários estão em suspense.
Haverá reunião conosco amanhã, mas não quero pensar nisto. Ocupo meus pensamentos com Marcelo, e mal posso tocar o que tenho de fazer agora. Dói esta distância, mas o que me machuca mesmo é a saudade e não poder ouvir sua voz ou ver aqueles olhos de menino sorrindo pra mim. Sinto tanto a falta dele e vejo que quando ele não está o que resta sou eu. Às vezes queria que tudo que vivo não passasse mesmo de uma história de fantasia e que houvesse mais a diante um final feliz e certo. Gostaria de ser bruxo para sussurrar encantamentos como preces e entregá-los ao vento para que ele me trouxesse de volta Marcelo.
Como dói estar longe dele, posso até não o ver, mas saber que ele está na mesma cidade e a alcance de um telefonema me faz sentir melhor. Espero que, como planejado, ele retorne hoje e possamos nos ver. Quero sentir sua presença o quanto antes e me entregar ao calor do seu abraço. Amigos, desculpem a falta de regularidade do que tem passado; aproveitei que minha supervisora está fora agora para deixá-los a par do que tem ocorrido.
O amor é o maior dos flagelos e em si traz o mais sublime e o mais amargo que a alma humana pode provar. A dor é eterna companheira de quem se atreve a amar e acho que esse deve ser o preço a ser pago por momentos eternos. Para mim não é fácil não pensar em Marcelo, meu menino anjo, que é a pessoa mais linda do mundo e que me faz disparar contra este teclado, palavras bobas ditas dessa boca que tanto deseja a dele. De Marcelo, amo a voz grave que me embriaga quando sussurra meu nome, amo o reflexo da luz do sol da tarde na cor de trigo dos seus cabelos e o sorriso pérola que me faz esquecer dos dias cinzas.
Quero a luz azul do olhar inocente desse anjo. Sua ausência me é de uma estranheza que me rasga por dentro e ranjo os dentes nessa angústia muda que me oxida o espírito. Meus dias sem sua presença têm gosto azedo. O que faço se me acostumei a ele? Quando estou ao seu lado sou mais feliz do que qualquer mortal. Não consigo esquecê-lo. Quero sentir seu perfume, a delicadeza do seu hálito, o calor do seu abraço e a firmeza do seu toque. Se pudesse jamais o teria conhecido. Porque fui ensinado a amar? Queria ter uma pedra no lugar desse coração e dela me desfazer nas longas horas de espera que amargo longe dele; meu coração pula todas as vezes que o telefone toca quando não consigo falar com ele.
Quem pode fazer idéia do que é isso?. Temo por não saber mais quem eu sou nada mais me agrada. O ar me falta e quero dormir por mil anos, sonhar talvez, morrer e nos braços dele voltar a viver. Quero sempre tornar a vê-lo o quanto antes senão nem sei. Penso que quando ao seu lado volto a estar tenho alturas de incenso.
Ontem, depois de uma tarde aflita tomei meu ônibus para a facul buscando através da janela poder ver Marcelo. A aula me pareceu tão aborrecida que em dado momento às vozes dos meus colegas começaram a me irritar. Foi um tormento entre expectativa e receio.
15min antes de terminar meu telefone toca... era o número do Marcelo. “Coelhinho, sua aula já acabou?” ele perguntou. Não respondi direito, acho que disse que sim enquanto levantava da cadeira, nem recordo o que falei a ele, eu saí da sala como que caminhando em um sonho, tinha os passos trôpegos. Meu professor perguntou aonde eu ia, mas não lembro de ter respondido. Cruzei o corredor com passos incertos e aquele nunca me pareceu tão longo. Em minha cabeça havia uma confusão e rostos embaçados passavam por mim que fitava tão somente a porta da entrada da faculdade.
Quando finalmente ganhei o estacionamento foi com chegar à praia após passar por um túnel escuro e avistar a imensidão do oceano. Ao longe pude identificar a caminhonete do pai de Marcelo, ela estava simplesmente imunda de barro, atravessei correndo o estacionamento sem olhar para os lados correndo em direção a Marcelo que ao me ver abriu os braços e com um sorriso que brilho como a luz de mil sóis iluminou minha noite. “Eu vim ouvindo todas as músicas que me lembram você. Estava morrendo de saudade, Você gosta de queijo da roça? Eu trouxe doce de leite também pra você. Poxa, coelhinho eu estava morrendo de vontade de te ver, tá afim de dar uma voltinha comigo?”
Marcelo não parava de falar e eu me quedei ali maravilhado e mudo pela visão do meu Arcanjo; sujo do barro e da poeira da estrada, com o cabelo desalinhado e a barba por fazer, respirei o cheiro do suor que exalava do seu corpo como que querendo dali sorver a vida e me abracei a ele com se fosse meu último momento. “Que bom que você estava com saudade também” disse ele naquela gargalhada que me alimenta. Suspirei em seu peito toda falta que há muito estava presa no meu peito e acho que entreguei naquele momento o desespero que senti na sua ausência. “Eu precisava tanto te ver, coelhinho” disse ele quando me afastei. E continuou perguntando se Guto havia cuidado bem de mim e outras coisas que não lembro porque parei de ouvir sua voz, pois só conseguia fitar seu rosto nada mais.
Naquele momento o masculino que há em mim era presenteado com o contato com aquele que me modifica que me renova e que me faz saber onde me encontrar e que me torna homem por inteiro. Ao lado de Marcelo me torno completo que volta a ser metade quando dele a vida me aparta. “Escuta uma coisa, você não quer ir lá pra casa, dai tomo um banho e a gente saí pra comer alguma coisa ou eu preparo algo pra você” Convidou Marcelo. “ O que você quiser Cachorrão” respondi a ele que soltou outra gargalhada dizendo “Meu Deus, como eu senti falta disso” e me deu um beijo na testa que retribuí com um abraço e um beijo naquele peito salgado que visivelmente arfava de contentamento.
Fomos para a casa dele e lá chegando ganhei um abraço da mãe de Marcelo e do seu pai. “Claudinho, meu lindo, porque você sumiu?” A mãe de Marcelo me perguntou, dei a velha desculpa de sempre - estudos e trabalho -. Conversei dois minutos com eles que se desculparam por terem de ir sair [os pais de Marcelo estão juntos faz trinta e seis anos, mas parecem namorados] Pensei onde poderiam ir às 11h da noite. “Claudinho, você me espera enquanto tomo um banho e tiro a lama de cima do corpo, acho que hoje vou entupir o ralo” disse Marcelo rindo. “Tudo bem” respondi e me sentei na sala. “Espera vendo televisão no meu quarto enquanto tomo banho” disse ele me puxando pela mão.
Em seu quarto o vi tirar a camisa, os sapatos e a calça; ele ficou só de roupa de baixo, e me disse eu já volto. Não é segredo para ninguém o quanto eu o acho lindo, mas dessa vez eu o achei mais lindo ainda. Já dentro do banheiro de lá ele gritou para eu deitar na cama e ligar a televisão. Obedeci e comecei a assistir qualquer coisa do Discovery channel. O banho de Marcelo não foi tão rápido e acabei cochilando. Acordei com ele de roupão deitado ao meu lado me olhando. Reconheci o perfume Armani que ele usa e fiquei indeciso se prefiro o cheio natural a versão perfumada de Marcelo. “Oi coelhinho dorminhoco, demorei né? Desculpa” Disse ele num sorriso.
Eu respondi me espreguiçando e ele completou perguntando. “O que você acha de ao invés de sairmos, eu preparar alguma coisa para você, você parece meio cansadinho não é?” Eu prefiro. Na verdade eu não queria sair e sim ficar ao lado dele, e a sós com ele. Fomos para a cozinha e ele fez uma “pasta belíssima” como ele diz, Enquanto ele cozinhava – ele tem um prazem em cozinhar que vocês não acreditariam, tinha que ser neto de italiano mesmo – ele me contava a situação da tia dele e como estava sendo difícil, pois ela não queria deixar o sítio e coisa e tal. A certa altura não ouvia mais o que ele dizia eu somente o observava de costas, de roupão azul marinho cozinhando e eu pensava no quanto eu o quero comigo, não se trata apenas de sexo.
Sim, eu também tenho vontade de tê-lo comigo, não escondo que senti um calafrio o vendo só de cueca, mas não é só isso, há mais e é isso que me assusta. Acho que sexo eu poderia ter, com já tive com outros caras, mas Marcelo é algo que só quem o conhece sabe, ele é muito grande dentro de mim. Quero amá-lo independentemente de haver sexo ou não entre nós. O que me atrai nele é esse carinho, essa atenção, o seu jeito bobo de querubim e essa montanha de qualidades que me fazem imaginar um futuro diferente.
Ouso querer estar ao lado dele para sempre e sei que isso é esperar demais, mas como contar isso ao meu coração? Estava perdido nos meus pensamentos quando o celular dele recebeu uma mensagem que ele solenemente ignorou. Reparei que ele não gosta de atender ao telefone quando estamos juntos e me senti especial por isso.
“Olha aqui, coelhinho, espaguete a carbonara e castanha, com massa feita aqui em casa pela minha mãe, você vai adorar e depois como, eu te conheço, vai sair correndo para fazer abdominal” Disse ele me provocando.
Ele sabe que brigo com a balança, já estive quilos mais pesado e para minha altura 65kg é o que quero ,manter, mesmo que ele diga que se eu voltar a ter o peso de antes eu vou ser o coelhinho gordinho, mas não vou deixar de ser o coelhinho, NÃO QUERO CORRER ESSE RISCO hehehehe.
A massa estava uma maravilha, e ele abriu uma garrafa de um vinho branco maravilhoso, estou até aprendendo alguma coisa de vinho já. Enquanto comíamos conversamos animadamente, bebemos a garrafa inteira e decidimos abrir outra, mas dessa vez foi um merlot. Contamos as piadas de sempre e rimos muito.
Ele me contou que recebeu uma proposta boa em outra empresa e que estava pensando nisso. Ele me perguntou sobre meu estágio e eu tentei disfarçar, porém desse homem não sei esconder as coisas. “Você se esqueceu que eu conheço seu tom de voz, Claudinho?” Ele disse, e quis saber o que ocorria daí tive que falar, ele ouviu tudo calado enquanto me olhava com aqueles olhos lindos. “Amanhã e gente vai dar um jeito nisso, eu conheço umas pessoas aí e...” bom, em resumo ele conhece o diretor de uma empresa onde tentei estágio certa feita, mas que não me contrataram. Se rolar eu vou amar, será uma sorte imensa; tremo quando penso que posso perder essa renda, mas confio que algo de bom virá.
Terminamos a segunda garrafa e eu já estava tonto. Ele perguntou se eu não queria mais um pouquinho e eu pensei que beber daquela forma em plena terça não era apropriado, mas aceitei. Fomos para o seu quarto assistir televisão e conversar mais. Quase 1h da manhã minha mãe me chama pelo telefone perguntando onde estava, mas a ligação caiu. Marcelo perguntou quem era e disse que era minha mãe e que já estava na hora de voltar pra casa. “Dorme aqui comigo, eu te levo no trabalho amanhã, se meus pais foram para onde eu penso que foram eu vou ter que passar a noite aqui, sozinho”. Depois disso Marcelo fez uma carinha de menino pidão e imitou um cachorrinho e começou a me fazer cócegas na cama.
Fiquei tentado a ficar realmente, mas minha mãe telefonou novamente e disse que meu pai estava sentindo dores no peito e senti no dever de estar com ele; da ultima vez em que isso ocorreu o resultado foi uma safena. Expliquei a Marcelo e ele entendeu prontamente. Ele me disse que teria de me levar na moto dele, pois a caminhonete é do pai e estava na função como ele diz. Ele sabe que tenho medo de moto e notou meu receio. “Você segura forte em mim e eu vou devagar, prometo que não vai acontecer nada” disse ele. Depois disso experimentei um misto de medo extremo e prazer por estar abraçado a Marcelo que a todo o momento me perguntava se eu estava bem.
O cheiro de couro da jaqueta de Marcelo, o seu perfume e o fato de estarmos juntos tão próximos me deixou muito excitado, não escondo. Fiquei um pouco sem graça, mas acho que ele não percebeu. Quando desci da moto ganhei um beijo na testa dele que me perguntou se eu queria que ele ficasse e se precisava de alguma coisa ao que respondi que não. Nos despedimos marcando dele me pegar no estágio às 18h30min de hoje. Da varanda nos acenamos e ele se foi. Meu pai realmente estava sentindo uma dor no braço, mas de origem muscular, de qualquer forma estive insone durante toda a madrugada.
Meia hora depois Marcelo me liga rindo dizendo que eu havia esquecido meu queijo,meu doce de leite, e a goiabada que ele havia trazido para mim. “Queijo e goiabada, a dupla perfeita” eu disse. “Café com leite, Chocolante com creme de leite, Leite com canela... “ disse Marcelo num sorriso que pela primeira vez me soou malicioso, mas que só agora desse modo interpreto. Não sei, talvez o vinho... bem, deixa pra lá, fiquei meio envergonhado agora. Nos despedimos ao telefone e ele disse que ele estava ouvindo uma música que eu adorava e que o fazia lembrar de mim e colocou para eu ouvir um pouquinho, cinco segundos depois retomou o fone e perguntou sorrindo se tinha ouvido.
Respondi que sim; é essa música http://www.youtube.com/watch?v=HTLIivYdth8
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Ele diz que é a minha cara e a letra tem tudo haver comigo (acho é porque eu adoro o simply e ele passou a ouvir depois que eu apresentei a ele) Falamos mais um pouco e desligamos, com o “beijo” que está se tornando mais habitual em nossos finais de conversa ao telefone. Dormi me sentindo muito leve, durante a madrugada recebi uma mensagem dele no celular que só vi agora de manhã “baixei umas músicas que você curte para por no mp4, beijo”.
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Amigos, sei que estou caminhado as cegas em um fio e sobre um abismo, sei que Luiza, dia desses está de volta e sei de um monte de coisas, mas irresponsavelmente, hoje, nesta quarta-feira, decidi viver isso do modo que for possível, não sou mais dono de mim e quero simplesmente viver. Amo esse homem sem medidas, sem reservas e quero esse amor que nada mais é uma doce promessa. Sei que estou sendo imprudente, mas não há com arrancá-lo daqui de dentro. Penso em me declarar para ele, mas tenho medos e receios, não quero invadi-lo e vou seguindo assim me alimentando de esperança e sendo açoitado pelo pavor de um dia ter que deixá-lo.
18h30min de ontem quarta-feira, eu estava o esperando na garagem que é o lugar mais seguro em todos os sentidos, ouvi o ronco da moto de Marcelo se aproximando. “Oi, coelhinho” Marcelo me disse num sorriso enquanto me entregava o capacete. Subi em sua moto e me agarrei a ele, durante o trajeto até a faculdade estive feliz e foi com se caminhasse sobre as nuvens. “Você quer comer um cachorro quente antes da aula” Ele me perguntou e respondi que sim, daí fomos a uma barraquinha que fica ao lado da facul. Ele falou que havia conversado sobre uma possível colocação na empresa onde seu amigo é diretor e parece que haverá um posto no próximo mês, uma moça sairá de licença maternidade.
Como sempre rimos e brincamos; umas garotas ficaram nos olhando, acho que uma delas comentou o fato dele ir pegar o sanduíche para mim e me servir; as vezes esqueço que isso não é comum entre homens, mas por outro lado tenho observado que os homens estão mais afetuosos entre si, acho que quem está ficando machista mesmo são as mulheres, talvez elas se ressintam com o fato de que mais e mais homens agora se tratem de forma mais próxima e que elas agora não mais são as únicas a serem servidas e que amigos passaram a se beijar mesmo que sem conotação sexual. Talvez elas estranhem não serem mais tão especiais. Bom, de qualquer forma observo que Marcelo realmente chama atenção onde está, e perco as contas das vezes que a mulherada o paquera.
Depois do lanche, Marcelo me disse que voltaria para me pegar depois da facul e comentou se eu não pensava em trocar de faculdade e quem sabe passar para a dele onde há descontos muito bons, e que daí poderíamos sempre ir e voltar junto e que talvez formássemos uma turma que fosse conosco e pareceu muito empolgado com isso e quis disfarçar dizendo que há uns colegas dele que estão a fim de fazer isso também por segurança e coisa e tal e terminou dizendo para eu pensar nisso, mas que a minha facul era muito boa embora ficasse num lugar onde...
Enfim ele acha que seria melhor para mim mudar para a facul dele. Fiquei de pensar no assunto e ele insistiu mais uma fez dizendo que poderíamos ir e voltar junto. Nos despedimos com um abraço e novamente observei que as mesmas garotas que o fitavam no cachorro-quente novamente o faziam comentando algo entre elas enquanto nos olhavam. Depois da aula, que foi maravilhosa (eu nunca participei tanto) ele lá estava me esperando no estacionamento com o sorriso de quem tem uma ótima notícia a dar.
Depois do abraço, cumprimento nosso, dele ouvi “Guto, André e eu estamos afim de viajar amanhã a tarde e aproveitar o feriado prolongado; voltamos na quarta pela manhã e eu quero que você venha conosco”. Adorei o convite, mas disse que estava sem grana ao que Marcelo respondeu: “Assim você me ofende, Você é nosso convidado, o Guto está contando com você e ele vai ficar muito decepcionado se você não for” “E você vai ficar decepcionado também?” Perguntei ousando ser um pouco mais atirado. Ele me olhou sério e disse “Se você não for, o que eu também não vou” e soltou um sorriso. Daí ele me levou para casa e enrolamos com sempre na frente do prédio, meus pais nos viram da varanda, sorriram e acenaram convidando para Marcelo e eu subirmos.
“ Eu acho que eles querem que você suba” eu disse a Marcelo que respondeu um sonoro “só se for agora”. No elevador Marcelo me enlaçou, de lado pela cintura e me puxou pra junto dele dizendo que gostava muito dos meus pais enquanto nos olhávamos pelo espelho da porta. Já dentro de casa meus pais o receberam de forma calorosa; meu pai cobrou o joguinho de futebol na sexta, mas Marcelo disse que ia me seqüestrar pra um acampamento e conviou meus pais para irem conosco. Minha mãe disse adorar a idéia, mas inventou que não poderia por causa das atividades na igreja e coisa e tal... meu pai disse que teria de ajudá-la também, mas que mais adiante faziam questão de nos acompanhar. Na verdade meus pais odeiam acampar.
Minha mãe tem pavor de mosquitos e meu pai detesta mato, estavam apenas sendo simpáticos com Marcelo. “Claudinho, você deveria ir sim com seus amigos” Disse meu pai, talvez querendo não mais falar no assunto e fazer com que Marcelo desistisse de levá-los, mas Marcelo insistiu mais uma vez e meus pais disseram que adorariam, porém realmente dessa vez não poderiam, mas que estava decidido que eu iria. Acho que eles me negociaram para se livrarem do convite heheheh, eles sabem que eu amo acampar!
Como avançava a hora minha mãe deixou escapar um bocejo Marcelo disse que estava na hora dele voltar para casa, meus pais disseram o velho “fica mais um pouco”, mas Marcelo disse que em outra ocasião, se despediram e fui deixá-lo na portaria. No levador ele me disse: “Viu, coelhinho? Seus pais estão do meu lado, agora você tem de ir” e sorriu. “Bom, diante de tanta insistência eu aceito” Respondi. “Coelhinho, metido você hein???” Disse Marcelo me fazendo cócegas dentro do elevador.
Ao chegarmos na portaria ainda brincávamos quando a porta se abriu e dei demos de cara com o síndico que nos olhou surpreso. O cumprimentamos e saímos. Acho que ultimamente estamos, realmente dando bandeira hahaha, Bom, nos despedimos e Marcelo disse que já estava arrumando as coisas para viajarmos. Ele constou de leve sua cabeça na minha e segurou com a mão minha nuca. “Cumprimento novo? ”Perguntei. Ele sorriu, mordeu o lábio inferior, deu um piscadinha e foi embora. Passou meia hora e ele não me telefonou, fiquei preocupado e liguei para saber se tudo estava bem. “Que bom você ter ligado, coelhinho, eu cheguei e fui direto pro banho, já estava pensando em te ligar”.
Conversamos mais um pouco, planejamos o feriado, falamos e falamos e começamos a ficar sonolentos, mas nem eu tampouco ele queria desligar daí disse para fazermos ao mesmo tempo e ao nos despedirmos eu disse: “Um beijo e durma bem cachorrinho” ao que ele respondeu: “Um beijo, meu coelhinho!” e sussurrou baixinho, quase inaudível, acho que ele não sabia que eu não havia desligado.
Ele disse com uma voz muito abafada, mas que dava para entender: ”sonha comigo” e desligou. Dormi muito feliz e cada vez acho mais que Marcelo gosta de mim realmente. Hoje tudo está tranqüilo, parece que haverá a suspensão de vários contratos e a não renovação dos estágios, eu estou triste com isso, mas feliz com a possibilidade de ser verdade essa promessa junto ao amigo de Marcelo. Espero que as coisas sejam boas daqui para frente.
Nesta quinta-feira Marcelo e eu não almoçamos juntos, nos falamos por telefone rapidamente. “Claudinho, o sistema da empresa caiu e estamos reparando as avarias agora, tudo bem se agente não almoçar junto hoje?” Ele me falou por telefone ao que respondi que tudo bem até porque não havíamos marcado nada. (Fiquei um pouco desapontado, mas pensei que isso não deveria me aborrecer, ele ao menos ligou explicando, embora não tivéssemos marcado nada, achei delicado da parte dele; é por essas atitudes que percebo Marcelo como um cavalheiro e tanto o admiro enquanto pessoa e amigo, acho que ele deve ter herdado isso da mãe que é um amor em pessoa)
Conversamos pouco e ele disse que teve que pedir algo para comer no trabalho mesmo. As meninas aqui e eu pedimos uma pizza e, a exemplo de Marcelo, comi aqui também no trabalho mesmo. (Aqui no estágio o pânico parece ter feito casa e um onde de demissão e não recontratação para estágio é tida como certa). Parece que o problema, na empresa onde Marcelo trabalha foi grande, tanto que por volta das 16h40min, quando liguei para saber dele, ele ainda não havia conseguido inverter a situação. Tentei falar com ele mais tarde por volta das 17h, mas não obtive sucesso daí quando deu 18h fui para a garagem, como se tornou costume, para esperá-lo.
Na verdade não o esperava, mas pensei em ficar um tempo lá, como não nos falamos por telefone havia a possibilidade dele vir me apanhar e se eu saísse antes poderia haver desencontro. Quando era 18h10 ouço aquele ronco que já conhecia. A moto de Marcelo se aproximava. Senti meu coração bater mais acelerado (às vezes fico sem graça com isso, sinto dentro de mim uma alegria que me aquece o peito e temo por não saber se convém demonstrar a intensidade do que sinto por não prever o que isso pode parecer). Eu me preparei para sentir o seu abraço. Estava aflito por não saber como as coisas estavam com ele (fico triste quando ele está aborrecido).
A moto parou e abracei-o antes mesmo antes dele tirar o capacete; senti algo diferente, acho que o cheiro, o corpo estava diferente, estava ligeiramente mais musculoso... sei lá, não era Marcelo. Ouvi com determinado assombro : “Nossa, se eu fosse recebido assim com um abraço desse eu me apaixonaria. Eu prometo que se você me abraçar gostoso assim de novo eu te agarro e te dou um beijo na sua boca, coelhinho”... Fiquei sem chão ao ouvir aquela gargalhada que conhecia bem, não era Marcelo!
Guto tirou o capacete e me puxou pela cintura me dando um beijo no pescoço. “Assim você me mata, meu moreno gostoso!!!” Disse Guto fazendo biquinho e soltando aquela gargalhada deliciosa que parece um trovão, e começou a zoar. Levei alguns minutos para poder entende e Guto sorrindo me explicou que Marcelo estava muito “enrolado” e como ele havia dado uma passada lá Marcelo emprestou a moto para ele me levar pra facul, “Sobe na moto e se agarra em mim, coelhinho” ele disse ao que obedeci - ainda estranhando tudo aquilo.
“Me agarra gostoso senão você cai” disse ele soltando outra gargalhada. Guto, como ele mesmo diz “não dirige, ele pilota”. Ele fez conversões e ultrapassagens que fizeram meu sangue gelar. Como estava com muito medo eu me agarrei o mais que pude a ele, mas nada de ruim ocorreu, ele “pilota” muito bem. “Marcelo disse que se conseguir terminar tudo a tempo ele vem te pegar aqui mais tarde; eles estão sem telefone e o cel dele está sem carga por isso ele não ligou pra você. A coisa ta meio complicada lá e acho que ele nem vai pra facul hoje. Mas se ele não vier eu venho, tudo bem?” Guto disse quando me deixou na facul ao que respondi que tudo bem! Ele me deu um beijinho no pescoço e saiu judiando da moto de Marcelo. “Namoradão hein???” me zuaram umas amigas minhas que estavam perto da gente quando Guto me deixou.
Guto realmente mexe com qualquer um, ele é muito sensual, mas ele não tem a delicadeza do Marcelo que te recebe; Guto, te toma. “É só um amigo gaiato, galera, pára de zuar!” Eu disse meio sem jeito. A galera da facul sempre zoa com todo mundo com brincadeiras como essa; eles sabem que fico envergonhado e por isso fazem sempre; mas observei que depois que Marcelo e eu começamos a ser vistos juntos alguns caras começaram a me zoar mais, porém não de forma agressiva, meio que se aproximaram de mim e conversam mais comigo, fazem brincadeiras e me tratam de forma amigável.
Antes quando um deles fazia uma brincadeira mais próxima eu me esquivava e acho que isso não os deixava se aproximar, contudo como descobri que amigos homens também se abraçam e brincam entre si não estranho mais isso e assim eles não me estranham mais, tampouco eu a eles daí nos tocarmos mais. (Engraçado que fui criado achando que isso era coisa de gay e que tinha que evitar o contato físico com outros homens; meus primos e eu nunca nos abraçamos coisa que só fazia com minha primas – às vezes acho que fui criado numa família machista por demais). Tenho notado que a sociedade está mais complacentes com a questão do toque físico entre homens, observei isso no BBB. Acho que rola isso no meio heterossexual.
Penso que o homem toca outro homem sem culpa e sente, realmente, que está à vontade com outros homens, mesmo que isso não tenha conotação sexual, ou será que tem? Não sou antropólogo, porém passei a observar como os homens se tocam e demonstram apreciar está prática, digo isso baseado nos amigos aqui da facul que talvez não signifiquem uma amostra muito representativa, mas enfim, o que quero dizer é que tenho notado que o homem está mais solto, sem receito de tocar outro homem. Para além das brincadeiras tradicionais cujo foco é a zoação mutua, as demonstrações de afeto físico cresceram principalmente na galera entre os 20 e 40 anos, e acho, e isto é uma conclusão tão somente da minha cabeça.
Acho que isso não implica o cara ser gay ou não simplesmente é o homem começando a fazer o que as mulheres praticam faz tempo que é demonstrar fisicamente que se gostam independentemente de estarem atraídas sexualmente ou não, Amigas se beijam no rosto, se acariciam, se abraçam e até andam de mãos dadas e não vemos isso necessariamente como indício de lesbianismo. E isto é mais comum nas classes onde está menos cristalizado o padrão de macho que temos como modelo brasileiro, em resumo seria assim: onde há maior acesso à educação e onde há maior possibilidade de consumo de alto padrão a vergonha em abraçar ou mesmo demonstrar fisicamente que gosta, sem interesse sexual, de pessoa do mesmo sexo estaria menos presente.
Já percebi que os caras com mais receio e os mais ciosos de não parecer gays não são os que aparentemente possuem mais condições financeiras, mas como disse ( me baseio no que observo aqui na facul). Guto é um exemplo do que falo; ele não tem receio algum de demonstrar que gosta de seus amigos e parentes. Diz “eu te amo” a amigos e primos, Beija no rosto e outras coisas sem constrangimentos. Confesso que às vezes fico sem jeito com tamanho desprendimento. Mas não tenho a pretensão de estabelecer isso como um postulado, não se trata de uma regra.
Bem, isso tudo é apenas uma das minhas muitas divagações que eu com duble de observador social tenho feito, mas não devo me alongar muito nisso, afinal, deixemos isso com a antropologia.
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Esse acampamento vai dar o que falar hein? Na continuação vocês vão se surpreender... Mas postarei somente a noite!! Beijos pra todos e se cuidem :)