Se você está lendo isso é porque assim como nós você é um sobrevivente desse mundo caótico que de um dia para o outro se transformou no maior cenário de guerra já visto.
09 OUTUBROanos após o inicio da guerra, muita coisa mudou. O mundo já não é mais seguro. Ninguém se importa com ninguém além de si próprio. De vez em quando vemos um ou outro soldado mas é raro. Assassinatos, estupros, canibalismo são muito frequentes e esse é o meu maior medo. Além de me preocupar comigo mesmo ainda tenho que me preocupar com meu irmão Jimmy de 11 anos. Mas sem ele eu nao teria razão para viver. Desde a norte da nossa mãe fomos obrigados a viver na rua, fazendo o possível para sobreviver.
Atualmente estamos na Nigéria, seguindo rumo ao norte. Ouvimos dizer que a campos de refugiados na Europa e até agora é a melhor esperança que temos de finalmente achar um lar ou pelo menos um lugar para descansar, mas até lá há muito o que ainda temos que percorrer.
11 OUTUBRO:53
Chegamos a um pequeno vilarejo ou pelo menos devia ser um alguns anos atrás. Há restos de casas, carros, postes que cinseguiram sobreviver às explosões. O chão esta coberto com areia que aos poucos começa a invadir a cidade. E como sempre nem sinal de uma viva alma. Não vemos outras pessoas já a um tempo, não seu se isso é um bom ou mal sinal
— Vem, vamos achar um lugar para passarmos a noite. — Falei, puxando Jimmy pelo braço.
— E estou cansado, vamos ficar qui mesmo! — Ele falou, soltando o carrinho de supermercado. Sempre andamos com esse carrinho. É nele que guardamos nossos suprimentos, embora não sejam muitos.
— Não é seguro, você sabe disso. Vem, só mais um pouco. Eu prometo!
E continuamos andando pelo vilarejo.
Algum tempo depois paramos em frente aos restos de uma casa que estavam em melhores condições. Como não tinha nada melhor resolvemos entrar. Dentro da casa havia uma pequena cozinha com uma mesa quebrada no chão, e uma geladeira toda preta e amassada. Uma sala um pouco maior onde tinha uma tv, quebrada com um sofá e um pequeno móvel. A esquerda havia uma escada que não dava a lugar nenhum pois o segundo andar havia sido completamente destruído e um banheiro, que achamos melhor não entrarmos.
— Vamos ficar aqui? Eu gosto daqui! — Jimmy falou, olhando para mim.
— Sim, acho que é nossa melhor opção. Agora me ajuda a pegar os cobertoresa do carrinho e a preparar o fogo.
— O que vamos comer?
— Vejamos, vocé prefere ave de trê dias, pêssego em lata ou...
— Ave de três dias!!
— Ok então.
A noite chega, a única luz que vemos é da fogueira à nossa frente. Eu e Jimmy estamos abraçados sob o cobertor comendo nossa maravilhosa ave de três dias.
— Mano, posso de fazer uma pergunta?
— Huh?
— Me conta um história?
— História? Eh, vejamos...
Acabei contando a história dos três porquinhos, pelo menos o que eu lembrava e quando terminei ele estava dormindo. Fiquei um tempo olhando para ele até resolvi prepara-lo para dormir. Quando está calor à noite, sempre dormimos nus, apenas com os cobertores, então tirei a roupa dele. Porém antes de cobri-lo fiquei olhando seu corpo. Comecei a tremer. Era a primeira vez que eu sentia algo assim, um sentimento tão profundo quando olhei o corpo o meu irmão. Sem cobri-lo ainda me encostei n parede do outro lado, de frente para ele e fiquei olhando. Só então que resolvi cobri-lo. Logo depois tirei minha roupa e me deitei ao lado dele.
Meu corpo ainda tremia, eu podia ter todo o tipo de sentimento pelo meu irmão, menos aquele!! Alguns minutos depois adormeci.
12 OUTUBRO:00
Acordamos às 9 da manhã, como sempre o sol brilhava e você já começava a sentir o calor que está por vir. Abri uma lata de ervilhas e pus em dois pratos de plásticos. Jimmy se sentou ao meu lado, ainda estava sem roupa.
— Jimmy...
— O que?
— Ponha alguma roupa!
— Porque? Ta calor!!
— Põem sua roupa, ou sem carne no jantar!
— Hunf, ok ok...
Comemos nosso café da manhã, preparamos tudo no carrinho e seguimos estrada a frente. O calor, aumentando consideravelmente a cada minuto, provavelmente não vamos durar muito embaixo do sol e teremos que parar em algum lugar para descansar.
Saímos do vilarejo e a areia tomou conta do cenário. Quilômetros e quilômetros de areia em todos os ângulos.
Aproximadamente às 13 horas achamos algumas casas onde conseguimos parar para descansar.
Comemos pêssegos em latas e bebemos um pouco da água que temos e que logo precisaremos de mais.
Quando nos levantamos para seguir viajem, vimos um caminhão vindo em nossa direção.
... CONTINUA ...