Muito bom ter vocês aqui sempre curtindo a história. Espero que esteja gostando. Deixem suas impressões nos comentários! Obrigado por tudo e boa leitura...
Precisava aceitar o quanto eu o desejava, agora como homem. Ele estava mexendo comigo. Passei a vê-lo de uma forma tão envolvente que só de olhar eu já me contentava. Estava tudo perfeito, até ele abrir os olhos:
- Tá me admirando maninho?
Fiquei sem palavras. Como explicar pro meu irmão o que estava sentindo, ainda mais sabendo que ele estava interessado num cara que eu nem sabia quem era? Minha cara de interrogação era grande:
- Vamos acabar com essa agonia então.
Meu sonho se tornou real. Que beijo! Um beijo calmo, mas que às vezes se tornava agressivo, me deixando cada vez mais louco. Estava tudo perfeito, até ele me empurrar:
- Você tá louco Carlos? Que merda é essa?
Ele me olhava com os olhos esbugalhados, parecendo que iria me atacar. As coisas tinham desandando. Corri, o mais rápido que pude. Cheguei até os fundos da casa e fiquei lá, sozinho, quieto. Mas não conseguia tirar sua imagem da cabeça, sobre o beijo. Era só isso que martelava na minha cabeça. Eu tinha estragado tudo.
Pelo menos esse beijo serviu para uma coisa: eu amava Bruno. Não como irmão, mas como homem.
Pode parecer absurdo para muitos, mas para mim não. Era um amor platônico! Aquele jeito de ogro me conquistou e eu fui um burro achando que ele tava envolvido nisso. Mas não estava. Mais uma vez eu estava fraco, muito mais fraco do que meu irmão, o irmão que eu amava como homem.
Fiquei sozinho por mais tempo, até voltar pra casa. Imaginei que ele não estaria lá, até porque já era hora dos meus pais chegarem e ele não seria capaz de expor tudo na mesa de jantar. Ou seria?
Não. Bruno não era assim. Pelo mínimo que eu o conhecia eu não podia duvidar de seu caráter. Meus pais chegaram e rapidamente nos sentamos a mesa para comer, mas faltava Bruno. Meu pai perguntou:
- Carlos, você sabe onde está seu irmão? Nem o vi hoje.
- Não pai. Ele passou aqui a tarde, mas saiu e quase não nos falamos.
Eu precisava mentir, já que nunca iria conseguir explicar o que aconteceu. Estava fazendo um lanche enquanto meus pais contavam o dia chato que eles tiveram. Tudo mudou quando ele entrou em casa. Bruno cumprimentou nosso pai e minha mãe e disse estar cansado, indo direto para o quarto.
Me senti culpado. Toda a cumplicidade dos últimos dias tinha ido por água abaixo e qualquer coisa só pioraria as coisas. Terminei de comer e só conseguiria pensar nisso.
Chega!
Eu precisava fazer alguma coisa.
Precisava dizer tudo que estava guardado desde o dia que ele chegou, desde o dia que o percebi como homem, desde o primeiro momento que olhei para ele. Me despedi dos meus pais e fui pro quarto disposto a abrir o jogo.
- Bruno, eu vou falar tudo que eu penso. Se você não gostar eu não... Bruno?!
Ele estava no chão, desacordado. Achei que estivesse dormindo, mas não. Estava desmaiado. Sacudi, balancei e nenhum sinal, ao menos ele respirava. Gritei por ajuda e no mesmo instante meu pai já estava no quarto. Minha mãe ligou o carro disposta a leva-lo para o hospital e eu só fazia chorar.
Tudo estava acontecendo por minha causa, mais uma vez a culpa era minha. Por mais que eu quisesse me isentar, se não rolasse aquele maldito beijo poderíamos estar bem, mas não. O idiota resolveu ferrar com tudo.
Meus pais o levaram para o hospital e eu na recepção apreensivo. Minutos sem notícia. Nada diminuía minha preocupação e minha culpa.
Meu celular toca: Marcos. Aff!
Não era momento pra ele. Era momento de me concentrar e torcer pela recuperação do Bruno, independentemente do que ele tivesse.
Quase vinte minutos depois chega uma enfermeira chamando pela família:
- Então, o paciente Bruno Marinho teve uma elevação brusca de pressão. Ela ainda está alta, mas não há risco de convulsão ou algo do tipo. Vamos esperar baixar e enquanto isso ele vai ficar aqui.
Que ótimo, pelo menos ele já estava bem, acordado. Com certeza ele não iria querer olhar na minha cara, mas eu não iria sair dali.
Meu pai resolveu ir vê-lo e minhas lágrimas não paravam. Minha mãe tentava me consolar, mas a culpa era minha e eu tinha que carregar:
- Carlinhos, ele já tá bem. Daqui a pouco ele vai pra casa, fica calmo.
- É tudo culpa minha mãe, tudo culpa minha. Eu sou um idiota.
Minha mãe me olhava séria, sem entender o que eu disse e eu percebi que falei demais. Me desvencilhei do seu abraço e fui andar pelo corredor. Sabia que se ficasse ali ela me perguntaria o que eu não poderia responder. Aquele corredor silencioso, com algumas pessoas chorando e certo fluxo de médicos e enfermeiras circulando. Meu pai saiu do quarto e passou direto, não me percebendo encostado na parede.
Não aguentei, precisava vê-lo. Mesmo se ele me enxotasse dali eu superaria, pelo simples fato de perceber que ele estava bem. Era isso que me faria bem. Segui para a porta do quarto até criar coragem de abri-la devagar. Ele estava virado para o outro lado. Me doeu muito saber que ele estava daquele jeito, tomando soro, visivelmente abatido. Dei mais dois passou, só queria vê-lo de perto, saber que estava bem. Minha paz acabou ao ver ele se virando, me olhando com a mesma raiva de mais cedo:
- Carlos?! Tá fazendo o que aqui?
CONTINUA...