Alana, você sabe que horas são? – disse com a pior voz do mundo, estava praticamente um morto-vivo.
-Sei, hora de dar início à minha operação.
-Operação? Do que você está falando? – a garota vem falando de operação às 8 da manhã, na situação que eu estava, se ela falasse qualquer coisa simples como “Bom dia” eu não entenderia…
-Minha operação Eric, você vai me ajudar, já tenho uma ideia pro Félix ficar comigo.
-Félix? Alana, podemos ver isso depois?
-Tudo bem, estou indo aí.
Nem me deu chance de dizer não, era doida, como eu poderia empurrar alguém que eu estava gostando pra cima da outra, sendo que essa pessoa ainda por cima era gay.
-Amigo, temos que executar esse plano urgente, hoje se possível.
-Hoje? – eu não ia contar a ela, isso era dever do Félix, ele que era o alvo, não estragaria minha amizade com a Alana, mas tentava persuadir para ela tirar isso da cabeça – deixa ele pra lá Alana, tem monte de garoto que é doido por você.
-Escuta Eric, hoje vai ter uma festa, você vai fazer o Félix beber um pouco além da conta, eu fico com ele, ele vai gostar e então vamos ficar juntos.
-Nossa amiga, que plano brilhante, tem tudo pra dar certo – disse com a maior ironia, o plano era horrível, nem na malhação funciona mais.
-Foi o melhor que consegui pensar – ela fez uma cara de pensativa, a inteligência não era a melhor das qualidades dela – mas ele é tão lindo, aqueles olhos, aquela boca gostosa, nossa, deve beijar muito bem.
Ao longo do que ela ia falando, eu ia lembrando de como ele era realmente lindo, gostoso e a boca era maravilhosa, sem falar que beijava muito bem.
-É mesmo.
-O que?
-É mesmo… - gaguejei um pouco – temos que executar o plano hoje, vamos combinar com ele.
Foi uma correria, combinamos com o Félix e fomos pra festa, lá dentro ficamos os três juntos, nada foi falado sobre o plano, nem mesmo estava sendo executado, o tempo todo o Félix me dava aqueles olhares de “te pego na saída”, os meus estavam mais pra “que situação”.
-Gostou do meu vestido Félix – disse Alana investindo no produto.
-Você está ótima – ele nem chegou a reparar, apenas deu um elogio, como qualquer pessoa faria.
-Nossa, hoje de manhã estava em casa e lembrei de você, aí pensei em chamar você pra sair, ainda bem que veio.
-Bem legal, bom que você chamou, talvez seja uma oportunidade de ficar com uma pessoa bem interessante – ele disse olhando de canto para mim, eu só disfarçava olhando pro lado, fingindo que não era comigo.
-Pessoa interessante? – ela estava cheia de esperanças, achando que era ela a pessoa – sei…
Eu não estava mais aguentando aquela situação, minha amiga se humilhando pra um cara que nunca vai ficar com ela e minha melhor amiga dando em cima do cara que eu gosto – não pode! – estava comigo…
Para esclarecer com ele tudo o que estava acontecendo eu o chamei para conversar a sós, na hora que estávamos saindo, olhei para a Alana, ela me voltou um sorriso enorme e fez “joinha” – estava perdido.
-Estava com saudade – disse o Félix todo carinhoso, olhando nos meus olhos.
-O negócio é o seguinte, a Alana está com um plano de ficar com você e eu não quero isso, você tem que resolver essa situação de qualquer jeito - falei um pouco bravo.
-Plano? Ficar comigo? Que história é essa?
-Ela foi lá em casa e me chamou pra ajuda-la a ficar com você – estava de braços cruzados e olhando pro chão, eu não tinha nada sério com ele, mas não estava gostando daquilo.
-Que lindo, Eric você está com ciúmes… - ele ficou uma mistura de impressionado com feliz, afinal quando está com ciúmes de alguém é porque a pessoa gosta.
-Não estou nada, é só que não tem nada a ver ela ficar com você sendo que estamos juntos.
-Então nós estamos juntos?
-Não é bem isso que eu quis dizer, você entendeu…
-Antes disso tudo me responde uma coisa…
-Que foi?
-Namora comigo? – ele segurou minha mão disfarçadamente pra ninguém olhar.
-Félix, eu não sei, a gente conversou sobre isso…
-Eu sei que conversamos disso e você disse não uma vez, mas é que depois desse seu ciuminho fofinho, achei que você aceitaria…
Ele fez uma carinha tão tristinha, cão pidão, tão cuti cuti – para de bobeira Eric – mas eu fiquei com dó, o problema do namoro não era ele, era eu – desculpa velha – mas era verdade nesse caso, eu que não sabia se queria algo sério, mas eu me dei uma chance de mudar isso, parar com essa coisa, então decidi aceitar o pedido, seria uma experiência nova pra mim, poderia aprender muito.
-Tudo bem.
-Que foi?
-Eu namoro com você.
-Sério? Assim do nada?
-Não foi do nada, já é a segunda vez que me pede.
-Estou tão feliz que aceitou, quero te beijar, agora mesmo.
-Vem comigo – coloquei a mão no ombro dele chamando e fui andando pra fora.
O levei pra fora, procuramos um lugar que estava deserto, então nos beijamos, era tão estranho, a pouco tempo estava pegando meu melhor amigo, agora ele era meu namorado, a vida é uma caixa de surpresas.
-Já disse que estou muito feliz?
-Acho que sim.
-Eu quero dizer que gosto muito de você e prometo que vou te fazer a pessoa mais feliz do mundo, vou ser o melhor namorado que você poderia ter – ele disse me dando um selinho, seguido de um abraço bem apertado, gostoso.
Eu não falei nada, ele era meu primeiro namorado, não tive aquele envolvimento com ele, aquela coisa de paquera, tudo aconteceu de repente, aquele sentimento, amor, não existia ainda, não tinha dado tempo de alimenta-lo, tínhamos uma grande árvore chamada amizade, mas esperava que aos poucos isso mudasse, era difícil porque ele falou que gostou de mim desde sempre, mas eu nunca cheguei a vê-lo com os mesmos olhos.
-Espero que dê tudo certo.
Ele me olhou com a cara meio estranha, tipo ele falou coisas lindas e eu disse "espero que dê certo", mas ele nem falou nada.
Ficamos ali abraçados um tempo, ele então me deu um beijo, tudo estava ótimo, o beijo, a noite, o garoto, até que eu ouço um nome que não gostaria de ter ouvido naquele momento, soou como uma pancada na cabeça, um turbilhão.
-Eric?
CONTINUA…