Oi gente :)
Primeiro de tudo queria esclarecer que este conto não é assim tão fictício, para falar a verdade só alguns nomes de pessoas estão trocados. Eu sei que pode parecer estranho o Pedro no inicio ter referido que era fictício, mas de certa forma era uma maneira de proteger a nossa identidade, não sei se me faço entender. Apesar do anonimato porque ninguém tem qualquer acesso aos nossos dados, nós pensamos que o melhor seria dizer que era fictícia. Mas fomos percebendo que não tínhamos nada a esconder, e que não há problema algum em contar a nossa história de amor para quem queira ler. Às vezes num mundo tão preconceituoso temos um certo 'receio' de dar a cara, mas vocês ajudaram-nos a ver as coisas de outra forma, afinal o que importa é haver amor.
Não importa se o amor é entre homens, entre mulheres, entre pessoas do mesmo sexo. O que importa é que exista amor e que esse amor possa ser vivido em pleno!
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Agora voltando para mais um capitulo da nossa história, espero que continuem a gostar :)
Bem, vou continuar a contar como nos conhecemosFui para a cozinha com a Clarice e aos poucos ela foi percebendo que eu afinal não estava brincando e que afinal até me desenrascava bem na cozinha rsrs
Clarice: Bonito, charmoso, bem educado e ainda sabe cozinhar, oh meu Deus tire-me uns 30 anos para eu aproveitar de novo a juventude rsrs – disse isto levantando as mãos para o céu.
Clarice: Esse olho negro é que não combina muito com você.
Eu: Eu fiz por merecer. – e fazia tudo de novo.
Clarice: Mas saiba que o menino Pedro não é o violento, mas ele tem uma grande ferida que ainda não ficou curada. – ela agora já estava séria.
Eu: Amor?
Clarice: Um grande amor… uma grande dor. – disse continuando a mexer nas panelas – e ele agora pensa que por ser cego não vai encontrar alguém que o ame mesmo assim.
Eu: Mas ele é, como é que eu posso dizer isto… ele é… lindo – sentia-me um pouco envergonhado – não devia ter medo do amor.
Clarice: E você só viu o seu exterior, acredite que o interior é muito mais bonito. Ele precisa que alguém mostre realmente que o ama independentemente da cegueira, que lhe mostre que isso não é um obstáculo – disse isso olhando para mim.
Desviei o olhar para as panelas.
Eu: Acho que está pronto.
Clarice: Está sim, pode ir na sala avisar que está pronto?
Eu: Claro, volto já.
Fui para a sala e estavam quatro pessoas, o senhor que não conhecia devia ser o pai de Pedro. Estavam todos muito divertidos.
Eu: Desculpem incomodar mas o jantar já está pronto a ser servido.
Sr. Francisco: Então este é o famoso Afonso?
Eu: Creio que sim senhor. – aquele homem era mesmo imponente, intimidava só de olhar para ele.
Sr. Francisco: Vejo que o meu filho já se consegue defender bem de rapazes atrevidos, espero que não volte a acontecer, porque se voltar de certeza que não fica só com um olho negro.
Eu: si.. sim.. na.. não volta a acontecer – que vergonha meu Deus.
D. Antónia: Francisco não assuste o rapaz, ele já aprendeu a lição.
Todos riram menos eu e elq, manteve o rosto sério e olhava-me nos olhos. Senti-me completamente nu e não era no melhor sentido da palavra rsrs.
Pedro: Vamos jantar então. – disse levantando-se e passando por mim.
Quem o visse andar pela casa de certeza que não reparava que ele era cego. Ele não andava muito depressa mas desviava-se dos obstáculos como se os estivesse a ver.
E mais uma coisa, alguém diz a este rapaz para apertar os botões da camisa. È que se ele continuar a passear assim pela casa com aquele peito à mostra eu juro que lhe salto em cima e não me importo de levar uma tareia rsrs
Levantaram-se todos e dirigiram-se para a mesa. O pai dele passou por mim e olhou-me nos olhos, juro que senti muito medo rsrs
Clarice: Sentem-se e aproveitem porque hoje eu arranjei um ajudante competente. – disse sorrindo.
D. Antónia: Mas então ele ajudou ou atrapalhou?
Clarice: Vocês sabem que eu não minto – olhou para todos – mas realmente ele realmente percebe do assunto – disse sorrindo – feliz daquele que ficar com ele como cozinheiro particular rsrs eu se tivesse menos 30 anos não deixava escapar.
Todos riram menos o pai do Pedro.
Até eu ri um pouco rsrs já não me sentia tão envergonhado.
Começamos todos a jantar e realmente era visível que eram uma família muito feliz, todo o mundo brincava, ria, zoava rsrs era uma animação.
No início até estranhei o facto de Clarice se sentar connosco à mesa,, não por achar que os empregados não se devem sentar à mesa, mas sim porque não é muito comum isso acontecer. Mas logo percebi que ela também fazia parte da família.
Clarice: Agora para a sobremesa vem uma coisa bem simples preparada apenas pelo menino Afonso.
Gostei de a ouvir chamar-me de menino Afonso rsrs
Clarice: Morangos com chocolate!
Sílvia: Mas isso até eu sei fazer.
Clarice: Então prove o que ele fez com o chocolate e depois diga qualquer coisa.
Ela olhou para mim com cara de desconfiada e molhou um morango no chocolate. Levou à boca provou e ficou uns segundos saboreando de olhos fechados.
Sílvia: Minha mãe do céu! Isto não é chocolate, isto é qualquer coisa divina!! – ela quase que saltava da cadeira rsrs
Começaram todos a rir.
Sílvia: Qual é o seu segredo? – olhou para mim com os olhos bem abertos rsrs
Eu: É segredo de família, não posso mesmo contar – disse sorrindo.
Sílvia: Não quer contar não conte, mas por favor você tem de vir cá a casa mais vezes e fazer esta sobremesa. Eu sei que engorda, mas prefiro passar 50 horas seguidas no ginásio só para poder comer isto outra vez.
Todos riram e foram provando a sobremesa. Conforme iam provando iam elogiando. Mas eram mais contidos do que a Sílvia rsrs
Ficamos uns minutos na sobremesa, até que tocam num assunto um pouco delicado.
Clarice: Então menino Pedro, tudo pronto para o tratamento?
O pai dele e Sílvia olharam para mim com cara de “esta conversa é particular e você não devia estar aqui”. Confesso que me senti um intruso.
Pedro: Sim, está tudo pronto – disse sorrindo, parecia ansioso e nervoso ao mesmo tempo.
Sr. Francisco: eu já ouvi falar em muitos casos de sucesso, em alguns casos os pacientes recuperaram muito pouco mas isso mudou a vida deles.
Pedro: eu não me importava de recuperar só um pouco.
D. Antónia: Vai ver que vai correr bem, já rezei muito a Deus e sei que ele não o vai fazer sofrer mais.
Clarice: Eu também já acendi umas velinhas à Nossa Senhora de Fátima e ela vai fazer um milagre, eu sei que sim. - disse com as mãos juntas como se estivesse a rezar.
Pedro: Eu sei que pode não dar certo, mas eu acredito que vou sair de lá diferente – disse sorrindo.
Apenas Sílvia não parecia muito entusiasmada. Continuou sentada a olhar para nada em concreto.
Eu também permaneci calado, não me quis meter num assunto tão sério, afinal ainda era um estranho naquela casa.
Clarice: Bem vou levantar a mesa porque ela não se arruma sozinha – disse levantando-se.
Eu: Eu ajudo. – disse juntando alguns pratos.
Pedro e Sílvia foram para o sofá da sala, ela continuava séria. D. Antónia e Sr. Francisco foram para o alpendre com vista para o mar, pareciam dois namorados rsrs via-se bem que ainda eram apaixonados um pelo outro.
Fui para a cozinha ajudar Clarice, afinal como vivia sozinho no apartamento já estava acostumado a tratar das lides domésticas rsrs
Eu: O Pedro vai fazer algum tratamento aos olhos? – eu sabia que não devia perguntar, mas fiquei curioso.
Clarice: Vai sim, e eu sei que ele vai ficar bom. Eu sei! – disse visivelmente otimista.
Eu: Espero bem que sim, ele com certeza merece. Quando é o tratamento?
Clarice: É no próximo sábado de manhã, porquê?
Hoje era quarta feira.
Eu: Curiosidade apenas, mas depois gostava de saber se correu bem ou não.
Arrumamos tudo e voltamos para a sala.
Eu: Bem eu não queria incomodar, mas se aquela boleia ainda estiver de pé eu aceito, é que já está a ficar tarde.
Eu tinha todo o tempo do mundo, até porque estava de férias e no dia seguinte podia dormir até tarde sem ninguém me incomodar.
Pedro: Sim, a Sílvia pode deixa-lo em casa.
Ela fez aquela cara de quem não gostava muito da ideia rsrs
Sílvia: Mas você vai comigo – disse isso puxando por Pedro para ele se levantar.
Pedro: Tudo bem, mas deixa só eu vestir umas calças para não ir assim para a rua.
Graça a Deus, alguém lá no céu me ouviu, juro que já não aguentava mais olhar para aquele peito lisinho que chamava por mim rsrs e aquela sunga branca também me deixava bem louco rsrs acho que até Sílvia percebeu que eu olhava para ele de cima a baixo rsrs
Fomos para o carro de Sílvia e eu dei-lhes as indicações. Ainda andamos um bom bocado até chegar ao apartamento.
Sílvia: Não me diga que você correu desta praia até à praia da casa do nosso avô? – perguntou com cara de espanto.
Eu: pois, foi isso mesmo – até eu estava admirado – não pensei que fosse tão longe. Eu sempre adorei correr mas nesta fase final do curso não tive tempo para mais nada a não ser estudar. Mas espero voltar a correr agora que começar a trabalhar, espero arranjar um tempo.
Sílvia: Mesmo assim vê se prá próxima tem mais cuidado, pode não ter a sorte de cair na nossa praia rsrs
Eu: Bem, muito obrigado por tudo e peço desculpa por qualquer incomodo.
Levantei a mão para cumprimentar Sílvia, afinal acho que ainda não tínhamos intimidade suficiente para eu me despedir com um beijo rsrs ela me cumprimentou.
Eu: Pedro posso ficar com o seu número? É que eu estou com a sua roupa e depois preciso devolver.
Sílvia: E não podia ter pedido o meu número? – pergunta ela levantando a sobrancelha – Não precisa ficar assutado, já percebi que não faço o seu género rsrs
Pedro: aponta aí – e disse-me o número para eu apontar.
Eu: Obrigado mais uma vez.
E levantei a mão para o cumprimentar. Fiquei com a mão no ar até me lembrar que ele não via e não fazia ideia que eu estava à espera que ele me cumprimentasse rsrs
Então peguei na mão dele.
Será que algum dia vou deixar de me arrepiar sempre que lhe tocar? È que assim não dá para controlar rsrs e acho que ele também se voltou a arrepiar rsrs
Eu: Bem, vou indo.
Abri a porta do carro e saí. Já ia para a entrada do prédio mas antes de abrir a porta voltei-me para trás, o carro ainda lá estava.
Eu: Se você continuar a achar que depois de lhe ter tocado me arrepiei por pena eu não o incomodo mais. Mas se perceber que isto eu não consigo controlar não me dê um soco da próxima vez – falei alto para toda a gente ouvir, não tinha nada a perder.
Algumas pessoas que passavam na rua ficaram paradas a olhar para mim, Sílvia começou a rir e Pedro tentou esconder a cara rsrs
Entrei no prédio e fui para o meu apartamento.
Deitei-me no sofá da sala e só pensava naquele cara a olhar-me nos olhos. Eu sei que ele não via, mas aquele olhar tirava-me o chão, eu sentia-me nas nuvens.
Agora estava determinado, ele podia não querer nada comigo mas eu não ia desistir facilmente.
Tomei um banho rápido e só de pensar que estive agarrado àquele corpo quando ele me levou do mar para casa do avô dele o meu pau logo ganhou vida rsrs e tive de me aliviar não uma, não duas, nem três, mas sim quatro vezes, até começar a doer um pouco rsrs
Fui para a cama e comecei a pensar numa maneira de conquistar aquele rapaz. Pelo menos tinha um motivo para o voltar a ver, tinha de lhe devolver a roupa, já era um começo rsrs…
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CONTINUA…
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Bem gente mais uma vez percebi que preciso de mais um capitulo para contar o inicio da nossa historia rsrs eu que pensava que não havia muita coisa para contar, mas afinal não é assim tão simples.
Vocês já sabem como nos conhecemos mas acho que também vão gostar de saber como foi que este amor começou a crescer.
Um grande abraço… até amanhã ;)