Pronto meus lindos, mais uma parte postada e espero que todos gostem hehe Beijos!!
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Revelação de Luiza.
“... então é isso, Cláudio. Na verdade sempre gostei de Guto e confesso que até comecei a namorar Marcello para ficar mais perto dele. É, mas acho que ele nunca gostou de mim e eu até acredito que isso tenha haver com o fato de eu, na verdade, demonstrar sempre o contrário do que eu sentia por ele.
Eu estava sempre implicando, de forma disfarçada, mas acho que ele acabou percebendo e certa vez me ouviu dizer a Marcello que eu não queria que ele andasse muito com o Guto porque eu o achava galinha.
Ele havia ficado com duas amigas minhas, em uma festa e eu tive uma crise de ciúme por conta disso daí disse a Marcello que sentia dor de cabeça e que fossemos embora. Sei que fui uma perfeita idiota e que não deveria ter forçado a barra para namorar Marcello gostando do Guto, mas Marcello parecia gostar de mim e eu não queria ficar só.
Eu me sinto péssima com isso e sinto muita vergonha de ambos. Eu sei que terminei por usar Marcello e me sinto horrível com isso, mas perceba, eu não conseguia dominar o que eu sentia por Guto.
Cláudio eu só estou desabafando tudo isso contigo porque eu sei que você será a última pessoa no mundo a me julgar. Eu conheço o seu coração e sei que irá me entender, você sempre me entende até quando eu o maltrato e sei que eu tenho sido uma droga de amiga esses anos todos, mas eu enxergo que só tenho você como amigo.”
Dúvida.
Eu fiquei ali parado ouvindo a voz da Lu baixinho ao telefone. Não sabia como reagir diante daquilo. Não era fácil de acreditar. Não sei se havia ouvido certo, mas... enfim, toda aquela implicância com o Guto, e aquela propaganda negativa sobre ele... tudo aquilo não passava de amor reprimido?
Confesso que minha cabeça deu uma volta e não pude assimilar no mesmo instante. Porque ele não se declarou para ele diretamente? Porque usou Marcello? Porque então falava tão mal do Guto?
Teria a Lu o raciocínio comprometido? Ela escolheu o pior caminho e porquê? Acho que nunca vou entender o universo feminino. Só sei que minha amiga havia me confidenciado uma coisa que jamais havia considerado. O asco que ela parecia nutrir por Guto era notório, como terá sido esconder que o amava ou ainda, como será ter mentido pra si mesma?
Sei que ela sofre e acho que encontrei aí a razão por sua recusa em falar com Marcello, penso que ele pode ter desconfiado de algo, talvez tenha percebido e isso tenha arrefecido sua dedicação e interesse por ela, na verdade não sei, compreendo apenas que essa estratégia esdrúxula da Lu a fez sofrer e só resultou em dor para todos os envolvidos.
Prosseguimos em outros assuntos, mas não nego que o que ela havia me dito não me saia do pensamento. Nos despedimos e passei quase uma hora com aquela sensação estranha no corpo, um misto de alívio, pena, estranheza, pena, mais pena ainda e sem saber se queria levantar da cama. Imaginei que talvez realmente não tenha eu sido a causa do rompimento entre ela e Marcello. Gosto dela, queria poder ajudá-la, mas não sei como ou se devo.
Surpresa
De qualquer forma, devia dormir, bem cedo Marcello estaria aqui para irmos para a Chapada, seguiríamos até Alto Paraíso e de lá para São Jorge, Guto iría conosco e acho que deveria esquecer um pouco a Lu e seus problemas e aproveitar o final de semana ao lado de Marcello, mas esquecer do sofrimento de uma amiga não dá. O sono sobreveio à preocupação de adormeci.
Senti o cheiro e os lábios doces de Marcello sobre os meus e respondi ao beijo recebido. Por um instante esqueci estar no meu quarto na casa dos meus pais e quando disso recordei, levei um susto. “Marcello? Meus pais estão em casa!!!” disse a ele quase que em tom de repreensão.
Mas ele sorriu e disse: “Não estão não, você sabe que horas são, meu coelhinho dorminhoco? São sete da manhã. Quando cheguei seus pais estavam saindo para o trabalho da igreja e me disseram que poderia entrar e acordá-lo. Faz meia hora que estou aqui olhando você dormir.
Imagina... eu nem gostei... hehehehe”. Eu me levantei e tomei meu banho arrumei as coisas, tomamos um café ligeiro e fomos apanhar o Guto que havia acabado de chegar da rua. Ele estava em uma festa na casa de uns amigos e disse que precisava só de um banho rápido e que logo estaria novo.
Novo? Durante a viagem ele dormiu o tempo todo, até roncou hihihihi. Olhando para o Guto eu pensei se a Lu suportaria esse espírito livre que ele tem. Acho que às vezes quando as coisas não se acertam é porque não havia destino para isso.
Alto Paraíso.
Acho que depois das contas feitas o que melhor ocorreu foi a Lu e o Guto não terem namorado do contrário ele teria se aborrecido muito, mas não sou eu quem deve julgar isso. De qualquer forma ele é livre e honesto, não faz promessa, mas quando faz as cumpre o problema reside no fato dele parecer haver feito a promessa de nunca assumir compromisso sério.
Quando chegamos a Alto Paraíso Guto insistiu para tomarmos uma cerveja para espantar o calor da estrada. Notei os olhares das meninas sobre nós. Uma delas até quis entabular uma conversa, trocou telefone com o Guto, como não poderia deixar de ser e uma outra do grupo se dirigia na direção de Marcello que quando percebeu, sem cerimônia se levantou e foi pagar a conta.
Entendi o que ele fez, a moça ficou sem graça e se afastou. Uma terceira me perguntou as horas e quis conversar mais, mas acertei o anel de compromisso no dedo de forma que entendessem que estou compromissado.
“Guto, vamos?” Disse Marcello muito mais ordenando que perguntando. É chato lidar com o assédio às vezes, pior é assistir o namorado sendo assediado, mas acho que começamos a desenvolver resistência a isso.
Quando chegamos a São Jorge, Marcello havia reservado dois quartos, um para Guto e outro para nós dois, com cama de casal. Dessa vez desistimos de acampar porque tem feito muito frio nesta época do ano quando anoitece. Ocorre que o quarto que ele havia reservado para nós não fôra preparado para um casal e ele ao notar a presença de duas camas de solteiro ao invés da de casal pedida, desceu para reclamar.
Hotel.
A moça da recepção disse que como se tratava de dois rapazes ela pensou que ouviu errado. “Errado como?” Marcello trovejou sobre ela e chamou a gerente que discretamente resolveu tudo, se desculpou e nos alojou em outro quarto, ligeiramente superior e com cama de casal.
“Eu me irrito muito quando isso acontece, me desculpe, Claudinho” disse Marcello ao que respondi que não tinha importância e que o que realmente importava era o fato de estarem juntos para aproveitar o final de semana, daí ele sorriu, nos beijamos e fomos conferir se na banheira realmente cabiam duas pessoas.
Mais tarde recebemos da gerência um pedido de desculpas e uma cesta com bombons e um vinho “cachorro” segundo Marcello que tem horror ao vinho Canção que segundo ele é gasolina pura hahaha. Ele despejou no vaso e deixou a garrafa onde poderiam imaginar que a bebemos.
Eu me divirto com algumas atitudes dele. “Não poderia magoá-la não é mesmo, coelhinho?” Ele indagou-me com um sorriso maroto no canto dos lábios.
Aproveitamos para namorar um pouquinho e a noitinha nos encontramos com Guto que fora parar no outro quarto pensando que lá nós estaríamos. Nele instalaram duas estrangeiras com as quais Guto já havia feito amizade e estava “Treinando” seu espanhol com uma delas.
Novas amigas.
Eram Argentinas e até bem agradável sua companhia. Combinamos de ir a um bar onde tocava música ao vivo todos juntos, nós cinco.
Já no bar, depois de doses de conhaques e algumas tequilas Ana e Guto resolveram “caminhar pela noite de São Jorge” a outra, Rafaela, ficou conosco e perguntou a Marcello se éramos namorados, ele disse que sim e ela disse que se não fossemos seria uma pena. (?)
Perguntei a ela porque e recebi como resposta: “Vocês são lindos juntos”. Ela é lésbica e viera para conhecer uma garota com quem fez contato pela Internet e ainda disse que momento em que nos viu na recepção entendeu que éramos um casal (terá notado nossos anéis de compromisso?), daí nos sentimos mais a vontade e eu por meu lado mais solto para ficar abraçado a Marcello.
O bar em que estivemos era um bar bem liberal e vimos outros dois casais como nós por lá; a freqüência do lugar era selecionada e indiferente ao fato de haver pares do mesmo sexo no recinto.
Rafaela nos deu muitas dicas de bons lugares em Buenos Aires e por ela ficamos sabendo que aprovaram uma lei de união para “parejas especiales” como nós. A conversa foi ótima e as convidamos para uma trilha conosco no outro dia.
Curtindo.
Mais tarde da noite Rafaela encontrou a garota que viera conhecer, era uma morena linda, generosa nas formas, olhos de amêndoas e sorriso de pérolas.
“Hasta mañana meninos, no se van a dormir muy tarde eh?” Disse ela com sotaque carregado quando se despediu de nós.
Marcello e eu ficamos ali curtindo uma bandinha até boa, e não sei porque acho que a atmosfera do local me deixou realmente relaxado, tanto que me permitir, sem pressa, beijar Marcello que entre um conhaque e outro me disse ao pé “Agora eu quero ficar sozinho com você meu namoradinho lindo” Fiquei arrepiado com o toque da sua boca no meu pescoço.
Voltamos para a pousada onde no quarto Marcello tocou violão para mim e namoramos olhando o céu pela janela. São Jorge é um lugarejo muito pequeno, rústico e muito simples, na entrada do parque da chapada, mas gostamos muito, estar próximos ao mato, perto da natureza é algo que Marcello e eu amamos. Dormi com a cabeça no colo dele enquanto ele tocava.
Curtindo II.
Na manhã seguinte foi minha vez de acordá-lo para a caminhada no parque, ele dormia como um bebê e deu até pena despertá-lo. Enquanto ainda dormia fiquei estudando seu rosto, seus traços, parado fiquei observando o arfar do seu peito.
Às vezes paro e observo seu corpo, seu rosto, seu jeito e entendo que amar é isso, é descobrir no outro um novo ser a cada dia. “Cachorrinho, acorda, está na hora!” Eu disse em seu ouvido. “A não coelhinho, só mais cinco minutinhos!” Ele pediu e me abraçou pra ficar com ele de conchinha.
Terminamos por dormir até às 10h hihihihi. Acordamos, pedimos um café reforçado e ligamos para o celular do Guto. Anna atendeu (*). “O Guto? Chá acortou sim” Respondeu ela com seu indefectível sotaque porteño hihihi.
Marcamos de nos encontrar na entrada do parque. Rafaela havia sumido, imagino que sua amiga a tenha feito entender que havia outro programa mais interessante a ser feito naquele dia de sol.
Bom, como já conhecemos o local temos nossos lugares preferidos e por uma coincidência sem explicação, naquele dia a freqüência havia sido mínima, então pudemos ter alguns pontos só nossos.
Nadamos, caminhamos. E ao retornar a São Jorge encontramos Rafaela e sua amiga na praça. Ela nos convidou para bebermos com ela e ficamos por ali jogando conversa fora por algum tempo.
Tarde agradável demais até que apareceram dois caras que sentaram à mesa atrás da nossa e ficaram nos observando. Marcello notou na hora.
Nervos.
De vez em quando eles soltavam uma piadinha de mau gosto, riam e bebiam, Havia um terceiro rapaz no balcão que ficava olhando a gente também e estava visivelmente incomodado conosco.
O bar que Rafaela escolhera era também de categoria duvidosa isso é o que a elegância me permite dizer, mas estando em São Jorge e em boas companhias tudo bem.
A coisa ficou quente quando um deles passou por nós e soltou essa: “... O meu nome é Valdemar...” Buscou a cerveja e voltou à mesa rindo. Marcello ficou vermelho como um pimentão de raiva.
Eu não entendi porque; depois fiquei sabendo que é trecho de mais uma daquelas cançõezinhas idiotas em que estigmatizam os homossexuais. Marcello estava até se controlando e já íamos embora, estávamos saindo quando um deles resolve cantar um outro trecho em que... sei lá alguma coisa Telma eu não sou gay, perto de Marcello.
Marcello se virou, segurou no pescoço do sujeito, suspendeu o cara e disse com ódio nos olhos: “ EU SOU GAY , Ô VALDEMAR. QUAL O PROBLEMA? VOCÊ É MACHO PRA ME ENCARAR?” EU fiquei sem reação e vi o sangue italiano de Marcello ferver. Rafaela não entendeu nada e sua amiga morena saiu puxando-a pelo braço.
Desculpas forçadas.
O outro cara se levantou e veio pra cima do Marcello, Guto deu uma chave de braço nele e disse pra ele ficar parado onde estava.
Marcello abaixou o outro e disse para ele pedir desculpas. O cara parecia assustado, mas não queria pedir desculpas e Infelizmente disse a Marcello: “Eu não vou pedir desculpas pra você seu v* filho da p*”.
O que aconteceu em seguida me deixou assustado. Marcello,com uma mão, torceu o braço dele até ele se ajoelhar e disse que o quebraria se ele não pedisse desculpas. O sujeito já chorando pediu perdão e Marcello o soltou e disse: “Vira um risco!” O cara saiu correndo do jeito que podia enquanto o Guto se acabava de rir em uma gargalhada e soltava o outro cara que saiu correndo assustado atrás do primeiro.
“Vamos voltar logo antes que você arrume confusão seu viado brabo hehehehe” disse o Guto rindo pra Marcello que respondeu “Fica brincando que eu quebro o seu braço”. Marcello se virou pra mim, pediu desculpas, segurou na minha mão e saímos como se nada houvesse ocorrido.
Das poucas almas que estavam naquele boteco sentimos aprovação em seus olhares e de um senhor que estava sentado na porta pudemos ouvir “Bem feito, para aqueles dois; eu sabia que ia aparecer alguém pra dar um corretivo neles”.
Retorno.
Ao chegar a pousada tomamos um banho demorado, Marcello se desculpou mais uma vez e disse que não pôde se controlar e eu pedi que das próximas vezes ele se esforçasse porque perigoso é o homem que não tem nada a perder e aqueles bem são do tipo que não têm expectativa que seja, que poderiam estar armados e de repente fui calado com um beijo e fizemos amor dentro da banheira mesmo.
Dormimos um pouco e saímos para comer algo. Guto nos encontrou mais tarde e voltamos ao mesmo bar da noite anterior e encontramos Rafaela que perguntou o que havia ocorrido e a informamos de tudo.
Ela pensou que fosse um seqüestro ou coisa assim, (é incrível com gringo acha que tudo é seqüestro!). Guto nos fez rir de algumas coisas e esquecemos por completo do episódio. Rafaela Nos convidou para conhecer a sua casa em Buenos Aires e trocamos telefones.
Nos despedimos e a nova amiga de Guto ficou de retornar no final do ano.
Resolvemos voltar na noite de domingo mesmo, de lá saímos por volta de 23h40 e por acaso do destino no posto onde abastecemos os rapazes que haviam nos provocado eram frentistas.
Eles levaram um susto quando Marcello desceu do carro. O outro que Guto segurou veio pedir desculpas e perguntar se iríamos dizer alguma coisa ao gerente do posto. Guto simplesmente o ignorou como se não o conhecesse.
O outro se desfazia em gentilezas e agrados perguntando se queria que ele lavasse o pára-brisas, se queria que ele calibrasse os pneus. “Só enche o tanque e vaza daqui” Marcello respondeu ríspido.
Retorno II.
É interessante como algumas pessoas se comportam com relação a essa questão. Quando um gay ocupa uma posição superior ele é respeitado e isso é triste de se notar. Penso que aceitam nosso dinheiro, mas nós não.
Dá vontade às vezes de só comprar o que quer seja de estabelecimentos cujo dono seja gay ou empregue funcionários gays. Só assistir a canais voltados ao público gay e carimbar nosso dinheiro com triângulos rosa com os gays já fizeram nos EUA para mostrar que estamos aqui e que somos cidadãos merecedores de respeito como todos os outros brasileiros.
Isso é só um pequeno desabafo, em verdade sou contra esse tipo de coisa por entender que não é esse o caminho.
Terminamos de abastecer e retornamos sem maiores contratempos.
Nem Marcello nem eu teríamos de trabalhar na manhã da segunda e resolvemos ir para casa dele e dormir um pouquinho antes de irmos trabalhar a tarde. Antes disso deixamos o Guto em casa porque ele teria que estar cedo no escritório.
Ao acordarmos fizemos um lanche reforçado e Marcello me deixou no trabalho. Marcamos dele me apanhar depois da facul e de lá para minha casa fomos.
“Você já disse aos seus pais que viajaremos?” ele me perguntou ao que respondi que não e nem sabia como dizer. “Temos que providenciar isso para logo Claudinho, quer que eu o ajude a falar com eles?” Ele perguntou visivelmente preocupado e com aquela voz mansinha que me faz o amá-lo mais.
Não sei realmente como dizer a eles que vou sair do país com Marcello, não sei como explicar a eles que ganhei a passagem tampouco o porquê. Isso tem me ocupado os pensamentos ultimamente e não encontrei ainda uma solução.
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