Vamos nessa...
Fiquei pensando o que fazer, não imaginava que ele fosse tão radical, então me pus no lugar dele e realmente eu ficaria bravo, mas o que eu faria? Contaria a ele e trairia a confiança do meu sogro, que agora mantinha um bom relacionamento comigo ou trairia a confiança do meu namorado não contando. Resolvi não fazer nada, deixaria passar a raiva pra conversarmos pra não ter uma discussão desnecessária!
Fui deitar, não chorei tava cansado de choro já, não demorei muito a dormir. Na manhã seguinte fui tomar meu café sozinho na padaria, recebi uma mensagem de texto no celular. Era do Ricky e dizia: Tá em casa? Queria conversar.
Eu respondi: “Ah então agora você quer ouvir o que eu tenho a dizer?”
Ele disse: “Meia-hora ok?”
Tomei meu café rápido e fui pra casa, chegando lá o carro dele estava na calçada, vazio ele já devia ter subido. Acertei, quando abri minha porta lá estava ele. Ele veio me beijar mas virei o rosto.
Eu: - Ta achando que é assim? A gente briga e acaba em sexo e tudo fica bem?
Ricardo: - Seria muito bom.
Não resisti e acabei sorrindo, droga como sou fraco.
Ricardo: - Eu tava meio descontrolado, fui pra casa e meu pai conversou comigo sobre tudo que você fez por ele todo esse tempo, eu fui um otário e injusto com você. Eu na verdade tenho muito que te agradecer, por tudo, tudo mesmo que você fez por mim e pela família desde que nos conhecemos, até aturar minha mãe.
Eu: - Olha...
Ele me interrompeu.
Ricardo: - Deixa eu falar. Você é maravilhoso pra mim, nunca me deixou na mão e ontem eu só precisava te ouvir, desculpa, de verdade meu amor.
Fiquei encantado, quem não gosta de ouvir um eu te amo e uma declaração?
Então eu não contive um sorriso, ele me beijou e eu deixei rolar. Logo que o clima foi esquentando, como esperado fizemos amor até de tarde, foi muito bom, muito intenso.
Eu não via a hora de chegar as férias, não faltava tanto, mas queria curtir de verdade, ir viajar de repente. Mas ainda teria um tempo até lá, inclusive a cirurgia do meu sogro que se aproximava.
No dia da cirurgia, Ricardo não parava de mandar mensagens, eu tava ficando aflito com a ansiedade dele. Tudo bem que realmente era uma cirurgia delicada, mas também não precisava exagerar tanto, ele estava mais nervoso que o próprio pai. Eu trabalharia naquele dia, mas iria visitar o meu sogro assim que fosse possível, ele operaria de manhã mas não sabíamos quanto tempo exatamente duraria a cirurgia e quanto tempo ele ficaria no hospital. Mas tinha prometido ao Ricky dar uma passada no hospital na hora do almoço. Dito e feito, lá estava eu no hospital, a cirurgia já havia acabado mas ninguém podia vê-lo ainda a não ser minha sogra que estava lá dentro com ele.
Ricky quando me viu veio em minha direção e me deu um abraço, estava com a cara séria, eu entendia a gravidade da situação ali. Fomos comer alguma coisa e ficamos conversando, depois eu precisava ir embora pro trabalho e começou a chegar mais alguns parentes deles ali, era minha deixa pra ir, ele me deu um abraço enquanto eu esperava trazerem meu carro, até que ele chegou e fui embora.
Quando sai do trabalho já era tarde, Ricky ainda estava no hospital então eu fui fazer companhia pra ele, quando cheguei lá me surpreendi com sua cara de cansado, ele passou o dia todo lá, ele estava lá mais ou menos a umas 15 horas. Ele me beijou já que não tinha ninguém próximo e me contou que a cirurgia tinha ido bem e que ficaria a noite lá com sua mãe, que alias não tinha comido quase nada o dia todo, fui e fiquei no quarto com o meu sogro enquanto Ricky e Silvia iam jantar pra poder aguentar tantas horas.
Não demorou muito e eles voltaram, como só um poderia passar a noite no quarto seria Silvia, ela insistiu pra que Ricardo fosse embora mas ele não queria, queria ficar próximo ao pai, não tentei convencê-lo a ir embora, simplesmente decidi ficar com ele a noite toda lá na sala de espera. Cochilamos um pouco a noite, mas não muito, ele dormiu no meu ombro, depois quando vimos que não conseguiríamos dormir fomos tomar um café lá mesmo, ao amanhecer ficamos vendo TV até dar a hora de eu ir trabalhar, eu tava bem cansado mas valia a pena. Ricky fez questão de pagar o estacionamento já que não ficava barato e fui trabalhar.
Na hora do almoço voltei pro hospital, ele já estava acordado e podia conversar, pelo visto ele estava ótimo, ele me agradeceu por tudo e disse que não precisávamos ficar tão preocupados. Era bom ver que ele estava bem, ainda bem que não precisava usar bolsa de colostomia, ele teria alta em mais dois dias e seguiria com tratamento fazendo quimioterapia.
Passados alguns dias, meu sogro já estava em casa e recebia visitas constantemente inclusive do Ga e dos meninos. O pior já tinha passado, logo voltamos a sair e ir pra nossos barzinhos com os meninos. Assim passou outubro, meu sogro fazendo suas quimioterapias e carequinha e nós saindo aos sábados a noite e passando os domingos com meu sogro, nesse tempo até minha sogra me tratava bem, tudo estava indo nos eixos e as férias se aproximavam mais.
Até o dia em que recebo uma ligação de um número desconhecido, mas a voz bem conhecida.
Bruno: - Hey, eu sei que você trabalha e tá ocupado, mas você pode passar aqui em casa pra me buscar quando você sair daí?
Eu: - Posso sim, mas ta tudo bem?
Bruno: - Depois a gente conversa, é melhor, não posso falar muito agora.
Eu achei aquilo meio esquisito mas faria o que ele tinha me pedido, quando sai da escola a tarde, fui buscá-lo em casa, ele estava no portão esperando já com uma mala de viagem bem grande, eu estranhei e então perguntei.
Eu: - Nossa, o que é isso? Vai viajar lindinho?
Bruno: - Não, tente outra vez.
Então eu vi sua cara de tristeza e entendi.
Eu: - Foi posto pra fora de casa?
Bruno: - Bingo.
Eu: - Entra aí, a gente conversa melhor lá em casa.
No caminho notei que ele tava bem triste, já imaginava o porque, quando chegamos no meu apartamento vi que não teríamos muito tempo pra conversar já que logo logo precisava ir pra faculdade terminar o dia de trabalho, então fui direto ao ponto.
Eu: - Fala ai, o que aconteceu?
Bruno: - Eu achei que meus pais entenderiam, eu fui conversar com eles, não queria mais guardar tudo isso aqui dentro, você sabe o quanto é pesado e sufocante.
Eu acenei com a cabeça.
Bruno: - Meus pais choraram e disseram que não iam aceitar, meus irmãos até entenderam, mas meu pai queria me levar na igreja de qualquer jeito, disse que tinha um demônio em mim, que ele não ia deixar o demônio vencer, que não aceitaria sob o teto dele e que eu só voltasse quando estivesse curado e pronto pra namorar uma menina da igreja deles.
Eu achei aquilo um absurdo, mas reconhecia uma lavagem cerebral feita pela religião.
Eu: - Calma, tente não sofrer muito ok? É uma reação de muitos, mas também que pode haver arrependimento depois, fique aqui o tempo que precisar, tudo bem? Mais tarde eu volto e conversamos mais.
Não queria deixa-lo sozinho lá, mas precisava ir pro trabalho, liguei pro Ga e pro Ricky irem ficar lá com ele.
Quando saí da faculdade fui direto pra casa, os meninos estavam conversando e quando cheguei vieram a meu encontro, passado um tempinho eles foram embora e ficamos só eu e o Bruno, o Ricky não quis ficar lá aquela noite.
Eu disse ao Bruno que ficasse o tempo que quisesse lá, que não era nenhum incômodo pra mim, ele me agradeceu e foi deitar.
Durante a noite, acordei pra ir tomar água e lá estava ele na sala vendo TV.
Eu: - Não consegue dormir né?
Bruno: - Adivinhou. Não sei por que, mas eu acreditava que eles podiam aceitar, serio.
Eu: - Dá um tempo eles,deixa eles pensarem, sentirem sua falta e depois eles te procuram, não precisa se desesperar assim.
Queria que todos tivessem pais como minha mãe, que nunca mudou o tratamento comigo nem nada do tipo, nunca me tratou como doente e aberração, por um segundo, queria poder mudar todo mundo, mas não dava, não tinha o que fazer a não ser apoiar meu amigo.
Então eu sentei no sofá e disse:
Eu: - Bruno, vou ficar aqui com você, tudo bem?
Bruno: - Não precisa, você já ta fazendo de mais.
Mas eu fiquei, puxei ele pra deitar a cabeça no meu colo até que ele adormeceu e eu logo seguida fui eu que cai no sono, mais uma noite mal dormida mas ele precisava.
Quando meu despertador tocou acordei ele pra ele ir pro quarto e dormir na minha cama já que tava arrumada. Fui pro trabalho, ele como era Ortodontista e atendia com o Ga, só trabalhava as quintas e sextas. Então ele que descansasse e eu ia pro trabalho.
Na faculdade de manhã recebo uma mensagem no meu celular do meu namorado: “Que porra é essa de ter outro homem na sua cama?”
Eu ri muito, ele era muito idiota. Em seguida me mandou outra me chamando pra jantar a noite, para um jantar romântico que tinha uma surpresa pra mim. Fiquei empolgado, mas eu não deixaria o Bruno na mão, então mandei uma mensagem pra ele e pro Gabriel avisando que teríamos um jantar romântico e que eu passaria pra buscar o Bruno as 11.
Quando sai da faculdade a noite, fui buscar o Bruno e resolvi buscar o Ga também e fui no lugar que tinha marcado meu jantar romântico com o Ricky. Ele estava bem bonito me esperando na mesa e quando viu eu vindo com os outros dois sorriu e disse:
Ricardo: - Nada como um jantar romântico com meus três homens.
Gabriel: - Homem de respeito sai com seus damos de companhia.
Não sabia quem era mais besta, quando abri o cardápio vi que se tratava de um restaurante muito chique e romântico mesmo... Uma pizzaria. Lá demos muita risada e comemos bastante, até que o Ricardo tira um embrulho pequeno do bolso e me entrega.
Ricardo: - Queria ter feito isso deu ma maneira mais romântica e bonita a sua altura, mas digamos que algo, ou alguém, mas precisamente duas pessoas não deixaram rolar o clima, mas ta aí.
Eu abri e como já esperado era um par de alianças de ouro muito lindas, nada muito extravagante mas bem bonitas, o suficiente pra me deixar muito contente.
Ricardo: - Eu sei que não é grande coisa, mas é só uma das coisas que você merece por ser tão maravilhoso pra mim, eu te amo e quero passar muito tempo ao seu lado.
Fiquei mais feliz ainda, eu amava aquelas pessoas que estavam ali comigo.
Na hora de pagar a conta meu romântico namorado passou pro Ga, que pagou reclamando, mas de brincadeira mesmo. Depois na minha casa, todos ficaram conversando, menos eu que fui dormir eu precisava, eles não tinham hora pra trabalhar, eram muito flexíveis seus horários, os meus não e meu sono estava atrasado.
De madrugada ouvi minha porta abrindo e Ricardo vindo dormir comigo tão sutil que quase me derrubou da cama. Dormimos de conchinha, aquele dia eu estava feliz.
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Bom gente, desculpem a demora, é que tive que dar uma diminuída na frequência. Muito obrigado de verdade pelos comentários e notas. Vocês são foda, como sempre digo!
Qualquer critica e sugestão são bem vindas.
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Até mais.