Continuando...
Durante o resto de novembro e dezembro sempre que dava ia ver a reforma da casa, ia ficar tão linda, tudo que eu sempre sonhei, não seria muito luxuosa, seria bem confortável.
Quando o natal se aproximou eu fiquei pensando no que dar pro Ricky, se não tivéssemos gasto nossa economia eu poderia dar algo exuberante, caro e lindo, mas no momento não podia dar nada assim, queríamos evitar gastos desnecessários, a prioridade era nosso lar.
A propósito eu já estava de férias, só voltaria a trabalhar dia 1º de fevereiro, ia aproveitar pra curtir bastante. Fui dar uma volta no shopping, olhei vitrines, fui ver uns relógios legais, muito lindos mas não tinha meio termo ou era muito vagabundo ou era do preço de um carro. Não queria dar roupa, ele tinha tantas, ele usava muitos ternos em serviço, não queria dar tênis, queria dar algo especial mas que não me deixasse sem dinheiro.
Desisti naquele dia,comprei umas camisetas pra mim e um tênis que tava precisando, Ricky me encontrou lá pra almoçarmos juntos, aquele dia o Bruno foi caminhar com minha mãe num parque. Eu me dei conta aquele dia, que estava muito sedentário, eu não caminhava, não malhava, não fazia nada, só andava de carro. Tinha decidido entrar na academia dos meninos, pelo menos agora que eu estava de férias eu iria, depois quem sabe.
Um dia antes da véspera de natal, dia 23 pra ser exato, não tinha comprado o presente do Ricky ainda, tava desesperado, fui no shopping e tava lotado, no estacionamento nem tinha vaga direito, nem no VIP. Entrei em uma loja de eletrônicos bem famosa, mas não sabia ainda o que dar, notebook ele já tinha, celular bom também, comprei uma coisa que as vezes eu me arrependia, um videogame novinho em folha, tinha acabado de lançar.
Eu sabia que ele adoraria, ele amava essas coisas, vivia falando daquele videogame, não foi nada barato, mas comprei e comprei um jogo de corrida e um de futebol pra ele. Pronto já tinha feito minha parte, comprei presente pro Ga e pro Bruno, pra minha mãe e pro Luís também, quase me esqueci dos meus sogros, mas não esqueci.
Minha mãe e Luís foram pra praia na véspera de natal, eles tinham uma moto legal e foram pra não pegar o trânsito. Eu passaria com meus sogros, os avós do Ricky, Ricky, Bruno e Ga que quiseram passar conosco. O Bruno tava muito triste por que ainda não falara com seus pais há muito tempo. O natal foi ótimo, só faltava minha mãe ali comigo, mas foi tudo bem, comemos muito, rimos, trocamos presentes, ganhei presente de todos, todos mesmo.
Gustavo: - Isso é só uma lembrancinha pra agradecer tudo que você fez por mim,que não foi pouco, você merece muito mais.
Eu: - Que isso, não foi nada, somos família, não precisava me dar nada.
Abri e tinha um relógio, muito bonito, uns dos caros que vi no shopping, eu agradeci muito, era tão lindo, de ouro assim como a aliança, tava me sentindo uma mulher indiana, cheio dos ouros. Minha sogra me deu um tênis muito bonito, Ga me deu um perfume muito bom, Bruno eu não lembro mas acho que foi roupa, Os avós do Ricky me deram uma blusa bonita, meu amor me deu um notebook novo, melhor que o meu.
Quando eu entreguei o meu presente pra ele, ele parecia uma criança, já instalou e começaram a jogar e foram até tarde, eu dormi primeiro, quer dizer, só dormi depois dos avós do Ricky. Passei aquela semana lá. No ano novo, foi a mesma coisa, nós lá éramos uma família, recebi uma mensagem no celular: “Espero que dê tudo certo pra você esse ano, que você conquiste muitas coisas, você merece tudo de melhor. Obrigado por todos esses anos, tudo que eu tenho é graças a você, espero que você receba tudo em dobro, você é de mais. Sempre vou te amar, Victor.”
Eu não acreditava no que lia, fiquei tão contente em saber que ele não tinha ódio de mim nem nada do tipo que lacrimejei, na virada do ano tava abraçado com o Ricky, tudo estava perfeito.
Passados uns dias o rapaz que tava cuidando da reforma da casa me ligou dizendo que em 10 dias eles acabavam e poderíamos nos mudar. Nosso único problema naquela época, era Ricky sem carro, ele tava indo pro trabalho com Sr. Gustavo.
Chegou o tão esperado dia de ir pra nossa casa, quando cheguei lá tava tão mas tão encantado que nossa, eu estava em ecstasy, tava tão linda, Ricky me levou pra fazer um tour pela casa, tava do jeito que sempre sonhei, a sala tava linda, a cozinha toda arrumadinha, até os quartos de hospedes estava legais, valeu cada centavo nosso.
Os meninos foram lá depois, mostrei pro Bruno seu quarto novo.
Bruno: - Eu devia criar vergonha na cara e deixar vocês em paz né?
Eu: - Eu queria começar uma vida nova em família. Você faz parte da nossa família, então faz parte desse lugar.
Dei um abraço nele, disse que se acomodasse no quarto e fizesse o que quisesse lá. Os próximos das nos dedicamos a ir atrás de seguro e empregada domestica, precisávamos de alguém pra cuidar da limpeza daquela casa, não tinha como ser diarista que era o que fazia no outro apartamento.
Ricky tinha decidido comprar um carro novo, mas teria que ser popular já que não tínhamos entrada pra dar, o pai dele foi com ele na concessionária, ele deu a entrada, o sinal, e Ricky pode então comprar um carro que não era popular nem era muito luxuoso, pra ele estava ótimo, levaria umas 2 semanas pra poder ir buscar, já que eu tava de férias ele ficaria com meu carro. Eu e Bruno nas férias assistimos tantos filmes e tantas séries que passávamos o dia na frente da TV.
No final de janeiro, teria um reunião na faculdade referente a atribuição de aulas, eu tinha discutido com o Ricardo sobre minha jornada de trabalho, ele não queria eu trabalhando os três períodos. Eu não cedi no dia, mas tinha decidido largar o período noturno, afinal queria mais tempo pra curtir, estudar pra quem sabe conseguir tudo pra fazer um doutorado, poder continuar na academia. Ao mesmo que eu deixaria de ganhar aquela renda, eu cheguei a conclusão que tinha o suficiente pra viver bem, eu trabalhava de manhã na faculdade, a tarde na escola da prefeitura, recebia uma pensão do governo pela morte do meu pai em serviço e além de tudo, meu namorido era advogado, não faltaria nada na nossa casa.
No dia da reunião eu disse que não pegaria aulas no período noturno que precisava de um tempo pra mim, logo passei a atribuição que seria minha a outro.
Cheguei em casa e contei pro Ricky, que fingiu ficar chateado mas tava pulando de alegria, agora passaríamos mais tempo juntos inclusive na academia que ele teria o controle de onde eu estava. Quando íamos pra academia, Ricky, Ga e Bruno ficavam lá nos seus treinos pesados, se achando só por que tinham corpos maravilhosos, eu me afastava e ficava no meio dos idosos, as gordinhas, eu me encaixava melhor com eles.
Os meninos de academia tem mania de ficar o tempo todo falando sobre o peso que carregam, o que tomam, são obcecados por aquilo eu não, só tava lá pra acabar com o sedentarismo, Ricardo ficava o tempo todo me vigiando, mesmo de canto de olho já que lá nem nos falávamos muito.
Tinha um rapaz que era bem simpático, até que bonito, um dia ele chegou em mim. Seu nome era Alexandre.
Alexandre: - Oi, você é novo por aqui né?
Eu: - É, mais ou menos, é que eu vinha de tarde, agora que venho de noite. Mas to aqui só há um mês no máximo.
Alexandre: - Hum, ta gostando?
Eu: - Não como aqueles caras. – Apontei pra onde tavam os meus amigos, Ricky e outros caras.
Alexandre: - Sei como é, a propósito meu nome é Alexandre. – Disse estendendo-me a mão.
Eu: - Ah é, Marcio. E cumprimentei.
Nem me dei ao trabalho de olhar a cara do Ricardo naquela hora, duas uma, ou ele estava olhando bravo ou nem tinha notado.
Fui fazendo minha série de exercícios com o Alexandre sempre perto e revezando comigo, conversamos bastante. Ele tinha 30 anos, solteiro, Nutricionista e eu desconfiava ser gay. Não que ele tivesse trejeitos, mas sei lá, simplesmente meu gaydar acionou.
Quando acabamos, Ricardo e os outros ainda malhavam, nós nos alongamos e ele me ensinou um alongamento legal, mas ele se aproveitou e ficou bem colado em mim, olhei pro Ricardo que fez uma cara de reprovação na hora. Ale, eu já o chamava assim, me chamou pra tomar um açaí ali perto, eu recusei pois não gostava muito. Ele foi embora com sua moto, me dando uma piscadela.
Quando saíram da academia, Bruno disse que ia pra casa do Ga com ele, eu estava desconfiado daqueles dois, mas não quis perguntar nada ia deixar que se acontecesse eles me contassem. Ricardo saiu me puxou pela mão e fomos pro seu carro, lá ele me deu um beijo do nada.
Ricardo: - Quem era aquele lá?
Eu: - O Ale, ele é gente boa, ele malha aqui tem um tempo.
Ricardo: - To sabendo, já vi ele por aqui. Não gostei do quanto ele ficou próximo, te seguiu a academia toda e depois foi alongar juntinho.
Eu: - É só porque ele não conhece mais ninguém lá.
Ricardo: - Sei, não gostei nada viu, você é meu.
Eu: - Eu sou seu só se for namorado, por que não tenho dono.
Ricardo: - Se ele não se cuidar, arrebento ele.
Ele me beijou e fomos pra casa. Lá já que estávamos sozinhos, fizemos amor antes de tomar banho, inauguramos o sofá e a mesa da sala, depois tomamos um banho juntos.
No dia seguinte combinamos de ir cada um com seu carro pra academia, ele buscaria os meninos antes e eu ia direto. Quando cheguei lá, tomei um susto quando desci do meu carro, lá estava o Ale me esperando.
Alexandre: - Nossa hein, belo carro.
Eu: - Ah, obrigado.
Fomos treinar e ficamos conversando novamente, quando o Ricardo chegou, cumprimentou todos lá e veio direto na nossa direção, ele cumprimentou Alexandre e vi que ele apertou a mão dele mais forte de propósito.
Ricardo: - Se importam se eu fizer esteira aqui com vocês?
Alexandre: - Lógico que não.
Acho que ele não reparou nada por que o Ricky estava sem aliança por que os dedos dele inchavam de mais. Toda hora que Alexandre puxava algum assunto ou falava algo era interrompido por Ricardo. Não ficou um clima agradável, quando sai e fui fazer meu treino ele ficou o tempo todo próximo a mim, ele nem fez o dele direito só ficava lá, consequentemente Alexandre foi pra outro lado fazer o treino, nem se aproximou mais.
Na hora de ir embora, resolvemos tomar banho lá na academia mesmo, estávamos no vestiário eu, Ricky, Bruno e Gabriel. Logo em seguida que eu entrei no vestiário já que fui o ultimo entra o Alexandre, ele ficou sem graça quando viu os outros lá peladões tomando banho. Eu fui pro boxe fechado e ele no outro também.
Ricardo não gostou nada de ter visto Alexandre entrar no banheiro logo depois de mim. Depois, Ricky ia levar o Ga em casa e Bruno ia com ele, o Ale me disse que estava sem carro, eu me ofereci para levá-lo em casa já que ele morava perto dali, mas eu fiz inocentemente, não foi pra irritar o Ricardo que entrou no carro esbravejando.
Fui e levei Ale em casa, na porta de sua casa, ainda dentro do carro:
Alexandre: - Muito obrigado pela carona, você é muito legal.
Eu: - Você também.
Alexandre: - Queria ter outro jeito de te agradecer, alias eu tenho.
Ele me beijou, demorei um pouco pra cair em mim no que estava acontecendo, empurrei-o.
Eu: - Olha Ale, eu gosto muito de você, mas somente como amigo, eu tenho namorado.
Alexandre: - Tudo bem, eu não conto se você não contar.
E me beijou de novo, mas ele mordeu minha boca e fez uma ferida, só podia ser de propósito. Dessa vez eu fiquei meio bravo.
Eu: - Não foi isso que eu quis dizer, eu quis dizer que eu amo meu namorado e que não rola nada além de amizade entre nós, ok? Quero deixar isso bem claro.
Minha boca tava sangrando um pouco.
Alexandre: - Tudo bem, desculpa então, mas caso você mude de ideia, é só falar.
E desceu do carro no maior cinismo, lógico pra ele tava tranquilo, queria ver era Eu contando pro Ricardo o porque da minha boca machucada. Tinha que pensar numa boa explicação...
Mas falaria a verdade, já sabendo qual seria sua reação.
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Bom gente, ta ai mais uma parte do conto, espero que gostem. Muito obrigado pelos comentários e votos que tenho recebido, isso me deixa muito contente. Qualquer critica e sugestão são bem vindas. Até mais.
E-mail pra contato: Marcio.casadoscontos@hotmail.com