Prelúdio - Capítulo IX

Um conto erótico de Charles
Categoria: Homossexual
Contém 1412 palavras
Data: 23/07/2012 17:10:17
Assuntos: Homossexual, Gay, Romance

“Lembre-se que quando estávamos juntos, estávamos sozinhos...”

Capítulo IX – Do começo de uma guerra

Quem estava parecendo uma criança era ele. Não resisti e sorri das suas palavras, um homem daquele tamanho – se bem que ele era só um pouco maior que eu – sorrindo igual um bobalhão. A noite foi muito boa, conversámos muito, vimos álbuns de fotografias minhas e da minha mãe, comemos um lanche preparado por mim – uma receita que eu vi na internet – e para finalizar ficamos abraçados durante vários minutos ao som de Jazz romântico. Parece que todo tempo ao lado dele ainda era pouco. Não houve beijo, ou qualquer malícia. Ele me respeitou, e a cada atitude dele eu percebia que era a pessoa certa para mim.

- Tenho que ir meu rapazinho. – ele falou isso passando a mão no meu rosto e fitando-me meio triste. – Já está ficando tarde e amanhã temos aula.

- Anderson... – Queria falar algo para ele, algo antes que saísse dali, fiquei procurando as palavras e olhando de um lado para o outro. – Er-er-er...

- Não precisa dizer nada meu lindo. – ele falou e logo colocou o dedo indicador nos seus lábios e, em seguida, encostou o mesmo nos meus lábios. – Boa noite tá? Quando eu chegar lá, passo uma mensagem para você. Tchau! – Subiu na moto e saiu em direção à rua.

Com sua saída, me senti um pouco sozinho, mas ao mesmo tempo me sentia amado e protegido. Sabia que alguém nesse mundo se importava comigo e queria me ver bem. Ele era muito compreensivo, não posso negar que fui dormir com um sorriso no rosto, ansioso para acordar e tê-lo do meu lado na Sala. Rezei por minha mãe e adormeci.

Pela manhã, abrindo as janelas do meu quarto, observando as nuvens e aquele céu resplandecente, pude me sentir energizado para as horas de lucidez que me aguardavam. Olhei para o celular e havia duas mensagens. Tinha esquecido ver a mensagem dele na noite passada. Porém havia outra mensagem, e não era do Anderson, todavia do Miguel. Caramba, ele não vai me deixar em paz mesmo. Sua mensagem continha: “Moleque, o que eu preciso fazer para você me perdoar? Quero ser seu amigo como antes. Abraços.” Fiquei em dúvida, o Miguel era muito legal, mas eu tinha medo que ele voltasse a repetir o que havia feito antes. Respondi a sua mensagem dizendo: “Ok! Quando eu sair do Curso lhe ligo para conversarmos. Abraços.”

Partindo a Universidade e chegando à Sala, lá estava o meu Anderson. Quando ele me viu, recebeu-me com o seu radiante sorriso.

- Bom dia, meu neném! – falou quase como um sussurro, só para que eu ouvisse.

- Bom dia, dormiu bem? – olhei para ele sorrindo.

- Dormi sim. Mas, olha quem vem aí... – seu rosto ficou meio emburrado.

Depois dessas palavras, sento-me e vejo Sabrina aproximando-se. Ali estava o motivo da decepção dele, mas o que eu poderia fazer? Ela sentou-se ao meu lado e deu um beijo no meu rosto e acenou para Anderson.

- Bom dia meninos... Pensei que iria chegar atrasada, mas ainda bem que não. Tudo bem com vocês? Aliás... Por que você não veio ontem Anderson, sentimos sua falta. – soou falsidade na voz dela, mas vindo de uma patricinha como ela, isso é normal.

- Eu estava com uma indisposição, por isso não vim. Mas já passou.

- Que bom que passou. Ah! O professor chegou!

O professor da disciplina chegou e já foi pedindo para que nos juntássemos em duplas, pois ele passaria uma pesquisa bibliográfica em Sala. Mal ele termina de falar, Sabrina já embrulhou seus braços no meu.

- Ah, Charles você vai fazer o trabalho comigo tá? – fiquei sem ação. Olhei para o Anderson e ele estava meio insatisfeito, mas ele acenou a cabeça positivamente, como um “Vai lá!”.

- Tá! – forcei um sorriso para ela, apesar de gostar de Sabrina, admito que ela já esteja ficando grudenta.

Começamos a pesquisar algumas coisas nos nossos livros, e de vez em quando ela ficava passando a mão no meu rosto, puxando conversa sobre outros assuntos: “Como é morar sozinho?”; “Vamos marcar qualquer dia de irmos para sua casa, assistir um filme, sei lá...”; Eu não sabia onde escondia meu rosto. Ficava muito envergonhado, tinha medo que ela soubesse da minha recente relação com o Anderson; que insistisse demais e eu tratasse-a com rispidez. Conversamos mais do que trabalhamos, a aula passou, e não havíamos terminado o trabalho por inteiro.

- Droga! Nem terminamos a pesquisa... – Falei em tom de decepção.

- Não tem problema Charles. Terminamos na minha casa. O que acha?

- O que disse? – fiquei estupefato com a proposta dela.

- Sim gatinho. A pesquisa é para ser entregue na próxima aula, ou seja, daqui a dois dias. Nós terminamos ela na minha casa... – entendi a proposta e respondi.

- Não precisa! Eu termino sozinho e coloco nossos nomes. O que acha? – disse para ela sorrindo.

- Claro que não Charles! Está fugindo de mim? Eu insisto! Vamos terminar o trabalho na minha casa. Aproveitamos a situação e te apresento aos meus pais, você vai adorar eles. – Meu Deus. Qual era a da Sabrina? E agora? Só consegui dizer “sim”.

- Não estou fugindo de você Sabrina. Pelo contrário. Mas se você insiste... Eu aceito. – nesse momento o Anderson chegou do meu lado. Ela continuou.

- Perfeito Charles! Agora... Seu celular é? – eu ainda não tinha passado meu número para ela, nem ligado, ou enviado mensagem. Ela ficou esperando com o celular na mão e olhando para mim. Dei meu número de celular para ela. Que sorriu satisfeita. – Esses homens de hoje, temos que tomar iniciativa de tudo.

As aulas passaram devagar, e foram bem proveitosas. O Anderson, apesar das atitudes de Sabrina, estava bem alegre e sorridente. Com fim do dia de Aula, fui a Coordenação do Curso, pois ficara sabendo de umas Bolsas Emprego, e estavam fazendo um Teste Seletivo para quem ingressaria nas mesmas. Fiz minha inscrição, para a disputa das duas vagas de Auxiliar Administrativo para o período da tarde, era um trabalho leve, que iria ajuda nas minhas despesas.

Liguei para o Anderson, informando da minha atividade anterior. Ele me apoiou, porém disse que não precisa disso, até por que ele me ajudaria no que eu precisasse, visto que os pais dele eram proprietárias de uma pequena Fábrica do ramo Têxtil. Expliquei-o meus motivos, os quais foram entendidos de pronto. A atitude dele era nobre, porém eu não queria ficar dependendo de ninguém. Tinha que aprender a ser forte sozinho. Era uma experiência somente minha.

Passei o resto da tarde na minha casa, estudando e fazendo outras atividades. Era noite quando Miguel ligou-me.

- Oi. Disse que ia ligar para mim né? – Disse em tom de sarcasmo.

- Não lembrei...

- E aí? Tudo bem moleque?

- Mais ou menos...

- O que o cara aqui pode fazer para ficar melhor? – eu já estava ficando entojado com ele.

- Não sei. O que você queria mesmo cara?

- Nossa, por que tá me tratando assim? Ainda tá com raiva?

- E você queria que eu estivesse como? Feliz? Você é muito atrevido cara. – Já estava zangado.

- Posso ir à sua casa para conversarmos melhor?

- Não. Miguel, é melhor ficarmos assim mesmo, cada um pro seu canto, entendeu?

- Entendi tudo! Agora que você tá com o playboy, joga os pés no malandro aqui né?

- Do que você tá falando cara? Tá ficando louco?

- Louco, o caramba! Eu sei do que tá rolando entre você e o tal do Anderson. Vai me dizer que vocês dois não estão se pegando?

- Quer saber de uma coisa? Eu não preciso dar satisfação da minha vida para você! Você acabou de perder um amigo! – encerrei a ligação antes de ouvir seu revide, eu estava tremendo de tanta raiva. Que audácia!

Acalmei-me um pouco, pensando no que ele tinha dito. “Será se ele sabia de alguma coisa entre eu e o Anderson, ou estava só especulando?” Não consegui me aprofundar o suficiente nos meus pensamentos e meu celular alarmou com uma mensagem, que versava: “Eu percebi a troca de olhares entre vocês naquele dia. Sei que você não me quer por causa dele. Isso não vai ficar assim cara. ‘Me aguarde’!” Comecei a soar frio, e agora? Mais um obstáculo se erguia na minha caminhada de vida. Um vendaval de pensamentos e indagações me invadia. Precisava fazer algo e rápido.

Continua...

_________________________________________________________________

Muito obrigado a todos pelo carinho, por “fazerem dos seus olhos, ouvidos para as minhas histórias.” Volto a dizer: “Vocês são o meu combustível!” Abraços carinhosos, boa semana! Até logo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive jonaswill a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Que garota atirada essa tal de Sabrina. E o Miguel? Que atitude! Urgh!

0 0
Foto de perfil genérica

Ótima a História.. e já perdi a paciencia com essa Sabrina rsrs!!!... agora o Miguel fazendo ameças??... aguardo a continuação.. e um ótima semana pra vc também!!!

0 0