Recomeçar [22]

Um conto erótico de Marcioads
Categoria: Homossexual
Contém 2434 palavras
Data: 24/07/2012 00:23:14
Assuntos: Homossexual, Gay

Continuando...

Logo, o médico veio falar com a gente. Ela tinha caído da escada e tido uns problemas, umas complicações, mas ainda bem que não tinha perdido a o bebê, ficamos tão aliviados com aquilo, Ricardo ainda estava meio tenso, ela passaria a noite em observação. Ligamos aos pais dela, pra coloca-los a par da situação. O pai dela fez questão de deixar claro que ela era problema do Ricardo e não mais dele. Ele tinha dificuldade em entender que o compromisso do Ricardo era com o bebê e não com a mãe do bebê.

Então um de nós tinha de ficar lá, eu me ofereci, mas eu trabalharia na manhã seguinte, então tinha que descansar, Ricardo ficaria, ele havia me oferecido o carro, mas voltei de táxi mesmo, assim na manhã seguinte eles podiam voltar de carro tranquilos. Chegando em casa, pensei em quanto problema nós tínhamos ultimamente. Dormi, mas dormi pouco, já que estava quase amanhecendo.

Acordei muito exausto, ultimamente minha mente ficava sempre a mil, tudo ficava nas minhas costas mas tudo bem. Me arrumei, tomei café no caminho e fui pro trabalho. Umas onze horas da manhã Ricardo me mandou uma mensagem dizendo estar indo pra casa. No fim da tarde quando sai da escola que trabalhava fui direto pra casa, lá estava Ricardo no sofá um pouco tenso.

Eu: - Fala lindo, como você ta?

Ricardo: - Ainda um pouco assustado, mas já estou aliviado.

Eu: - Que bom, como ela está?

Ricardo: - Tá deitada no quarto, tá dormindo um pouco.

Eu: - Ainda bem que deu tudo certo.

Ricardo: - Quantos problemas pra você né lindo? Será que um dia, vamos ficar tranquilos de novo e poder curtir?

Eu: - A tendência é piorar os problemas e preocupações com a chegada do bebê.

Ricado: - Vixi, mas não vejo a hora de saber o sexo.

Eu: - Se der tudo certo, mês que vem já dá pra ver.

Ficamos vendo televisão juntos um pouco, depois estávamos famintos, já que a empregada já adiantava a janta, eu só finalizei. Pus numa bandeja e levei no quarto pra Aline, ela tinha acabado de acordar, depois de se alimentar, ajudei ela a tomar um banho, mereço isso? E pus ela na cama de novo.

Depois fui jantar com o Ricardo.

Ricardo: - Como você pode ser tão bom pra mim e pras pessoas?

Eu: - Não sou bom, você que é exagerado.

Ricardo: - Não vou nem numerar tudo que você tem feito ultimamente.

Comemos um pudim que a empregada tinha deixado, depois fui passear com os cães e Ricardo foi comigo.

Eu: - Ricardo, acho que começo o doutorado sábado mesmo.

Ricardo: - Legal amor, fico feliz pro você.

Eu: - Sobre você e a Aline, eu preciso ficar preocupado?

Ricardo: - Seu contrato já está assinado e reconhecido, não?

Eu: - Sim, mas não digo das coisas materiais, quero dizer que outra traição, é o fim.

Ricardo: - Fica tranquilo.

Eu: - Só por garantia, vou arrumar um lugar pra deixar ela aos sábados e você fica no lado oposto da cidade, ok?

Ricardo: - Você que sabe.

Durante o resto da semana, eu fui atrás de tudo que precisava pra começar no sábado mesmo, foi muita correria, mas consegui, eu sabia que seria muito difícil e cansativo, além de precisar estudar muito, mas eu pensava no futuro, tudo valeria a pena.

Tinha decidido o que fazer no sábado, já que Aline precisava de cuidados e eu não queria chamar aqueles escrotos da família dela, falei com a minha mãe que concordou em ficar com ela, apesar de ter reclamado antes. Assim eles não ficariam sozinhos, Ricky me disse que ficaria na casa do Ga. Assim eu podia ir tranquilo.

Na noite de sexta, não dormi nada, primeiro por que Ricardo quis fazer amor até tarde e depois eu não conseguia pegar no sono, dormi pouquíssimo, tive que acordar as 3:30 pra sair de casa as 4:00 e chegar antes das 8, que era a hora que começava lá. Eu dirigiria de 3 a 4 horas, como não tinha transito, acho que três horas era o suficiente.

Eu cheguei em São Carlos, esgotado, e nossa, o ritmo lá é rápido, exigia muita dedicação, muitos textos em inglês pra ler, inclusive um dos professores só falava inglês e pra ajudar ele era Australiano, então tinha um sotaque diferente, era complicado. Quando sai de lá, sentia que ia capotar, eu voltei dirigindo, mas tinha medo de dirigir ou algo, então tinha decidido: Se eu sentisse sono, pararia em algum hotel ou motel pra descansar um tempo.

Consegui voltar rapidamente e sem dormir, cheguei em casa exausto, Ricardo foi quando liguei dizendo que tinha chego em casa, deitei no seu peito e dormi direto até o dia seguinte. Acordei na cama, ele já não estava, então ele levou pra mim um café na cama.

Ricardo: - Bom dia amor, isso é pra agradecer o que você tem feito por mim.

Eu: - Espero que esteja gostoso.

Ricardo: - É tudo comprado, fica tranquilo.

Eu: - Adoro comida caseira. – Caimos na risada.

Passamos o domingo juntos, aquele domingo minha mãe foi com Luís pra assistir o jogo lá na nossa casa. Ela cozinhou já que ela era mestre naquilo, depois vimos o jogo, fizemos um lanche e minha mãe foi embora. Ainda aquele dia notei que os armários estavam ficando vazios, então precisava fazer compras, iria no dia seguinte assim que saísse da escola.

Passou um mês sem grandes acontecimentos, no dia da Aline fazer o ultrassom, foi um dos piores dias da minha vida. Simplesmente, era uma sexta que eu não daria aula a tarde, mas principalmente, era meu aniversário. Acordei feliz, mas não ia contar nada a ninguém, quem me amava que lembrasse. Logo de manhã eu esperava um beijo ou algo do Ricardo, mas não tive nada, no trabalho de manha, recebi várias mensagens, quando sai, tive varias ligações, muita gente lembrava, eu estava feliz, mas alguém não lembrou.

A tarde fui no hospital encontrar Ricardo e Aline, na esperança que ele lembrasse, mas ele não comentou nada, ela fez o ultrassom e o médico conseguiu ver, ela estava de cerca de 12 ou 13 semanas, eu não lembrava. Era um menino, Ricardo ficou totalmente alegre, abraçou o medico, me beijou, deu até um beijo na testa da Aline que me deixou enciumado.

Eu ainda tinha esperanças dele me surpreender, de chegar em casa e ter uma festa, ou sair pra jantar, algo do tipo, eu fazia 27 anos. Chegando em casa, ele ligou pra contar pra toda a família, até os não muito próximos como os tios, os pais dele ficaram totalmente contentes, ele já fava dos planos de jogar futebol, levar no parque, pintar o quarto de azul, comprar as coisas, ele estava totalmente afobado. Ele nem notou que eu estava distante e chateado com algo, então ele puxou assunto.

Ricardo: - Que foi meu amor? Por que dessa cara?

Eu: - Por nada ué, só to cansado, parabéns papai.

Achei que dizendo parabéns ele lembrasse, mas nem assim.

Ele quis fazer amor, mas eu não quis. Eu virei pro lado, ele dormiu, acreditem ou não, ele realmente esqueceu. No meio da noite, eu comecei a chorar, eu tava muito puto, como nunca, eu tinha feito tudo por ele, até no aniversario dele que estávamos brigados eu fiz algo especial, fui ficar com ele e no meu, ele esquece?!

Fui chorar no banheiro, na manhã de sábado, logo cedo, recebi visitas, Gabriel e Bruno foram lá, me deram abraço e um beijo, me entregaram presentes e sorriram. Então Ricardo apareceu, como se nada tivesse acontecido.

Ricardo: - Opa, Bom dia, isso é hora de aparecer na casa dos outros?

Gabriel: - Só vim dar um beijo e o presente de aniversario do meu melhor amigo.

Naquela hora Ricardo ficou branco, pálido, depois vermelho, pôs a mão na cara, sentou e ficou com cara de desespero.

Gabriel: - Ixi, que foi tio? Tá bem louco?

Eu: - Não Gabriel, simplesmente, ele esqueceu a porra do meu aniversário, acredita? Ele esqueceu! – E comecei a chorar.

Gabriel: - Nossa Ricardo, que puta vacilão você foi hein? Puta merda, geralmente eu não me intrometo, mas você só faz merda hein irmão?

Bruno: - Porra Ricky, você é foda mesmo!

Ricardo veio até mim e se ajoelhou.

Ricardo: - Me desculpa amor, me perdoa, eu não fiz por mal, juro, eu sou um otário, você é tudo pra mim e eu só dou fora com você.

Eu: - Não é questão de te perdoar Ricardo, nada do que você fizer vai fazer o tempo voltar ou eu esquecer, no seu aniversário, nem estava falando com você, mas eu fiquei com você, te dei presente, não deixei passar em branco e você esquece meu aniversário? E ainda vem me perguntar na maior hipocrisia o porque de eu estar com aquela cara?! Vai se fuder.

Tomei meu banho, peguei minha carteira e celular e fui saindo de casa. Ele tentou me segurar.

Eu: - Me solta Ricardo, se eu fosse você eu ficava na minha, por um bom tempo.

Ricardo: - Por favor, nunca foi minha intenção, era a última coisa que eu queria, eu tinha prometido pra mim nunca mais magoar você.

Eu: - Parabéns, você conseguiu.

Fui saindo.

Eu: - Ga e Bruno, vocês vem?

Eles vieram comigo. Antes de sair, Gabriel fez um sinal de reprovação pro Ricardo. Porra gente, esquecer aniversário, é uma bosta. Eu fazia tanta coisa pras pessoas, não ia jogar na cara de ninguém, mas eu só queria que lembrasse meu aniversário.

Minha mãe tinha combinado comigo que iríamos no outback, Gabriel e Bruno também iriam, pelo menos eu ia passar com quem se importava realmente comigo. A noite então, fomos lá jantar, estava tudo ótimo, uma delicia, a conversa, mas minha cabeça viajava, naquela pessoa que não estava lá. Mas ele foi, com certeza Gabriel tinha falado pra ele que iríamos lá. Ele chegou muito lindo, com um embrulho na mão. Ele foi e cumprimentou a todos, quando veio em mim, veio me beijar, mas eu não deixei.

Ricardo: - Feliz aniversario, atrasado, muito atrasado, eu comprei isso pra você. Eu te amo.

E veio me dar o embrulho, eu peguei e coloquei ao meu lado, nem me dei ao trabalho de abrir nem de agradecer, muito menos de responder. Ele sentou ao meu lado, mas eu não falava com ele, se ele puxava algum assunto comigo eu não respondia. Então ele vinha as vezes e ficava beijando meu pescoço, tentando me fazer ceder, mas eu não o faria.

Eu tava revoltado com a situação, esquecer aniversário é a pior coisa depois da traição que ele me fez. Eu não sabia se algum dia eu perdoaria aquilo, pode parecer dramático mas era verdade, eu fiquei muito chateado.

Depois, fui pra casa, deixei o embrulho dele em cima da mesa, ele que pegou, fui pra casa no carro dele já que eu tinha saído com o carro do Bruno, que tinha comprado há um tempo. No caminho ele queria conversar comigo, mas eu não queria papo com ele, chegamos em casa eu fui na frente batendo portas, nem brinquei com os cachorros de tão puto que eu tava. Entrei no meu quarto, peguei o pijama dele, um travesseiro e joguei do lado de fora da porta, então tranquei a porta. Ele ficou batendo por um tempo, pedindo pra eu abrir depois desistiu.

Eu tava pensando no que fazer, eu podia terminar com ele mas meu coração dizia que não, podia perdoá-lo, mas meu coração também dizia que não.

Na manhã seguinte, eu abri a porta, ele já estava acordado, ele veio querendo conversar, mas eu não queria papo.

Ricardo: - O que eu tenho que fazer pra você me perdoar?

Eu: - Não tem o que fazer, só se você souber apagar minha memória. Sinceramente Ricardo, to pensando ainda o que vou fazer, deixa o tempo passar.

Com o passar dos dias, minha raiva foi diminuindo, ele continuou dormindo no quarto de hóspedes, eu abri o embrulho três dias depois, tinha um relógio, dos bem caros mesmo, era lindo, mas não ia me fazer esquecer.

Passou mais um tempo, até o dia que recebo uma ligação que me deixou em choque: Ricardo tinha sofrido um acidente de carro, envolvendo outro carro e um ônibus. Pronto, agora a desgraça estava completa, eu fiquei sem chão com a ideia de perder o amor da minha vida, eu estava disposto a esquecer a palhaçada do meu aniversário, esqueceria a traição, tudo, eu só queria ele de volta. Eu tava tão chateado com todos os acontecimentos da minha vida, que eu queria dormir e esquecer tudo, descansar muito. Eu saía de um drama e caía nos braços de outro.

Mas é aquela história, antes da bonança, sempre vem a tempestade. E que tempestade, tava devastando tudo, quebrando meu coração varias vezes, tava muito difícil continuar, mas agora eu precisava continuar, pelo Ricardo.

Peguei o endereço do hospital que ele tava e tudo mais, eu quis tomar um banho antes de ir no hospital, eu estava com pressa, mas ao mesmo tempo não sabia quanto tempo precisaria ficar lá. Então pus bastante roupas minhas e dele na mala, tudo de higiene pessoal, computador e essas coisas, pus numa mala grande de viagem e deixaria no meu carro, caso ele precisasse ficar muito tempo lá e eu também.

Chegando lá, a mãe e o pai dele estavam lá, a mãe não parava de chorar, o pai dele veio falar comigo.

Gustavo: - Ele tá muito mal, mas eu acredito que ele vai sobreviver.

Eu: - Como aconteceu?

Gustavo: - No exame de sangue deu que ele estava muito alcoolizado. Aí já sabe né? Bebida e direção não combinam, ai deu essa merda. Isso que ele é um advogado, não me conformo que posso perder meu filho por ignorância dele.

Eu me sentia tão culpado pela situação, por não ter perdoado ele, assim ele não precisaria beber e não teria acontecido aquilo. Tava difícil, mas eu tinha que ser forte, ele faria uma serie de exames, então foram interrompidos e teriam que operá-lo já que ele tinha machucado o baço e quebrado costelas. Agora era questão de torcer pra dar certo na cirurgia.

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Bom gente ta aí mais uma parte, quero dizer pra vocês que essa foi uma fase muito dificil na minha vida, umas das piores. Não é facil nem recordar, já que recordo vocês que a história é totalmente verídica. Mas as coisas ainda vão melhorar. Muito obrigado por e-mails, comentários e votos, tem me dado muita força pra continuar contando a vocês. Vocês são os melhores. Qualquer sugestão e crítica são bem vindas.

E-mail para contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com

Até mais ;)

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Comentários

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Um dos melhores mesmo! Correndo ler o próximo! 1000

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Meu Deus que triste... como a vida é traiçoeira!!! Mas o conto como sempre esta fabuloso!!! (nota 10)

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Nossa que mancada desse ricardo esquecer o seu aniversario mesmo depois de tudo que vc fez por ele, espero que ele fike bom.

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Eu tbm acho muito foda esquecer aniversário. Eu ja passei por isso, a pessoa q eu mais quis q lembrasse, esqueceu. É foda mas faz parte. E vc é muito forte enh, tanto fisicamente como emocionalmente, parabéns!

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como pode o Ricardo só dá mancada atrás de mancada,ainda bebe isso é sinal de fraqueza.

Só muito amor para ter que aturar esta criança crescida.

Parece um carma mal resolvido.

Parabéns pelo conto.

Abraços.

Bom Dia.

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Sinceramente, esse ricardo me lembra muito uma pessoa kkkk. Só dá fora com você, mas acho que é assim, né? O amor. Agente tem que procurar alguém que nos complete, e você faz tanta coisa, é mais certinho, digamos assim, então precisa de alguém como o Ricardo na sua vida mesmo, pra te completar, e equilibrar.

Sinto pelos acontecimentos, mas como você disse que vai dar tudo certo, fico feliz.

Parabéns. Nunca coloquei um parabéns tão merecido num conto como os que te dou enhi?! então continua logo. rsrs

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n eh proposital, falo p mim q n consigo lembrar niver d ngm, serio, jah cheguei a lembrar do meu somente no meio do dia pq as vezes desligo-me das datas. jah sofri muito p esquecer niver's importantes, mas n eh proposital. grato pela leitura.

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excelente, apesar d triste. ansioso p sua proxima postagem =)

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O Ricardo tbm heim só da mancada esqueceu o seu aniversário e depois resolve ainda encher a cara e sair dirigindo...espero que o acidente não tenha sido muito grave...fiquei muitooo feliz de saber que as coisas vão melhorar... A uma luz no fim do túnel...rsrssrsrsrs

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