Nunca pensei em passar por algo assim. Minha mente dava voltas. Eu pensava em mil coisas ao mesmo tempo. Nesse momento, só queria o Edu ali comigo. Nada mais, nem menos que isso.
Clara – Diego... Não fica nervoso. Vai dar tudo certo.
Eu – Eu preciso vê-lo. Clara, por favor, me ajuda.
Por mais que ela me acalmasse, eu estava desesperado. Me sentia tão fraco e impotente. Porque tudo isso estava acontecendo?
Eu - Me leva Clara. Eu quero ficar com ele.
Nós já tínhamos enfrentado tanta coisa juntos. Já não me imaginava sem o Edu por perto. Tentava me mostrar otimista diante dessa situação, mas a verdade é que eu temia o pior. Precisava tocá-lo e, ver que tudo estava bem. No caminho até o hospital, eu ligava para a minha mãe, meus amigos e, a todo o momento, eu recebia muitas forças e pensamentos positivos deles. Também tinha a companhia da Clara que sempre me ajudava, principalmente nessas horas tristes da minha vida. Ao chegarmos, minhas pernas travaram, eu não conseguia mover-me tamanho sofrimento.
Clara - Diego. Eu estou aqui com você. (ela disse pegando na minha mão).
Eu - Eu não consigo Clara. Me ajuda, por favor.
Só chorava e, chorava demais. Meu coração estava tão apertado, acelerado. Eu me sentia a pior pessoa do mundo por não ter correspondido tanto amor que eu recebia do Edu. Toda a família e mais alguns amigos estavam por lá. Assim que a mãe dele notou minha presença, ela me abraçou toda emocionada.
Mãe dele - Diego... Meu menino, com ele não. (ela dizia se lamentando).
Tão nervosa ela estava. Então, a Clara levou-a para outro lugar, com o objetivo de acalmá–la. Logo, eu encontrei o Thiago e o Breno. Os dois estavam inconsoláveis. O clima era o pior possível e, para completar... Ninguém dava notícias.
A vida era muito louca comigo. Agora que tudo estava dando tão certo... Por quê? Não compreendia a razão de tanta coisa ruim surgindo no meu caminho. Será que nunca mais eu teria um minuto de paz? Sempre poderia piorar. Estávamos aguardando informações, quando o pai dele apareceu por lá muito transtornado. Todos estavam arrasados, mas esse fato não o impediu de me acusar, criticar, ofender... Ele gritava, chamando atenção de todos que estavam presentes naquele hospital.
Pai do Edu – Olha só o que você fez. Seu muleque inconsequente.
Tentaria ignorar, pois eu percebia que ele também estava sofrendo. Só não saberia por quanto tempo eu aguentaria ouvir tudo calado.
Pai dele - Por sua culpa ele está nessa situação. Você contaminou meu filho.
Praticaria meu lado zen... Relaxa Diego. Calma, paciência... Ele está nervoso, eu pensava.
Pai dele - Se acontecer alguma coisa com meu filho... Você e toda a sua família de merda vão se arrepender.
Da minha pessoa... Ele poderia dizer o que e quanto quisesse. Agora... Falar da minha família... Não. Chega!
Eu - Quem é você para falar de família? Não tem moral nenhuma... Um pai que sempre fez distinção dos filhos, sempre humilhou o Edu. E quer saber? Eu amo seu filho mesmo e, ele me ama também e, nada... Ouviu bem? Nem mesmo você vai impedir esse amor.
Acho que todo esse amor me deu coragem para fazer o certo. Ele levantou a mão para me bater, mas o Thiago o impediu, me defendendo.
Thiago - Você não vai fazer isso.
Pai dele - Você também está do lado dele filho?
Thiago – Será que não percebe? O único culpado aqui é o senhor. Chega desse preconceito idiota. Por favor, não me faça perder o respeito que ainda tenho por ti... É melhor você ir embora.
Num instante, muitos curiosos ainda insistiam em observar esse “tumulto”. Ele não foi para casa, como o Thiago sugeriu, mas se afastou e me deixou em paz, ainda bem. Fiquei admirado pela atitude dele. Nós já estamos construindo uma bela amizade, mas vê-lo me ajudando contra o pai... Realmente fiquei impressionado.
As horas passavam e ninguém aparecia para nos comunicar o estado de saúde do Edu. A angústia me consumia.
Breno – Cara. Que demora. Não aguento mais esperar. Ninguém fala nada.
Que momento mais difícil. O Breno foi até a recepção tentando descobrir alguma noticia boa, mas tudo em vão. Nessas horas quem não fica nervoso? Eles se conheciam desde crianças, como se fossem irmãos, uma relação tão bonita... Ter alguém que você gosta ou conhece no hospital ferido e não poder fazer nada é a pior sensação da vida. Só quem passou por isso entende como é difícil esperar.
Thiago - Breno. Tenta ficar calmo.
Breno – Eu não vou me acalmar. É meu amigo que tá lá dentro, é meu irmão que está ferido e, você quer que eu fique tranquilo?
Thiago – Ei. Ele é meu irmão também, mas ficar nervoso não vai adiantar nada.
Breno - Eu só queria que ele estivesse aqui. Eu não quero perder o Edu.
Thiago - Eu não posso perder meu irmão, não agora que nós estamos bem.
Ai meu DEUS!!!
Era sofrimento de mais nesse lugar. Precisava respirar. Fiquei do lado de fora. Bem afastado de todo esse clima ruim. Eu tentava ser forte, mas as lágrimas insistiam em cair. Me sentia totalmente perdido. Agora mais calmo, eu retornei e, o pai dele permanecia por lá, me olhando com todo ódio do mundo. Já a mãe, me confortou dizendo o quanto o Edu me amava e tudo mais.
Mais tarde, o médico finalmente surgiu, mas eram tantas perguntas ao mesmo tempo, que ele mal conseguia transmitir as informações necessárias. Para acabar com todo esse nervosismo, ele chamou pelo meu nome.
#MEDO.
Identifiquei-me e, ele pediu para acompanhá-lo. Não entendia o que ele queria apenas comigo. Será que eu ficaria encarregado de passar a pior noticia da minha vida? A mãe dele logo ficou muito irritada com essa situação. Ela é quem deveria saber a realidade sobre o Edu (dizia revoltada). Então, o médico explicou que ele estava bem, mas queria muito me ver, chamava por mim, essas coisas.
Que alívio eu senti nesse momento. Graças a Deus, estava tudo certo e, minha felicidade se completou quando eu soube que o Edu me queria por perto. Alguns que ali estavam, me incentivaram a ir e trazer boas notícias. Acompanhei–o até o quarto. Ele não notava que eu estava me aproximando. Seguia bem devagar ao encontro dele. O médico o chamou e disse que eu estava ali para vê-lo e, nos deixou a sós. O Edu sorriu quando me viu. Sinceramente? O sorriso mais lindo do mundo. Mesmo todo machucado, ele era encantador. Não conseguíamos dizer nada. Sentei ao seu lado, acariciei seu rosto e lhe dei um beijo. Depois de toda essa tempestade... Poder senti–lo novamente, era tudo o que eu mais queria.
Edu - Não foi dessa vez que você conseguiu se livrar de mim. (ele disse com um pequeno sorriso).
Como ele me dizia uma coisa dessas? O Edu sabia a gravidade da situação. Acho que ele apenas fez essa ‘piada’ para descontrair e, não ficarmos nesse clima triste. Só de pensar em perdê–lo, eu ficava totalmente assustado.
Eu - Ei. Isso não tem graça. Você tem noção de como eu sofri?
Edu - Amor. Me desculpa. Só não queria que você ficasse mal.
Eu - Ficar mal?!? Eu me desesperei. Edu? (eu disse olhando nos seus olhos). Como você não consegue perceber? EU TE AMO.
Mais eu chorava tanto. Não conseguia segurar mais. Um choro de alivio, agradecimento, culpa... Ele permanecia imóvel me olhando.
Edu - Sempre quis ouvir você dizer isso.
Eu - Por isso estou dizendo... Eu te amo tanto e, não posso ficar sem você por perto... Quero ficar contigo para sempre.
Edu - Sempre eu vou está contigo. Agora diz de novo. (ele dizia derramando algumas lágrimas).
Eu - Meu amor... Amo você.
Edu - Também amo muito você. Eu vou ficar contigo. Naquela casa eu não fico mais.
Eu – Essa história já te feriu demais. Agora você vai ficar comigo.
Edu - Eu vou adorar você cuidando de mim.
Eu - E eu vou amar cuidar de você.
Enfim, ele só precisaria de repouso e muita paz. O Edu estava um pouco machucado, com alguns cortes pelo corpo, além de necessitar de algumas cirurgias reparadoras, apenas. Nada que muito amor e cuidado não ajudasse. Deixei-o descansar e aproveitei para dar as ótimas noticias para sua família. Mais tarde, alguns foram para casa. Meu desejo era permanecer por ali até o Edu sair daquele hospital, mas a mãe dele insistiu tanto para eu ir, pois tudo ficaria bem, então... Para evitar a fadiga, segui para casa com o Breno e a Clara.
Clara - Diego. Amanhã depois da faculdade eu volto. Ok? Vê se descansa hein.
Eu - Tudo bem Clara. Você ajudou tanto, principalmente a mãe dele. Obrigado.
Clara - Ela estava muito nervosa. Mais ainda bem que tudo acabou bem.
Breno – Imagino como o Edu deve está se sentindo. Família maluca.
Eu – Ele tá péssimo Breno, mas eu já decidi... O Edu vai morar comigo novamente.
Clara - Diego. A mãe dele não vai permitir. Pensa bem. Ainda mais agora com ele todo ‘quebrado’.
Eu - Eu dou meu jeito. Peço meu pai para contratar alguém para me ajudar... Eu não sei, mas lá ele não fica mais.
Breno – Você tá certo. Pode contar comigo, porque aquela casa está fazendo mal para o Edu.
Já em casa, contei para a minha mãe e meus amigos minha decisão e, que o Edu estava bem. Descansei um pouquinho, mas eu não queria ficar ali sozinho... Então, depois de um tempo, retornei ao hospital junto com o Breno. Agora, o Edu já tinha passado pelo processo cirúrgico e, estava se recuperando. O Thiago ainda permanecia por lá e, bem mais calmo. Levei–o para comer alguma coisa, pois ele demonstrava está muito cansado e abatido.
Eu – Foi tudo tão rápido. Nem tive tempo para te agradecer.
Thiago - Agradecer por quê? Era meu dever fazer alguma coisa.
Eu – Mesmo assim. To muito feliz por ver vocês dois assim, tão perto um do outro.
Thiago – Diego. Ele é meu irmão. Eu também fico feliz em saber que tudo está bem. Eu não quero mais brigar.
Eu – Eu acredito em você, mas Thiago... Eu não consigo entender. Porque ele fez isso com o Edu?
Thiago - É complicado cara... Eu fui até o quarto dele e tal... Começamos a conversar e, de pouco a pouco a gente estava se entendendo. Meu pai foi onde nós estávamos... Começou a insinuar algumas coisas sobre ti... O Edu não gostou e o enfrentou. Ele perguntou o motivo de tanta irritação. Por fim, o Edu acabou por confessar tudo e o desfecho você já sabe.
Eu - Eu não acredito... Como pôde ser tão cruel assim?
Thiago - Diego. Dá um desconto. Ele também tá sofrendo. Cada um aceita de um jeito.
Eu – Não é possível... Você tá defendendo ele?
Thiago – Tenta entender... É meu pai. É difícil para ele também.
Eu - Thiago. Não é fácil para ninguém. Para mim foi complicado também, mas nem por isso meu pai fez comigo o que teu fez com o Edu.
Thiago – Ei. Calma. Ok? Eu to do seu lado. Também quero, mais do que nunca ver o Eduardo bem novamente, ou você já se esqueceu de que nós somos irmãos?
O clima já estava bem melhor. Depois, o médico autorizou as visitas. Ele deixou todos entrarem (menos o pai), com a condição de não demorarmos. O Edu ficou tão contente em nos ver ali. A mãe dele abraçava-o, beijava e apertava tanto. Foi preciso eu dizer a ela para se acalmar, pois o Edu não poderia passar por fortes emoções. O Breno o abraçou todo emocionado também, se controlando para não chorar, mas era quase impossível. Imagino o quão difícil foi para ele ver seu amigo nesse estado. O Thiago também estava por lá... Um pouco sem jeito, mas permanecia ali, observando tudo atentamente.
Edu - Thiago. Chega aqui, por favor.
Dessa vez, tudo seria diferente. Eles deram as mãos, num gesto de cumprimento.
Edu - Obrigado... Meu irmão.
Sabia que era difícil para ele dizer essas palavras, mas tinha a certeza que era de coração. Eles se abraçavam, choravam. Um momento tão bonito. O Edu me olhava e sorria... Tão lindo!
Edu - Amor. Fica aqui perto de mim.
#VERGONHA.
Nossa!!! Ele me chamou de amor na frente de todos. Claro que eu tinha gostado, mas fiquei muito envergonhado. Cheguei onde ele estava... Me beijou, sem se importar com a presença da sua família. O Edu, às vezes me deixava totalmente sem ação. Fomos despertados desse momento com a chegada da enfermeira trazendo a refeição dele. Sabia que tudo era para o seu bem, mas que comida estranha e feia, rsrs.
Edu - Eu não quero isso não. Deve estar horrível.
Mãe dele - Filho. Você tem que comer.
Edu - Nunca. Pode levar isso daqui.
Eu – Claro que vai. Edu você não é mais criança. Se quiser voltar para casa logo, tem que comer. Não deve ser tão ruim assim.
Edu – Tudo bem, mas só porque você tá pedindo.
1 X 0 para mim, rs.
Claro que ela ficou totalmente sem ação, mas não arrumou muito problema, ainda bem. Ele comeu tudo, reclamando, mas fez. O Edu estava bem tranquilo, sua feição tinha melhorado muito, mas algo tinha que acontecer para estragar esse momento.
Mãe do Edu - Filho. Seu pai está aqui. Ele quer te ver.
Edu - Ele não é meu pai. Eu não quero vê-lo... Tira ele daqui.
Mãe dele - Filho, por favor. Não faz assim.
Resultado? O Edu se descontrolou, seus batimentos ficaram acelerados e, por fim... Precisamos sair rapidamente dali para os médicos realizarem os procedimentos necessários. A mãe dele sugeriu que eu fosse para casa. Era tão claro o ciúmes que ela sentia... Nem tinha como disfarçar, mas o medico pediu para eu ficar, pois o Edu estava muito nervoso, chamando por mim. Quando ele se acalmou, eu pude entrar novamente.
Edu - Sabe que eu não me canso de ouvir você falando que me ama.
Eu - E eu vou te dizer sempre: Eu te amo. Te amo. Te amo...
Faria companhia para ele naquela noite. Amanheceu, e ela retornou ao quarto, mas insistiu para eu ir comer algo, sair... Acho que a intenção era que eu não ficasse por ali com eles.
Edu - Amor. Não vá. Eu preciso de você aqui comigo
Mãe do Edu - Filho. Deixa ele ir. Eu vou ficar aqui contigo.
Eu - Edu. Presta atenção. É rapidinho. Eu vou, mas volto já.
Claro que ele reclamou e, muito, mas se ficássemos eu e a mãe dele pertos um do outro novamente... Não daria certo. Mais tarde, como prometido, eu voltei ao hospital, juntamente com o Breno e a Clara.
Breno – E então... Você tá melhor Edu?
Edu – Agora sim eu estou.
Clara - Oi Edu.
Edu - Você aqui?
Clara – Sim. Queria saber como você estava e, te pedir desculpas por toda essa confusão que causei.
Edu - Eu não vou te desculpar.
Como não!? Não queria um novo embate entre os dois. Eles eram especiais para mim. Ter que escolher um ou o outro... De novo não.
Eu – Edu. Para com isso. Não torna tudo mais difícil.
Edu - Ei. Eu estou brincando. Ok? Tá tudo bem. Pode vir me abraçar... O Diego não é ciumento.
Clara – rsrs. Idiota. Parece que você já melhorou mesmo.
Edu - Também te adoro Clarinha. Até que eu senti falta desse teu jeito.
Clara - Eu também senti falta de vocês e, vou tentar me acostumar com essa ideia e, vê se cuida bem do Diego.
Agora estávamos juntos novamente. Achava que nada poderia estragar esse momento de paz, mas sempre poderia piorar, não é? Incrível a capacidade que eu tinha para atrair problema. Haja coração!
Mãe dele - Filho. Conversei com o seu médico. Dentro de alguns dias, você receberá alta e, já vai poder voltar para casa. Isso não é maravilhoso? (ele dizia toda contente).
Edu - Eu não vou voltar para aquela casa. Nunca. (ele disse irritado).
Mãe dele - Como não? Aquela é a sua casa. Você quer ficar sozinho, sem ninguém para cuidar de você?
Eu - Ele não vai ficar sozinho.
Meus amigos me incentivavam a todo o momento. Não desistiria e, eu não estava sozinho. Essa era a nossa decisão.
Eu - De agora em diante, é comigo que o Edu vai morar.