Desde quando nos conhecemos, eu sempre tentava fazer o possível para tratá-la bem. Arrisquei meu relacionamento para ajudá-la. E o que recebi em troca? Ingratidão, apenas. Bastou eu dizer a nossa decisão para a mãe dele se rebelar contra mim. Acho que as máscaras estavam começando a cair, infelizmente. Ela me acusava, sem eu ter culpa alguma.
Mãe dele - Você não vai tirar meu filho de mim.
Edu - Mãe. Com a senhora eu não vou. Não posso ficar lá.
Mãe dele - Filho. Aquela casa também é sua.
Edu - Não. Aquela casa é de vocês. Meu lugar é ao lado dele.
Mãe dele - Se o problema é a casa... Nós compramos outra onde for melhor, mas agora... Você vai comigo. (ela falava com autoridade).
Eu - Ele não vai ficar mais lá.
Era só o que faltava... Ela queria competir comigo. Eu não queria brigar, nem arrumar confusão. Meu desejo era que o Edu ficasse bem e, naquela casa, com eles... Não daria certo.
Mãe dele - Você quer tirar ele de mim. Filho, ele quer afastar você da sua família.
Que situação. Ela parecia louca, completamente transtornada. Logo, o Edu começou a agitar-se também e, o médico interviu pedindo para nos retirarmos e deixá-lo descansar. Eu que pensava que tinha uma ‘aliada’, me enganei feio. Acho que ela me suportava somente porque o Edu me amava e me ‘ouvia’. Haja paciência. Resolvi não visitá-lo mais naquele dia para evitar um novo confronto. Deixei-o com a mãe e, fiquei em casa aproveitando para colocar meus estudos em dia. No outro dia, já na ‘facul’ era aquela mesma rotina. Agradeci alguns amigos por perguntarem, ajudarem, transmitirem coisas boas á ele e tudo mais. Logo, o Thiago chegou me questionando o motivo de eu não ficar por lá com o Edu.
Thiago – Ele estava muito agitado, chamando por você toda hora. Os médicos tiveram que anestesiá-lo.
Eu – O que você quer que eu faça? Ela disse que eu quero afastá-lo de todo mundo, ofendeu-me e disse coisas horríveis a meu respeito.
Thiago - Você sabe que não é assim. Vocês se amam. Esquece essas opiniões e segue. Deixe-a falar o que quiser.
Eu – Você tá certo. Depois eu vou visitá-lo. Espero não encontrá-la por lá.
Sabia que não seria fácil. Ainda mais com a mãe dele marcando em cima, me atrapalhando. Seria complicado demais, mas se fosse necessário eu a enfrentaria novamente. Não me afastaria mais do Edu, não mesmo. Rapidamente, passei em casa e, depois segui para o hospital. Quando entrei no quarto, encontrei-o chorando, todo desesperado. A mãe também estava por lá nervosa, pois não sabia mais como acalmá-lo. Logo, ele notou minha presença, começou a tranquilizar-se devagar, ainda bem. Ela dizia que não compreendia o motivo por ele estar daquela maneira e, implorou para eu fazer alguma coisa. Cheguei mais perto e o abracei tentando aquietá-lo.
Edu - Porque você foi embora? (ele se lamentava).
Eu – Eu to aqui, não estou? Não vou sair mais de perto de você. Ok?
Não era legal, o Edu ficar tão dependente de mim. Eu queria ficar com ele sempre, mas também possuía minhas necessidades. Mostrei alguns livros para ele e, tudo mais. Assim, quando eu não estivesse por ali, isso ajudaria a distraí-lo. Eu sabia que o Edu não gostava muito de ler, mas seria uma nova experiência, somente por um tempo. Deixei-o por lá praticando esse hábito da leitura, rs. Ele reclamou um pouco por outra vez eu ter que deixá-lo só, mas não demoraria. Fora do quarto, encontrei a mãe dele chorando. Não imaginava o porquê, já que ele estava bem. Poderia fingir que não tinha notado e deixá-la sozinha, mas eu não era assim. Meus pais me educaram corretamente, rsrs. Aproximei-me com cuidado, pois ela poderia ‘atacar-me’ novamente.
Eu - O que houve? O médico disse mais alguma coisa sobre ele?
Mãe dele - Você não vê? O Edu ama você, ele não me escuta, só faz a tua vontade.
Eu - Eu não queria que fosse assim, mas ele também ama você.
Mãe dele - Eu só queria entender o por que. Eu sou a mãe dele. Ele saiu de mim.
Eu - Compreendo você, mas nesse momento o Edu necessita de paz. Ele não pode ficar no meio de tanta briga.
Mãe dele - Eu quero ele perto de mim. Por favor, Diego. Não me tira isso. Eu tenho esse direito.
Eu - Sinto muito, mas ele não quer voltar para lá.
Mãe dele - Eu sei que se você pedir... Ele vai aceitar.
De novo não! Porque isso só acontecia comigo?
Eu - Dessa vez, nem se eu pedir ele volta. Por favor, entenda.
Porque era tão difícil compreender essa situação? Será que eu era tão mal assim? Sinceramente? Ninguém merecia passar por tudo o que eu passei. Poderia parecer egoísmo, mas aquele ano foi complicado demais. Dói lembrar, mas a vida seguia. Eu até entendia os direitos de mãe que ela dizia ter e, tal, mas acho que o que mais a incomodava, era o fato do Edu esquecer todos a sua volta quando estava comigo. Ainda bem que ela resolveu ir para casa. Mais tarde o Thiago veio repleto de jogos, doces, essas coisas. Ele estava demonstrando ser um super irmão, atencioso, protetor, além de ter me ajudado demais por todo esse tempo. O Edu era uma pessoa muito querida, ele recebia tantos presentes e visitas. Nessas horas era que se reconheciam quem eram os verdadeiros amigos. Agora, o ambiente estava muito mais agradável. Logo, o Breno e a Clara chegaram também. O quinteto estava formado, rsrs. Combinamos que cada um ficaria um pouco, assim ele não ficava sozinho, mas quem disse que o Edu aceitava essa ideia na boa?
Edu - Amor. Fica aqui, só hoje. Não te peço mais nada.
Breno - Poxa Edu. Então você não quer ficar com seus amigos?
Edu – Claro que eu quero, mas o Diego tem que estar também.
Clara - Edu. O Diego vai para casa agora e, fim de papo.
Edu - Não. Ele tem que ficar aqui comigo.
Não era possível que eles iriam começar novamente. O Edu estava tão manhoso nesses últimos dias, demais. Às vezes, eu tinha a impressão de que ele se aproveitava um pouco da situação. Como a Clara era uma pessoa totalmente sem paciência... Logicamente, deu um basta naquele drama todo. Não que eu tenha gostado, mas o Edu precisava entender que eu precisava de um tempo para mim também.
Clara – Edu. Já chega. Para de ser grudento. Dá um tempo. Ok? Nós pegamos um trânsito infernal para vir aqui te ver. Sua mãe tá sofrendo e muito porque você só quer ficar com o Diego. Ele te ama, eu sei. É muito difícil para eu dizer e aceitar isso, mas eu to tentando. Agora, chega de ceninha.
Não precisava tanto, mas já estava feito. O Thiago e o Breno protestaram pela atitude dela. Enfim, rolou o maior estresse novamente dentro daquele quarto.
Clara - Só to dizendo o que ninguém até agora teve coragem de falar. Diego? Para de fazer as vontades do Edu também, não é? Ele não é nenhuma criancinha, precisa caminhar sozinho. E você Eduardo, aprenda a dar valor aos amigos que você tem. Porque eu não sei se algum outro aguentaria tanta ingratidão, pois desde quando chegamos aqui, você nem se importou. Só que saber dele.
Errada, ela não estava, mas eu fiquei com muita dó do Edu, mas resisti bravamente, rsrs. Ninguém concordou/discordou ou falou mais nada, mas ele disse que era para eu ir, mas na condição de não demorar a voltar para vê-lo novamente.
Clara - Pode ir em paz Diego. Qualquer coisa eu te chamo.
Eu – Tudo bem. Eu vou, mas depois eu te ligo Edu.
Clara – Tá explicado o porquê de ele querer que você fique aqui. Você tem que deixá-lo sozinho também, não pode ficar ligando toda hora. (ela disse toda irritada).
Fiquei com o coração apertado por deixá-lo, mas era preciso. Então, eu e o Thiago saímos. Quando eu estava por perto, parecia que tudo se tornava invisível para o Edu.
Porque ele tinha que ser assim? Às vezes ele era tão inseguro. A impressão era que o Edu se sentia incapaz de realizar algo e, para isso sempre precisava da minha opinião ou incentivo. Nunca fazia as coisas por sua própria vontade, mas aos poucos ele seguia mudando, ainda bem. Minha mãe me aconselhou á não deixar de fazer minhas coisas, mas tentar conciliar tudo isso as necessidades do Edu. Para variar, ela estava certa. Eu o amava, fato e, já não tinha mais dúvidas disso. Portanto, cuidaria dele até o fim, mas eu também necesitava de colocar minha cabeça em ordem, de um tempo para relaxar e tudo mais.
Minha vida deu uma reviravolta tão grande e, em tão pouco tempo. Eu conheci o Edu logo no início das aulas na faculdade. Chato demais. Acho que ele pensava o mesmo de mim também, rs. Eu não entendia tanta implicância comigo, mas bastou um único beijo para me envolver completamente. Enfim, tudo tinha que acontecer dessa maneira.
Eu precisava de descanso, de fato, mas não conseguia dormir, nem nada parecido. Só pensava nele em todo o tempo. Tentava me distrair, mas nada funcionava. Então, liguei para meus amigos de Angra para conversar. Enfim, tinha que fazer alguma coisa, se não eu iria pirar dentro de casa sozinho. Assim, o dia passou e, logo anoiteceu. Já na faculdade, a Clara me deixava ciente de toda a ‘birra’ do Edu. Agora, já não existia ressentimento entre nós. Ficávamos juntos novamente e, sem disfarces ou mentiras.
Eu – E então... Como o Edu como ficou ontem?
Clara - Começou a reclamar que estava sentindo sua falta e tal. Parecia um menino mimado, mas eu dei um jeito nele.
Eu - O que você fez garota?
Clara - Nada de mais. Relaxa. Ok? Eu tranquei ele no banheiro.
Eu – Hahahaha. Muito Engraçadinha você.
Clara - Kkkk. Eu disse para o Edu tentar ficar calmo, mas que você não iria voltar. Acho que se eu não fosse tua amiga, ele me mataria.
Eu – Eu também tenho essa impressão.
Novamente, o Thiago iria comigo visitá-lo. Quando chegamos ao hospital, ele estava sozinho e a mãe conversando com o médico. Ela permanecia firme de que o Edu voltaria para casa junto dela. Preferi não discutir mais, deixar para lá. Por fim, enquanto o Thiago comia algo, eu fui ver o meu amor. Agora, eu dizia sem medo... Meu amor.
Dessa vez, por incrível que pareça ele estava lendo. Me disse que estava gostando e tal. Fiquei muito contente.
Edu - Amor. Que bom que você voltou.
Eu - E você tá bem?
Edu - Com você aqui, sim.
Eu - A Clara te tratou direitinho?
Edu – Ah! Aquela garota é má.
Eu – Claro que não. Você sabe disso. Ela só quer o seu bem.
Edu – Pode ser, mas às vezes eu tenho vontade de esganá-la.
Eu - Kkkkk. Você não faria isso.
Edu – Claro que não. Agora me dá um beijo.
Eu – Logo você vai sair daqui.
Edu - Não vejo a hora de isso acontecer. Quero voltar para a nossa casa.
Conversamos por mais um tempo. O problema era que eu teria que ir para casa naquele momento. Foi difícil, mas nessa hora, pensei em tudo que a minha mãe tinha me dito. Eu tinha que ser forte. O deixei e fui embora. Sempre era esse mesmo sacrifício para conseguir sair, mas em poucos dias tudo isso teria um fim.
Enfim, o tempo passava rapidamente. Naquele dia, ele estaria ‘livre’ do hospital. Então, combinamos de ir todos juntos buscá-lo: Eu, Breno, Clara e, agora o Thiago também. Chegando por lá, toda a família dele já aguardava essa ocasião. O Edu já estava pronto. Finalmente, esse dia havia chegado. Foram tantas horas de aflição e tristeza, mas este momento seria somente de alegria.
Edu – Até que enfim você chegou. Vamos amor?
Mãe dele - Eduardo (ela disse um pouco alterada) você vai comigo.
Edu – Já disse que eu não volto mais para aquela casa.
Definitvamente... Isso seria um problema. O clima não estava nada favorável, mas eu tentaria não me intrometer. Era um assunto entre eles.
Mãe dele - Por favor, filho. Vem comigo, eu sou tua mãe.
Edu - Mãe. Você pode me visitar sempre, mas eu quero ficar com o Diego.
Mãe dele – Meu filho. O Diego ainda é jovem, ele não vai saber cuidar de você corretamente.
Aff! Porque isso só acontece comigo? Tentei, mas não dava. rsrs. Era muita provocação na minha vida. Impressionante!
Eu - Eu sei cuidar dele perfeitamente. Eu amo o Eduardo. Isso basta.
Então, ele sorriu e, isso me deu toda a coragem do mundo para não recuar.
Edu - Mãe. Desculpa, mas eu vou com ele.
Nem preciso dizer o quanto ela se desesperou, mas tudo isso foi necessário. Se tivesse respeitado a decisão do Edu... Esse constrangimento poderia ser evitado. O Breno nos levou para casa... E agora sim... Um novo tempo começava para nós.
Edu – De volta, finalmente. Agora tudo vai ser diferente.
Me beijou...
Breno - Ei. Espera eu sair gente, rsrs.
Eu – Eita. Foi mal Breno. Não resisti.
Breno – Sei. Agora eu vou embora. Podem continuar. haha.
Esse cara era fantástico. Especial demais. Além de ser uma pessoa super do bem, o Breno era um amigo para todas as horas.
Nesse tempo que o Edu esteve aqui comigo, a mãe dele não o procurou, nem noticias dava. Afinal, onde estava toda aquela preocupação com o filho que insistia tanto em demonstrar? Talvez, estivesse muito magoada conosco.
Enfim, cuidar do Edu nesse período foi bem complicado, mas eu consegui tratá-lo muito bem. Me superei! Agora ele estava recuperado, saudável e de bem com a vida. Estávamos de boa vendo TV, até a campainha tocar. Imaginava que seria um de nossos amigos, pois diariamente eles estavam por lá. Puro engano. Não faltava mais nada para acontecer. Por quê? Era o que eu me perguntava. Surpreso, eu estava e, nada feliz por receber essa visita desagradável.
Eu - Você? Depois de tudo que nos fez, ainda tem coragem de vir aqui?
Não existiam motivos para ele estar ali, pois a todo o tempo dizia não se importar com a nossa vida e tudo mais... Era o pai do Edu na minha frente, todo sem jeito. Envergonhado, talvez.
Pai dele - Eu preciso falar com vocês.
Edu - Eu não tenho nada para falar com você. (ele disse irritado).
Pai dele - Me escuta. Por favor, eu sou teu pai.
Eu – Ah! Agora você lembrou que tem filho? O que você quer aqui afinal?
Pai dele - Filho. Eu vim pedir o teu perdão.