Continuando...
Em certas horas, eu me arrependia de ter dado o videogame pro Ricardo, eu não ligava que ele jogasse as vezes, mas acho que ele tinha que ter as prioridades definidas. O problema dele e da Aline é que eles ficaram contentes em ter um filho, mas nenhum dos dois queria obrigações, problemas e ter que abrir mão de tudo. Só queriam a parte boa e todo mundo sabe que não é a única. As vezes eu me pegava pensando o que seria do Lucas se ele fosse criado por Ricardo e Aline apenas, coitado, a mãe ia estar na balada e o pai no videogame.
No dia seguinte, quando levantei, Ricardo estava tomando café com o Otávio na cozinha, eu só fui até lá pra comer alguma coisa pra poder depois ir buscar a Carla. Sentei na mesa.
Otávio: - Bom dia Marcio.
Eu: - Bom dia.
Ricardo: -Bom dia amor.
Eu: - Bom dia.
Ele me deu um selinho, acabei retribuindo apenas pra não fazer muito drama, apesar de pra mim aquilo ser totalmente necessário. Decidi que seria melhor levar Lucas até Carla do que precisar buscá-la e tirá-la de casa sempre. Então eu preparei o Luquinhas e ia saindo.
Otávio: - Posso ir com você?
Eu pensei : Não. Mas respondi que sim com a cabeça, quem sabe nos conhecendo melhor eu podia parar de ser tão inseguro em relação a ele e Ricardo. Eu só me perguntava quando e se ele começaria a trabalhar ou se seria mais uma criança pra eu cuidar.
No caminho ele me contava como eram as coisas dos Estados Unidos, eu fiquei muito interessado, Nova Iorque era um sonho pra mim, não via a hora de realizar, então eu ficava sonhando acordado com o que ele me dizia.
Eu: - Então Otávio, você é formado em alguma coisa? Fez algum curso técnico ou faculdade?
Otávio: - Sim, eu sou formado em Administração pela NYU.
Eu: - Legal.
Otávio: - Mas agora eu pretendo voltar a estudar, fazer faculdade de Economia, um sonho, pra quem sabe montar uma empresa da área ou algo do tipo.
Eu: - Legal. – Era tudo que eu sabia dizer.
Otávio: - Tem alguma faculdade boa por aqui?
Eu: - Aqui em Santo André tem algumas, mas em São Paulo tem várias.
Otávio: - Vou me inscrever nos vestibulares.
Eu estava curioso em como ele ia manter a faculdade, mas não perguntei nada. Afinal, não era da minha conta.
Otávio: - Vou começar a procurar um emprego, mas primeiro queria comprar um carro, você podia me levar pra ver alguns?
Eu: - Claro, porque não?!
Otávio: - Tenho uma grana guardada, deve ser o suficiente pra me manter por enquanto e pra comprar um carro.
Depois que saímos da casa da Carla, fui com ele na concessionária, ele não tinha muito critério não, nem pesquisou muito, viu um carro que cabia no orçamento dele e comprou, o carro estava a pronta entrega, aqueles feirões que acontecem de vez em quando. Então eu deixei ele lá, que tinha uma papelada enorme pra assinar e outras coisas.
Chegando em casa, fiquei com o Lucas na sala, deitei ele comigo, em seguida os cachorros vieram e se aninharam em mim e dormiram bem pertinho. Eles eram muito protetores do Lucas, se alguém fosse lá e tirasse ele de lá, eles começariam a latir com certeza. E o Lucas ria muito pra eles, eu amava ver aquela cena.
Não era ruim ficar em casa, eu assistia novela que era uma beleza. Sempre gostei, até hoje gosto, eu dizia como desculpa que o Lucas gostava da musica de abertura. Eu queria acostumá-lo com as musicas que eu gostava, então sempre ouvia com ele, pra garantir que ele não tivesse o gosto do pai.
Eu colocava pra tocar muito Nickelback, Coldplay, Lifehouse, Alicia Keys e coisas do gênero, eu queria converter aquele garoto pra que fosse meu seguidor fiel. Eu vivia pensando se poderíamos algum dia talvez, dar um irmão ou irmã pro Lucas, mas só depois que ele crescesse mais, e também não queria que fosse nas circunstancias que o Lucas foi feito, adoção talvez, mas eu sabia que dava um trabalho judicialmente. Mas talvez o fato do Ricardo ser advogado adiantasse algo, era uma hipótese.
É uma coisa que nunca concordei e entendi é que as pessoas e o judiciário preferem ver crianças lotando orfanatos, vivendo em condições muito ruins as vezes, não tendo os confortos que uma criança merece do que num lar feliz e estruturado, só porque o casal é gay. Nós tínhamos condições de dar um lar a uma criança, uma boa casa e tudo que se pode precisar, principalmente amor, então eu até hoje não entendo essa lógica: Fica infeliz e largado num orfanato, mas não vai ser feliz numa casa de um casal gay porque isso é a pior coisa que pode acontecer.
Eu me preocupava muito como seria com o tempo, fazer Lucas e os coleguinhas entenderem que ele tinha uma família diferente, tinha medo da adolescência, de como seria tudo, mas tinha decidido dar o meu melhor e depois ele que fizesse o que achasse melhor. Eu esperava que ele entenderia e que o amor por ele seria muito maior que qualquer preconceito.
Fui interrompido nos meus pensamentos por Otávio, que chegou em casa e foi me mostrar o carro, era uma graça. Eu só ficava preocupado porque tínhamos três carros e vaga apenas pra um, que era o meu, por ser mais caro e muito grande, ocuparia mais lugar na rua. Não era muito seguro deixá-los na rua. Notei que na casa a frente, viviam um casal de idosos, a garagem deles era bem afastada da casa, pensei em ir até lá conversar com eles, por ter a vaga afastada da casa, não atrapalharia eles em nada.
Deixei Otávio de olho no Lucas e fui até lá. Toquei a campainha e fui atendido pela senhora, muito simpática por sinal.
Eu: - Oi, tudo bem? Eu me chamo Marcio, sou o vizinho da frente de vocês.
Vizinha: - Oi meu filho, estou ótima e viva, e você? Meu nome é Fátima. Sei quem você é. – E sorriu.
Eu: - To bem também, muito prazer dona Fátima.
Ela abriu a porta e me convidou a entrar. A casa deles era quase o dobro da nossa, enorme mesmo, ela me contou que os filhos construíram pra que eles tivessem uma velhice tranquila e saudável. Além da garagem, eles tinham um quintal bem grande.
Eu: - Sabe o que é Dona Fátima? É que meus amigos que moram comigo, os dois tem carro, mas só temos vaga pra um, como vi que a senhora não tem carro ai, gostaria de saber se a senhora tem o interesse em alugar pra nós.
Fátima: - Olha meu filho, eu já havia pensado em alugar a vaga, porque quando meus filhos vem aqui, eles deixam o carro aqui no quintal, a garagem fica praticamente vazia. Eu tinha pensado em pôr uma plaquinha, mas já que você veio até aqui me poupa o trabalho.
Fechei com ela por uma quantia, ela me disse que o marido tinha ido ao médico com o filho. Mas que ia comunicá-lo e depois iria até minha casa me dar o controle do portão. Fui pra casa e contei ao Otávio que ficou muito feliz e aliviado, já que o carro não tinha seguro ainda. Ele me disse que ia fazer academia com Ricardo, pegou roupa pra levar pro Ricardo e foi direto.
Mais tarde o esposo da Dona Fátima, Sr. Zé, como ele gostava de ser chamado, muito simpático também, foi até minha casa me conhecer e deixar o controle do portão. Mas os meninos precisariam dar um jeito de conseguir outro.
Quando eles chegaram, eu servi o jantar, eu tinha aprendido a fazer coisas novas com a santa Ana Maria Braga e a Palmirinha, eles me ensinaram praticamente tudo que eu sei. Eu errava muito, mas eu escondia as provas de quando algo dava errado e pedia uma pizza. Ricardo que adorava ver eu cozinhando bem e coisas novas. Então passei também a comprar revistas de culinária e outras coisas. Como eu já estava de férias do doutorado, tinha um bom tempo livre.
O natal se aproximava, eu precisava comprar todos os presentes, mas nem sabia por onde começar, então liguei pra minha mãe, a levaria junto. Assim eu teria ajuda com o Lucas e pra comprar as coisas.
Essa ceia, seria na minha casa, combinamos eu e minha mãe de cozinhar as coisas, bastante coisa, a mãe do Ricardo, estava mais simpática e quis participar também ,então concordei, marcamos de dia 23 começarmos a preparar tudo.
Eu e minha mãe fomos ao shopping começar a comprar as coisas, eu já sabia o que dar pro Gabriel e pro Bruno, perfumes, eles adoravam, eu até conhecia bem o gosto deles, o Gabriel por causa dos anos e o Bruno pelo tempo que morou conosco. Comprei um GPS pro Otávio, meio carinho, mas o primo dele não ia reclamar de pagar. Comprei uma bolsa pra minha sogra e sapato social pro meu sogro. Minha mãe escolheu o próprio presente e o do Luís. Comprei pro Lucas brinquedos, a maioria coisas que ele ainda não podia brincar.
Só faltava o presente do Ricardo, nem sabia por onde começar. Não sabia o que dar pra quem tinha tudo, o dele eu teria de pagar do meu próprio dinheiro, já que a fatura dele chegava dia 20, ele já saberia o que seria, então eu comprei com o meu dinheiro mesmo. Comprei um terno de marca pra ele, muito bonito e que deixaria ele bem gostosão. Passamos o dia no shopping aquele dia, na hora de ir embora, me toquei que estava esquecendo de alguém, da Carla e sua família, então voltamos as lojas pra comprar coisas a toda sua família, já que eles mereciam, comprei até coisa pros vizinhos da garagem.
Passei na Carla a noite, pra ela amamentar o Lucas, convidei ela e a família pra passarem lá conosco, já que os parentes deles eram do Nordeste. Eles primeiro meio que recusaram, depois toparam. Queria ver a casa cheia, repleta de amor. Todos dormiriam na nossa casa, então Ricardo na época comprou vários colchões infláveis, já tínhamos alguns sobrando e minha mãe também, então tinha espaço pra todos. Só os avós do Ricky, não passariam conosco, passariam com um tio dele.
Chegando em casa, pedi ajuda ao Ricardo e Otávio pra pegar todos os presentes, mas não deixei que olhassem, coloquei todos em um canto no quarto do Lucas. Cada um tinha um embrulho de uma cor, eu tinha feito uma colinha no papel, tipo uma legenda pra saber qual era de quem no dia.
No dia 22, eu peguei Lucas, deixei na casa da Carla, a pedidos dela, já que era madrinha. E fui ao mercado comprar umas tranqueiras pro pessoal comer e tudo que usaríamos na ceia de natal. Eu ficava impressionado com o preço das coisas, nozes, castanhas, ameixas, champagne, muito caro tudo, mas fazer o que, meio que não tínhamos escolha, até hoje não acho que temos muitas opções.
Cheguei em casa, deduzi que não tinha ninguém pelo silencio na sala, mas o carro do Otávio tava lá. Eu queria pedir ajuda a ele pra pegar as compras, mas não queria acordá-lo caso ele estivesse dormindo, então subi silenciosamente. Chegando perto do quarto, ouvi a cama se mexendo, ouvi gemidos e alguns palavrões de sexo. Já sabia o que tava rolando naquele quarto, não queria atrapalhar, mas eu tinha que fazer, tinha alguma desconfiança de ser o Ricardo naquela cama com ele, se fosse eu matava os dois. Abri a porta bruscamente, me arrependo até hoje, fiquei vermelho na hora, e olha que eu sou moreno e isso não é muito fácil.
Eu: - Desculpa, eu não queria...
Peguei o Otávio no ato, mas não era o Ricardo, era um cara que eu nunca tinha visto antes. Não sabia onde enfiar a cara, fiquei congelado ali, nem me toquei que eles tavam pelados olhando pra mim, acho que eles queriam terminar já que não se vestiram e nem tinham parado os movimentos. Otávio era ou pelo menos estava sendo o ativo da relação, tinha uma bundinha linda. Ri sozinho e me toquei que ainda estava lá, dei a volta e sai do quarto.
Nem descarreguei o carro, fui buscar o Lucas direto, pensando na cena que eu tinha visto. O passivo, era um negro muito bonito também, parecia um filme pornô só que ao vivo. Eu nunca tinha visto ao vivo outras pessoas transando. Mais tarde, quando cheguei em casa, Otávio estava vendo TV, eu não sabia como encará-lo depois daquilo, então fui pedir desculpa.
Eu: - Otávio, olha... Me desculpa...Eu não queria... Sabe? Não foi minha intenção.
Otávio: - Fica tranquilo. Acontece, não fico sem graça, se você não fosse marido do meu primo, eu até teria te chamado pra participar. – Eu ri, aquilo quebrou a tensão.
Otávio: - Te desculpo, mas não faz mais, ok?
Eu: - Não preciso te lembrar que é minha casa, ou preciso?! Disse brincando com ele.
Otávio: - Isso é apenas um detalhe.
Quando Ricardo chegou, eu contei a ele no nosso quarto, sim eu já estava de bem dele.
Ricardo: - Então, ele te chamou pra participar, é isso?
Eu: - De tudo que eu falei, você só ouviu aquilo?!
Ricardo: - É brincadeira, mas se algum dia você quiser, é só me falar e chamamos alguém pra participar.
Eu: - Cala a boca.
Aproveitamos o silencio do Lucas e fizemos amor. No dia seguinte, dia 23. Ele saiu com Otávio, disseram ir fazer as compras de natal. Logo em seguida, Silvia, minha mãe e Carla chegaram pra preparar tudo pro dia seguinte. Passamos o dia na cozinha, conversamos muito, colocamos Lucas bem pertinho de nós. Aprendi muito com elas, eu estava feliz de estar naquele clima bom com a Silvia.
A noite, Otávio queria sair, ir pra algum barzinho legal. Eu tinha adorado a ideia, mas tinha o Lucas, não podia deixá-lo, eu não era irresponsável. Liguei pra minha mãe pra saber o que fazer. Ela me disse que sair de vez em quando e deixá-lo sob os cuidados de alguém não era irresponsabilidade, era ser humano e de vez em quando eu precisava viver também. Liguei pra Silvia, que eu sabia que amaria a ideia, ela logo concordou, já que a Carla tinha passado o dia conosco, ele tinha se alimentado e tinha as mamadeiras pra madrugada. Peguei tudo que precisava e deixei ele lá, com um aperto enorme no coração de passar a noite sem ele, mas deixei.
Me arrumei todo. Fui o último a terminar, cheguei lá em baixo, todos estavam lindos, eu me sentia muito feio perto deles. Todos lindos, sarados e eu, comum.
Ricardo: - Que lindo, tudo isso é pra mim?!
Eu: - Tudo o que?! Você quis dizer só isso né?
Ricardo: - Para, você é meu lindo, você é lindo.
Eu: - Aham, sei.
Cumprimentei todos e fomos, no meu carro, um dos motivos é o fato de eu não beber. Fomos no nosso velho conhecido barzinho, onde eu conheci Ricky e Bruno. Lá, estava um pouco diferente, tinha muitos rapazes bonitos, os que estavam comigo foram o centro das atenções quando chegaram. Sentamos a mesa, pedimos alguns petiscos e as bebidas, a minha clássica, coca-cola. Um tempo depois, começou a tocar musicas mais dançantes, mais eletrônicas. Otávio foi logo dançar, junto com o Ricardo, Bruno e Gabriel. Só eu fiquei na mesa, eu não dançava nada bem, não quis apesar da insistência.
Fiquei mandando SMS pra Silvia por um bom tempo, até ela desligar o celular e dizer pra eu relaxar que o Lucas já dormia. Mas minha cabeça estava lá com ele. Um tempo depois, um carinha vem até mim na mesa.
Lucas: - Posso me sentar?
Eu: - Se eu disser que não, você vai embora?
Lucas: - Não, a propósito, prazer meu nome é Lucas. – e me estendeu a mão.
Eu: - Belo nome, Marcio prazer.
Ficamos conversando um tempo, eu não sabia bem qual era a dele, mas depois de bastante conversa e muitas encaradas do Ricardo, levantei pra ir até o bar, já que não estavam mais servindo nas mesas devido a lotação. Quando levantei, Lucas levantou logo em seguida e veio atrás, então Ricardo me puxou na pista da dança e me deu um beijo, mas que beijo, sabia que ele estava marcando território, mas o beijo estava muito bom. Não demorou muito e Lucas entendeu o recado e saiu andando.
Ricardo: - Você é só meu, ta ouvindo?
Eu: - Não sou de ninguém. Mija em mim na próxima pra ele sentir o cheiro e não se aproximar.
Rimos juntos, não demorou muito e fui ao banheiro. Lá, fui procurando um Box vazio, fui até os últimos, quando cheguei no ultimo, lá estava Otávio recebendo um sexo oral de um cara aparentemente mais velho. Ele gemia muito, parece que gostava de ser pego. Ele me viu, sorriu e piscou, depois continuou gemendo e eu fui em um mictório mesmo.
Depois, quando Otávio saiu, ele me disse:
Otávio: - Mas você gosta de chegar bem na hora sempre né?
Eu: - Você sabia que portas servem pra fechar as coisas?
Otávio: - Vou anotar essa pra próxima.
Depois que saímos do barzinho, deixamos o Gabriel e Bruno na casa deles e Otávio na nossa. Depois Ricardo quis me levar em um lugar, era um Motel, bem luxuoso, já tinha até esquecido a quanto tempo não ia em um motel, fazia muito tempo. Mais de um ano. Fizemos muito, mas muito amor mesmo, até a completa exaustão. Ricardo era muito firme e decidido, sempre sabia o que fazia, ditava os movimentos bem gostosos e no mesmo ritmo, sempre rápido e forte. Era uma delicia, ele tinha um corpo sarado que facilitava muito, eu não implicava com a academia dele por isso, ele era muito gostoso, o tanquinho dele ficava cada vez mais lindo, o peitoral também, tudo nele me excitava.
Passamos a noite lá, na manhã seguinte era véspera de natal já. Passei em uma loja famosa de móveis e decoração, comprei alguns enfeites, já que não tinha montado minha árvore ainda, umas toalhas de mesa brancas e um conjunto novo de peças de jantar. O pai do Ricardo tinha um comunicado a nos fazer a noite. Buscamos nosso filho e os pais do Ricardo já foram conosco até nossa casa. Lá, Silvia e eu ficamos um bom tempo até montarmos a árvore, Lucas quis brincar com um enfeite, eu não quis dar e ele começou a chorar, acabei dando.
Aquele seria o primeiro natal com meu filho. Eu estava extremamente feliz. A campainha toca, era uma encomenda em meu nome, assinei e abri. Tinha dois cartões. Um cartão dizia:
“ Obrigada por tudo, sei que ele está em boas mãos. Que Deus abençoe você e meu filho. Desculpa, por tudo. Feliz Natal. Aline.”
E o outro:
“Não importa onde eu esteja, eu sempre vou te amar filho. Feliz Natal. Que esse seja o primeiro de muitos. Mamãe”.
O presente era um ursinho que estava escrito na barriga: “Eu te Amo”. E um porta-retratos lindo.
Eu não sabia bem o que falar ou fazer pra ele em relação a mãe. Mas sabia que uma coisa era certa, não podia privá-lo daquilo. Pus o ursinho no quarto dele, junto aos outros e o porta-retratos, peguei uma foto que tinha a Aline no hospital com ele recém-nascido e pus na cômoda do quarto dele. Não sabia se aquilo era certo ou não, mas eu fiz o que meu coração mandou na hora.
Ricardo: - Se eu fosse você eu jogava fora essa merda. – Ele tinha muita mágoa dela.
Eu: - Para com isso, ele tem o direito.
Ricardo: - As vezes eu me pergunto se eu mereço você, se você não é de mais pra mim!
Eu: - Para vai, eu te amo, isso que importa. – E nos beijamos.
Depois descemos, todos ficaram falando que eu era muito bom, e essas coisas mais, mas eu nunca me senti assim, eu só seguia meu coração ao invés do cérebro, no fundo, eu sempre entendi Aline, aceitar é totalmente diferente, mas entender, eu entendia. A árvore de natal estava repleta de presentes, tinha muitos mesmo, além dos que eu tinha comprado, tinha vários, não demorou muito e minha mãe e Carla e sua família chegaram. Ficamos tirando muitas fotos, conversando muito, jogando videogame, cartas e tudo. A ceia foi muito farta, muito deliciosa também, devoramos muita coisa e até sobrou um pouco. Meia noite, brindamos, nos abraçamos, depois trocamos os presentes.
Eu presenteei primeiro, a todos, ficaram muito felizes. Principalmente Otávio com seu GPS que agora podia andar por ai sem precisar que ficássemos guiando-o o tempo todo. Ricky amou seu terno também. Acho que todos ficaram satisfeitos, inclusive os filhos da Carla, ela e seu esposo. Lucas ganhou um monte de coisas também, ele nem andava nem falava, e já tinha tudo. Eu ganhei mais presentes que ele ainda aquele natal.
Ganhei roupas, tênis, ipod, livros, CDs, todos me presentearam, falavam coisas sobre mim, me homenageavam, eu ficava muito feliz com aquilo. Ricardo ainda não tinha me dado meu presente, á aquela altura eu nem lembrava. Ele então, me deu um envelope e me beijou na testa.
Eu imaginava o que tinha naquele envelope. Abri e estava certo: Duas passagens pra Nova Iorque. Eu fiquei em ecstasy na hora, pulei, gritei, chorei, abracei, beijei, depois caiu a ficha. O que seria do Lucas? Não podíamos ir.
Ricardo: - Sossega lindo, nós vamos, ele vai ficar com meus pais, ele vai ficar bem, eles vão levá-lo na Carla todos os dias e fazer o que for preciso.
Eu concordei então, não que eu quisesse largar meu filho pra viajar, mas aquele seria meu voto de confiança aos meus sogros, principalmente a Silvia. Iríamos dia 5 de janeiro e voltaríamos dia 19, seriam exatamente duas semanas lá. Parei então de procurar motivos pra não ir, agora eu procuraria motivos pra ir e me divertir. Mas tinha que tirar o visto primeiro, mas nem ligava, eu iria pra Nova Iorque, era tudo que me importava no momento.
Depois, o pai do Ricky nos chamou pra conversar no escritório.
Gustavo: - Bom, eu chamei vocês aqui, porque tenho um comunicado a fazer de interesse dos dois.
Eu: - Pode comunicar. O Ricardo é adotado filho de um orangotango é isso, não?
Gustavo: - Bom, isso não é mentira, mas não é isso.
Então ele fez uma pausa dramática e continuou:
Gustavo: - Como vocês sabem, eu fiz a prova pra juiz federal e eu consegui, passei, vou assumir o cargo esse ano. Vou ter um salário muito bom e muitos benefícios, apesar de ser menos que eu ganho no meu escritório, é o suficiente pra manter minha vida boa e dar as coisas ao meu neto. E eu vou sair do escritório, vou passar pra frente, conversei com a Silvia e vamos passar a vocês. Minha parte, metade, vai pro Marcio e a da Silvia, também metade, fica pra você Ricardo. Assim estamos sendo justos com ambos e gratos.
Ricardo: - Nossa pai, nem sei o que falar, como agradecer. Vocês são de mais, né amor?
Eu: - Totalmente.
Gustavo: - Ainda essa semana, vamos ao cartório acertar tudo, parabéns vocês terão o escritório de advocacia de vocês. Dos dois, juntos. – E sorriu.
Eu também estava feliz, alem da renda do Ricardo dobrar e mais um pouco, eu também teria uma, já que o escritório era nosso e o mais importante: era mais um patrimônio nosso, pra futuramente, ser do nosso filho. Apesar de Ricardo ser quem ia trabalhar e comandar tudo, eu teria minha parte, metade, e isso me deixava muito feliz. Definitivamente, eu estava feliz, contei a todos que ficaram muito felizes.
Gabriel: - Agora sim, vocês são ricos.
Eu: - Ainda não, mas falta pouco. Aí teremos de rever nossas amizades...
Todos rimos. Eu estava novamente no paraíso, Ricardo então nem se fala. Agora sim as coisas melhorariam, em todos os sentidos. Se eu não quisesse, não precisaria trabalhar nunca mais, mas lógico que eu gostaria.
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Bom gente, desculpem minha ausência, tive um problema com a internet. Mas aqui estou, muito obrigado pelos votos e comentários, vocês tem me animado muito, me sinto muito bem dividindo minha historia com vocês. Qualquer crítica e sugestão são bem vindas.
E-mail para contato: Marcio.casadoscontos@hotmail.com
Até mais ;)