Trilha sonora do Episódio:
http://www.youtube.com/watch?v=cruG9a_YgYM
_______________________________________________________________________________________________________Sabe quando achamos que estamos enganando alguém que sempre achou saber tudo sobre nossa vida, personalidade, gostos, pensamentos, preferências etc...? Sou bem suspeito em dizer "Vá, conte tudo, serás mais feliz assim!", porque não penso assim... Acredito que cada um deve estar preparado para o que deve fazer, quando quiser fazê-lo, Tratar de assuntos delicados em horas de despreparo nosso, pode acabar gerando problemas, e não resolvendo estes. Existe uma coisa dentro de nós, chamada confiança, e esta é bem transmissível, quando estamos seguros conosco, transpassamos essa segurança aos demais, o que ajuda e bastante, qualquer tipo de problema futuro, ou até mesmo aqueles passados que nos atormentam até hoje...
Eu não era seguro comigo mesmo até conhecer o Rennan, ele me trouxe uma confiança tremenda, embora eu não saiba de alguma necessidade de confiança na minha vida até descobrir o sentimento que tenho por ele... Eu estou determinado à tudo, até mesmo uma expulsão de minha casa! Afinal nunca vivi lá, pelo contrário, aquilo era de fato um fragmento de minha morte que se fazia presente em meu "eu" vivo!
Ficar sabendo que há alguém comigo, que me protege, e até mesmo tenta por algum pensamento sensato em quem vive comigo foi algo que posso qualificar como fenomenal, fui protegido por um estranho, enquanto minha família sequer dava olhos à mim.
Eu não me sentia sozinho até conhecer o Rennan, não porque ele não faça sentido para mim, mas sim porque hoje eu descobri o significado de uma verdadeira companhia, eu não tinha relações humanas, era apenas um adepto de livros, tudo que eu tivera guardado era técnico, algo padrão, baseado em padrões por obviedade, Conhecer ele quebrou todos os meus padrões, exceto um! "Os opostos se atraem". E de fato, ele era completamente oposto à mim, para falar uma verdade, não sei sequer o que ele viu de interessante em mim, devo perguntar, para logo!
Calor, grandeza física que representa a troca de temperatura entre dois corpos, no caso desse grande homem que vos descrevo agora, não apenas a temperatura dele foi transmitida a mim, mas todo o amor dele, como eu nunca havia sentido antes, NUNCA! Espero estar atendendo à regra, e transmitindo também a ele tudo o que sinto, é verdadeiro, acredito que todos já tenham visto, nem que seja por parte dos imundos que frequentam aquele colégio!
Acreditar! nunca sequer havia entendido o significado dessa palavra que vale tanto, nunca havia acreditado, ou sentira crença de alguém a mim, exceto as avaliações escolares, mas por um motivo fútil, aprender tudo aquilo é exageradamente padronizado, fácil. Isso claro se comparado à crença de alguém no que você sente por ela... Ontem foi um dia complicado, porém acredito que tornou mais fácil tudo entre nós... Acredito que tenhamos criado mais confiança nós mesmos... Eu por ter provado não haver feito nada que fosse contra nosso sentimento, e ele por ter-me protegido de um completo perplexo frustrado que coincidentemente estuda comigo...
Acredito que apenas o Rennan será capaz de entender tudo que aqui foi retratado, esta carta é escrita com a única finalidade de eternizar meu amor por ele, caso algo aconteça comigo, Os últimos dias, inclusive aquele em que te conheci, amor, têm sido marcados por coisas de nível um tanto que perigosas, exceto naquelas em que estou contigo, sequer preciso dizer mais o quanto confio em você.
Mário Wessels.
"Pronto, carta mais que pronta, agora apenas tenho que ir à aula, e ao final de tudo, vir completar as necessidades de hoje" Pensou Mário enquanto escuta a campainha, Certamente era Rennan que viera buscá-lo. Pegando a mochila, desce as escadarias correndo, Sem esquecer é claro de despedir-se com a governanta de sua casa, aquela que há pouco era a única a dá-lo uma quantia considerável de atenção, supõe-se.
- Olha, o nerdzinho se atrasando hein? – Rennan aparentava estar com o humor às nuvens naquela manhã-
- Tenho você pra me buscar, qual o motivo de correr? – Fala Mário como se não soubesse dos 100 metros rasos que improvisou nas escadarias de sua casa-
- Está ficando mal acostumado hein? – Fala Rennan rindo daquele jeito que só ele sabe, coçando a nuca –
- Se quiser eu vou sozinho, atrasado mas vou... – Responde Mário fingindo que iria sozinho-
Ele sente um puxão pelo braço, e quando vê já está nos braços dele, Rennan, que aperta ele de jeito, chegando mais perto para dar um beijo singelo, com bastante calma, não havia sequer pressa, ou medo dos dois, tudo seria contado hoje mesmo...
- Acho melhor essas exposições públicas ficarem para depois que contarmos tudo, embora não seja interessante ficar assim, para todos verem, amor ! – Diz Mário apenas afastando-o de leve, depois de um beijinho final –
Tirando o fato que aconteceria logo mais, o dia teria sido completamente normal, Ricardo chegou à sala com um dos olhos roxos, provavelmente fruto da surra tomada pelo cobiçado moreno daquela sala de terceiro ano...
É chegada a hora do intervalo, todos saem, apenas o garoto machucado permanece, ele queria falar com Mário, entender por que tudo aquilo acontecera, afinal ele ficou de fato bastante confuso com tudo...
- Poxa Mário, porque ele me atacou daquela forma, ele gosta de você? Vocês estão namorando?
- Não acredito que isso tenha algo haver contigo, faça uma análise, acho que você descobre algo com isso, melhor não chegar muito perto de mim, sabe o que aconteceu da última vez não é?
- Ta, estou indo para o pátio já, até mais...
- Ok... – Diz Mário encerrando com um suspiro-
O garoto sai pela sala, fechando a porta, ficando apenas Mário por lá, ele nunca saía ao intervalo mesmo... Já era algo bem normal para qualquer um daquele colégio.
- Andas bem cobiçado, hein Mário? – Sem dúvidas, aquela era a voz de Téo-
- Ta, veio me por em coma novamente por causa deste?
- Não, não vim fazer nada disso... Apenas venho informar que as coisas andam bem complicadas por onde eu ando, espero que isso não interfira aqui no meio humano...
- Constatas assim que não és um simples fruto da minha imaginação?
- É, não sou mesmo, mas acho que você já suspeitava...
- Mas então... O que és afinal?
- Desculpa, não posso dizer... – Diz Téo sumindo como de costume, e forma de fumaça, vista apenas por Mário-
Depois disso... tudo transcorre bem, a aula termina como sempre, inclusive com direito àquela barulheira de todos organizando o material nos cinco minutos que antecedem o toque para o final do dia de aula.
Mário e Rennan saem juntos como sempre, eles estavam calados, e com motivo, deveriam estar concentrados ao que viria. Mário sente em sua perna uma mão a tocar e apertar com força...
- Jura que nunca vai esquecer que te amo?- diz Rennan reforçando tudo que sente-
- Juro, amor, quero que você também tenha sempre em mente, e em coração o que eu sinto por você, seu lindo! – Fala Mário abrindo a porta para sair-
- Te vejo mais tarde? – Fala Mário confirmando tudo o que aconteceria logo mais...-
- Acha mesmo que vou te deixar sozinho?
- Não, espero ! – Fala Mário sorrindo, virando em direção à sua casa, começando a caminhar após ver o carro já distante-
Ao chegar em casa, Mário deita, pega o celular e redige uma mensagem aos seus pais.
“É um caso vital, preciso da sua presença hoje de noite aqui em casa, sem qualquer motivo de falta que seja, preciso falar algumas coisas....”
Continua...