O dia transcorreu normalmente, mas algo estava na minha mente. Até aquele momento eu não conseguia entender a reação de Bernardo quando me pegou o admirando. O cara sempre tinha sido legal comigo, sempre tínhamos conversado normalmente, mas nunca havia tido clima entre agente, até por que ele era hetero convicto, pelo menos eu achava. Acabou que eu não prestei atenção em nem uma aula e fiquei irritado, teria que estudar toda a matéria dobrada em casa. Meu pai já esperava a mim e Rafa quando saímos da aula, e eu não falava nada no carro. E nem eles falavam comigo, me conheciam bem.
Eu resolvi naquele noite que tiraria aquela história a limpo. Durante toda a minha vida eu tinha sido um garoto de atitude, centrado, inteligente, sempre corri atrás daquilo que eu queria. E naquele momento eu gostaria de saber o porquê do sorriso. Na verdade o porquê da sedução naquele sorriso.
A semana passou normalmente, e até que enfim chegou sexta. O dia da festa. Dia de beber com os amigos, dançar, pirar. Meu pai não estaria em casa a noite inteira, então era terreno liberado pra tudo. É claro que eu já tinha decidido o que eu iria vestir, eu realmente me importava com isso. Sempre acreditei que a forma com que você se expõe às pessoas é o que realmente as faz te respeitarem. Era uma noite um pouco fria, então escolhi uma blusa de mangas compridas feita em lã , ela era branca e com listras pretas. Um tanto colada, assim como a calça jeans, marcava todo o meu corpo. Mas eu era másculo, portanto não ficava assim tão afeminado.
Rafa estava animado desde cedo, já tinha providenciado a bebida, os aperitivos, DJ e até mesmo alguma substâncias proibidas para animar ainda mais a festa. Muita gente viria, convidados, penetras... Já eu não estava assim tão animado, claro que eu iria me divertir na festa, mas diferente de quase todo mundo eu não ficaria com ninguém, eu não podia. A verdade é que eu não tinha coragem de paquerar alguém. O lado bom é que Bernardo viria, lindo como sempre, muito cheiroso apesar de que com certeza acabaria de amasso com uma qualquer.
Resolvi só sair do quarto quando já tivesse muita gente, Rafa era melhor em receber as pessoas mesmo, e além disso seria bom chamar atenção em meio a todos. Era uma pessoa mais simpática. Desci as escadas e me direcionei ao jardim, onde ficava a piscina. Cumprimentei os convidados e logo minhas amigas se juntaram a mim. Resolvemos ir pegar vodka no bar, mas na verdade eu queria era procurar por Bernardo, eu ainda não o tinha visto. Foi quando eu me surpreendi, ele estava lá, de camisa gola polo preta que fazia contraste com a sua pele branca e seus olhos claro, o cabelo pretos estava como sempre bagunçado. Mas bagunçado de um jeito lindo. Ele era lindo.
Foi inevitável, fiquei desconcertado, a algum tempo eu sentia algo por aquele garoto e não me permitia assumir isso nem a mim mesmo. Olhamos-nos quando eu ainda estava a alguns passos dele, nos olhos. E então ele se aproximou abrindo um sorriso, vindo me dar um oi. Nem preciso falar que até surdo fiquei né?
- Oi Dani, tá na boa?- Bernardo disse olhando nos meus olhos enquanto estendia a mão, eu apertei a mão dele, e ele me puxou para um abraço de amigos.
- Eu to bem Bernardo, e você? Tá curtindo a festa? – Eu podia sentir aquele cheiro de loção pós-barba que me deixava doido. Seu perfume então... invadia meu nariz como um entorpecente. Minha noite já estava ganha. Mas era a chance de eu tentar algo, mesmo que de forma discreta. Sem deixa-lo nem mesmo responder a ultimas perguntas eu indaguei: está ficando com alguém?
Acho que a pergunta o deixou um pouco desconcertado, ele não respondeu de imediato. Ainda com um sorriso no rosto ele me olhou pra alguns milésimos e só então disse:
- Não achei alguém legal até agora pra ficar Dani, e vc? - Me atordoei. Eu nunca tinha tido uma conversa como aquela com alguém. Não dissemos nada demais, mas dava a impressão de que tudo que dizíamos tinha um duplo sentido. Como se tudo aquilo fosse sugestivo.
- Até agora eu também não encontrei ninguém que me interesse, por que pessoas legais , até que tem. – E dei um sorriso leve enquanto desviava o olhar. Eu estava nervoso e não conseguia continuar. Não podia ser, devia ser só impressão. Eu nem tinha bebido e já imaginava coisas. Parecia que Bernardo estava me dando mole. Eu realmente precisava de uma drink. – Vou pegar uma bebida Bernardo , te vejo por ai.
Voltei ao bar, onde minhas amigas me esperavam. Eu realmente fui pegar bebida, mas não foi só uma. Bebi, e bebi muito. Estava animadíssimo. A festa bombava e eu estava sentindo uma sensação de formigamento no corpo o tempo todo. Uma ansiedade. Dancei muito com meus amigos, e continuei a beber.
Já pelas três da manhã eu já até caminhava diferente. Estava passando muito mal, tinha exagerado na vodka. Sentei em uma cadeira de tomar sol perto da piscina para ver se melhorava um pouco, minha visão estava embaçada e eu queria vomitar. Resolvi esperar alguma melhora pra poder levantar e entrar em casa para ir no banheiro.
Estava de cabeça baixa e foi ai que senti uma mão máscula no meu ombro. Nem olhei pra cima pra ver quem era, achei que devia ser Rafa, pois ele sempre cuidava de mim quando eu exagerava na bebida. Ai a pessoa disse:
- Dani , tu tá legal?- Não era Rafa, e sim Bernardo. Levantei a cabeça, ele estava em frente a mim e me olhava preocupado.
- Acho que exagerei – disse com dificuldade, minha língua parecia estar mais pesada. – To parecendo uma criança.
- Que nada Dani, todo mundo passa mal pela bebida as vezes. Anda levanta ai, vou te ajudar a ir pro seu quarto.- Bernardo dizia em tom de compreensão, enquanto eu tentava me levantar sem sucesso. Vendo minha dificuldade ele passou o braço por baixo dos meus me pegando com firmeza , me puxando para cima. – Eita que você tá mal em Danizinho. – Dizia Bernardo rindo. Eu sorri também.
Já era tarde, as pessoas já tinham começado a ir embora. E eu me arrepiava em estar nos braços de Bernardo, mesmo que por pura solidariedade. Sentia-me também envergonhado, não era daquela forma que eu queria que ele me visse. Passei o braço pelo pescoço dele para me apoiar, e seguimos para o meu quarto, enquanto eu sentia o seu perfume.
Ao chegar no quarto, entrei no banheiro com a preocupação de ver se eu ainda estava bonito, ou se já estava muito acabado. Afinal, Bernardo estava ali, e ainda estava lindo. Olhei-me no espelho enquanto Bernardo se sentava em uma poltrona perto da minha cama. Eu até que não estava tão mal, apenas meu olhos estavam baixos e eu cabelo um pouco assanhado. Mas aquilo não me deixava feio, enxaguei o rosto e bochechei antisséptico para poder tirar o bafo de vodka.
Eu já me sentia um pouco melhor, voltei pro quarto e me sentei na cama. Olhei pra Bernardo, que me observava com seu habitual sorriso no rosto. Eu disse:
- E você Ber, sozinho nessa madrugada? Não pegou ninguém? – Disse sorrindo, eu sabia que ele deveria ter ficado com no mínimo 3 garotas, mas estava surpreso por ele não estar na cama com nem uma delas naquele momento mas quis ser ousado com a pergunta.
- Nada... a pessoa com quem eu queria terminar tava muito ocupada... – Disse Bernardo rindo e olhando nos meus olhos. Eu estava bêbado, e não bobo. Aquilo tinha duplo sentido. Percebi que a camisa polo que ele usava ressaltava os músculos do peito e do braço dele. Aquilo me deixou nervoso, eu não sabia o que dizer. – Fica por aqui mesmo hoje Ber, tá tarde pra você voltar pra casa e você deve ter bebido né? É perigoso dirigir.
- Não bebi mais do que você não. – Disse ele rindo.- Mas onde eu vou dormir? Rafa já está com companhia no quarto dele. – Era incrível como ele olhava nos meus olhos o tempo todo.
- Ué, dorme aqui comigo mesmo. Você não vai me atacar no meio da noite né?- Disse rindo. Eu não tinha ideia de onde tinha vindo aquilo. Normal, sóbrio eu nunca teria uma atitude dessas.
- Não te contaram que eu sou taradão?- disse caindo na risada.
- Nem precisa né?- Eu disse rindo. Me levantei , e abri o guarda roupa. Peguei meu pijama e fui pro banheiro me trocar, sem me lembrar de fechar a porta. Percebi que ele me observava até que disse:
- Dani vou pegar uma camiseta sua emprestada tá certo? Essa aqui tá colada demais e é ruim de dormir.
- Pode pegar. – Terminei de me vestir e arrumei o cabelo. Voltei ao quarto e quando olhei pra Bernardo quase tive uma sincope. Ele tira tirado a calça e o sapato , e estava usando só uma camiseta do Mickey minha que eu tinha comprado na Disney e uma cueca Box rosa claro que ficava linda na sua pele clara. Nem consegui disfarçar e olhei ele de cima a baixo.
- Não tem problema eu usar essa né? – Disse ele me olhando , depois deitou na cama. Eu estava tendo uma ereção louca, e o short do meu pijama era fininho , ainda bem que tinha arrumado o pênis bem direitinho na cueca pra evitar constragimento.
- Nada poxa, pode usar a vontade. – E então me deitei na cama também ao seu lado. Minha cama era king, mas naquele momento eu preferia ter que dividir um sofá bem pequenininho com ele, rs. Torci para que algo acontecesse, algo bom. Algo entre nós dois , naquela noite. Não ousei fechar os olhos.
Continua.