Já havia se passado um ano desde que eu havia dado um basta. Nesse um ano, tive outras mulheres, mas nunca consegui esquecer àquela que despertou em mim o amor, que particularmente eu nem cria ser possível ou existente. Me relacionava, rolava bem, mas não conseguia fixar em nenhuma. Achava que um dia ia esquecer e que outra iria surgir e me virar do avesso. Mas não, um ano passou e nunhuma conseguiu.
A vida para ajudar deu uma reviravolta e a empresa em que eu trabalhava me mandou assumir a cidade onde ela mora. Ironia, só pode. Antevi que iria me machucar por vê-la, e vê-la com a outra, o que é pior. Bem, mudei-me.
Reencontrei familiares, ex colegas e retomei algumas amizades, dentre elas, uma amiga lésbica. Comecei a fazer alguns encontros lá no meu apartamento para socializar, afinal não sou bicho do mato.
Quanto ao meu amor, torcia para não encontrá-la pois sabia que eu ia ficar com cara de adolescente. Não consegui me safar e como a cidade é pequena e todo ser humano precisa ir ao supermercado, eu também fui, e numa dessas idas, lá estava ela, linda. Meu coração disparou, minha cabeça ficou zonza, nem sabia o que eu tinha que comprar, deu branco. Meu instinto falou mais alto e eu só queria sair dali, procurei um caixa o mais rápido possível para pagar minhas compras e sair sem ser vista por ela. Ao dirigir-me ao carro, entrei e comecei a manobrar, tinha que contornar um espaço e lá fui eu, quando, noto que ela e a esposa também estão saíndo. Muito azar, só pode, coisa de novela. Freamos naquela indecisão de motorista, de quem tem preferência. Olhei para ela e fiz sinal para seguir. Ela me olhou e não arrancou e também não fez sinal para eu seguir. Mesmo assim, acelerei e subi a rampa, saíndo dali.
Minha amiga, ligou num sábado perguntando se eu queria ir na casa dela, ia reunir algumas pessoas para uma noite de pizza e vinho. Não tinha nada melhor para fazer então aceitei.
O jantar estava bom, animado, gente divertida e minha amiga, sabendo da minha "solidão" resolve me arrumar uma amiga srsrsr. Eita, sempre temos amigos assim. Tá, conversar não tira pedaço. Conversei com a mulher, bem gente boa, era gerente num banco da cidade, divorciada. Veio transferida da capital e era a gerente de contas da esposa da minha amiga. Como essa mulherada "se cheira", já se encontraram e por isso ela recebeu o convite para a noite da pizza. Inteligente ela, também comentei como vim parar ali na cidade e assim papeamos a noite. Na hora de ir embora a minha amiga pede para eu levar a gerente embora pois ela ainda não circulava de carro pela cidade. Não conhecia as ruas. Como sou educada, levei, já sabendo que minha amiga estava querendo me empurrar para a outra.
Levei ela até o edifício e nos depedimos. Ela então me surpeende e pede meu telefone, dizendo que gostaria de retribuir o jantar na casa da nossa amiga e faria um também, me convidaria. Passei para ela e após ela entrar, parti para casa.
Passada uma semana a mulher me liga e pede se pode me incluir num grupo para ir jantar num restaurante local. Digo que sim. Ela me diz onde é e o horário. Conheço o local e logo após o horário estipulado, lá chego e procuro pelo tal grupo. Mas só vejo ela sentada em uma mesa. Dirijo-me para lá e a cumprimento com um beijo no rosto. Sento e pergunto pelo grupo. Ela sorri e diz que nós éramos o grupo. Fiquei sem saber o que dizer, mas como disse, não sou bicho do mato e ela era uma companhia agradável então vamos jantar sim.
Papo vai e papo vem, vejo entrar no restaurante àquela que me tirava os sonhos, acompanhada da esposa e amigas.
Sentam em uma mesa e creio que só então ela percebe que estou ali. Ela sentou em uma posição que me olhava de frente. Puta merda, o que fazer. Não podia ser indelicada com a que estava comigo. Fiquei, evitando olhar para a mesa da outra.
Jantamos, ela me contou fatos inusitados do trabalho, o que me fizeram rir. Bebemos vinho. Pedimos a conta e perguntei se ela precisava de carona, ela disse que sim, pois tinha ido de táxi até ali. Partimos e eu a levei para casa. Chegando lá, ela me convidou para subir, tomar algo. Tremi. Queria ir, mas também não queria. Sentimento contraditório. Falei para ela que iria até uma loja de conveniência comprar chocolates pois estava com vontade e logo voltaria. Pura desculpa para pensar.
Rodei um pouco e acabei estacionando em frente ao meu edifício, mas não saí do carro. EStou ali pensando quando a porta do carona abre e minha paixão entra. Levei um susto. Ela me olha e começa a chorar e me abraça. Eu literalmente não sabia o que fazer, o que ela pretendia. Ela não parava de me abraçar. Esperei acalmar e também já calma, perguntei o que queria. Ela resposnte que queria a mim, que me viu com outra e enlouqueceu, pediu para eu não sair com outra mulher, que desde que soube que eu voltara para a cidade me procurava em todos os cantos da cidade.
Isso tudo já tinha se passado quase uma hora. Meu telefone toca. A adorável dama me aguarda. Falo que tive que ir para casa da minha irmã a pedido dela. Peço desculpas e digo que assim que resolver ligo para ela.
Olho para minha paixão e pergunto da esposa dela. Ela fala que simulou um chamado do hospital, era médica.
Convido ela a subir, mas antes digo para por o carro dela dentro da garagem que fica no subsolo do prédio. Assim ninguém vê o carro dela ali estacionado.
Subimos. Ofereço um whisky para ela. Acalma. Ela era tão linda, meu sonho. Mas eu sabia que não podia cair novamente no conto do vigário srsrsr.
Aí ela contou tudo o que se passou desde a nossa separação e da tentativa de salvar um casamento falido.
Falei também. De como sofri, de como nunca mais consegui me relacionar decentemente com outra mulher. E falei que nunca, por nem um dia, eu havia esquecido ela.
Mas falei também que não poderia aceitar a condição de ser a segunda na vida dela. De forma alguma.
Ela me olha e diz: você nunca foi a segunda, você sempre foi a primeira na minha vida e eu quero ficar com você. Hoje eu tenho certeza absoluta disso. Falando isso, vem em minha direção e me beija. Retribuo. Era tudo o que eu havia sonhado por uma ano. Nos abraçamos, ficamos em silêncio. Pego o celular e ligo para a gerente, digo que não vou poder ir na sua casa e peço desculpas, digo que falarei com ela noutro dia e que a jantar com ela foi muito agradável. Desligo. Minha paixão liga para sua esposa na minha frente e diz que não voltará para casa, que ela fique tranquila que amanhã ela retorna.
Levanto, a pego pela mão e vamos para o quarto. Vamos ao banheiro, busco uma toalha de banhho limpa e um pijama desses curtinhos de short e regatinha, limpos e alcanço para ela. Numa das gavetas tem uma escova de dentes nova,tiro da embalagem e deixo sobre a pia. Novamente dou um beijo suave nela e digo para tomar um banho, utilizar o banheiro e saio para deixá-la a vontade.
Depois de uma meia hora ela sai do banho, linda. Digo para ela deitar e vou para o banheiro utilizá-lo. Ao sair, também vou para cama. Ela vem para meu peito, faço afagos na face dela e falo que ela sempre foi minha paixão mas que ainda não faria amor com ela até ambas resolvermos nossa situação amorosa paralela. Já havia sofrido com isso e não queria iniciar nada pelas metades novamente.
Ela entendeu. Dormimos abraçadas. Senti o cheiro dela. Não tem como esquece esse cheiro. Noite mais feliz da minha vida. Noutro dia levantamos, fiz café, ambas tínhamos que ir trabalhar. Nos despedimos.
Quando foi por volta das 22hs da noite ela perguntou se poderia ir posar novamente comigo pois não tinha onde dormir. Lógico que podia. Abri a porta do apartamento e ela estava com uma bolsa de viagem. Falou que havia terminado e pegou alguns pertences para poder passar uns dias. A abracei longamente. Nessa noite fizemos amor, a amei e ela me amou como sempre desejamos. Assim estamos até hoje. Recuperei minha paixão.