Gente, só tenho a agradecer a vocês por tudo. Dei uma olhada no ranking e mais de 16 dos meus contos estão lá. Obrigado de verdade, e espero que continuem curtindo bastante e comentando! Boa leitura...
Sequer pensei em responder, mas era aquilo que eu mais gostava nele. Gostava, no passado. Agora não restava mais amor. Já era.
- E o melhor você não sabe Cacá. Ele me pediu em namoro!
- Ele o que?
- Isso mesmo, Carlinhos. Ele me pediu em namoro e eu aceitei. Não vejo a hora de exibir aquele homão pela cidade – nem consigo descrever a cara que devo ter feito na hora – O que foi Cacá? Você tá bem?
- Estou sim, não se preocupe. É que não tenho me alimentado direito.
- Ah, tá! Se cuida hein, cunhadinho. Tchau.
Nem respondi. Dei um sorriso de lado e ela se foi. Que merda de amor!
O pior de tudo é que ele estava conseguindo fazer com que eu sentisse cada vez mais raiva. Raiva dele e raiva de Thaís. Ela era a coitadinha da história, mas eu não conseguia pensar diferente. Os dois estavam me fazendo mal, era isso que importava. Almocei rápido e subi pro quarto, eu não aguentava mais me manter firme. Jamais me senti como um coitadinho. Acho que essa é a pior das condições humanas. Mas nesse momento eu desabei. A situação me fez frágil, coisa que nunca fui.
Fui para o quintal e ouvi a porta se abrindo e Bruno chegando em casa, após o trabalho. Não ouvi mais nenhum barulho e fiquei quieto no meu cantinho. Não adiantaria ele se arrastar. Tudo isso que ele estava fazendo me machucava demais, mais do que sua falta de coragem e assumir o que sentia.
Horas sentado e eu decidi conversar com Marcos, só ele me entendia, mesmo não sabendo do principal da história. Fora que estava super curioso com a surpresa que ele havia me prometido.
Segui em direção ao quarto e pensei que em alguns minutos teria que encarar meu pai novamente. Que tortura! Abri a porta do quarto devagar e fui em direção à minha cama sem olhar para os lados, para não ter que trocar sequer um olhar. Quando ia saindo, percebi seu corpo deitado na cama. Ele estava dormindo.
Que homem era aquele. Apesar da raiva que havia me feito nos últimos dias, ele não deixava de ser um sonho de consumo. Tudo que eu sempre gostei em um homem, fisicamente, eu via nele.
Um peitoral perfeito, levemente elevado com relação à sua barriga. E que barriga! Toda trincada, cheia de gominhos. Sua pele morena o deixava com um bronzeado de enlouquecer. De cueca, ainda deixava escapar alguns pelos que a cueca não continha. Seu pau bem marcado dava a impressão de ser bem dotado. Suas coxas grossas, como de um jogador de futebol.
Cheguei cada vez mais perto para reparar mais e mais. Parecia hipnotizado por aquele corpo.
Aquela boca mediana, com uma barba por fazer no rosto que faz toda a diferença. Dormia como um anjo, repousando uma mão em baixo da cabeça e outra em seu peito. Era aquele homem que eu amava. Jamais conseguiria medir isso, mas era ele que eu queria.
Porém as coisas nunca seriam fáceis pra nós dois. Aliás, nem existia nós dois. O que existia era eu, sofrendo por gostar dele, do meu irmão. Sofrendo pela sua forma de mostrar o quanto poderia ser vingativo. Sofrendo pelo desprezo dos meus pais. Sofrendo sem saber o que fazer com relação à minha melhor amiga.
Em meio a todo aquele desejo que sentia apenas em ver seu corpo, meu celular toca, me despertando do transe e o despertando de seu sono.
Marcos, sempre ele.
Parecia telepatia. Ia ligar para ele mesmo:
- Oi Marcos.
- Oi meu amor. Nossa. Que saudade de ouvir sua voz.
- Eu também amor. Como está tudo aí?
Enquanto conversava, Bruno me olhava com um olhar difícil de ser descrito. Apesar de ter acabado de acordar ele estava lindo, mais que isso.
- Mas então Marcos, qual é a surpresa? Tô morto de curiosidade.
- Te conheço amor, sabia que você ficaria assim. Mas vou contar, é que... eu vou pra BH na próxima semana.
Nossa, enfim uma notícia boa. Teria meu ponto seguro de volta.
- Que ótimo amor... nossa! Você não sabe o quanto essa notícia me faz bem.
Ficamos falando amenidades, cheios de carinhos. Estava tão alegre com a notícia que segui em direção à sala:
- Amor, eu vou ficar te esperando. A gente vai namorar muito Marcos, matar todas as saudades.
Sorri espontaneamente, mas meu sorriso se esgotou ao ver meu pai atrás de mim. Não conseguia falar mais nada:
- Eu não acredito no que eu tô ouvindo. É muita merda pra mesma semana.
Disse a Marcos que precisava desligar. Decidi evitar o confronto e subir pro quarto, mas não deu tempo. Meu pai segurou meu braço com força, me obrigando a ficar e disse em tom bem alto.
- Então além de viado você namora pelas minhas costas com outro homem? Homem não né, porque homem que namora viado é viado também.
- Pai, você tá me ofendendo.
- É pra ofender mesmo seu merda, num criei filho pra ficar de putaria no telefone com outro cara não.
Ele disse isso alto demais, acho que a vizinhança toda ouviu. Ouvi o barulho de Bruno descendo as escadas, ainda de cueca, assustado com a bagunça. Minha mãe não estava em casa, não tinha pra onde correr.
- É isso mesmo pai. Eu tô namorando sim e um pai de verdade ficaria feliz em ver seu filho feliz também.
- Um pai de verdade vai fazer o que eu vou fazer agora. Junta suas coisas e cai fora da minha casa. Agora!
- Você não pode fazer isso comigo pai.
- Claro que posso, estou fazendo. Você é maior de idade, se vira. E vá arrumar suas coisas, antes que eu te obrigue a sair daqui só com a roupa do corpo.
Abaixei a cabeça e percebi que não adiantaria discutir. Dei alguns passos até a escada, sendo observado atentamente pelo meu pai, mas uma mão me parou. Bruno...
- Não pai, ele não vai embora não.
- Bruno?! Você vai aceitar ter um viado como irmão? Que merda é essa? Ele vai embora sim e agora!
- Não. Se ele for, eu vou junto. E pode me desconsiderar como filho se eu sair pela porta!
CONTINUA...