Continuando...
Por horas eu chorei, pensei em ligar pra ele e dizer que voltasse que eu estava errado, mas fiquei firme o quanto consegui, lembro-me que fiquei com medo quando fiquei sozinho, nunca tinha sentido essa solidão, pois afinal de contas, Victor sempre esteve lá, ou eu sempre soube que quando não estivesse ele logo voltaria, mas agora, eu estava por conta própria. Adormeci em meio á lagrimas e observando fotos.
Na manhã seguinte, liguei a minha mãe e contei o ocorrido, ela logo se ofereceu para passar uns dias em meu apartamento, mas preferi não deixar, tinha que aprender a ficar sozinho, afinal de contas descobri que eu tinha medo de ficar só comigo mesmo, de pensar no Victor, de não saber o que fazer, mas eu já era adulto precisava tomar minhas decisões e arcar com as consequências. Até que me veio em pensamento algo que minha mãe me disse:
Mãe: - Marcio, meu filho! Você tem 26 anos, você é jovem, não deixe isso definir sua vida, vai se divertir, volte a viver enquanto você tem tempo, agora é a hora de cometer os erros e aprender com eles.
E realmente, eu me esquecia, apesar de minha alma e meus pensamentos terem uns 50 anos, eu tinha apenas 26, não ia morrer de tristeza, nem me acabar, eu podia encontrar alguém, mas espera, eu não queria alguém, afinal de contas tinha acabado o relacionamento muito recentemente, eu ia é curtir!
Eu achava isso, então naquela noite de domingo, resolvi: “Vou pra balada”.
Me arrumei, até que eu não era feio, mas também não era lindo. Passei meu perfume favorito, peguei as chaves do carro e desci até a garagem. Liguei meu carro e fui em direção a uma balada GLS que costumava ir com meus amigos antes de conhecer Victor, estava tão diferente, maior, mais badalada e pelo visto, cheia. Depois de uma espera um pouco longa, consegui entrar, e nossa, nunca tinha me sentido tão deslocado em toda a minha vida, aquilo não era lugar pra mim, um velho de alma. Não gostava das músicas, eu não bebo, não sabia dançar, só os caras bonitos me agradavam, mas só de olhar, por que não queria me envolver com ninguém.
Alguns carinhas chegaram em mim, puxaram conversa, mas não eram meu tipo, e disse que namorava. Uma hora depois fui embora para casa, me arrependendo de ter ido, não eram eles que não eram meu tipo, eu que não era nada atraente, não fisicamente- fisicamente até que não era tão ruim- era mais meu jeito, eu não bebia como disse, não dançava, não curtia musicas da época, não saía muito de casa, não ia em shopping, ninguém ia querer alguém assim, não sei como Victor aguentou por tanto tempo. Cheguei em casa e fui dormir afinal, no dia seguinte tinha uma jornada de mais de 12 horas lecionando, precisava estar inteiro e parecer normal.
Na manhã seguinte, acordei como sempre no mesmo horário, porém resolvi pegar outra roupa que não era aquela de costume (calça jeans, camisa e sapato social), pus um tênis, uma camiseta manga comprida, mas a calça jeans permaneceu. Me senti o máximo, me sentia outra pessoa, por mais bobo que possa soar, mas conseguir trocar de roupa já me fez sentir bem de mais. Fui a uma padaria que sempre observei e tive vontade mas nunca tinha ido, tomei um suco e comi coisas que nunca tinha comido, paguei a conta e fui pra faculdade.
Lá foi normal, os alunos sempre vinham brincar comigo, me zoar porque meu time perdeu no Domingo, o de sempre, não passei atividades, estava cansado de dar aulas muito copia da lousa e explicar a matéria e em seguida dar exercícios, resolvi brincar com eles, ensinar umas curiosidades sobre matemática, coisas bem legais, e os mantive entretidos, afinal matemática é uma ciência fascinante. Isso deu certo em todas as aulas, tanto nas da universidade quanto pro ensino fundamental. Quando sai da faculdade a noite, tinha acabado minha jornada aquele dia, me senti mais leve, tinha gostado da aula dinâmica com brincadeiras e aprendizado informal, iria adotar aquilo sempre que possível, pois precisava dar matéria também.
Indo pra casa, resolvi parar no mercado, comprei todas as tranqueiras que adorava comer desde menino, chocolates, salgadinhos, balas, refrigerantes, tudo, só queria me divertir comendo. Chegando em casa, me acabei com tudo aquilo, tomei um banho e ia dormir bem, até que recebo uma mensagem no celular: Victor- “Posso ir buscar o resto de minhas coisas amanhã?”. Tinha me esquecido dele, e do nada tudo voltou a meus pensamentos, fiquei triste de novo, será que ele estava indo bem também? Fiquei rolando na cama a noite toda, quando peguei no sono, acordei logo em seguida com o despertador.
Dei minhas aulas e tudo mais, a noite, quando sai da faculdade, ouço meu celular tocando, era ele.
Victor: - Alô, eai tudo bem? Pode falar?
Eu: - To bem e você? Posso sim!
Victor: - To bem também, posso ir lá agora ?
Eu: - Claro, to chegando já, nos vemos lá então por que estou dirigindo.
Victor: - Ok, tchau tchau.
Cheguei na porta da garagem, e vi o carro de Victor estacionado na calçada, ele já devia estar lá em cima, deve ter usado a chave dele para entrar. Respirei fundo e subi. Chegando lá, abri a porta e ouvi o barulho no meu quarto, ele estava terminando de pegar tudo, ele vira e me fala:
Victor: - E meu carro? Afinal de contas você pagou a maior parte.
Eu: - É seu, fiz por amor. Tenho mais uma coisa aqui pra você.
Peguei meu talão de cheques e fiz um cheque com uma quantia significantemente até que boa, e disse:
Eu: - Toma, isso aqui é pra você recomeçar sua vida, poder dar algum rumo, se quiser pagar uns meses de alugueis adiantador, enfim, é todo seu.
Victor: - Não posso aceitar, não acho certo pegar seu dinheiro porque terminamos, eu me viro. Ele disse me devolvendo.
Eu: - Por favor, isso faria eu me sentir melhor, leva vai.
Ele então pegou, olhou nos meus olhos, pegou a mala grande cheia de coisas, e se foi deixando a chave reserva em cima da mesa. As lagrimas logo vieram, pois aquilo era o fim mesmo, mas eu fiquei firme, não chorei mas não sorri.
Na manhã seguinte me lembrei que já era o meio de junho, logo estaria em recesso escolar, teria 15 dias pra mim em julho, só faltava a próxima semana que era de provas na faculdade, e mais duas semanas pra acabar na prefeitura. E então, poderia descansar, logo pensei e decidi: Eu iria aproveitar esses 15 dias, não para viajar, mas iria comprar outro carro e vender o meu.
O tempo passou, não tinha feito grandes mudanças ainda, mas as poucas, já eram muito boas pra mim, me sentia quase feliz. Logo, chegou o tão esperado recesso escolar.
No primeiro dia, fui a varias concessionárias ver carros, passei o dia todo fazendo aquilo, e me diverti vendo a nova tecnologia da época nos carros, vi desde os semi-novos, até os zero km populares e os carros de um pouco mais de luxo. Acho que já tinha me decidido qual comprar, não queria pensar muito, e venderia meu carro lá mesmo ( fiquei impressionado com a desvalorização que teve, mas também 5 anos passaram). Tinha escolhido um carro 0 até que bem luxuoso, não quis economizar, afinal de contas eu me matei de trabalhar pra ter aquele dinheiro guardado e agora o usaria para meu prazer, o dinheiro ficaria a minha disposição e não vice-e-versa.
Sai a noite e resolvi ir no shopping, coisa que não fazia a anos (sempre que precisava comprar algo era Victor que comprava, até os próprios presentes ele comprava com meu cartão), lá fui a lojas de roupa, era em torno das 19 horas, comprei muitas roupas novas, muitos sapatos, tênis, sandálias, gastei mesmo, não quis nem saber, tava muito feliz, tinha esquecido como era bom comprar coisas novas, saí da loja e fui a outra comprar Cd’s que os jovens gostavam para não ficar muito desatualizado nas baladas quando resolvesse , por fim comprei um celular novo com tudo que tinha direito, peguei a ultima sessão de cinema e sai de madrugada do shopping, era uma sexta-feira.
Chegando em casa, cai e dormi, no dia seguinte passei grande parte do dia arrumando as roupas novas e tirando as antigas, fiz o mesmo com sapatos e tudo mais. Pus em sacolas grandes, joguei no porta-malas do carro, parei em um abrigo e deixei tudo lá, a maioria estava em boas condições ainda, fiz a alegria de muitos lá. Fui a concessionária, e fechei negocio com aquele carrão, e combinei de deixar o meu no dia seguinte. Voltei pra casa, assisti TV, que saudades eu estava de ficar largadão no meu sofá, adormeci lá, acordei de madrugada e fui para minha cama.
Definitivamente, aquela era uma nova fase da minha vida, estava muito orgulhoso de mim, Victor nem vinha muito em minha mente, quando vinha, não me abalava mais tanto, estava superando. Agora só tinha uma coisa me incomodando... Eu não transava a muito tempo, muito mesmo, nem beijava, estava começando a sentir falta daquilo, de verdade.
Nunca tinha feito sexo casual, na verdade, só tinha feito sexo e amor com meus namorados, Victor e um anterior que era namoro de colégio, só tinha feito amor com dois homens na minha vida, sempre envolvendo sentimentos. Queria experimentar aquilo, naquela noite, resolvi sair, ir pra balada conhecer alguém, e quem sabe conseguir o que eu queria.
Chegando na balada, sentei perto do balcão e pedi uma coca com energético, fiquei lá vendo os outros dançando, estava até curtindo, pois graças a meus cd’s novos, conhecia as músicas. De repente, chega um cara ao balcão e para ao meu lado, pede uma bebida que não ouvi o nome e se senta me observando ainda.
Não era um homem lindo e gostoso, nenhum sarado, nenhum Deus grego, mas eu gostei do jeito dele, ele tinha um jeito muito legal, seguro de si e conversava bem, puxou assunto e ficamos conversando por umas duas horas, falando da vida. Até que chegamos no assunto relacionamento, me disse que era solteiro e que gostava de curtição, aliás seu nome era Diego e tinha 32 anos, era Fisioterapeuta e morava perto.
Então Diego disse:
Diego: - Sabe, sou um cara bem decidido, que sabe o que quer e não gosta de passar vontade de nada.
Eu: - Isso é muito bom, mas o que ...
Ele me beijou, pôs a mão na minha nuca e me puxou pra perto, ele tinha pegada, eu já desconfiava, beijava bem, sua mão me apertando forte, estava adorando aquilo. Até que ele para, bem ofegante e diz no meu ouvido:
Diego: - Vamos sair daqui, ir pra um lugar mais calmo.
Acenei que sim com a cabeça, Diego puxou minha mão e fomos até seu carro, saímos de lá, demos um amassos gostosos no carro e ele saiu, já sabia sua intenção, mas não resisti, eu queria aquilo. Ele foi o caminho todo pegando minha mão e a cada semáforo ele parava e me observava, até que ele entra em um Motel, era aquilo, eu conseguiria o que tanto queria...
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Bom gente, ta aí mais uma parte do conto, espero que vocês gostem, qualquer dúvida, dica ou reclamação é bem vinda. Por favor, votem e comentem.
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