Prelúdio - Capítulo II

Um conto erótico de Charles
Categoria: Homossexual
Contém 1686 palavras
Data: 16/07/2012 12:42:01
Última revisão: 08/01/2015 18:40:48
Assuntos: Homossexual, Gay, Romance

“Quando o arrepio não for de frio suspeite.”

Capítulo II – Um som mal cheiroso (Revisado)

O primeiro dia de aula não foi aquilo que eu esperava. Confesso que me surpreendi com tudo o que tinha acontecido. Fiquei tenso com a intromissão do professor, mas estive mais surpreso ainda fora com a atitude daquele rapaz – Anderson. Nesse momento eu só queria voltar para minha casa. E foi assim. Só houve mais duas aulas de outra disciplina com o mesmo lance da “apresentação” de antes, só que desta vez não fui questionado e colocado na parede como antes.

Fui pegar minha motocicleta no estacionamento e ali estava a resposta para minha pergunta de outrora. Ele, Anderson colocando o seu capacete para subir na sua moto, como se estivesse me esperando. Era aquilo que me esperava. Aproximei-me da minha máquina, como se nada estivesse acontecendo, porém estava, eu não poderia negar, me sentia nervoso, suando frio, um nó na garganta, o meu coração estava rápido demais e eu não gostava nada disso. Coloquei o capacete e em seguida a chave no contato, quando eu menos espero sou desconectado do meu “mundinho” por aquela voz que eu já estava sutilmente familiarizado:

- Oi!

- Oi – Eu disse evitando um olhar mais direto, e talvez por isso a palavra saiu de forma seca.

- Parabéns por hoje! Saiu-se muito bem sobre pressão. Meu nome é Anderson – disse ele com um sorriso entre os lábios.

Tentei parecer sereno, e respondi: - Ah! Obrigado! Eu já sei seu nome. Meu nome é Charles. Ficou um clima meio chato, ninguém dizia nada, até que eu disse: - Tenho que ir, tchau!

- Sim. Até logo cara.

Dei a partida na moto e sai, assim como ele. Em um primeiro instante ele me pareceu arrogante e encrenqueiro, porém eu via que não era assim. Dizem que a primeira impressão é a que fica, no entanto eu nunca fui muito de clichês e eu percebia que dali poderia surgir uma amizade.

Passei no Banco a fim de pagar umas contas e em seguida me dirigi a minha residência onde, com certeza, minha mãe me esperava com um almoço delicioso. Eu estava morrendo de fome, também isso é explicado por eu não ter comido nada na Universidade, estava só com o café da manhã no estômago.

Coloquei a moto no terraço de casa, dei um beijo na minha mãe que estava assistindo televisão na sala e fui ao quarto banhar e trocar de roupa. Liguei o PC, olhei uns e-mails, rede sociais, e fui almoçar. O dia correu normalmente e passei o restante dele no meu quarto organizando uns papéis, ouvindo música e na Internet.

Dormi e acordei bem melhor que no dia anterior. Perceberam como rotina é algo chato para quem está nela, mas é algo pior para quem a observa? Admito que estava empolgado com minha “nova vida”, era tudo muito novo o que estava acontecendo comigo, e eu percebia que os meus cuidados deveriam aumentar, para que eu não perdesse o controle da situação.

Parece paranoia, mas não era. Sempre gostei de ter o controle da situação e quando isso não acontecia nada costumava dar certo. Estava eu lá diante do espelho me arrumando. Eu não era feio, mas também não era um modelo de beleza, rosto normal, olhos negros, cabelos para cima e negros, pele morena parda, traços retos e marcantes, e altura mediana, sempre em forma, mas nada de exercícios em academia. Meu quarto simples, uma cama de solteiro – quando falo em cama de solteiro me lembro da música de Bob Marley – Is This Love – um armário pequeno com espelhos nas portas, uma escrivaninha onde estava o meu PC e impressora, e a janela que permitia a passagem da luz natural.

Passei pela sala e fui para a cozinha tomar meu café da manhã que minha mãe deixou preparado, ela havia ido vender seus cosméticos. Quando estava para colocar o café numa xícara, esta escorregou da minha mão e se partiu em centenas de pedaços. Olhei incrédulo para aquilo. Eu nunca havia quebrado nada dentro de casa, não que eu me lembre. Vida que segue! Juntei os pedaços da infeliz xícara e coloquei-os no lixo. Algo me angustiava e eu sabia que iria descobrir. Resolvi ligar para minha mãe para saber se estava tudo bem com ela:

- Benção mãe.

- Deus lhe abençoe meu filho! Já foi para a Escola?

Sorri e disse: - Não é Escola mãe é Universidade.

- É tudo a mesma coisa Charles. O que você queria meu filho?

- Só para saber como a Senhora estava mesmo. Tudo bem?

- Claro meu filho! Essa velha aqui sabe se cuidar – terminou a frase com a sua gargalhada característica.

- Que bom! Mãezinha, já estou indo para a Universidade, se cuida tá?

- Tá bom meu filho, vá com Deus.

Minha mãe era uma guerreira! Sempre vendendo seus cosméticos de porta em porta, por isso era bastante conhecida na cidade. Meu pai nos deixou quando eu era apenas um bebê, eu nunca soube o nome dele ou o motivo pelo qual ele nos deixou, Dona Suzana sempre evita tocar no assunto. Eu a amava com todas as minhas forças.

Cheguei à Universidade como sempre e escutei o que o professor falava atentamente, meu celular vibrou, porém não o atendi. O celular insistia em vibrar, então o tirei do bolso e atendi ali mesmo na minha cadeira, sussurrando:

- Oi.

- Oi, você é o filho da Dona Suzana?

- Sim. Sou eu, Charles, quem fala?

- Aqui é a Teresa uma cliente da sua mãe meu filho.

- Cadê minha mãe? – Apesar de ser um som, aquilo não estava cheirando bem, meu coração começou a acelerar.

- Eu chamei o SAMU, levaram ela para o Hospital, eu não sei o estado de saúde...

- O que? – Saiu como um grito que ecoo pela sala de aula.

- O que isso rapaz? Fica falando na sala de aula pelo celular e ainda grita? Fora da minha aula agora!

Só tive a reação de levantar da minha cadeira, pegar minhas coisas apressadamente e correr o mais rápido possível para a minha moto. Dane-se o Professor e a Universidade. Coloquei o celular no ouvido mais uma vez:

- Alô?

- Oi!

- Em que Hospital ela tá?

- No Pronto Socorro Municipal.

- Ok! Estou chegando lá!

Espero que não seja nada de grave. Meu Deus! O que será que deve ter acontecido com minha mãe? Só era eu e ela em casa. Tela branca e um projetor, tudo se passava com um filme. As imagens passavam me torturando e eu só via o rosto da minha mãezinha sentada no sofá e sorrindo para mim. Uma lágrima deslizou pela minha face, por desespero de não saber o que acontecera com ela. Sentia-me atado, preso, algemado, um inválido sem saber o que eu iria fazer. Tudo estava nas mãos dos médicos e de Deus!

No estacionamento subi na minha moto e como um “deja vu” do dia anterior sou desconectado dos meus pensamento absurdos e aquela voz surge como um farol para me orientar:

- Charles? O que houve cara? – era o Anderson, seu rosto estava pálido e esperando uma resposta. Só tive reação de falar, entre soluços, as poucas informações que eu ouvira de Dona Teresa alguns minutos atrás.

- Cara eu a-in-in-da n-ã-ã-ã-o sei... Minha mãe tá-tá no hospital. O resgate levou ela, e-e-e eu es-to-o-o-u indo para lá agora.

- Vamos lá então! Você não está em condições de pilotar. Sobe aqui que eu te levo.

- Não precisa Anderson. Deixa que eu... – Ele agarrou meu braço direito com a sua mão direita e olhou nos meus com muita veemência, então disse.

- Precisa sim Charles! Deixa de ser bobo e sobe nessa moto agora!

Fiquei espantando com a atitude dele. Eu mal o conhecia e ele já exercia um controle sobre mim dessa forma. Pude ver nesse momento que ele se importava de alguma forma e que eu deveria dar essa confiança.

- Ok Anderson!

- Vamos! – ele sorriu – onde ela está mesmo? – retornando a uma expressão séria.

- Ela está no Pronto Socorro Municipal! Vamos rápido!

Ele dá a partida na moto e então saímos em disparada. Mil coisas se passavam pela minha cabeça. E todas envolviam minha mãe. Eu rezava para que tudo estivesse bem. Minha mãe era uma senhora saudável, não tomava nenhum medicamento de uso contínuo e isso era o que mais me afligia. Sempre essas surpresas novamente insistiam, surpresas não sustos. Eu estava sem chão. Parecia que eu não existia mais para aquele mundo, só conseguia chorar ali naquela garupa de moto, me sentia levemente entorpecido pelas lágrimas. E então chegamos.

Desci da moto e fui correndo para a Recepção do Pronto Socorro. Chegando lá, pedi informação sobre a paciente Suzana de Oliveira Costa. A mulher me disse que a paciente encontrava-se em uma das Salas de Cirurgia. Sala de Cirurgia? Como assim? Perguntei a mulher o que aconteceu, só que ela simplesmente disse que não sabia, e sugeriu que eu aguardasse informações na Sala de Espera. Que angústia! Que Aflição! Fui à Sala de Espera e vejo o rosto aflito e cheio de lágrima de Dona Teresa, ela era a melhor amiga da minha mãe e também estava em desespero. Já chegou me abraçando e eu só tive reação de perguntá-la.

- O que aconteceu Teresinha?

- Oh! Meu filho! Ela estava lá na minha lojinha mostrando uns produtos para umas clientes, quando um delinquente encapuzado e armado, entrou anunciando assalto. Todos se apavoraram na hora, só que você sabe como é a “Sú” né? – não tive reação, estupefato eu estava e tudo que ela falasse a partir dali só me deixaria mais enraivecido. Ela continuou narrando – Então ela começou a mandar o rapaz sair fora da loja, que ninguém iria dar nada para ele. O desgraçado apontou a arma para ela e descarregou. Foram muitos tiros meu filho. – Não consegui ouvir mais nada do que ela falou. Minha mente apagou, meus olhos se fecharam involuntariamente e eu não sei mais o que aconteceu comigo.

Quando despertei, eu estava com a cabeça encostada nas pernas do Anderson, olhando para o rosto dele e sentindo um cheiro de álcool. Sorriu para mim e falou:

- Ainda bem que você acordou.

Continua...

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Comentários

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concordo com o Cristian Akino, espero que seja fictício, pois imagino a dor que vc deve sentir em escrever isso se isso realmente fizer parte do seu passado.

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que triste cara ... isso o que aconteceu infelizmente não chega a chocar mais... se torno INFELIZMENTE normal, delinquentes que acabam com a vida de famílias..e sempre tem o mesmo final, passam alguns anos na cadeia (se for de maior)..logo depois está livre .. e volta á cometer mais crimes.!!!..isso é a "justiça"..não apenas brasileira...pois acontece em todo lugar...

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espero q este seja ficticio, mas a qualidade eh excelente e o enredo ohtimo. com este pude entender o titulo, culto e genial. parabens sr. =)

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