Galera, voltando da viagem. Espero que gostem da continuação e tô adorando os comentários. Até a próxima e boa leitura...
Durante aqueles momentos eu só imaginava como convencê-lo a seguir em frente comigo, enfrentando a todos que nos reprovariam, e eu sabia que seriam muitos. Ele saiu do banheiro com a expressão mais confusa do que quando entrou.
- Continua Bruno, por favor! Mas seja direto ok?
- É que eu não sei como te mandar essa parada...
- Fala de uma vez, sem rodeios, é melhor.
- Ok então. É que... eu... não é o que você... é...
- Fala logo Bruno!
- Não era o que você tava pensando cara. Não é de você que eu tô afim.
- O que?
Eu nem sabia o que dizer, o que pensar, o que fazer. Queria que o chão se abrisse nos meus pés e que eu me enfiasse na terra e não aparecesse nunca mais. Nem conseguia processar o que ele tinha dito. Me virei e sai daquele quarto devagar. Não podia ficar ali olhando pra ele como se tudo estivesse igual.
Me sentei na sala de espera ainda tentando entender. Afinal, eu tinha constatado que eu o amava, mas em nenhum momento ele quis ficar comigo. Que idiota que eu fui. Era muito difícil perceber o quanto eu errei de uma hora pra outra.
O celular toca: Marcos.
Que saco!
Ele era a última pessoa que eu queria lembrar da existência naquele momento. Mas decidi atender, precisava me distrair.
- Oi Marcos.
- Oi amor, que saudades de você. Mas que vozinha triste é essa?
- Estou no hospital com o Bruno. Ele teve um aumento de pressão, mas já está bem.
- Que bom. Sabia que eu tô morrendo de vontade de te beijar.
- Eu também estou com saudade, mas eu preciso desligar.
- Tá bom amor. Te amo, beijão.
- Beijo.
Desliguei e eu não sabia o que fazer. Eu precisava ficar no hospital até Bruno receber alta, mas eu precisava entrar no quarto, ao menos pra saber sobre sua liberação.
Segui até o quarto com uma cara de bosta que só eu conseguia fazer. Abri a porta devagar e ele estava de pé, olhando fixamente para a parede, de lado. Seus olhos se fixaram na minha entrada:
- Carlos, estava só esperando você entrar. Eu preciso te explicar que...
- Não Bruno. Você não me deve explicações de nada. Eu que tenho que pedir desculpas pela cena patética que eu fiz. Prometo que não te agarro mais. Eu só vou ficar aqui até a enfermeira voltar com as informações até você ser liberado. Acho melhor você descansar.
- Como eu sou burro cara.
Desisti de conversar. Era melhor deixar pra lá. Ainda o olhava, vendo ele se deitar e tampar os olhos com as mãos e balançar a cabeça querendo negar algo. Eu estava acabado. Em plena madrugada eu num quarto de hospital, com o homem que eu amava. Mas eu só poderia amar como irmão, então as coisas eram ainda piores.
Me sentei na cadeira de acompanhante enquanto tentava colocar meus pensamentos em ordem. Tudo era em vão. Eu não conseguia pensar em mais nada. Não conseguia olhar pra cara do Bruno sem pensar no vexame que eu tinha dado. Aff!
A enfermeira entrou no quarto com o documento de liberação do Bruno. Ele se arrumou, vestiu suas roupas. O médico entrou e lhe deu algumas recomendações que não ouvi, além de uma receita e um atestado. Chamei um táxi, não queria acordar meus pais, e não falamos nada um com o outro até chegar em casa.
Entramos, deixei um bilhete aos meus pais dizendo que já havíamos chegado e subimos para o quarto. No fim daquele dia horrível eu dormi mal. Acordava a todo momento conferindo se Bruno estava ao meu lado, se ele estava bem. E estava.
O dia chegou, aliás, a tarde chegou. Acordei e Bruno já não estava a meu lado. Não demorou muito para descobrir que ele estava á em baixo, pelo barulho que fazia na cozinha. Fiz minha higiene e desci para tomar café:
- Acordou dorminhoco? O doente sou eu e o acompanhante é que dorme demais?
- Tava com muito sono. Tá melhor?
- Tô tranquilo.
- Que bom.
Peguei um pedaço de bolo e tomei uma atitude: eu ia evita-lo. Ia ser doloroso demais fingir que não acontecia nada agora que tinha certeza dos meus sentimentos. Fui para a sala e comecei a comer assistindo televisão.
Até que Bruno disse:
- Que tal a gente dar uma volta depois que tomar café?
- Melhor não. Tô prefirindo ficar em casa.
- Bora jogar vídeo game então?
- Prefiro ficar em casa, quieto e sozinho.
Essas palavras saíram com um tom de raiva que não consegui controlar. Pra que ele estava me bajulando? Que saco. Além de sofrer por ter dito tudo que eu disse e ter ouvido tudo que eu ouvi, eu ainda precisava de mais essa: que ele sentisse pena de mim:
- Vai ficar me tratando mal agora man?
- Desculpa, é que eu detesto que sintam pena de mim.
Como não iria conseguir segurar as lágrimas decidi sair. Deixei tudo e fui andando até o portão de casa, quando ele me segurou:
- Vou te falar então o que tá rolando. Pelo menos as coisas vão melhorar. Tá pronto pra ouvir Carlos?
CONTINUA...