Continuando...
Chegou então a sexta-feira, o dia de por o Ricky contra a parede, passei o dia ensaiando minha fala e as caras que faria na hora de conversar, quando deu 22:30 (horário de saída) fui rápido até meu carro e rumei até a casa do Ricky, chegando lá, com a cara firme, fui entrando já que o portão da frente tava entreaberto e fui de fininho até a casa dele, sem fazer barulho, mal sabia o que ia encontrar lá.
Cheguei e abri a porta devagar para não fazer barulho, ele com certeza era corajoso em deixar a porta da sala aberta! Não tinha ninguém na sala, ainda em silêncio fui subindo até seu quarto, conforme subia as escadas passei a ouvir um barulho, mas tinha que averiguar, até que subi de fininho e abri a porta do quarto dele e vi uma coisa que não esperava.
Não, não era traição, era Ricky chorando feito criança com as mãos apoiadas no joelho, aquilo partiu meu coração, ele então me ouviu entrar pela porta e se assustou, tentou secar as lágrimas, mas eu já tinha visto, então não disse nada, apenas o abracei e deixei chorar o quanto precisasse, por um tempo até esqueci que estava bravo, afinal ele estava muito vulnerável, coisa não muito comum, o cara costumava ser sério, calado e sempre ficava de postura ereta de prontidão (habito de quando serviu o exército). Aos poucos ele foi parando, ainda estávamos abraçados, eu não quis perguntar o que era se ele quisesse ele me contaria.
Ainda não falamos nada um pro outro, sempre tivemos muito disso, comunicação sem palavras só com o olhar já nos entendíamos. Até que ele quebra o silêncio.
Ricardo: - Como você consegue ficar comigo? Eu sou lixo, na moral, não passo de um verme.
Eu ainda sem entender, respondi.
Eu: -De onde você tirou isso? Para de falar besteira!
Ricardo: - Meu pai tem razão, eu não presto. Não sirvo pra nada.
Decidi tomar as rédeas da situação.
Eu: - O que aconteceu lindo? To ficando preocupado.
Ricardo: - Eu não quis te contar antes porque achei que resolveria tudo rápido, mas meu pai me demitiu há um tempo, três semanas, eu venho procurando emprego todos esses dias, por isso tava meio ocupado, ele simplesmente cansou de olhar pra minha cara disse que era pra eu ficar tranquilo que quando ele morresse o escritório seria dele, mas que por enquanto não queria mais me ver lá. E eu sou um inútil por não ter conseguido nada ainda.
Eu apenas o deixei falar, não quis abrir a boca.
Ricardo: - O que vai ser de mim por enquanto? To sem dinheiro pro aluguel, pra gasolina, o seguro chegou, fatura de cartão, tudo. Não sei o que fazer.
Nossa, aquilo cortou meu coração de um jeito, um homem daquele tamanho, chorando daquele jeito por todo esse tempo sendo forte e eu bravinho porque não era pedido em namoro e não tinha mais tanta atenção. Tava chateado comigo mesmo, mas no momento queria e precisava ajudar o Ricky, sabia que ele faria o mesmo por mim.
Eu: - Ricky, eu posso te emprestar ou te dar o dinheiro pra você acertar suas contas por enquanto, pra poder continuar indo atrás de emprego. Não vou te deixar na mão lindo.
Ricardo: - Eu sabia que você diria isso, não queria ter que chegar a esse ponto, não quero seu dinheiro – sem ofender- mas não posso aceitar, tenho que me virar.
Eu já sabia também que ele não aceitaria, o problema dele é que ele sempre teve que se virar sozinho pra conseguir as coisas, não aceitava ser ajudado, ele era muito independente, isso me lembrava o quanto eu era diferente dele. Eu sempre fui mimado, nunca fui rico nem nada, mas era filho único, nunca precisei fazer nada, nem trabalhar cedo, nem me preocupar, até hoje ia no médico com a minha mãe sempre, eu me odiava naquele momento, ele passando o maior aperto e eu putinho só porque não era pedido em namoro, mas eu iria dar um jeito na situação. Precisava!
Eu: - Ricky, devolve a casa pra imobiliária, vem ficar comigo, pelo menos por um tempo até você se estabilizar, se você não quiser ficar no mesmo quarto que eu, tem um quarto sobrando lá. Não seja cabeça dura vai.
Ricardo: - Não sei lindo, não quero dar problema pra você, você nem devia ter visto essa cena.
Eu: - Mas é pra isso que servem os – gaguejei – amigos... pros momentos bons e ruins.
Ricardo: - Você sabe que é mais que meu amigo né? Eu só não oficializei nada porque não tinha grana pra te dar uma aliança e te levar num lugar legal, a altura.
Pronto, quebrei a cara na hora, meu queixo foi no chão. Mas aquela não era a hora de me chicotear, era hora de ajuda-lo.
Eu: - Por favor, fica lá comigo, eu não gosto de ficar sozinho mesmo, nem de dormir sozinho, lá você não precisa pagar aluguel, nem nada, hã? Vamos? – Disse passando a mão no seu peito.
Ricardo: - Não vai ser nada definitivo, ok? Vou ficar lá só pra me reestruturar direitinho e assim que der, eu saio e faço questão de pagar alguma conta quando estiver lá.
Acenei que sim com a cabeça, ele me abraçou e me beijou.
Ricardo: - Onde quer ir hoje a noite?
Eu: - Sinceramente? Quero te ajudar a arrumar tudo aqui que você for levar e ficar em casa com você. Você tinha algum plano?
Ricardo: - Até tinha, mas ficar com você é melhor.
Ficamos arrumando as malas dele, pondo roupas e tudo mais. Pegou os mantimentos pra não estragar e os suplementos porque ele não vivia sem. De eletrodomésticos e móveis, conversamos e decidimos levar sua TV que era novinha de LCD, seu notebook, seu rádio, DVD, só essas coisas menores, o resto ele deixaria na casa e a imobiliária decidiria se deixaria ou levaria pra outro lugar, ele dizia que se comprasse sua casa ou arrumasse outra ele compraria tudo novo.
Fomos com nossos carros, deu pra fazer em uma viagem, chegando no meu AP, colocamos as malas no quarto de hóspedes, ele ajeitaria depois no guarda-roupas de lá, mas insisti que ficasse no meu quarto comigo. A TV foi junto pro quarto conosco, assim como o DVD, a do meu quarto deixei no quarto de hóspedes, os mantimentos guardados no armário e ele resolveria o resto no sábado.
Aquela noite ele não estava bem, então não faríamos amor, apesar dele insistir no começo, eu também não estava muito no clima. No Sábado resolvemos quase tudo, fomos até a imobiliária, ele entregou as chaves e pagou as pendências, fomos até o banco e lá o convenci a me deixar pagar a conta do cartão de credito que era bem alta e do seguro, disse a ele que se corresse os juros seria pior, e que ele podia me pagar depois se fizesse questão. Agora ele teria tempo e não teria preocupações para ir atrás de emprego, coisa que não podia ser tão difícil pra um advogado.
No meu prédio, aluguei pra ele a vaga de uma senhora que morava sozinha e não tinha carro, assim o dele não ficaria na rua. Aquele dia Ga nos chamou pra sair, mas disse que não estávamos afim e passei o telefone pro Ricky que ficou mais de uma hora falando com ele, no mínimo contando tudo.
Depois de um tempo, Ga me mandou uma mensagem dizendo: Você é de mais. Sério.
Eu não achava que estava fazendo grande coisa, sabia que eles fariam o mesmo por mim. E outra, não seria ruim ter ele lá em casa, eu ficava muito tempo sozinho.
Naquela noite, com praticamente tudo resolvido, eu estava lendo um livro (pior coisa pra se fazer num sábado a noite, pelo menos pra mim) e Ricky via um filme deitado no meu colo, até que começa uma cena de sexo no filme e ele fala:
Ricardo: - Vem que a gente podia fazer isso também hein.
Eu fingi que ignorei e apenas sorri. Aquela foi a deixa.
Ele tirou o livro da minha mão, ele já estava sem camisa com aquele corpo lindo a mostra, me beijou com vontade e começou a me alisar, logo ele levantou do meu colo e se sentou me puxando pro colo dele, onde ele tirou minha camisa com tanta vontade que quase me sufocou e ficou beijando meu pescoço, aquilo já me acendeu, eu daria o troco, comecei a mordiscar sua orelha, ai ele se descontrolou mesmo, tirou a bermuda e a cueca rapidamente e em seguida fez o mesmo comigo. Desci, e comecei a fazer sexo oral do jeito que ele gostava, mas tava bem devagarzinho pra curtir o momento, depois um tempo ele goza e eu engoli, logo voltamos a nos beijar, até que ele me vira e começa a lamber meu ânus, nossa, eu via estrelas, muitas delas, sempre adorei aquilo ainda mais do jeito que ele fazia, ele sabia bem o que fazia. Logo ele voltou a sentar e me pôs no colo dele e começou a me penetrar, ainda doía um pouco no começo mas depois passou e ficou só o prazer, cavalguei muito ali e ele gozou, eu tava meio cansado já torcendo pra ele ter cansado depois daquela gozada, mas nada.
Ele me pôs de 4 e voltou a me penetrar, eu adorava aquilo, ainda mais quando ele se deitava sobre mim e eu sentia seu corpo no meu e ele beijava meu pescoço, aquela foi a minha deixa, gozei sem me tocar, aquilo era de mais, só quem já fez sabe como é. Eu estava ficando exausto, ele percebeu, então me pôs de frente, abriu minhas penas e penetrou, eu ficava fascinado naquela posição pelos olhos dele, me olhavam muito seria e diretamente, ele nem piscava, e eu gemia, fazia caras e bocas e ele sempre serio, quieto e firme no que fazia, logo ele acelerou os movimentos, até de mais, e gozou olhando nos meus olhos, depois ficou me beijando, eu perdia a noção do tempo com ele. Com o passar do tempo, entendi melhor que fazíamos amor e não sexo, aquilo não era só sexo, era a união de dois corpos, duas almas, era conexão pura, era de mais. Tomamos banho e eu tava exausto, ele foi comer e eu não tinha forças, cai na cama literalmente, depois que ele jantou veio deitar comigo e começamos a nos beijar de novo, ele logo foi se acendendo e eu querendo apagar ele.
Eu: - Por favor, mais não, to muito cansado,deixa pra amanha.
Ricardo: - Olha lá hein, vou cobrar!
Eu: - Pode cobrar.
Cai no sono no peito dele, adorava dormir daquele jeito, me sentia protegido e bem quentinho, mas ele se mexia muito, depois de umas porradas que tomei na cabeça e uns chutes, eu virei pro outro lado e dormi, acordei com ele de conchinha em mim, me fazendo cócegas. Logo abri os olhos.
Ricardo: - Bom dia dorminhoco.
Eu sorri, nem acreditava que tinha alguém naquela cama depois de tanto tempo e que essa pessoa me fazia sorrir, aquele quarto não era mais melancólico e repleto de passado, era um novo ninho de amor.
Eu ia levantando e ele me segura.
Eu: - O que quer de café?
Ricardo: - Você!
E começou a me beijar, o clima foi esquentando e eu cortei.
Eu: - Agora não Ricky!
Ricardo: - Você ta me devendo lembra?!
E então eu deixei rolar, fizemos amor até a hora do almoço, nem tomamos café, eu precisava repor as energias, nem tinha comido a noite, nem tomado café, tava bem cansado e fraquinho.
Ricardo: - Quer que eu faça o almoço?
Eu: - Não, tenho uma ideia melhor!
Resolvi que o levaria pra almoçar na minha mãe, se ela não se importasse, afinal a comida dela era a melhor pra mim. Então liguei pra ela.
Eu: - Alô, oi mãe, tudo bem?
Mãe: - Oi filho, até que enfim lembrou que tem mãe né.
Eu: - Engraçadinha, como você ta?
Mãe: - To bem e você?
Eu: - Também, sabe mãe... queria saber se posso ir almoçar ai hoje.
Mãe: - Claro que pode né bobão.
Eu: - Mas digo, não sozinho, quero ir com alguém.
Mãe: - Hum, namorado novo é? Brincadeira, pode vir sim filho.
Eu: - Tem certeza que o Luís não vai se importar?
Mãe: - Absoluta, somos uma família.
Eu: - Então vamos só tomar um banho e já vamos, ok?
Mãe: - Tudo bem. Até já, beijos te amo.
Eu: - Outro, eu também.
Ricardo então surge.
Ricardo: - Então, quem é que você também ama?
Eu: - Minha mãe, vamos tomar banho, almoçaremos lá. Que tal?
Ricardo: - Tudo bem, vou conhecer minha sogra finalmente.
Eu: - Pois é, vamos ver se passa no teste da sogra pra ficar com o filho único dela, mas cuidado que ela é uma carrasca.
Ricardo: - Mas eu enfrento tudo e todos por você.
Achei aquilo lindo, nos beijamos e fomos tomar banho, ele quis fazer mais amor, mas estávamos meio atrasados, queria chegar cedo pra poder ficar mais lá. Chegando lá, na hora de entrar ele soltou minha mão, acho que com vergonha, mas eu disse que não precisava hesitar e peguei a mão dele.
Eu: - Mãe, Luís, esse aqui é o Ricardo, meu...
Ricardo me interrompeu: - Namorado, não oficialmente.
Rimos muito com a minha cara.
Mãe: - Prazer Ricardo, eu sou Marcia e esse é meu esposo Luís.
Luís estendeu a mão sorrindo e o cumprimentou e depois me abraçou.
Luís: - Eu gosto muito de você, como um filho que não tive, não se preocupe, eu respeito.
Aquilo me deixou muito feliz. Almoçamos feito uma família, minha mãe contou histórias de infância, o típico almoço em família. Ricky não falava muito de sua família, acho que por causa de tudo que ele passou. Depois do almoço fui ajudar minha mãe a limpar a cozinha, Luís e Ricky ficaram na sala conversando sobre fórmula 1 e futebol. Eu gostava de futebol, mas de assistir e torcer, conhecia um pouco as regras, mas não sabia tudo feito eles.
Na cozinha, eu lavava e minha mãe enxugava até que ela vem até mim.
Mãe: - Eu adorei ele, é muito bonito e parece gostar muito de você.
Eu: - Ele é mesmo e eu também gosto muito dele.
Mãe: - Eu sei, se não você não o traria aqui tão cedo.
Contei a ela toda a história dele com o emprego, não tinha segredos entre nós e eu sabia que a conversa não saía dali, nesse ritmo terminamos a louça rapidinho. Fomos pra sala e ficamos vendo TV, logo começamos a assistir o jogo do nosso time, minha mãe fez pipoca e bolinho de chuva, na hora do gol, virei o pote de pipoca, ainda bem que tava quase vazio. Aquele dia tinha sido de mais, e cheguei a uma conclusão aquele dia:
Não é porque ele não tinha me pedido em namoro ou me dado uma aliança que o que ele sentia por mim era menos do que eu sentia por ele, era só uma questão de possibilidade e oportunidade. O que importava era que eu gostava dele e ele de mim, e fazíamos bem um ao outro.
Fomos pra casa sorridentes no carro, achei que tudo ficaria bem dali em diante, engano meu, por que a vida tem mania de pregar peças na gente, é como dizem, felicidade é um estado momentâneo, passageiro, não é duradouro nem eterno. Mas isso fica pros próximos, esse eu termino por aqui.
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Gente, aqui ta mais uma parte do conto, to gostando muito de escrever, me sinto muito inspirado, acabei por aqui por que no próximo vem um pouco mais sobre a vida do Ricky e tudo mais. Quero agradecer os votos e comentários, é muito bom esse sentimento de ser acolhido bem por ser novo por aqui. Até o próximo. Qualquer sugestão e critica é bem vinda.
E-mail pra contato: Marcio.casadoscontos@hotmail.com