Prelúdio - Capítulo IV

Um conto erótico de Charles
Categoria: Homossexual
Contém 1672 palavras
Data: 18/07/2012 20:33:51
Assuntos: Homossexual, Gay, Romance

“A dor muda as pessoas”

Capítulo IV – Man In The Mirror

Ao deixar o Anderson no quarto entrei no banheiro, fiz a higiene e isso fez me sentir “novo”. Parece que o banho me retirou um peso que eu nunca havia sentido. Olhei no espelho do armário do banheiro pude perceber que a vida continuava e que eu ainda era o mesmo. As imagens da Mamãe não saiam da minha cabeça, que doía, era uma sensação nova, me sentia sozinho, mais sozinho do que nunca. As lágrimas começaram a escorrer novamente. “O que seria de mim, meu Deus?” Eu não sabia a resposta dessa pergunta, mas de uma coisa eu estava certo: Eu tentaria ser mais forte do que nunca!

- Ei! Charles! Tudo bem contigo? – era o Anderson, deveria estar preocupado. Limpei a garganta e respondi.

- Sim, eu já estou saindo.

Abri a porta e me retirei do banheiro. Ele continuava sentando do mesmo modo como eu o deixei.

- Eu vou me vestir. Se você não se incomodar...

- Claro que não! – Ele sorriu para mim, como sempre. Interessante, quando ele sorria os olhos deles se fechavam. E isso era agradável de ver.

Peguei roupas limpas no armário, me vesti de costas para ele. Já vestido, retornei meu olhar para ele e me sentei ao seu lado, não resisti de novo e comecei a chorar.

- Não fique assim, eu sempre estarei aqui. Sei que nunca irei substituir esse vazio, mas vou me esforçar ao máximo para ser um irmão para você.

- Eu sei cara... – eu continuava chorando – Você não sabe como é ter planos e de repente todos eles serem obliterados. Tudo culpa de um miserável!

- Mas nós sabemos Charles... – Eu o interrompi.

- Sim eu sei! Esse não é o fim de tudo, a vida continua! Mas é impossível evitar, eu preciso viver essa dor cara. Preciso sentir isso, é uma fase e eu vou me recuperar, pois sou forte. Eu vou chorar muito, e eu sei que o tempo vai cicatrizar tudo isso.

- Você não precisa só de tempo, você precisa de apoio, e por isso mesmo eu irei dormir aqui está noite.

- O que disse!? – fiquei espantado.

- Isso mesmo! Enquanto você estava no banho eu liguei para os meus pais avisando que iria dormir fora. Você nunca vai estar sozinho cara! – Ele terminou a frase com aquele sorriso característico.

E foi assim, depois de conversarmos mais um pouco, acender umas velas e rezar pela alma da minha mãe, nós dormimos. Ele em um colchonete e eu na cama. Minha noite foi muito ruim, tive sonhos estranhos com Dona Suzana. Acordei cedo e ele ainda estava a dormir, fui ao quarto da minha mãe, estava tudo perfeitamente arrumado, e tirei um pouco de poeira das coisas. Na cozinha preparei um café simples, pois não me aventurei o suficiente em culinária, até agora, para fazer algo mais complexo. Voltei ao quarto fiz minha higiene e o acordei. Ele se arrumou, e nos alimentamos.

- Agora eu vou à loja da Dona Teresinha.

- É verdade, ela disse que quer falar com você. Então, estou indo para casa e depois para Universidade. – ele falou isso se aproximando – Você não deve ir hoje tá?

- Ah! Claro! Não estou com cabeça para o Curso, por enquanto. Como eu te disse vou refazer meus planos. – Ele se aproximou mais um pouco e me deu um abraço bem forte.

- Saiba que você não tá sozinho nessa... Vou estar sempre contigo...

- Você é um amigão Anderson. Muito obrigado por tudo! – Ele me largou e olhou para mim sorrindo.

- Eu faço o que posso... E você não precisa agradecer, eu já disse. – Acompanhei-o até o terraço onde estavam nossas máquinas, a dele vermelha, a minha preta. Despedindo-se ele saiu e eu senti que estava novamente sozinho. Porém não havia tempo para isso. Eu prometi que iria ser forte, precisava de uma nova perspectiva de vida e sentia que a conversa com Dona Teresa seria o primeiro passo. Acendi uma vela, orei para minha mãe e fui.

A Loja da Dona Teresa é um estabelecimento que vende roupas, confecções e acessórios, infantis, masculinos e femininos. É uma loja pequena, porém bem arrumada. Ao entrar e passar por duas moças que achavam eu ser cliente, avistei o caixa e atrás dele, lá estava ela, com seus óculos e seu cabelo curto, aloirado. Era uma senhora baixa, gordinha, mas não se enganem, ela era muito vaidosa.

- Bom dia meu filho! Vem aqui para dentro. – gesticulou para que eu entrasse, pela cancela do balcão entrei, ela me abraçou e continuou – Está melhor meu filho?

- Sim! Está sendo muito difícil, mas eu vou me organizar e superar!

- É assim que se fala meu filho! Olhe, o que eu tenho para lhe dizer é muito simples. Sua mãe deixou esses cosméticos aqui, então eu resolvi assumir a venda deles no lugar dela. Não haverá prejuízo financeiro nenhum, pois eu já falei para a consultoria de cosméticos, e o lucro, desses produtos, eu vou repassar a você.

- Muito obrigado, eu ainda não tinha pensado nisso.

- Isso não é tudo. Sua mãe nunca gostou de contas em banco, então ela me confiava todos os meses às economias que fazia. Eu depositava tudo numa conta no meu nome. E aqui está a quantia que estava depositada no banco nesses últimos dez anos, eu retirei todo o dinheiro, que agora é seu por direito. – Ela sacou debaixo do balcão uma maleta e me entregou. Quando eu abri para minha surpresa estava repleta de notas de Cem Reais, novinhas, eu nunca havia visto tanto dinheiro na minha vida.

- Mas isso é muito dinheiro Teresinha!

- É isso mesmo. Deixa eu ver. – ela retirou o que parecia ser um extrato de banco do bolso direito da sua calça, me entregou, olhando por cima dos óculos e me falando. – É essa a quantia meu filho.

Eram pouco menos que Cinquenta Mil Reais. Em seguida fiquei sabendo que eram as economias de uma vida inteira da minha mãezinha, todo o suor dela estava ali naquela maleta. Eu não me contive e mais uma vez chorei. Que mulher, que ser humano tinha sido privado de sua vida! Ela tinha tantos planos, sempre me falava que eu iria ser um grande profissional executivo, e que iria investir bastante na minha carreira. Agora eu sabia que todo aquele dinheiro tinha um destino: O meu crescimento profissional. E era isso que eu iria fazer. Toda essa quantia iria ser bem empregada na minha vida profissional. Dona Suzana tinha um sonho e eu vou realiza-lo.

Agradeci a Dona Teresinha por tudo, sai da sua Loja, peguei um táxi e fui ao banco do qual eu possuía uma conta poupança. Fiz o depósito, voltei à Loja, peguei minha moto, passei na delegacia em busca de notícias do assassino, porém ainda não havia nada de novo. Voltei para casa, dei uma faxina geral, não que precisasse de faxina, mas acho que mudar um pouco o ambiente me faria bem, além de me ocupar a mente.

Ao retirar o lixo da cozinha me cortei com os cacos da xícara quebrada dias atrás e de novo me veio àquela sensação estranha. O que era aquilo? Um aviso de novo? Mas que droga!!! Eu não podia fazer nada!!! Como um baque, sou retirado das minhas indagações pelo telefone tocando, olho para a tela do celular, sugando o polegar da mão direita cortado. Era o nome de Anderson que estampava o display do aparelho. Atendi.

- Oi!

- Oi Charles! Como você está?

- Estou melhor. E você, como vai?

- Bem! Posso ir à sua casa as 19h? – não respondi nada, alguém estava tocando a campainha lá fora.

- Espera um pouco Anderson, já eu te retorno a ligação, tem alguém tocando a campainha...

- Ok!

Peguei o lixo, fui à porta da rua, ver quem era, e para a minha surpresa era o vizinho. O Miguel, mais conhecido como Guel. Ele era um cara normal, 1,70 metros de altura, corpo muito sarado, pele branca, jeito de moleque, roupas largas, e um boné. Ele esteve no velório da minha mãe, e costumávamos conversar de vez.

- E aí “Charico”? Tudo beleza? – Ele costumava me chamar por esse apelido.

- Estou melhor e você, Guel?

- Tudo beleza. – destranquei o portão, ele entrou, apertando minha mão e me puxando para um abraço – Tudo vai passar meu brother!

- Obrigado cara.

- E aí, o que você conta de bom? – gostava do jeito “animado” dele.

- Eu estava ali, dando uma faxina, mas já terminei, vou só colocar esse lixo para fora...

Coloquei o lixo para fora e então seguimos para casa.

- Eu vou só tomar um banho rápido, e volto já beleza?

- Tranquilo! Faz favor, liga a televisão para mim mano... – liguei o aparelho e estava passando a novela das 6 da tarde.

Olhei para o relógio na parede da sala que marcava 18h40min. Eu iria tomar um banho bacana, trocar de roupa e ir para a sala conversar com ele. O banho foi rápido, acendi uma vela no meu quarto e rezei, mais uma vez, para minha mãe. Olhei para o relógio do celular que marcava 19h, havia também dez chamadas não atendidas, todas do Anderson, eu não vi o telefone tocar, estava no banho. Tinha me esquecido completamente de retornar a ligação dele naquele momento que fiquei conversando com o Miguel. Voltei à ligação.

- Oi! Anderson desculpa é que... – fui interrompido por ele, falando em tom alegre.

- Sem problemas! Estou aqui no portão da tua casa, vim sem sua autorização. – escutei o risada dele.

- Ah! Pois vou indo, abrir o portão para você. Espera aí!

Acelerei o passo, passando pelo corredor que levava a sala, e pela mesma, onde o Miguel estava entretido espiando a televisão. Acenei para ele como “nice guy”. E fui ao portão receber o Anderson.

Continua...

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Muito obrigado pelo carinho Danny 2012, StüquenRedfield, Davi ‘, NinhoSilva e todos que não comentam, mas leem a minha narrativa. Meus sinceros agradecimentos. Até breve. Sintam-se abraçados todos vocês! Desculpem os erros de digitação, concordância, nexo causal ou qualquer outra coisa, afinal “somos apenas humanos”. Boa leitura!

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Comentários

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Cabeça erguida e bola pra frente.Estou adorando a história. Ótima narrativa :D

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isso aí garoto...a vida continua! e pelo visto o Anderson vai ser mais do que uma amigo não é?? rss.. adoro essa história, apesar de ser triste... espero que aconteçam coisas animadoras nela. e vc escreve muito bem...não se preocupe tanto com concordância, nexo casual..e outras coisinhas mais rs.. como diz uma velho ditado "pra um bom entendedor meia palavra basta!"..aguardo a continuação!!!

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pena q a mae n usou o fruto do trabalho em vida, grato pela leitura.

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