O ano, começou bom, os acontecimentos do ano novo me deixaram completamente feliz, pra começar com o pé direito.
Aproveitamos pra passear bastante, Wellington foi o que mais curtiu, todo passeio que ele me propunha eu topava. Lucas passaria a ficar em uma creche, Denise aceitou bem já que ela já estaria estagiando e já não tinha mais tempo. Will tinha ido muito bem no ENEM, eu queria que ele estudasse na PUC-SP, mas ele quis fazer faculdade federal, disse que era mais conceituada de certa forma e grátis, assim ele dependeria só dele mesmo, eu concordei já que era a vontade dele que tinha que importar. Ele quis estudar direito, assim como o Ricardo, pelo menos emprego garantido ele já tinha. Wellington quis mudar de colégio, pra evitar problemas com o pai otário de um dos meninos.
Eu e Ricardo, conversávamos no nosso quarto, era dia 8 de janeiro.
Ricardo: - Eai lindo, como você se sente sabendo que vai ficar solitário durante todo o dia?
Eu: - Eu não vou ficar Ricardo, eu vou voltar a trabalhar.
Ricardo: - Pra que? A gente já não tem dinheiro o suficiente pros dois? Você não disse que iria se dedicar a família?
Eu: - Lindo, sem essa. Eu me dediquei, um ano, não estou jogando na cara, mas eu também preciso ter minha vida fora daqui e além do mais, trabalhar não é apenas buscar dinheiro, é aprendizado, interação, é muito além disso.
Ricardo: - Não consigo entender o pra quê disso!
Eu: - Você me quer em casa pra que? Pra ficar te esperando o dia todo e quando você chegar transarmos? É só isso a vida pra você?
Ricardo: - Não é nada disso, não coloque palavras na minha boca, eu só não quero que você trabalhe, é pedir de mais?
Eu: - Lógico que é, eu não to pedindo sua opinião Ricardo, to simplesmente te comunicando.
Ricardo: - É assim que funciona então? Então eu posso te comunicar que vou arrumar outro emprego ou a fazer a noite e não vou mais parar em casa?
Eu: - Isso, aí eu posso te comunicar que a gente acaba por aqui e vai cada um pro seu lado.
Ricardo saiu do quarto bufando e xingando o vento. Eu queria meu trabalho, eu sempre amei o que faço, abri mão das coisas por ele, achei ele muito ingrato na situação. Eu precisava de uma vida também, eu não podia viver o resto da vida pra eles. Dormimos sem nos falar.
No dia seguinte, eu fui até a escola avisar meu retorno e providenciar a papelada pra “destrancar” meu trabalho. Fui até a universidade que eu lecionava antes e também fui aceito de braços abertos, com um salário um pouco maior por faltar um ano pra eu concluir meu doutorado. Eu trabalharia de manhã e a tarde, já que Lucas passava o tempo todo na creche. Will estudaria em período integral e Wellington tinha ido a um colégio onde os alunos almoçavam na escola, faziam atividade física a tarde, como natação entre outras e só saiam a noite. Era só Ricardo que implicava, mas eu não queria nem saber, alem da minha metade dos lucros do escritório eu ganharia o suficiente pra me sustentar, e agora ganharia mais que ele.
Eu voltaria a trabalhar em uma semana. Seria segunda-feira, na próxima. Ricardo não conversava comigo, ficava fazendo birra ainda. Até que no sábado a noite, ele levou todo mundo pra jantar e NÃO me convidou, de propósito, achando que eu ia dar o braço a torcer. Eu fiquei tão chateado, tão bravo, eu até cheguei a chorar de raiva, ele tava sendo um puta dum criança comigo, que sempre fiz tudo por ele. Quando eles chegaram todos sorridentes, eu fiquei simplesmente em silencio. Quando foi meia-noite, Ricardo cansou de jogar videogame e foi dormir, mas foi cínico e conversou comigo.
Ricardo: - O jantar tava uma delicia, pena que não deu pra você ir. – Disse debochando de mim.
As lagrimas vieram na hora e ele fez cara de surpresa, acho que ele não imaginava essa reação. Eu tentei falar o máximo chorar, meio sem sucesso.
Eu: - Olha Ricardo, vai pra puta que te pariu, você é um crianção idiota, não tem a menor graça, eu não gostei nem um pouco. Eu fiz tudo que fiz ano passado por amor a você, pra não ser você quem precisasse deixar de trabalhar. Eu só queria um pouco mais de companheirismo da sua parte que você tanto me cobrou, eu queria compreensão. Eu tenho meus direitos, minhas necessidades, eu só queria trabalhar, recuperar minha dignidade, minha vida, eu queria me sentir útil. Se você queria me magoar, você conseguiu, parabéns.
Ricardo tentou se explicar.
Ricardo: - Me desculpa... Eu... Juro... Que achei que você fosse encontrar com a gente... Eu não quis te machucar, nem te magoar não foi minha intenção.
Eu tava tão bravo, que tinha medo de fazer besteira ali. Mas eu tinha ficado acabado com a criancisse dele. Fui dormir chorando a noite toda, ele ficou me abraçando e beijando meu pescoço, eu não lutei, mas também não parei de chorar, foi difícil pra mim.
No domingo de manhã, eu me arrumei, peguei minhas chaves e fui saindo. Eles já estavam todos jogando videogame.
William: - Fala lindo, vai sair logo cedo? To com fome, queria tomar café.
Eu: - Pede pro seu pai, ele levou vocês pra comer ontem a noite, tem que levar agora de manhã também.
Ricardo fez uma cara de cachorro sem dono.
Peguei o Lucas no quarto e saí de casa. Eu tava transtornado, fui lógico, pra casa da minha mãe. Passei o dia lá, contando a ela o que aconteceu e deixei Lucas sob os cuidados do Luís e do Celo. Aliás, William e Wellington me chamavam de lindo como os outros, pra não haver confusão entre chamar eu e Ricky de pai, então eu era Lindo e ele era pai.
A noite, depois de mil chamadas perdidas e mensagens não lidas no meu celular eu fui pra casa. Pus Lucas no carro e fomos pra casa. Lá, todos assistiam TV, coloquei o Lucas que já estava dormindo no quarto, tomei um banho e deitei até dormir, ainda sem falar com o Ricardo.
Na manhã da segunda-feira, acordei bem cedo, contente por voltar a trabalhar logo. Já tinha que deixar o Lucas na creche cedo, Wellington agora ia de van pro colégio e Will ia de metrô até sua universidade em São Paulo.
Depois que deixei Lucas na creche, fui pro trabalho. Lá não tinham alunos ainda, mas foi um clima bem legal, conversa, apresentação, planejamento pedagógico e etc.
Não voltei pra casa a noite, cheguei antes de anoitecer e busquei o Lucas na creche mais cedo, fiquei assistindo televisão até o Ricardo chegar, ele veio me beijar, mas eu não deixei.
Ricardo: - É assim que vamos ficar agora?
Eu não disse nada.
Ricardo: - Depois eu que sou criança...
Eu: - É melhor você calar a boca antes de falar mais merda.
Ricardo: - Eu só... quero você de volta! – Disse fazendo beicinho.
Eu: - Eu não sei por onde começar, eu amo você, isso é um fato, mas eu to chateado que parece que você simplesmente não quer meu sucesso, quer que eu fique sempre na sua sombra...
Ricardo me puxou e fomos conversar em nosso quarto.
Ricardo: - Eu sei que é o que parece, mas não é o que é realmente. Eu quero que você seja feliz, é só que...
Eu: - Fala logo...
Ricardo: - Eu me sinto tão útil... trabalhando pra vocês todos aqui, me sentia um homem de verdade, um homem bom, seu homem. Eu tenho muito orgulho de você, você é o cara mais inteligente que eu conheço, faz tanta coisa e tudo tão bem. Eu te amo amor, me perdoa vai?
Eu sou muito fraco, da até raiva as vezes.
Eu: - Tudo bem. Pra mim, você é um de verdade, meu homem.
Ficamos nos amassos, quase rolou sexo, mas o Wellington chegou do colégio então paramos por ali mesmo.
Ricardo: - Depois a gente continua?
Eu: - Vou pensar.
Não demorou pro William chegar do passeio com os amigos já que ele não estava estudando ainda.
Eu: - Will, eu sei que é seu aniversario no sábado viu?
William: - Ah, valeu lindo, mas não é nada de mais.
Eu: - Como não? Vamos fazer uma festa pra você.
William: - Não precisa, sabe? Já tenho coisas de mais, coisas que nem sonhei ter um dia...
Eu: - Tipo um celular pós-pago, celular e ipod?
William: - Tipo uma família.
Eu pensei: Tomei no rabo.
O resto da semana passou rápido até quinta, o aniversario do Ricardo era na quinta, Will fazia 2 dias depois. Eu tinha marcado de fazer festa pros dois no sábado, mas acabou virando um churrasco mesmo. Como eu não fazia nada mal feito, contratei um serviço de churrasco pra ninguém precisar ficar na churrasqueira e não comer e socializar.
No churrasco foi tudo ótimo, Ricardo fazia 31 e Will 18. Pro Will disse que daria a habilitação e pro Ricky um relógio caro, já que ele era apaixonado por relógios. Foi uma delicia todos os amigos e família básicos lá, os amigos de orfanato que Will andava estavam lá também no prédio. Eles adoraram o dia e como sempre me agradeceram por ter organizado tudo e essas coisas.
Em fevereiro, eu voltei a minha rotina de trabalho, encaixei os meus horários e tudo que eu precisava fazer. Não estava fácil.
Eu trabalhava de segunda a sexta, aos sábados tinha meu doutorado que agora no ultimo ano exigia muito, mas muito de mim. Eu tinha que encaixar os horários de dentista do Wellington, consulta do Lucas e etc. William já tava fazendo o CFC, Ricky já tinha deixado ele dirigir umas vezes e dizia que o menino levava jeito pra coisa.
No sábado, quando cheguei do doutorado, queria dar um passeio, curtir um pouco, íamos em um barzinho, Lucas estava na casa dos pais do Ricky como quase todos os finais de semana que eles podiam, eles que pediam pra ficar com ele não somos nós os pais desnaturados.
Combinamos de ir a um barzinho novo em São Paulo, William ficou de babá do Wellington. Eu me arrumei e fiquei bem cheiroso, mais pro Ricardo do que pra qualquer outra pessoa. Eu ficava meio inconformado com o quanto era fácil pra ele ficar bonito, era só vestir qualquer roupa ou simplesmente não vestir.
Fomos eu e Ricardo, Gabriel e Bruno e Otávio e Luan. Comemos uns petiscos, conversamos, eu tomei meu refrigerante. Então resolvemos sair e ir pra uma balada, Luan queria dançar.
A balada era muito boa, muitas musicas dançantes, eu não era de dançar, mas naquela noite eu fui junto com o Luan e o Bruno. O trio parada dura ficou bebendo sentados.
Na pista de dança, muitos caras chegavam no Bruno e no Luan, até em mim chegavam alguns. Uma hora inclusive chegou três carinhas chamando a gente pra sair e dar uma volta com eles, ai então surgiram nossos devidos namorados, com certeza sentindo o cheiro dos outros machos por lá. Quase teve briga, mas os outros foram embora antes.
Aquela semana também passou normal. Na quarta a noite, Ricardo volta pra casa com uma noticia pra me dar.
Ricardo: - Lindo, eu nem sei como falar...
Eu: - Você vai ser pai de novo? – Eu adorava fazer essa piada.
Ricardo: - Não, a mãe do William e do Wellington vai ser solta, por bom comportamento!
Lá vinha mais dor de cabeça...
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Bom meus amadinhos, como diria Chayenne "Pensem numa pessoa ocupada". Mas ta aí o começo da última temporada, espero que vocês gostem, essa temporada deve ser mais curta que as outras. Me desculpem mesmo, mas eu to meio ocupado, pode ser que eu não consiga postar duas partes a cada dois dias, vou fazer o máximo pra tentar. Qualquer crítica e sugestão são bem vindas.
E-mail para contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com
Até mais ;)