• 10 – Festa
Fui para a escola no dia do meu aniversário. Que saco! Eu odiava ir pra escola no dia do meu aniversário. Eu me sentira obrigado. Meu pai queria falar com José e Eu não podia deixar os dois conversarem. Não ainda.
Entrei na sala e o José ainda não tinha chegado, mais uma vez Marcos não foi à escola.
Sofia entrou e falou alto:
– Parabéns Walmir!
Eu morria de ódio. Que falsa! Como ela pode ser assim? E por que estava animada?
Ela veio em minha direção e falou:
– Pensou que Eu ia te dar meu namorado de bandeja? Sabe o que aconteceu? Nós dormimos juntos (A raiva tomou conta de mim e Eu apenas sai do lugar em que Eu estava)... Nós TRAN-SA-MOS.
O José teria feito aquilo mesmo comigo? Abaixei a cabeça e chorei. Minha cabeça estava doendo e Eu me sentia um pouco febril. Não estava doente. Estava febril de raiva. Senti alguém puxando minha mochila. Era José. Olhei para ele, fiz uma cara de sério e desapontado. Ele viu uma lágrima correr em meus olhos. Sai em direção ao banheiro. Ele me seguiu.
Entrei numa cabine e fiquei chorando. Silenciosamente. Quando o ouço dizer:
– O que foi que Eu fiz?
Eu respondi calmo e desapontado:
– Você terminou o que ia fazer com ela no Domingo, não foi?
– O que você está falando? – José não entendera minha pergunta e continuou: – Terminei o quê? Sai da cabine pra gente conversar melhor!
Eu sai e olhei sério para ele. Ele não entendendo o que estava acontecendo ficou parado. Eu perguntei, agora com vergonha de mim por ter desconfiado dele:
– Quer dizer que você não transou com a Sofia ontem?
Ele olhou para mim com cara de surpresa e disse:
– Aquela vadia falou isso pra você? Eu vou quebrar a cara dela.
– Não José! – Gritei para ele e segurei seu braço em um ato de desespero. – Não faça isso!
Ele me fitou e disse:
– Você ainda tem pena daquilo?
Ele me deu as costas; e para evitar um embate nada justo entre Sofia e José, passei na frente dele, o agarrei e dei um beijo. Eu gostei desse beijo, mas sentia certa adrenalina. Era errado fazer aquilo ali. Ele se jogou em uma cabine e Eu cai junto com ele. Perdemos uma aula de história inteira. Não, não houve sexo. Apenas abraços e caricias.
Voltamos para sala e tudo correu bem. Sofia olhava emputecida para mim.
...
As horas se passaram, voltei para casa e me arrumei para a festa. A festa.
...
Eu estava com medo. O que as pessoas iriam pensar? Como Eu deveria aparecer? Vestia e tirava roupas. Por fim decidi vestir uma roupa que comprara na Dom Juan. Era esporte fino e usava um sapatênis. A roupa tinha tons neutros e não destacava todas as partes do meu corpo. Ainda bem.
...
Houve uma grande cerimônia por parte dos meus pais e convidados. A festa ocorria no enorme jardim de casa. Eu me sentia bem aquela noite. Mas só esperava uma pessoa: José.
José chegara à festa por volta das 20h30min. Eu já estava preocupado. Pensei que ele não viria. Quando o vi, corri em sua direção. O abracei e ele disse:
– Hoje a festa é sua, mas o presente é meu.
Perguntei incrédulo:
– Que presente?
José sorriu e respondeu:
– Sua mão.
Eu adorei ouvir aquilo.
José foi em direção ao meu pai, cumprimentou todos os que estavam com ele e no final concluiu, bem objetivo:
– Preciso falar com você sobre Eu e seu filho.
Meu pai fez uma cara de raiva mandou José seguir até a sala de estar; Eu os acompanhei.
Antes que meu pai falasse qualquer coisa, José disse na lata:
– Eu e seu filho estamos namorando. E não adianta o senhor impedir. Ficaremos juntos o senhor querendo ou não.
Meu pai olhou para José e perguntou:
– Você realmente o ama? – E voltou seu olhar para mim.
– Sim. – Disse José rapidamente.
Sem tirar os olhos de mim meu pai perguntou:
– Filho, você o ama? É isso o que você quer?
– Sim. – Falei mais apressado que José.
Meu pai então concluiu:
– Se é assim que vocês querem, assim será. Mas... José? Cuidado para não magoar meu filho. Como sei que ele é muito caseiro e maduro, não ditarei muitas regras. Não quero demonstrações de carinho na minha frente. Querem fazer qualquer coisa? Arrumem um lugar reservado. E José...? Seu pai sabe desse namoro?
José calou-se, e meu pai concluiu:
– Aposto que não... – Pôs um sorriso cínico no rosto e saiu.