Continuando...
Na véspera do meu aniversário, eu ficava com um misto de ansiedade e preocupação. Eu queria ganhar aquele carro, muito, mas tinha medo de não ganhar e me decepcionar, pra ajudar o Ricardo estava trabalhando muito aqueles dias, mal nos vimos, eu tinha medo dele esquecer meu aniversário de novo.
Minha rotina não era mais chata, era muito legal, o tempo que eu não passava com Denise, passava com Marcelo, ambos eram jovens e divertidos isso me dava vigor, juventude, eu me sentia super bem do jeito que estavam as coisas, vez ou outra, sentia vontade de trabalhar, mas eu tava tranquilo e bem pago pra ficar em casa.
No meu aniversário, tínhamos combinado um jantar, Silvia se ofereceu pra fazer meus pratos favoritos em sua casa. Lá iriam todos meus amados, inclusive Denise iria com sua família. Eu fiquei impressionado com a pessoa que Silvia tinha se tornado, éramos muito amigos agora eu confiava inteiramente nela. Naquele dia, ela foi buscar Lucas a tarde, então dei folga pra De, só fiquei com o Marcelo, como ele não tinha inglês naquele dia, jogamos videogame juntos, e depois fomos no parque Vila Lobos andar de bicicleta.
Eu tava meio sem esperanças de ganhar o carro, já que meu carro ainda estava lá, ninguém tinha vendido, nem o carro do Ricky, então eu tentava pensar que qualquer coisa que ganhasse eu gostaria.
Naquela noite, Ricardo chegou em casa 1 hora da manhã, eu nem quis papo com ele, li meu livro e depois fui dormir sem falar uma palavra pra ele.
De manhã eu estava bem mais calmo, acordei e não vi Ricardo lá, achei que ele tivesse saído pra trabalhar já, mas estava enganado, ele entrou no quarto só de cueca samba-canção em seguida com uma bandeja em mãos.
Ricardo: - Bom dia amor da minha vida, parabéns meu lindo, tudo de bom e que você viva muito mais anos ao meu lado.
Eu sorri e dei um beijo nele.
Ricardo: - Aqui tem tudo que você gosta preparado com muito carinho pelo homem da sua vida...
Eu: - O padeiro da padaria da esquina?
Ricardo: - O próprio, engraçadinho.
Tinha tudo que eu gostava de comer, eu não tinha uma alimentação saudável quanto a dele, na verdade eu nem sabia que caras com corpo como o dele gostavam de caras com um corpo normal feito o meu.
Tomei meu café, dividi com ele. Fizemos amor por um longo tempo, depois tomamos banho. A empregada já estava dispensada aquele dia. Ricardo me deu uma caixinha de presente, era outra aliança, mas essa era mais linda ainda que a que eu já tinha, era de um ouro mais lindo e grosso ainda, era linda, mas não era o que eu queria, forcei ao máximo pra sorrir e parecer grato.
A tarde, fomos no shopping, ganhei muitas roupas novas e sapatos aquele dia, ele fez todas as minhas vontades no shopping. A noite, fomos pra casa dos meus sogros, já estavam todos lá, fui bem recebido, com presentes e parabéns caprichados de todos, eu me sentia muito bem, amado.
Comemos minhas comidas favoritas e sobremesa. Cantamos parabéns, meu primeiro pedaço de bolo foi pro Marcelo, pra ele se sentir mais da família, todos puxavam assunto com ele, ele era um fofo, o xodozinho de todos agora. Principalmente do Ricardo, ele vivia me dizendo que daqui uns anos, ia trocar de irmão.
Eu me sentia completo, mas faltava o que eu mais queria, meu carro novo. Não que eu não gostasse do meu, mas aquele era mais lindo, eu sonhava em ter uma SUV, a Captiva tinha virado meu sonho, mas eu entendia se Ricardo preferia não gastar todo aquele dinheiro.
Eu só estava meio chateado, porque o Ga tinha saído antes do parabéns e não tinha voltado ainda, não era a mesma coisa sem ele lá pra zoar todos e fazer piadas. Depois de cinco minutos, Ricardo atende o telefone, fala algo baixo que não entendo, acena com a cabeça pra todo mundo que senta perto de nós no sofá.
Ricardo: - Sabe, 1 ano e 9 meses atrás, eu achava que era feliz, até tinha uma vida boa, mas faltava muitas coisas. Então de repente, tudo mudou, minha vida não pertencia mais a mim, nem meu coração. Depois quando eu consegui o homem da minha vida, a pessoa que eu queria passar a vida toda, eu sabia que seria feliz então, mas não sabia o quanto. Não sabia que ia ter a casa dos nossos sonhos, um filho lindo que amamos muito, um marido fiel e 100% dedicado a mim, além de tudo, fez meu relacionamento com meus pais voltar a ser bom. Eu te amo minha vida, de verdade. Ele se ajoelhou e me deu mais uma caixinha.
Eu já estava sem palavras por aquela declaração, a Denise já chorava, minha mãe também. Quando abri a caixinha, eu dei um pulo enorme, gritei que nem louco.
Eu: - EU NÃO ACREDITO, SERIO ISSO? PORRA, PORRA, PORRA, NÃO CREIO.
Cai no choro, isso mesmo pessoal, era uma chave da Chevrolet. Ricardo pegou minha mão e me guiou até o lado de fora da casa, Gabriel começou a buzinar feito louco. Mas não era do carro dele, era do MEU, meu carro, dos meus sonhos, lindo, grande.
Eu: - É serio isso?
Gabriel: - Não, aproveita e da uma voltinha antes do dono chamar a policia.
Ricardo: - Cala a boca vai Gabriel, é sua lindo, você é meu sonho e ta ai seu sonho.
Eu abracei ele muito forte, mas rápido meio que o empurrei, fui até o carro e puxei Gabriel pra fora. Aquilo era de mais, sabe aquela sensação de quando você cobiça tanto algo, sonha e de repente ganha? Então, era por ai.
Eu dei uma volta, cheirava a novinha, eu estranhava muito, porque era muito alta, muito grande, era outro mundo. Todo mundo entrou, andou e se divertiu lá, eu então, de pensar que aquele carro era meu. Depois entramos na casa de novo.
Gabriel: - Nossa lindo, nunca devia ter te apresentado o Ricardo, esse carro podia ser meu agora.
Bruno deu uma cotovelada nele.
Gabriel: - Brincadeira, você merece.
Na hora de ir embora, deixei o Ricardo pra trás. Pus o bebê conforto no meu carro novo e fui com Lucas pra casa. Chegando em casa.
Ricardo: - Toma lindo, toda a papelada que você precisa, documento, papelada de seguro, enfim, tudo. Alias, toma cuidado por favor, esse carro tem tendência a capotar e o seguro dele é muito caro, só quem pode dirigir é você e eu, ta entendendo? O seguro não cobre mais ninguém.
Eu: - Você conseguiu o seguro no nome dos dois como casal mesmo?
Ricardo: - Lindo nosso contrato de união estável vale quase como casamento, tem limitações, mas pra algumas coisas é válido.
Ele continuou.
Ricardo: - Ver esse sorriso na sua cara, é tudo pra mim.
Eu o beijei, ele estava muito romântico.
Eu: - O que você vai fazer com o meu carro?
Ricardo: - Vou vender, digamos que tem um rombo enorme na minha conta, mas tudo bem, a gente trabalha pra esse conforto. Mas então, eu vou trocar o meu carro também, o que sobrar vai pro banco. Mas pelo amor de Deus vida, toma cuidado com esse carro, vidros fechados e se alguém vier roubar, deixa levar, por favor.
Eu acenei que sim com a cabeça. Eu estava meio com medo agora, mas completamente feliz. Aquele aniversário sim tinha sido perfeito.
Na manhã seguinte, eu fiquei pensando uma serie de coisas, entre elas. Acho que tava na hora de sair daquela casa, Ricardo já tinha cogitado. Um ano era pouco tempo pra sair de uma casa assim, ainda mais que deu tanto trabalho, mas não nos sentíamos mais seguros lá. Mas também não era fácil assim vender uma casa, não era de uma hora pra outra, comprar um apartamento então, mais difícil ainda.
Decidi que teria que conversar com alguém que entendia do assunto, o pai do Ricardo, até porque ele tinha ajudado muito a comprarmos a casa. Ele tinha dado uma sugestão alternativa: Assumir a divida de alguém que tinha financiado apartamento e não tinha mais condições financeiras de arcar com os gastos.
Pois em muitos casos, a pessoa nem pedia dinheiro algum, só queria passar a divida, pois não tinha direito a restituição e se devolvesse pagaria multa. Ele me disse que também ia se mudar pra um apartamento, que ser juiz não era fácil, era muito preocupante e ele não se sentia seguro naquela casa. Mas ele já tinha um apartamento em mente e tinha o dinheiro já pra dar a vista sem se desfazer da casa, logo ele estava tranquilo.
Conversei com o Ricardo e deixei nas mãos dele ir atrás de tudo, ele tinha dito que a conta dele tava raspada pelo carro e não tinha como mesmo comprar um AP assim de uma hora pra outra. Então, pegando o financiamento, não precisaríamos vender a casa se não quiséssemos, poderíamos alugar ou simplesmente deixar lá, de patrimônio. Isso seria decidido depois.
Como disse, ele que iria atrás das coisas. Enquanto isso, voltávamos a nossa vida normal, aquele final de semana já tinha que ir pra São Carlos de novo. Mas eu faria questão de ir de carro, já que agora era muito confortável ir dirigindo. Fui na sexta e passei a noite em um hotel, no outro dia quando sai da aula fui direto pra casa, nem quis comer.
Em casa, a noite, fizemos fundue com nossos amigos. Na semana, tudo correu normal, Ricardo estava a procura do apartamento quando podia, mas ele não trocava a academia por nada.
Denise: - Então Ma, vocês vão se mudar?
Eu: - Ainda não sei De, estamos a procura.
Denise: - Isso quer dizer que falta pouco tempo pra eu ficar desempregada?
Eu: - Não, que isso, vai ser por aqui em Santo André mesmo, a gente da um jeito, você já é da família.
Denise: - Ufa, fico tranquila assim alem de tudo eu amo vocês.
Lucas ainda bem, não estranhava a Denise, ele já estava acostumado, então eu podia dar uma volta as vezes a tarde e ele ficava tranquilo com ela. Menos quando ele chorava e ficava estressado, aí era só comigo mesmo.
O nosso Golden Retriever tava enorme, eu estava impressionado, ele era lindo e bobo. Quando ele chegava perto do Lucas, ele ria de gargalhar era uma delicia. O outro cachorro lambia a mão dele e ele gargalhava também, mas eu não achava aquilo muito higiênico.
Ricardo tinha começado a jogar bola com os amigos, todas as terças e quintas a noite. Eu não tinha ficado muito alegre né, porque ai o ele não ficava com o Lucas. Meu maior medo, era ele não ser aceito como pai pelo Lucas e depois vir me culpar.
Na terça, levei Marcelo comigo ao mercado pra me ajudar a fazer compras, eu não gostava de fazer nada sozinho, eu gostava de conversar e ele era uma boa companhia. Ele já era outra pessoa, ele era todo arrumadinho agora, todo cheiroso, nem parecia com aquele menino cabisbaixo que tinha conhecido na casa da minha mãe. Fora que minha mãe e Luís adoravam ser chamados por ele de pai e mãe.
Alias, esqueci de falar, uma semana antes do meu aniversario, Otávio se mudou, ele tinha achado um AP legal de um quarto mesmo, simples mas legal, perto do escritório, eu tinha sido o fiador dele, no começo tinha ficado meio chateado com a mudança dele, mas depois eu entendi que ele precisava do espaço dele, que apesar de fazer tudo pra ele se sentir em casa, aquela casa nunca seria dele de verdade. Só de pensar que tinha ficado bravo com Ricardo quando ele foi morar conosco eu dou risada hoje em dia.
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Bom gente, ta aí mais uma parte, espero que vocês gostem. Muito obrigado pelo carinho nas palavras, comentários e e-mails, vocês me deixam muito á vontade. Qualquer crítica e sugestão são bem vindas.
Sabe gente, eu tava pensando comigo esses dias, eu devia ter trocado os nomes pro caso de algum aluno meu ler, então caso você seja um aluno meu e me reconheça, não sou eu. Mas também não devo nada a ninguém.
E-mail para contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com
Até mais ;)