“Se escolheres o prazer, conscientiza-te que atrás há alguém que só trará atribulações e arrependimento” – Leonardo da Vinci.
Eu fiquei muito relutante em publicar esse capitulo. Ele se trata de um fato que aconteceu entre mim e o Ariel, nesse período inicial do relacionamento... Desde agora eu peço perdão a todos vocês, por que eu sei que ficaram ressentidos e com muita raiva de mim, mas acredite, eu me odeio mais ainda. Como eu queria dizer que tudo permaneceu perfeito como um sonho bonitinho, mas eu seria mentiroso se não contasse isso. E isso foi uma sucessão de burrices minhas que levaram a esse acontecimento. Agora só resta saber o que vocês acham dissoÓdio. Isso que senti quando li aquelas palavras, por que é muito estranho quando você descobre um fato desses e ter que processa-lo até chegar a conclusão que: ele amou um cara que está no momento lá com ele, jogando e rindo como se nada tivesse acontecido. Ele nunca me falou desse antigo amor... Peguei o diário e joguei no fundo da minha mochila, e sai do quarto estressado.
O Ariel estava assistindo um filme com o pai, mas o tal do Henrique estava numa poltrona mexendo no celular. Sentei lá e comecei a prestar atenção no comportamento dos dois. O ruivinho estava com os olhos fixos na tela e os de “Hique” nele. A gente comeu o jantar em silencio, mas de vez em quando Sr. Antônio conversava com o sobrinho... Eu fiquei calado e pensativo. E se ele estiver comigo só pra fechar o vazio que Henrique tinha causado. É... Isso explicasse o juramento que ele pediu “Promete que nunca, vai me magoar?”. Sim, por que se eu o magoasse seria igual ao que ele passou com o primo.
Quando fomos pro quarto, ele tentou se aproximar, mas recusei.
--O que foi Bê? Por que você está tão frio comigo? – ele falou
--Estou com dor de cabeça.
-- Não é isso... Parece que está bravo com algo...
--Eu já disse que não. Agora dá pra parar de fazer perguntinhas irritantes que eu já estou de saco cheio – rosnei de raiva.
--Saco cheio de que Bernardo... – ele disse em um tom baixo e frio – Fala... Saco cheio de que? De mim? Não por que se for isso é simples, termina comigo.
-- DEVE SER ISSO QUE VOCÊ QUER, CERTO? AI VAI CORRENDO PULAR NOS BRAÇOS DO SEU HIQUE!!!
--Como é que é? – ele murmurou corado.
Apanhei o libreto e joguei com força na parede fazendo com que as folhas se espalhassem por todo o quarto.
--Onde você achou isso? – indagou ele.
-- Embaixo da sua cama. Ama tanto assim o Henrique? – disse irônico
--Não!!! Olha, me escute por favor... Eu nunca amei ele de verdade, só foi uma paixonite de adolescente, eu juro... Eu era imaturo e confundi admiração com a...
-- Ah não me venha com essa! Acha que eu sou otário, que nem reparei em como você ficou animadinho quando viu ele? E ainda me diz que não é nada. EU SEI QUE HÁ ALGUMA COISA SIM!
-- Você está sendo ridículo... Veja o que está falando – ele disse choroso.
--Eu só não quero ser feito de idiota, enquanto o babaca aqui fica falando que te ama, você fica decorando a minha cabeça... Vai me diz ai... Já rodou a escola inteira? – esbravejei
--Como pode falar essas coisas pra mim? Quer saber, eu vou dormir no outro quarto... Eu não quero mais olhar pra sua cara. – ele estava com o rosto bem vermelho. Ahhh perfeito. Agora o errado aqui sou eu... Quer saber? Vá a merda.
Eu nem preguei o olho a noite inteira com esse pensamento martelando insistentemente em minha mente. Essa duvida que fica ecoando mais e mais me deixando estressado e tenso. Se não achasse uma saída ira me matar... De manhã cedo todos tinham que acordar cedo pra voltar pra Porto Alegre. Ele não estava abatido, pelo o contrario, estava com o rosto limpo e bem disposto.
Nem me dei o trabalho de falar com ele e muito menos ele comigo. O restante da viagem foi silenciosa e ficou assim até chegarmos na casa dele. Voltei para minha o mais depressa o possível e fiquei lá com a cabeça fervendo de duvidas... O dia se passava e nada de mensagens ou ligações. No colégio ele deu um bom dia seco e rebati com o mesmo tom. E com o passar do tempo, essa raiva foi diminuído e eu vi a asneira que fiz.
Era sábado de manha e fui na casa dele pra pedir desculpas, elaborando no caminho os meu argumentos. Cheguei lá e a governanta me atendeu.
-- Ele não está aqui Bernardo... Ele saiu com o primo para um hotel...
-- Como é que é? – crispei entredentes.
--Sim, dos dois saíram a pouco e foram...
Sai de lá e nem esperei ela continuar a frase. Parti com o carro a toda velocidade e apenas com o ódio visceral de ser traído... Quem aquele cara pensa que é? Parei em um open bar 24 horas e pedi a primeira de muitas doses. Estúpido? Ah sim. Fui muito de ter acreditado que ele me amava... Liguei pra Carlos vir me buscar e deixar em casa... Isso já era sete da noite pra vocês terem noção... Cheguei em casa completamente pileque, sabia nem juntar lé com cré...
Subi as escadas zonzo e encontro Paula em meu quarto deitada na cama de baby doll...
--O que está fazendo aqui caralho? – disse grogue.
--Oh meu primo... O que aconteceu? – ela disse manhosa.
--Não te interessa. – falei.
--Own, fica assim não meu amor... Eu estou aqui viu? Para o que der e vier...
--Tanto faz agora sai daqui...
--Olha só o que eu comprei pra nós dois... – ela abaixou a lateral do short mostrando a calcinha fio dental preta... – Vai abrir o presentinho?
Se o outro meteu um chifre em mim... Agora era minha vez ( Note que este pensamento ridículo foi quando eu estava bêbado.) Ela me abraçou forte e ficou roçando o corpo dela no meu e o perfume dela era daqueles doces pra caramba que nublavam ainda mais o meu pensamento. Ahh, como eu queria dizer que recusei o toque dela e que a mandei pra fora do quarto... Eu honestamente queria. Mas não fiz. Eu correspondi... E a gente foi pra cama...
Acordei com a habitual ressaca e sozinho em meu quarto. Carla havia saído e havia deixado a calcinha dela em minha mão... Joguei em uma canto e fui ao banheiro me higienizar... Resolvi ir a casa dele pra terminar o namoro e colocar definitivamente o pingo nos i’s. Ele já tinha o tal do Hique que ele tanto amo certo?
Cheguei lá e eles estavam comendo café da manha... Na mesa havia o Sr. Antonio, Ariel, Henrique e uma moça linda pele morena escura, todos sorridentes e felizes. Quando ele me viu ele puxou pra sentar em uma cadeira ao lado dele. Ele parecia feliz ao me ver... Ordinário... Depois de ter feito sabe lá o que com o Hique ainda fica feliz em me ver...
--Ontem te procurei. Mas não estava... Se divertiu muito ontem? – disse em uma voz firme.
-- Quem me dera, Bernardo. Fiquei o dia inteiro ocupado.
--Ah eu sei... Dando duro demais não é? – disse irônico.
-- Pior que sim... Quem diria que escolher salões de hotéis para casamento dava tanto trabalho...
--Como assim?! – disse confuso.
-- É Bernardo. Ontem sai com o Henrique e a Diana para ver alguns hotéis para ser a festa de casamento deles... Desculpa se eu não te contei antes... É que fiquei ocupado o dia inteiro, por que eu me comprometi a ajuda-los. E eu sempre cumpro o que eu falo.
Nesse momento o meu armageddon particular explodiu como uma bomba... Eu não tinha palavras para descrever o que eu senti ao ouvi aquilo. Nojo, ódio, raiva de mim mesmo. Que merda que eu fiz? Eu o traí e pra piorar foi com a minha prima por que eu achei que ele... que ele... E no final das contas eu que... QUE DROGA É ESSA QUE EU FIZ???
--Preciso falar com você a sós. – disse
--Tudo bem! – ele sorriu. – Vamos lá pra biblioteca...
Eu o seguia atrás e não sabia nem o que fazer... Eu poderia fingir que nada aconteceu... Mas toda vez em que ele olhasse pra mim, eu veria a culpa refletida em mim como um espelho. Enquanto ele me olhava de uma forma doce e amoroso, eu via o que aconteceu naquela noite. Ele se sentou no divã. E me encarou de olhos arregalados.
--Amor o que foi? Eu fiz algo de errado? Caso fiz desculpa...
--Não vo-você não f-fez. Ma-mas eu é que tenho que pe-pedir o seu perdão – solucei.
--Bernardo você está me assustando... – ele disse pálido.
--Eu não me-mereço o te-teu perdão mas eu preciso dele...
-- Fala logo!!!
--Eu transei com a Paula ontem. – soltei de uma vez
CONTINUA