Esta é uma história real sobre a minha vida, mas que envolve todas as pessoas que conviveram comigo naquela época. Se eu ‘excluísse’ determinados acontecimentos, ficaria algo totalmente sem sentido. Algumas coisas aconteceram lá em Angra, onde eu morava. Então, como eu não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo... Recebi uma ajuda para escrever certas coisas que não pude vivenciar. Para que todos compreendam e, não fiquem confusos... Todas as vezes que as palavras forem iniciadas e finalizadas com esse símbolo destacado aqui: 👉(*)👈, significa que estou explicando uma situação ou um determinado momento que eu não estava presente na hora exata, mas que soube depois de um tempo... Assim não ficará nenhuma dúvida... É isso!
*******************************************************************************
Agora que tudo caminhava tão bem... A vida era mesmo muito louca. Quando eu iria imaginar que algo tão grave pudesse nos atingir dessa forma? Tantas coisas torturavam minha mente naquele momento... Coração agitado... Nervosismo... Muitos sentimentos embaralhados... Uma verdadeira confusão na minha cabeça. Como manter-se calmo diante dessa situação? Que provação!
Desliguei meu celular. Respirei fundo... O Edu rapidamente notou minha inquietação, mas dessa vez, eu não poderia esconder ou mentir.
Eu – Edu... Aconteceu um acidente com os meninos, mas, por favor, fica tranquilo... Tudo já está sendo resolvido.
Edu – Meu Deus!!! Explica isso direito. Eles estão bem?
Eu – Eu não consegui descobrir muita coisa, mas é melhor nós irmos para lá agora.
Tantas perguntas ele já fazia... Completamente apavorado. Não sabíamos a gravidade desse acidente, mas nós teríamos que ser muito fortes para enfrentar esse momento tão complicado. Rapidamente, seguimos em direção à minha cidade, na companhia dos seus pais e do Breno. No meu pensamento, eu apenas suplicava para que tudo acabasse bem.
As horas insistiam em não passar. Parecia que estávamos há anos dentro daquele carro. Que tormento! Um filme rodava na minha memória: Todos os momentos bons e ruins que passei junto deles... Eu não poderia perdê-los. Minhas lágrimas teimavam em cair. Mesmo me ‘segurando’, elas escapavam dos meus olhos... Meu coração já estava tão apertadinho. O Edu estava inconsolável ao meu lado. Tentava dizer algo bom para ele, mas era tudo em vão.
Eu – Ei. Vai ficar tudo bem. Não se preocupa. (eu disse segurando sua mão).
Edu - E se não ficar? Você tem noção de como eu estou me sentindo?
Eu – Presta atenção Edu. Você esqueceu a nossa promessa? Nós estaremos sempre juntos... Vamos vencer mais uma vez. Não vai acontecer nada, confia em mim.
Edu - Amor. Eu to com tanto medo. Que sensação estranha.
E outra vez a vida ‘espancando’ a gente. Parecia uma eterna luta, onde nós só perdíamos. Como ser forte diante de tanto pessimismo? Ninguém mais acreditava... Eu precisava demonstrar otimismo, mas na verdade... Lá no fundo, eu já sentia todas as minhas forças se desfazendo pouco a pouco.
Edu - Ele ainda se despediu de nós. Eu poderia ter evitado tudo isso.
Eu – Ah! Para de falar essas coisas Edu. Não diz bobagem, por favor. Você fez tudo o que pôde.
Edu – Tanto tempo perdido... Tudo poderia ser diferente... Se não fosse por você, eu nunca teria a oportunidade de conhecer esse irmão maravilhoso que ele é.
Eu – Pensa nessas coisas boas. Logo vocês estarão juntos novamente.
Breno – Vocês ainda tem muita coisa pela frente cara. O Thiago é forte, ele vai sair dessa.
Tudo o que dizíamos era inútil, pois nada acalmava o Edu. Nem mesmo os incansáveis pedidos dos seus pais surtia efeito. Ele estava arrasado demais, sentindo–se muito culpado... Odiava vê-lo desse jeito, mas o que eu poderia fazer? Situação complicada demais.
***********************************************************************************************************
(*) Um cenário horrível acontecia na minha cidade... Desespero total... Uma verdadeira tragédia. Meu irmão estava muito machucado, bem agitado... Dizendo poucas palavras e, respirando com muita dificuldade. O socorro médico demorava a chegar... Corações cada vez mais aflitos... Porque tudo isso estava acontecendo? Meu pai no auge do seu descontrole emocional... Um ato de “coragem”, talvez... Tentou tirá-lo dali, carregando-o em seus braços, mas foi advertido, pois algo pior poderia acontecer devido à ausência dos equipamentos necessários. Mesmo assumindo todas as responsabilidades... Não adiantava. Ele queria salvá-lo de qualquer forma, mas quem não faria isso naquele momento? Ver alguém que você ama sofrendo e não poder fazer nada... Triste demais! A namorada dele incentivava-o a permanecer ‘acordado’. Ela conversava, cantava para o Lukas... Bem baixinho... Tão perto, juntinhos... A intenção era não deixá-lo ‘dormir’, mas de repente, seus olhos se fecharam. Minha irmã Daiana ainda não sabia o que estava acontecendo... Enquanto eu ainda estava a caminho (*).
***********************************************************************************************************
Finalmente chegamos. O hospital estava repleto de pessoas aflitas aguardando por boas notícias. Enquanto a família do Edu “corria” atrás de informações sobre o Thiago, eu seguia em busca dos meus pais.
Eu - Mãe, pai... O Lukas... Como ele está?
Mãe - Ele está muito mal meu filho.
Eu – Não... Por favor, mãe... Porque isso tá acontecendo com a gente?
Tentava, mas não compreendia o motivo de tantas coisas ruins acontecendo conosco... Tudo ao mesmo tempo. Por quê? Não havia razões. Ver minha família sofrendo daquela forma partia o meu coração. Em toda a minha vida... Nunca tinha presenciado meu pai demonstrando suas ‘fraquezas’. Ele não era de se ‘abrir’ e tal, mas naquele triste dia... Impossível explicar tanto sofrimento.
Eu - Pai. Vai ficar tudo bem. Vamos confiar.
Dizem que nas horas difíceis é que deveríamos buscar a união. Meu pai sempre nos amou. Nunca tive dúvidas desse fato, mas naquele momento, ele transpareceu todo o amor que sentia pela nossa família.
Eu - E a Daiana, onde ela está? Eu preciso ver o Thiago, o André... Eles estão bem?
Mãe – Sua irmã ainda não pode saber de nada. Vamos aguardar... Deixar tudo se normalizar... Daqui a pouco nós vamos ter notícias de todos.
Minha mãe sempre foi mais serena, calma. Eu sempre admirei toda essa paciência dela para lidar com algumas situações da vida. Enquanto eu, o Lukas, meu pai e a Daiana éramos mais ‘explosão’, ela pacificava o ambiente com toda mansidão necessária. Realmente, a minha família era o meu grande tesouro e, eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance para protegê-los de todo o mal.
Pai - Eu tentei tirá-lo daquele lugar. Eu falhei meu filho, não consegui cuidar do seu irmão corretamente. O médico já nos informou que as chances são poucas.
Eu - NÃO! O Lukas não vai se entregar, ele tem que resistir.
Porque eu tinha que escutar tudo isso? A realidade era cruel demais. Ele me abraçava, se derramando em lágrimas. Sabia que a condição do Lukas não era nada favorável, mas eu não poderia perder as esperanças, jamais. Se nós não acreditássemos, quem mais iria?
Depois de um tempo, o André chegou ao hospital, com uma parte do seu corpo todo coberto. Me assustei demais ao vê-lo desse jeito. Ao menos, ele estava acordado. Rapidamente, o Edu juntou-se a nós. As notícias eram terríveis para minha família. Eu permanecia quietinho no meu canto, chorando baixinho... Tão sozinho.
Edu - Amor. Aconteceu alguma coisa com o Lukas?
Eu – Ele tá mal Edu. Me dói vê-lo nessa situação.
O amor que sentíamos um pelo outro nos acalmava. O local onde estávamos pouco importava... Ele me abraçou e beijou afirmando que tudo daria certo. Era sempre assim: um lutando pelo outro... Desde o comecinho da nossa relação e, nós já havíamos passados por tantas provações... Só queria ter um final feliz, daqueles de novela e tal, mas nem tudo seria como gostaríamos, infelizmente.
Edu - Até agora nada do Thiago. Porque toda essa demora? Não aguento mais esperar.
Precisávamos respirar... Sentir boas vibrações... Então, nos afastamos um pouco do hospital para tentar aliviar toda essa carga negativa. Mais tarde, recebemos a informação de que o Thiago havia chegado. Finalmente poderíamos vê-lo.
***********************************************************************************************************
(*) Sobre o Thiago... A história era bem mais “embaralhada” do que poderia se imaginar. A mãe dele era daqui da minha cidade (morávamos em bairros diferentes), e o pai do Rio... Se conheceram em uma viagem e tudo mais... Logo, surgiu uma gravidez... Com isso, ele trouxe-os para mais perto dele... Eles mantinham uma relação de respeito, nada mais... Anos depois, ele casou-se com outra pessoa e, o Edu veio ao mundo. O Thiago nasceu no Rio, mas quando criança, sempre aparecia por aqui com a sua mãe para visitar seus avós, tios, primos... Enfim, ele vivia somente com a sua mãe em outra cidade. Conforme o Thiago crescia, naturalmente se afastava mais e mais daqui... Todo esse fato, só descobri quando eu resolvi trazê-lo para essas férias aqui em Angra. Tudo uma incrível coincidência! Outro caso curioso é que a namorada do meu irmão era prima do Thiago, mas conviveram juntos quando eram crianças, mas depois de crescidos... Conversavam somente por outros meios de comunicação, menos pessoalmente... Enfim, eles se reencontraram realmente aqui em casa depois de muito tempo. Imaginem a surpresa!!! Quando todos esses acontecimentos vieram à tona, ele tentou retornar as suas ‘origens’... Sempre que resolvia vir para cá, o Thiago buscava resgatar tudo aquilo que foi perdido com o tempo: uma melhor convivência com os seus familiares e, deu muito certo por um período. Talvez, eu também tenha vivido junto dele na minha infância... Já que todos os meus amigos daqui, eu conhecia desde bem pequenos. Isso nunca saberei. Por mais que me esforçasse em recordar minhas lembranças da infância... Não conseguia me lembrar (*).
***********************************************************************************************************
Já estávamos retornando para o hospital... Caminhando em direção onde os outros estavam reunidos... Logo, encontramos nossas famílias novamente, mas dessa vez, um clima totalmente diferente predominava no ambiente... Os pais do Thiago abraçados... Só depois de um tempo, recebemos uma noticia capaz de arrasar qualquer coração... Infelizmente, ele havia nos deixado.
Tudo tão triste... O destino pregava cada peça em nós. Já estava acostumado a tê-lo por perto. Como foi difícil o início da nossa relação, mas em meio a tantas complicações, eu não desisti de aproximá-lo do Edu e, consegui, ainda bem. Nesses poucos meses que estivemos juntos, foram momentos inesquecíveis vividos. Ele era muito especial... Sentiria muitas saudades, demais. Tão rápido... Cedo demais... O Thiago entrou e saiu da minha vida.
Edu - Não queria dar adeus para ele. E agora... O que eu vou fazer da minha vida?
Eu - Amor... Não fique assim. Se acalma. Eu to aqui com você.
Edu - Ele não tinha esse direito... Porque o Thiago me abandonou?
Breno – Cara... Você tem que ser forte. Pensa no quanto vocês foram felizes juntos.
Edu – Não consigo entender... Por quê? Ele não merecia isso. Eu quero vê-lo agora.
Eu - Você não pode amor. Nós não podemos fazer mais nada.
Edu - Eu preciso me despedir dele e, ninguém vai me impedir.
Não queria ver o Edu se martirizando desse jeito. Compreendia toda essa ‘revolta’, pois a situação era difícil demais, mas ele se culpava tanto... Eu temia e, muito pelo psicológico dele.
Eu - Mãe. E agora??? A Daiana precisa saber.
Mãe - Eu vou conversar com ela e, você fique aqui com seu pai.
No meu pensamento, eu guardaria todas as belas recordações dele... O seu sorriso tão lindo... O olhar tão profundo... As ‘piadinhas’ sem graça... Todas às vezes que me ajudou e apoiou... Ele era tão sonhador, tão feliz e, implicante também, mas um homem sensacional. Que dor insuportável!
Jamais deixaria o Edu sozinho nessa situação, mas eu não queria ver o Thiago daquela forma, nunca. O que eu poderia fazer? O jeito seria enfrentar esse momento tão difícil. Acompanhei a sua família até o local... Que choque! Tentava tirá-lo dali a todo o momento, mas era tudo em vão. Ele chorava demais junto ao pai, abraçando o irmão... Sem vida... Tão frio... Realmente, eu não estava preparado para enfrentar esse tipo de situação tão complicada, mas quem é que se prepararia para algo ruim?
Depois que toda a família do Edu se reconciliou, eles viviam em paz, sem grandes preocupações... Todos bem felizes e unidos. Justo agora, acontecia essa tragédia para abalar essa relação. Eu não possuía uma grande convivência com o pai do Edu, mas vê-lo naquele estado tão lamentável... Ele que sempre fez tudo pelo Thiago, vivia declarando todo amor por esse filho... Porque tudo tinha que terminar dessa forma tão assustadora?
Edu - E agora amor... Como vai ser?
Eu - Eu não sei Edu. Não queria que isso acontecesse, mas nós temos que ser fortes agora. Nossos pais vão precisar e, muito de nós.
Edu - Eu te amo tanto meu amor. Obrigado por está aqui comigo.
Eu – Eu também amo muito você, e nós vamos passar por isso junto. Sei que vai ser muito difícil, mas vamos superar esse momento.
Edu - Me abraça bem forte... Não me solta... Porque eu acho que não vou aguentar mais isso na minha vida.
Todo mundo o enxergava de uma forma totalmente diferente do que ele era realmente... Grosso, irritante, autoritário e tal... Mas o Edu era frágil demais. Eu compreendia todo esse sofrimento. Era complicado para todo mundo.
Mais tarde, minha irmã apareceu por lá completamente descontrolada. Tão jovem, grávida e, agora sem o pai da criança por perto para ajudá-la. Muita informação para a cabeça dela, mas não poderíamos entregar os pontos e, sim pensar nesse bebê que o Thiago já amava tanto.
Daiana - Eu falei para ele desistir dessa festa. Porque o Thiago não me ouviu? Como vou cuidar do meu filho sozinha?
Eu – Não diz isso. Você não está sozinha. Pensa no seu bebê agora.
Daiana - Eu só queria que tudo fosse mentira. Cara... Porque ele fez isso?
Eu – Maninha... Fica calma. Pelo seu filho... Pelo Thiago. Eu sei que tá doendo, mas lembre-se do quanto ele queria esse bebê. Não vá fazer bobagem.
Nesse tempo todo que passamos por ali, amanheceu e, assim retornamos para o Rio... Um verdadeiro caminho doloroso. O Edu já não conversava mais comigo, nem ninguém, totalmente calado. Inacreditável o que acontecia conosco. O dia estava tão triste, cinzento, frio... Que sensação ruim!
Conforme o tempo passava, mais a agonia aumentava. Só em imaginar que nunca mais iríamos nos encontrar... Nossa! O coração já apertava demais. Boa parte da família deles era religiosa... Então, seguimos para a igreja que já estava completamente cheia, entre amigos e familiares, conhecidos... Por fim, o padre dizia algo sobre o amor entre as pessoas, o princípio de todas as coisas... Eu e o Edu permanecíamos de mãos dadas, demonstrando todo o nosso carinho e união. Nós percebíamos os diversos olhares curiosos em nossa direção, mas isso já não importava.
Enquanto o Thiago esteve por aqui, ele amou e, também foi muito amado... Toda a sua família estava reunida novamente. Diante das circunstâncias, esse fato era algo realmente bom. Claro que sentiria falta de todas às vezes que estivemos juntos... Eu fui a primeira pessoa a estender-lhe a mão, tentar me aproximar e, procurar compreendê-lo. Triste demais toda essa situação. Meus amigos estavam todos por lá, nos confortando, dizendo palavras de solidariedade. Sabia que não estaríamos sozinhos em nenhum instante, mas que momento mais difícil era esse? Essa dor que não passava. Que sofrimento!
Agora já se aproximava a hora mais temida... Quando todos se preparavam para o adeus, o Edu se levantou, caminhando até o centro da igreja. Claro que eu tentei ‘impedi-lo’, mas a Clara me advertiu dizendo que era melhor deixá-lo desabafar, para assim evitar problemas futuros.
Edu – Jamais imaginei passar por esse momento tão difícil. Eu sempre tive muita raiva desse cara... Podem acreditar. (muitas pessoas se olhavam espantadas). Não admitia tanto carinho que ele recebia da minha família... Minha vida era um desastre, mas num acaso do destino... Eu conheci o amor verdadeiro que transformou meu caminho e, me fez ser um homem melhor. Graças á ele, pude compreender todos esses motivos, eu conheci esse irmão especial que o Thiago foi. Me arrependo profundamente por não ter vivido tantas coisas boas contigo. Talvez, eu nunca tenha te falado isso, mas eu te amo demais meu irmão. Cara... Vou sentir tanto a sua falta... Gostaria de dizer tudo isso na sua cara, mas infelizmente a vida foi mais rápida que eu. Desde pequeno, você me fez sofrer... Parece que isso não vai mudar muito... Vou continuar aqui chorando por sua causa.
Porque isso tinha que acontecer com a gente? Eu estava destruído de verdade. Homenagens e muitos aplausos... Ele era digno de todo reconhecimento.
Edu - Acabou... Nunca mais!
Eu - Amor. Não faz assim. Nós estamos aqui contigo.
Clara - Eu sinto tanto Edu... Por tudo isso, mas não desiste não. Seja forte! Sempre que você precisar, pode contar comigo.
Breno – Brother. Você é meu irmão... Não esquece! To contigo sempre. Juntos até o fim.
Não seria nada fácil. Aquela noite foi muito complicada para nós... Difícil demais. Dormir...!? Impossível. O Edu não conseguia desligar-se... Um pouco inquieto, se atormentando a todo o tempo... Seriam momentos terríveis, mas nós venceríamos dia após dia. Logo, outro dia surgiu... Então, precisaria retornar para minha cidade rapidamente.
Eu - Amor. Acho melhor você ficar com a sua família. Eles precisam muito de você agora.
Edu - Você tem noção de como vai ser difícil ficar aqui?
Eu – Sim, mas vocês vão ter que se ajudar neste momento. Não quero te deixar sozinho. Vamos para casa dos seus pais, assim eu vou conseguir ficar mais tranquilo.
Precisaria reunir todas as forças que eu não possuía para seguir em frente. Cheguei ao hospital novamente e as imagens do dia anterior surgiram rapidamente na minha memória... Um verdadeiro filme de terror. Meus amigos estavam todos lá reunidos, mas infelizmente as notícias não eram nada boas.
Era uma tragédia atrás da outra. Que vida mais tensa a minha. Não queria aceitar isso. Diante de tanto pessimismo vindo de todas as partes, eu tentava acreditar. Ele não deveria se entregar assim... Porque o Lukas não poderia ser tão teimoso dessa vez e lutar até o fim?
Nunca fui uma pessoa muito religiosa, mas eu possuía minhas crenças e, a situação pedia que tivéssemos fé... Demos as mãos, pedindo, rezando, orando, o que fosse... O importante era confiar e não desistir. Tudo vai dar certo, eu acreditava.
Uma sensação tão estranha... Minha mãe soltou as nossas mãos de repente... Mais emocionada que o normal. Acho que o coração dela já pressentia o pior... Tudo muito rápido. Em questão de segundos, o médico que estava cuidando do meu irmão veio nos comunicar algo tão horrível de se ouvir naquele momento de união entre a minha família. Conforme ele explicava todos os procedimentos que fez, mas sem conseguir alcançar os resultados esperados... Meu mundo foi desabando.
***********************************************************************************************************