Trilha sonora:
http://www.youtube.com/watch?v=kFxtJSPQfCM
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Continuando....
A água caia de forma suave sobre o rosto de Mário, com um movimento brusco de mão, ele esfrega o rosto, como numa tentativa de voltar à sanidade. Pela primeira vez ele sentia medo de algo. Mas não era exatamente um medo que tinha relação com o que viria a acontecer, mas medo de sentir medo naquela situação. Por uma questão de auto - conhecimento, ele sabia de suas franquezas, e o principal, de sua trava nervosa... E perder o orgulho de manter-se sempre com uma fisionomia serena e imparcial não seria possível, nunca! Afinal, aquela personalidade dele vinha sendo construída há anos, e não seria agora que esta seria fragmentada!
Por conhecer os distúrbios explicitamente apresentados por seus pais, o fim daquilo tudo já era de certa forma claro de se aferir. Apenas um pequeno erro de estatística seria motivo para uma não concordância entre os seus pensamentos e a realidade. Porém, a segurança transmitida por aquele verdadeiro homem que conhecera o confortava e muito. Mário sempre mantinha em sua mente, pensamentos um tanto que mórbidos, e estes à tona com o seu pensamento de um possível engano com Rennan. Para proteger sua reputação, e manter-se distante de um erro tão possivelmente grave, ele seria capaz de até mesmo suicídio.
Aos poucos, Mário vai ajoelhando-se sobre o chão, embaixo da água. O único som perceptível naquela hora, era o que produzia a água ao descer pelos encanamentos de dissipação da toda a água jogada por lá... Abaixa a cabeça, e logo senta-se em posição fetal, juntando os joelhos e abraçando-os. O sentimento de proteção que aquilo o proporcionava era semelhante ao de Rennan, mas nunca chegaria ao patamar do mesmo, nunca, NUNCA!
Ainda bastante pensativo e abaixo da água ele pode ouvir de longe a campainha tocar três vezes. Não sabia ao certo a ordem de entrada, ou sequer as pessoas que chamavam por lá, mas segundo as probabilidades, seriam seus pais e o Rennan. Forças faltavam para sair daquela posição, suas pernas aparentavam ter aumentado exponencialmente de peso, e seus braços estavam colados à elas. Sequer o tempo que havia passado estava sob o conhecimento de Mário, ele só sabia que não conseguiria sair nunca de lá, por mais que tentasse.
- Amor? o que está acontecendo? - Era a voz de Rennan-
Ele havia ficado preocupado com o tempo que Mário levara a descer e pediu permissão para subir, entrando no quarto, deixando-o fechado, direcionando-se ao banheiro.
Desligando o chuveiro, ele beija de leve a cabeça de Mário, que olha para ele e chora, descontroladamente. Choro que lembrava o de uma criança ao passar por um momento de muita confusão, e de fato, confusão não faltava na mente de Mário naquela hora.
Cobrindo-o com uma toalha, Rennan o levanta e o abraça forte. Dessa vez, segurança voltava a ser sentida por Mário, que dessa vez fala:
- Amor, jura que ficará comigo pro resto de nessas vidas? que nunca vai me abandonar? Te amo, jura que nunca vai me deixar, por favor, jura?
- Calma, anjo, estou aqui! Acha mesmo que vou te deixar? Eu te amo, esse sentimento é verdadeiro e infinito, não há sequer um momento em que eu não lembre de você, e de seu sorriso lindo, Te amo, tá? - Diz Rennan acariciando a nuca de Mário-
- Tá bom, me abraça mais forte, por favor, abraça! - Aos poucos ele sente o abraço mais apertado de sua vida toda, sentia quase que quebrar suas costelas, mas estava confortável, preso nos braços de Rennan, porém sentindo-se verdadeiramente livre-
- Você ainda quer ir lá embaixo? Já está todo mundo esperando... - Fala Rennan concluindo com um beijo na testa -
- Sim, vamos! só preciso vestir algo, perdi os sentidos alí, que horas são?
- São 19:30, amor, desde que horas você estava lá?
- Mais ou menos, desde às 17:Diz Mário, embora meio sem certeza-
- Mas o que aconteceu para você ficar imóvel por lá? - Pergunta Rennan, vendo Mário ir vestir-se-
- Nada, nada, depois tento explicar-te, ok?
- Ok, mas vai logo, sabe como seus pais são...
Enquanto isso, na sala de Reuniões da família Wessels...
- Aquele Mário pensa que sou idiota, chama à uma reunião "vital" e demora horrores à vir, ele pensa que não tenho o que fazer? - Diz com impaciência a mãe de Mário, Angelina-
- Calma dona Angelina, o Rennan já subiu, acho que ele vem logo... - Diz Rose, uma das funcionárias da casa...-
- Calma? Fica quieta no seu lugar, por favor!
- Isso, melhor ficar mais calada, dona Rose. - Diz Marcos, o pai de Mário, que não falara desde que havia entrado na casa-
- Como sempre, desrespeitando o sentimento de todos, apenas pelo pensamento prepotente de achar-se superior em tudo, não é? Grandes senhores Wessels - Diz Mário, em tom de deboche, descendo as escadarias a segurar a mão de Rennan-
- O quê? Mário, como você ousa falar assim com sua mãe?
- Mãe? Pois, é esta uma das coisas que vim resolver nessa reunião...
- FILHO, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO SEGURANDO A MÃO DESSE... - Diz Marcos, visivelmente alterado-
- Desse homem de verdade? do contrário de você?
- MAS O QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO?
- Caso os senhores não nos atrapalhem, preciso falar algumas coisas...- Uma pequena pausa em silêncio - Esse que segura minha mão, é o Rennan, eu o conheci no colégio, em um dia de quase morte, e foi ele quem me protegeu, levou-me com velocidade ao setor médico do colégio, e foi ele quem ficou do meu lado enquanto estava em um coma leve... Acho que a mamãe o conhece, viu-o comigo, nos 3 minutos que passou por lá e teve de sair, uma senhora de muitos negócios, que sequer viu importância em mim naquele momento! você considera-se minha mãe, apenas por eu ter saído de você? E todo o resto?
- Mas filho, sempre quisemos dar o melhor à você, é por isso!
- Vês? acreditas que o material tem mais importância que um amor que só uma mãe pode dar...
- Mas eu não sabia que... – Diz Rose, sendo interrompida-
- Eu já havia conversado contigo, em uma das vezes, que não chegam nem à dez, em toda a nossa vida. Você sabe, eu nunca liguei com esse tipo de coisa, sempre vivi estudando e trancado no meu quarto, já que ninguém nunca falava comigo, principalmente, vocês, meus pais...
- AGORA VOCÊ PODE DIZER POR QUE ESTÁ AGARRADO COM ESSE AÍ!- Diz Marcos ainda super descontrolado-
- “Esse aqui” é o Rennan, como eu havia dito, e ele é meu namorado!
- O QUE? FILHO GAY? – Gritam os pais, simultaneamente-
- Eu não sabia que poderia amar alguém até conhecê-lo, nunca havia sentido nada por ninguém... E ele mostrou que tudo é possível, principalmente ser amado de verdade, me sinto seguro com ele, e preciso dele para ser feliz, espero que vocês entendam isso, por favor! Podem fazer o que quiser comigo, mas eu continuarei com ele para sempre! – Diz Mário...-
- SAIAM JÁ DAQUI, ABERRAÇÕES! – Grita o pai de Mário, revoltado-
- Tudo bem, senhor Wessels, vamos sair daqui agora, mas vou cuidar do seu filho como você nunca foi homem de verdade para fazer...
Mário agarra Rennan pelos ombros chorando, e eles saem da casa ainda sob inúmeros gritos de Marcos, que agora deixava explícito seu sentimento homofóbico, tal como Mário havia imaginado, o erro de probabilidade não aconteceu...
Continua...
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Oi, pessoas!
Pessoas que vinham acompanhando-me há tempos aparentemente deixaram de fazê-lo, estou fazendo algo errado? a qualidade do conto baixou? D:
Desde já agradeço aos que continuam, e até mesmo àqueles que começaram a ler há pouco... Leio todos, exatamente TODOS os comentários, sinto-me feliz por lê-los e sinto até mesmo uma motivação maior para continuar ^^
Votem, comentem, façam qualquer coisa!
Obrigado, Morningstar
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