Esta é uma história real sobre a minha vida, mas que envolve todas as pessoas que conviveram comigo naquela época. Se eu ‘excluísse’ determinados acontecimentos, ficaria algo totalmente sem sentido. Algumas coisas aconteceram lá em Angra, onde eu morava. Então, como eu não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo... Recebi uma ajuda para escrever certas coisas que não pude vivenciar. Para que todos compreendam e, não fiquem confusos... Todas as vezes que as palavras forem iniciadas e finalizadas com esse símbolo destacado aqui:👉(*)👈, significa que estou explicando uma situação ou um determinado momento que eu não estava presente na hora exata, mas que soube depois de um tempo... Assim não ficará nenhuma dúvida... É isso!
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E agora? Uma explosão ocorria na minha cabeça. Porque tudo isso estava acontecendo com a gente? Essa noticia destruiu toda a minha família. Me sentia tão perdido, sozinho... Devastado. Era tristeza demais para o meu coração. Por mais que eu tentasse compreender os motivos de tanto sofrimento conosco... Não dava. Que dor insuportável! Nós já havíamos acabado de enfrentar um trauma tão angustiante no nosso caminho... Realmente, o destino era cruel demais! A única coisa que poderíamos fazer naquele momento, era permanecer unidos, independente de qualquer situação. A nossa união, seria a nossa força.
Pai – Que pesadelo!!! Porque meu Deus? Tão jovem... Tantos sonhos... Eu quem deveria está no seu lugar.
Mãe – Meu menino... Porque ele se foi? Que tristeza uma mãe ter que enterrar seu filho.
Que barra! Que tragédia nós vivíamos naquele momento. Novamente a vida ‘espancava’ a gente da forma mais impiedosa que pudesse existir. Porque o destino insistia em nos separar desse modo tão brutal? Porque logo com o Lukas? Toda uma vida inteira pela frente, um garoto cheio luz, tantos objetivos. Infelizmente, a realidade era terrível de ouvir, presenciar, principalmente enfrentar. Tentar ser forte o tempo todo era muito cansativo... Meu coração já estava em pedaços.
Eu - Mãe... Não temos mais escolha. Acho melhor nós irmos para casa agora.
Mãe – Como vai ser daqui para frente meu filho?
Tantos questionamentos que nunca soubemos responder. Ah! Se eu pudesse evitar esse tormento. Meu desejo era ‘guardar’ para sempre os meus amigos e a minha família num lugar bem tranquilo e seguro... Distante de toda essa tribulação. Despedir-se de alguém que estávamos acostumados a ter por perto... Seria horrível. Só queria que essa dor desaparecesse rapidamente das nossas vidas.
Meus pais eram muito unidos e, eles sempre nos educaram no amor e união, então naturalmente nós estávamos juntos a todo o momento. Isso nunca mudou! Levávamos uma vida tranquila e feliz, mas num segundo... Esse desastre surgiu no nosso caminho. Há poucos dias, o Lukas estava aqui, todo sorridente e, agora eu teria que vê-lo dessa forma tão triste. Seguir sem ele por aqui, seria difícil demais. Toda a cidade já lamentava essa grande perda. Um cara especial, de personalidade tão forte, alegre, com milhares de defeitos também, mas muito importante para nós. Ah! A vida e suas grandes surpresas. Nem ele, nem o Thiago mereciam ter um fim tão trágico assim.
Mais tarde, o Edu chegou junto com o Breno e a Clara. Precisaria e, muito deles comigo nessa hora. Sabia que nunca estaria sozinho, pois eles sempre me acompanharam em todos os momentos da minha vida, mas eu não conseguia me conformar com essa situação. Nada aliviaria a tristeza que persistia em me atormentar.
Edu - Amor. Eu sinto muito por tudo o que você está passando.
Eu – Eu só queria que o Lukas estivesse aqui comigo. Tá doendo demais... Já to com muita saudade dele.
Edu – Não quero ver você triste. Ok? Eu também to sofrendo, mas nós vamos ficar juntos agora.
Eu - Eu prometi que cuidaria dele... Não consegui cumprir minha promessa. Cara... Isso tá me ferindo tanto.
Clara - Diego. Nós estamos aqui. Se acalma, por favor... Detesto ver você desse jeito. (ela disse me abraçando).
Breno - Seja forte cara. Não vá se entregar agora.
Eu - Não consigo Breno. Eu sou fraco demais. Você acha que é fácil saber que nunca mais vou encontrá-lo? Não adianta procurar... Jamais o verei de novo... Isso é muito tempo... Não vou suportar.
Breno - Eu sei que é difícil cara... Mas se descontrolar não ajuda em nada... Só vai te deixar pior. Pensa um pouco nas pessoas que precisam de você agora.
Eu - Não posso aceitar. Porque logo com a gente? Me diz Breno, porque nós temos que passar por isso outra vez? Meu coração não aguenta.
Clara – Vamos para outro lugar agora. Você não vai ficar aqui desse jeito.
Eu - Não vou me acalmar Clara. Eu quero o meu irmão aqui comigo. Não dá para continuar sem ele.
Queria fugir, gritar, chorar, sumir... Qualquer coisa. Menos passar por todo esse martírio. Eu sabia que em todos os lugares do mundo, diversas pessoas enfrentavam esse tipo de situação, talvez até pior. Quantas coisas ruins ocorriam no Brasil também... Tantas tragédias de hora em hora. Aqui no Rio a violência sempre foi terrível, mas quando todo esse drama acontecia com alguém do nosso convívio... Situação complicada demais! A vida sempre foi feitas de momentos bons e ruins, mas compreender essa questão num momento de desespero como esse... Seria impossível. Duas pessoas tão especiais, partes da minha história. Tudo ao mesmo tempo. Nossa! Minha mente não aguentava tanta tortura.
Por mais que eu tentasse esquecer, pensasse em outras coisas... Nada funcionava. Em cada canto da casa existia um momento nosso, uma doce lembrança. Sempre me imaginei perto dos meus irmãos até bem velhinhos, ‘brigando’, felizes, juntos... Jamais pensei em viver algo desse tamanho na minha vida. O Edu permanecia ali comigo, me fazendo companhia, tentando levantar o meu astral de todas as formas possíveis. Ele era mesmo um cara incrível.
Eu - Não consegui dizer para ele que eu o amava.
Edu - Ele já sabia amor. Não pensa mais nessa história.
Eu - Não. O Lukas não sabia dos meus sentimentos. Nós nunca conversávamos sobre isso. Amor... Já não bastava tudo o que a gente passou com o Thiago?
Edu – Vai... Desabafa... Pode chorar... Eu to aqui contigo. Ok? Se eu pudesse... Tirava toda essa dor que você está sentindo, mas não posso. Nós estamos passando pelo mesmo processo. O que nos resta é seguir em frente.
Eu – Só fica aqui comigo amor. Me ajuda a esquecer... Por favor, não me deixa.
Edu – Fica tranquilo. Vou ficar aqui contigo. Você não vai ficar sozinho em nenhum minuto.
Eu – Obrigado meu amor. Nem sei o que eu faria se você não estivesse aqui.
Edu – Sempre juntos. Não esquece. Ok?
O sentimento que tínhamos um pelo o outro era algo capaz de superar qualquer barreira. Realmente, nós precisaríamos permanecer juntos naquele momento. Se existia algo bom nessa situação apavorante que estávamos enfrentando... Era o nosso amor! Diante de todas essas circunstâncias tão difíceis, nossa união crescia e amadurecia dia após dia.
Eu – Edu... Eu quero ver o André. Por favor, tenta entender. Ele precisa saber.
Edu – Claro. Acho que vocês tem muito que conversar agora.
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(*) Mesmo surgindo em minha vida bem depois que todos os meus amigos já estavam por aqui... O André sempre foi muito querido pela minha família. Porém, precisaria e, muito de um auxílio para conduzir esse momento tão delicado, por isso eu levaria a namorada do meu irmão comigo, pois além de serem muito amigos... Ela sim teria o equilíbrio necessário para explicar essa situação (*).
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O médico nos informou sobre a condição dele. Não queria atrapalhar a sua recuperação, mas ele tinha todo o direito de saber a verdade. Esse acidente provocou marcas terríveis em todos nós. Além dessa fatalidade com o Thiago e o Lukas... Infelizmente, o André ficou com algumas consequências psicológicas que levariam certo tempo para cicatrizar, mas o que me preocupou profundamente foi descobrir que parte do seu braço foi perdido/amputado devido à gravidade dessa tragédia.
Porque tudo tão difícil assim? Num minuto fomos do céu ao inferno. Seria muito complicado ver daquele jeito esse cara que era tão importante para mim. E, eu que estava com toda a coragem do mundo para conversar com ele sobre o ocorrido... Depois dessa notícia... Perdi todas as minhas forças. Assim que o André nos viu, rapidamente sorriu todo tímido e triste. Seu corpo estava sem nenhum machucado grave. O único problema era esse: onde se localizava o braço (um pouco mais acima da mão dele) permanecia toda enfaixada. Ele estava comunicando-se bem, andando normalmente, mas ainda sim muito abalado com toda essa história. Eu não conseguia olhá-lo fixamente. Era ruim demais vê-lo assim. Não dava mais para dizer absolutamente nada.
André – Quero sair daqui logo. Olha só como eu estou... Acabou! Fim de jogo para mim.
Edu - Eu sinto muito cara, de verdade.
André - Não sinta. Olha só para você... Todo saudável... Inteiro... Eu estou inválido, não sirvo mais para nada. Cara... Não queria ficar desse jeito. E agora como vou me divertir... Dançar, fazer minhas coisas... Viver?
Partia meu coração ouvi-lo falar tantas coisas ruins. Tanto pessimismo! Claro que não seria fácil para o André enfrentar algo assim, mas ele estava tão revoltado e desanimado com a vida. Que provação!
André – Me lembro de ter visto o Thiago muito machucado, pedindo ajuda... E o Lukas, como ele está? Me diz galera... Eu preciso saber.
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(*) Pensando bem... Eu nunca estive sozinho na minha vida. Sempre fui cercado de pessoas maravilhosas ao meu lado. Dessa vez, não seria diferente. Minha intenção era prepará-lo da melhor forma possível para receber essa triste notícia, mas desde quando entrei naquela sala... Já não conseguia ao menos conversar com ele corretamente. Que covarde que eu era! Mesmo o André estando tão triste com a sua nova condição... Ela (namorada do Lukas) conseguiu fazê-lo compreender que existiam coisas bem maiores a qual ele deveria agradecer: sua vida, por exemplo. Os dois conversaram por um tempo, relembrando algumas coisas legais e tal. Tudo isso para fazê-lo sentir-se mais confortável, mas não poderíamos nos prolongar muito por ali, pois existiam regras a ser cumpridas no hospital. Então, percebendo todo o meu nervosismo em expressar qualquer palavra ou reação... Ela tomou o controle da situação e, contou um pouco mais sobre esse acidente. Não era fácil para ninguém. O André ouviu tudo sobre a fatalidade com o Thiago. O Edu ainda carregava toda a tristeza da noite passada, isso era visível no seu olhar. De todos nós ali reunidos, ninguém possuía forças suficientes para vivenciar aquela situação, mas eu não poderia deixar os outros resolverem minhas falhas. Afinal, que espécie de amigo eu era? Quando ele mais precisava do meu apoio, eu me esconderia? Não. Era a hora de mostrar meu carinho e amizade pelo André. Expliquei como as coisas aconteceram e como foi complicado passar por esse momento, além de reforçar o quanto nós gostávamos e torcíamos pela sua total recuperação. (*).
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André - Eu sinto muito Eduardo. De verdade, ele era um cara muito bacana.
Edu – Eu acredito em você. É muito difícil toda essa situação... Ainda mais agora que ele estava tão feliz.
André - Ele não aguentaria, foi muito forte, violento. Eu vi tudo isso acontecer, mas não pude fazer nada. Nós éramos inocentes... Eu juro! A culpa não foi nossa.
Eu – Não se culpe André. Todos vocês são vítimas nessa história. O Thiago era muito especial mesmo. Foi complicado demais despedir-se dele.
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(*) Por causa de um cara totalmente desequilibrado, alcoolizado, talvez... Esse acidente ocorreu. Os policiais que cuidavam desse caso explicaram para a minha família no momento exato do acidente: Um carro em alta velocidade os atingiu. A colisão foi tão violenta que envolveu vários veículos ao mesmo tempo. Sabe quem pagou o preço por tamanha irresponsabilidade? Quatro inocentes: Meu irmão, o Thiago e o André. Além de uma mulher que também se envolveu nessa tragédia (eu não a conhecia), mas soube que veio a falecer dias depois de hospitalizada. Várias famílias estavam sofrendo por essa crueldade (*).
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André – Nossa! Ele não merecia isso, mas e o Lukas já foi para casa?
Eu - André (eu disse pegando sua mão) o Lukas está muito bem agora. Ele tá feliz...
André – Então põe um sorriso nesse rosto... Sei que o clima não é nada bom por causa do Thiago, mas pensa no seu irmão também... Cara... Porque você está tão triste assim?
Eu – Eu não paro de pensar nele por nenhum minuto... Porque o Lukas também nos deixou André. Ele não resistiu.
André – Não brinca assim comigo cara. Para de falar essas coisas... Por favor, diz que é mentira.
Eu – Infelizmente é verdade. Ele estava muito ferido... Os médicos fizeram o possível, mas não adiantou. Não era para ser.
André – Não dá para acreditar. Meu Deus do céu! Ele era meu amigo, o melhor. Não consigo entender.
Eu – Tá sendo muito difícil para mim também. To sentindo tanta a falta dele que eu acho que não vou aguentar.
André - O Lukas sempre me dizia que ninguém aqui sentiria falta dele. Se ele soubesse o quanto nós já estamos sofrendo com a sua ausência.
Acontecimentos tão difíceis... Enfim, retornamos para casa. Minha rua já estava repleta de amigos, conhecidos... Todos queriam de alguma forma nos confortar, dizer palavras de carinho... Nesses últimos dias, o Lukas estava passando por um período tão difícil, mas só em ver toda aquela “multidão” que aguardavam para vê-lo já comprovava o quão especial ele era.
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(*) Minha família sempre foi muito conhecida na cidade... Então era natural toda essa gente aqui nesse momento. Sim... Essa situação era terrível, mas agora eu pensava na minha irmã... Ela carregava outra vida consigo. Vê-la emocionada, pensativa... Tão jovem e cheia de situações complicadas no seu caminho. Que tristeza! Mais do que nunca eu queria esse bebê conosco nos alegrando, ajudando-nos a superar esse acontecimento. Essa criança salvaria a nossa vida! As mulheres aqui de casa, permaneciam juntas, uma amparando a outra. Não pude ver o Lukas com vida, infelizmente. Foi nos braços da namorada, perto dos meus pais que ele deu o último suspiro. Imagino o quão difícil seria para eles conviver com essa cena assustadora. Eu permanecia trancado no meu quarto, enquanto toda a minha família estavam lá embaixo sofrendo. Várias pessoas tentavam me convencer a mudar de opinião. Que egoísta! Todos ali tristes, mas mantendo-se fortes e, eu fugindo a todo instante (*).
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Eu – Ele precisava tanto de mim Edu. Eu nunca fui um bom irmão de verdade.
Edu - Amor. Isso não é verdade. Vocês sempre foram parceiros. Ele gostava sim de você.
Eu – A gente vivia brigando, mas eu só queria protegê-lo... Não era por mal. Ele sempre me dizia coisas terríveis. Como vou conseguir viver com esse fardo tão pesado?
Edu – Não pensa mais nisso. Lembra quando você saiu lá do Rio num dia importante na faculdade só para vir aqui vê-lo? Quem mais faria isso por alguém? Somente um irmão de verdade.
Eu – Você tem noção de como será difícil esse momento? Eu não aguento... É muito triste tudo isso.
Edu – Amor... (ele disse me beijando) Você é uma pessoa maravilhosa e o Lukas sabia disso. Vamos? Eu vou estar contigo.
Cada degrau que descíamos, meu coração disparava. Minhas pernas já fraquejavam. Minha família se lamentava diante dele, mas eu continuava quieto só observando o meu irmão que parecia dormir profundamente... Tão sereno! Não conseguia me conformar com o fato de uma vida ser ‘arrancada’ assim de uma forma tão drástica. Era muito difícil de acreditar.
Mais tarde, o André apareceu por lá totalmente desequilibrado. Eu não entendia a sua presença ali, mas ele foi autorizado a vir devido ao seu descontrole emocional, mas na responsabilidade de manter-se calmo. Acho que seria impossível alguém ter tranquilidade diante desse momento horrível.
André – Meu amigo... Por quê? Por favor, eu não quero sentir isso.
Agora eu teria que lidar com o fato do Lukas nunca ter confiado em mim de verdade. Ele sentia-se tão confortável com a sua namorada, o André... Eles formavam uma parceria bonita, sincera. Porque não comigo também? Me sentia tão mal com essa situação, mais ainda por não ter dado a devida atenção que o meu irmão merecia. Inacreditável! O André fez o que eu não consegui realizar durante todo esse tempo... Consolar a minha família.
André - Ele era tão especial, um cara bacana. Tão sonhador. Eu conseguia compreendê-lo. Vou sentir tanta saudade da nossa amizade.
Porque eu era assim? Às vezes tão frio... Outras, tão emotivo. Que dramática era a minha vida! Eu não conseguia controlar meus sentimentos. Por fim, novamente caminhamos para a capela que não era muito longe de casa. Minha família toda era muito religiosa... Acho que esse foi um dos motivos que me fizeram demorar a revelar minha verdadeira orientação sexual. Minha mãe ‘morava’ na igreja praticamente, mas ela sempre foi muito tranquila em relação as nossas intimidades... Me apoiava a todo instante! Enfim, o padre dizia o quão surpreso ele estava, pois acompanhou o meu irmão e o André ainda adolescentes e tudo mais, além de explicar-nos para não ficarmos mais tristes, pois o Lukas não gostaria de nos ver desse jeito, mas sim lembrar com carinho de todos os anos que vivemos juntos.
Por 17 anos ele permaneceu nas nossas vidas... Eu me lembrava de quando o Lukas nasceu... Dos ciúmes que eu tinha... Crescemos... Nosso pai nos levava para jogar futebol com os outros meninos da rua... Os troféus que ganhávamos nas competições... Os aniversários que sempre comemorávamos juntos... As viagens em família. Era muita história para contar. Depois de todo esse momento, a Daiana (minha irmã) quis cantar uma canção que nós gostávamos de ouvir quando éramos bem pequenos. Ela mal conseguia se expressar, mas reuniu todas as forças que possuía para homenageá-lo de alguma forma.
Daiana - É um momento tão difícil para todos. Ontem eu perdi o pai do meu filho também nesse acidente e, agora o meu irmão me deixou. Só peço muita força para superar essa situação. Eu amo tanto os dois, mas infelizmente vamos ter que continuar a vida sem eles por perto.
Todos os meus amigos daqui foram ajudá-la a cantar, mas eu não conseguia me mover... Totalmente paralisado. Continuei no meu lugar quieto, mas não poderia deixá-lo partir assim, sem ao menos ele saber que eu faria tudo o que estivesse ao meu alcance para trazê-lo de volta a minha vida. Toda a minha família já havia se despedido dele.
Por mais que o Breno e a Clara estivessem ali me transmitindo toda a força necessária... Eu não conseguia suportar tanta dor. Acho que todo mundo ali já sabia ou suspeitava da minha relação com o Edu. Impossível não reparar a forma como estávamos tão juntos, tanto amor que ele demonstrava por mim naquele momento, mas isso era assunto nosso. Nada mais importava.
Não conseguia mais segurar minha emoção... Parecia um nó enorme na minha garganta. Precisava desabafar de qualquer maneira. O Edu me abraçava, confortava, mas de nada adiantava. Então, agora seria para sempre... Nunca mais. Ele me ajudou a seguir onde o meu irmão estava. Tinha que me despedir-me... Não queria me separar dele.
Eu – Lukas... Porque se foi? Será que não pôde enxergar que eu precisava de você aqui. Tá me fazendo sofrer demais seu muleque. Porque não me deixou cuidar de ti? Eu te amo tanto irmão! Vou sentir muito a sua falta... Não vai embora, por favor.
Momentos trágicos da minha vida que passe o tempo que for... Jamais esquecerei. Meu irmão foi sepultado perante muitas vozes de agradecimento por sua presença durante esse tempo entre nós, aplausos, rosas... Digno de todo reconhecimento. Enfim, Apesar de ser uma situação muito triste... Foi algo bonito de presenciar, tantas pessoas demonstrando o seu amor por ele. Enfim, retornamos para casa. Meus amigos permaneceram por mais um tempo comigo e, depois cada um seguiu seu rumo.
Durante esse tempo, recebi tanto cuidado e proteção do Edu. Ele era minha calmaria... Não seriam dias fáceis, mas estando junto dele... Tudo ficaria mais leve.
Edu – Não vá ficar se culpando mais. Ok? Nós vamos está sempre juntos.
Eu – Sempre com você. (eu disse o beijando).
Edu – Eu sei que não é o melhor momento, mas quando nós voltaremos para casa?
Eu – Amor... Depois de tudo o que aconteceu. Não posso abandonar a minha família.
Edu - Como é?!?! (incrédulo). Sua vida está toda lá. Não acredito nisso. Você tem que voltar comigo.
Eu – Edu. Eu já decidi... Eu vou voltar a morar aqui.
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Escrever e lembrar tudo isso é sempre muito complicado, mas essa é a vida! Uma dica: Não deixem tudo para depois, valorizem quem vocês têm por perto.