Estou até meio envergonhado de ter demorado TANTO tempo para continuar postando, sei que parei na metade e isso é muito chato, mas eu fiquei um tempão sem computador, aí internet, somou mil coisas e acabei meio desligado, mas eu vou tentar ir postando, desculpem de verdade.....
-Oi Caio.
-Oi meu amor, sabe que não tem tanto tempo que estamos separados, mas já estava com saudade… - ele veio me abraçar, me deu um beijo, que por minha causa foi um pouco mais rápido do que de costume – amor, o que foi?
-Nada.
-Você está com cara de preocupação e também nem me deu um beijo direito…
-É impressão sua… - tratei de melhorar a minha atuação de “não preocupado”, pois se a Fátima estava mentindo pra mim era porque tinha algum motivo, tiraria a história à limpo antes de falar com o Caio e ela teria que explicar tudo direitinho.
Não ficamos muito tempo juntos, apenas conversamos um pouco e namoramos, nada demais.
Esperei uma hora que o Caio não estava por perto e fui falar com a Fátima, eu não tinha engolido aquela história de “não é nada”, quem era a pessoa no telefone? Ela não queria falar mas eu descobriria.
-Oi Fátima.
-Oi Eric, precisa de algo?
-Na verdade eu queria conversar.
-Conversar? – ela já começou a ficar meio diferente, talvez já estivesse pensando na hipótese de eu perguntar sobre o tal assunto – sobre o que?
-Sobre aquele telefonema, quem era?
-Não era ninguém, não é nada importante, você deve ter entendido mal.
-Não, não entendi mal, eu sei o que eu ouvi.
-Olha Eric, eu posso ser apenas uma empregada, mas não tenho que dar satisfação da minha vida pessoal, isso é problema meu – ela ficou bem nervosa falando comigo, cheguei até ficar assustado, pois ela nunca se alterava desse jeito.
-Eu só queria ajudar, você sempre me ajudou, sempre ficou do meu lado, queria poder te ajudar de alguma forma.
-Você é novo demais pra entender.
-Eu também achei que era novo demais pra ter que enfrentar o que estou passando, mas aqui estou eu, tentando.
-É o pai dele.
-O que? Pai de quem?
-Do Caio, o pai dele me procurou, depois de tantos anos e agora quer conhecer o Caio e se aproximar dele, mas eu não posso deixar isso acontecer.
-Mas Fátima, isso não é escolha sua, é do Caio.
-Eu não sei como ele vai reagir, não sei o que ele vai fazer, por favor não conta pra ele.
-Então conte, melhor você contar do que um homem estranho.
-Tudo bem, eu vou pensar.
Depois de saber essa história, eu fiquei tranquilo de saber a verdade, mas mais preocupado ainda por saber a verdade e ter que fingir que não sabia de nada, mas era uma coisa maravilhosa ao meu ver, saber que você tem um pai e que ele está te procurando, mesmo ele tendo te abandonado, nunca é tarde para voltar atrás e pedir perdão e o fato de eu ter perdido o contato praticamente com o meu pai, me despertou uma curiosidade, então eu fiz algo que não deveria.
Já era de noite, todos estavam dormindo, então entrei no quarto da Fátima para procurar o celular dele, depois de muito procurar, acabei encontrando e dei uma olhada nas chamadas recebidas e então obtive um número, eu ligaria para esse tal pai e conversaria com ele.
Fui pro meu quarto esperar o dia seguinte chegar, era impossível conseguir dormir, a ansiedade era tamanha que a vontade era ligar naquele exato momento, mas me controlei e depois de muito tempo, acabei pegando no sono.
Acordei logo cedo e fui pra escola, ainda estava muito cedo para ligar, então decidi ligar depois que saísse da escola.
Ao sair da escola, liguei para o número, cada chamada parecia uma eternidade, então uma voz de um homem nos seus 50 atendeu.
-Alo?
-Oi, quem está falando?
-Aqui é o Lúcio, quem está falando?
-Você não me conhece, meu nome é Eric, eu gostaria de conversar com o senhor, é sobre o Caio.
Houve um longo silêncio do outro lado da linha, não tinha desligado, mas também não falava nada, talvez estivesse surpreso com o assunto.
-Como conseguiu meu número?
-É uma longa história, gostaria de falar com o senhor pessoalmente.
-Tudo bem, é só dizer onde e quando.
Então marcamos um local, seria no mesmo dia, a tarde, marquei num lugar bem distante da minha casa, na verdade em outra cidade, afinal se a ideia era não expor o Caio, tentaria fazer isso da melhor forma, mas eu tinha que descobrir a história, saber quem era e porque abandonou o próprio filho, era a vida do meu namorado no meio.
Marcamos num lugar não muito lotado, mas também não deserto, pois eu não arriscaria, talvez ele fosse um psicopata, quando cheguei lá, logo o reconheci, um senhor bonito, não tinha aspecto de velho, era até que jovem para a idade, logo me aproximei.
-Bom tarde.
-Boa tarde, então, do que exatamente você quer falar?
-A Fátima disse que você andou procurando ela e o Caio e que você é o pai dele.
-Então você é a migo dele? Na verdade eu queria conhecer o Caio.
-O que? Conhecer? Porque isso agora? Você os abandonou quando ela estava grávida e agora quer voltar como se nada tivesse acontecido.
-Abandonado? Como assim? Claro que não.
-Mas a Fátima disse que…
-Ela é uma mentirosa, ela se separou de mim, disse que eu era um pobretão e que não tinha nada, mas também não contou que estava grávida, então deixei ela continuar o seu caminho, mas recentemente eu descobri sobre o Caio, eu decidi procurar ela depois de todos esses anos e acabei sabendo da existência dele, mas agora ela não quer que eu me aproxime.
-Mas não é possível que ela enganou a todos nós, ela parece uma moça tão boa, como pode mentir desse jeito?
-Não se pode confiar em tudo o que as pessoas dizem, elas mentem.
-E como sei que você não é o mentiroso?
-Você vai ter que confiar em mim.
Nós ficamos conversando algum tempo, o Lúcio era um cara super interessante, era um homem bem de vida, ele não estava casado e nem teve outros filhos – pelo menos não que ele saiba – conversar com ele estava sendo bom, ele entendia de tudo um pouco, era inteligente e engraçado, nós acabamos ficando amigos, digamos assim.
Depois daquele encontro eu fui embora muito feliz, estava ficando amigo do meu futuro sogro, o que era engraçado, mas também assustador, pois ele estava atrás do filho e poderia abandonar novamente ao saber que seu filho é gay, mas isso não era coisa pra se discutir naquele momento.
Nessa semana depois do primeiro encontro, me encontrei com o Lúcio algumas vezes e foi bem legal, ele sempre me perguntava sobre o Caio e como ele estava, como ele era, o que ele fazia ou com quem ele estava, eu obviamente fazia o Caio parecer melhor do que já era, ele estava doido para encontra-lo, mas eu disse que tinha um plano para isso.
Eu durante a semana estava bolando um plano, era o seguinte, como eu estava me tornando amigo do Lúcio e a Fátima não contava logo sobre a existência do pai do Caio, eu iria marcar de sair com o Caio e apresentar o Lúcio como um amigo, logo depois eles se conheceriam e se tornariam amigos, aí ele contava que era pai dele, ou algo assim, nisso ainda não tinha pensado.
CONTINUA…