Li e reli aquela carta umas 30 vezes. Não podia ter sido Rafael pois eu não tinha deixado ele entrar aqui dentro e eu tinha trancado a minha porta quando ele foi embora. Alguém tinha entrado aqui e deixado essa carta aqui. Sai da minha cama e olhei a casa inteira para ver se não tinha sumido nada mas tudo estava como eu tinha deixado quando eu sai. Quem entrou aqui?
Depois de tanto pensar em quem poderia ter deixado aquela carta, eu decidi deixar pra lá por que uma hora ou outra o autor iria aparecer. Fiquei intrigado com uma coisa. Quando você não procura um companheiro, ou por falta de tempo ou mesmo de interesse, ele aparece. E pelo o que eu vi, eu tinha 2 pretendentes. Rafael e o escritor dessa carta. Bom, eu não considerava o bruno como pretendente por que eu o tinha conhecido a pouco tempo. Mas ele parecia, aos meus olhos, um bom rapaz. Mas Dan não diria o mesmo. E isso eu ainda não tinha entendido. Qualquer dia eu pergunto pra ele. Um dia em que eu esteja calmo o bastante e ele esteja suscetível a uma conversa adulta e sem rodeios. Queria saber o por que que ele tinha feito aquilo com o Bruno e me tratado daquele jeito. Ele vai ter que contar.
Fui dormir por que de manhã cedo eu tinha que estar na faculdade. Faço faculdade de engenharia em uma instituição com nome em São paulo. Dava graças a deus pela minha mãe ser de classe alta e poder me bancar. Eu sei que é sonho de qualquer filho poder sair da casa da mãe e não depender mais dela mas como eu não tinha arranjado emprego ainda, minha mãe pagava a faculdade e a casa em que eu to morando é da nossa família. Minha mãe, que saiu do casamento, agora divorciada, tinha essa casa antes se casa e me deixou morar aqui pois não a usava. E agradeci muito a deus e a ela por ter me deixado morar. Minha mãe sabia que eu era gay. Claro, não é nenhuma surpresa para uma mãe que anos e anos cuidando de uma criança escute isso mas é a verdade, queira ela ou não.
Apaguei a luz do meu quarto e fui dormir.
No dia seguinte, acordei cedo e tomei um banho. Me vesti, comi e fui pra facul. Lá eu encontro a Larissa. Peguei amizade com ela porque fazíamos o mesmo curso. Ela tava com uma cara péssima. Assim como eu. Estava de ressaca e não tinha dormido tudo. Eu tinha até levado uma garrafinha de água hoje pra não parar de me hidratar.
- Eu devia ter pensado na garrafinha. - Disse ela. Estava rouca e com olheiras. - Você tá horrível.
- Você não ta melhor que eu. - Sorri. Percebi que estava rouco também. Larissa pegou a garrafinha da minha mão e tomou toda a água que estava dentro.
- Você é uma vadia sabia? - Sorri. - Sabia que tinha um bebedouro logo ali?
- Sim. Sabia sim.
- Intimidade é uma bosta mesmo. - Ri e ela também. Subimos para a aula e antes eu passei no bebedouro para pegar mais água quando vejo alguém correndo por trás de mim e vejo que a pessoa entrou na minha sala.
- Que pessoa louca né Lari?
- EU to louca. Louca de sede. Sai dai. - Ela me empurrou mas não sai até encher a garrafinha. Tampei e entrei na sala.
- NÃO VAI ME ESPERAR NÃO? - Gritou a Larissa no corredor quando eu já passava pela porta.
- ME EMPURRA DE NOVO! - Gritei de volta. Fui entrando e me sentei onde geralmente me sentava. Na minha cadeira, estava um bilhete. Na parte da frente estava escrito : " Para Astro, ".
Rafael? Ele estudava aqui na minha faculdade? Olhei em volta e procurei por um menino alto, musculoso e de cabelos grandes e loiros. Ele estava sentado no fundo da sala, olhando pra mim com um sorriso no rosto. E vi que ele estava realizando o seu sonho. Me lembro que ele tinha feito um grupo comigo, Larissa e outras pessoas da sala. Mas só. Era educado e as vezes ele me dava bom dia. A razão de ele me conhecer e saber quem eu era era de que ele estudava na mesma sala que eu. Sabia que conhecia ele de algum lugar. Sorri e me sentei. Não parei de olhar pra ele. Ele mexia a boca me falando que era pra eu ler. Abri a carta e li o que estava escrito. A letra era a mão e era datada de uma caligrafia artística.
" Astro,
Ontem a noite foi uma das minha melhores noites da minha vida. Quero conversar com você depois da aula. Se você topar olha pra mim e faz um sinal positivo e se não, faça um sinal negativo. Se topar eu falo com você na saída."
Olhei pra ele e balancei a minha cabeça em um sinal positivo e sorri. Ele não tinha para de olhar pra mim. Quando balancei a cabeça, ele deu um sorriso de orelha a orelha. Larissa se sentou ao meu lado e olhou para o que eu estava olhando.
- Não acredito! Ele estuda aqui! Será que a Andréa estuda aqui também?
- Olha não sei mas olha só o que esta escrito aqui. - Dei o bilhete para ela e voltei a olhar Rafael. Ele não tinha tirado os olhas de mim. Como eu nunca olhei pra ele? Um cara gato, que sentia alguma coisa por mim e queria ser retribuído. Mas agora ele teria uma chance. E eu faria tudo ao meu alcance para torná-lo feliz. Mesmo não sabendo nada dele, era assim que eu me sentia.
O professor entrou e eu virei pra frente mas sempre olhando pra trás para poder olhar pra ele. Ele não tirou os olhos de mim e o sorriso da boca.
A aula se passou e quando acabou, antes de eu me levantar, lá estava ele. Do meu lado.
- Oi meu Astro! - Disse ele. Estava assim como eu e Larissa. Acabado. Eu sorri ao olhar pra ele.
- Amor eu já tenho que ir embora porque minha mãe vai em casa ta? - Me disse Larissa. Ela beijou a minha bochecha E cumprimentou Rafael.
- Oi tut !
- E ai, quer tomar um açaí?
- Tudo bem.
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