Quando o avião começou a ganhar velocidade na pista, Matheus segurou a respiração e se encolheu no assento, de olhos cerrados. Aproveitei esse momento para analisar melhor sua fisonomia: o rosto de traços suaves, quase infantil, esconde uma vida que tomou rumos inesperados e uma história que vale a pena ser contada. Aos dezesseis anos, ele apresentava um rosto levemente triangular, boca pequena e lábios finos. O nariz, ligeiramente romano, dava um toque masculino a um rosto ainda muito jovem. As orelhas eram perfeitas, pequenas e redondas. O boné escondia os cabelos escuros e sempre bem curtos. Seu corpo era um tanto franzino, embora as nádegas fossem fartas – nas palavras dele, seu bumbum sempre levou os homens à loucura. Quando o avião decolou, Matheus respirou aliviado e abriu os olhos; pude então ver seus olhos castanhos escuros, que deixavam transparecer uma certa melancolia. Ao perceber que estava sendo observado, sorriu: os aparelhos ortodônticos davam um certo charme ao seu sorriso já quase perfeito.
— Você sabe muito bem que eu tenho namorado, tio — disse, rindo e mantendo os olhos fixos em mim. Embora ele tenha me chamado de tio, o que eu detesto, seu charme me desarmou completamente.
— Claro. E que namorado! Mas ainda não entendi como você conseguiu conquistar o coração do Tobias. Quer dizer, conheço ele há muito tempo e nunca imaginei que ele fosse capaz de se apaixonar por alguém. — divaguei, enquanto abria uma cerveja long neck. — A propósito, prefiro que você me chame apenas de Isaías.
Estávamos sozinhos na cabine do pequeno jato. O céu, com poucas nuvens, prenunciava um dia agradável no Rio de Janeiro. O meu amigo Tobias é um homem bem-sucedido e racional, talvez até mesmo demais. Ele já estava no Rio – tinha pego a ponte aérea – e certamente não estaríamos no jatinho se ele não fosse precisar do avião no dia seguinte, para uma viagem inesperada ao interior do Mato Grosso. Não é por acaso que ele ficou rico e permaneceu rico, pensei. Olhei novamente para o Matheus, que estava quieto. Não resisti à curiosidade e disparei:
— O Tobias nunca me contou como vocês se conheceram. Claro, ele já me falou muito sobre você, mas nunca sobre o primeiro encontro.
— Já faz um tempinho... — disse, pensativo. — Mas é uma história longa e meio complicada.
— Temos bastante tempo. Uns cinquenta minutos. — insisti.
O que segue é a história que Matheus me contou durante esse breve vôo.
***
O táxi parou em uma charmosa rua nos Jardins. O taxista de meia idade, cabelos compridos e bigode, manteve o motor ligado. Matheus saltou, pronto para mais uma noite de trabalho. Bateu no vidro do lado do passageiro e perguntou pelo número do apartamento.
— É no terceiro andar. — respondeu o taxista, rispidamente — Daqui a duas horas eu venho te buscar, entendeu?
Matheus aproximou-se do interfone e apertou o número três. Apresentou-se ao ouvir a voz grave e masculina do Tobias, e o portão de ferro em estilo neoclássico logo se abriu. Ao atravessar o imponente hall, ele não se impressionou. Não era nada muito diferente do que ele já estava acostumado a ver. Ao entrar no elevador, ajeitou o moletom azul com capuz. Estava vestido discretamente, com seu inseparável boné e calças jeans. Quando chegou no terceiro andar, a porta do elevador se abriu e revelou Tobias, que estava usando apenas uma bermuda branca e chinelos de dedo.
O corpo de Tobias era bem torneado, mas não exatamente sarado. Sua forma física era surpreendente para alguém com quase quarenta anos. Não havia nenhum sinal de flacidez, e apenas os cabelos levemente grisalhos denunciavam sua verdadeira idade. Os olhos verdes se destacavam em seu rosto quadrado e masculino. Tobias era simplesmente lindo. Isso Matheus não estava tão acostumado a ver, e era uma mudança bem-vinda de sua rotina de clientes carecas e barrigudos. Sorriu para Tobias, que retribuiu.
— Que bom que você veio. Por favor, entre.
Matheus entrou, com as mãos no bolso do moletom. Seguiu o anfitrião até a sala de estar, onde ficou parado em frente ao grande e moderno sofá de couro preto. Tobias apontou a mesa de centro, onde repousava um envelope. Matheus pegou e conferiu.
— Está tudo aqui. — sussurou, dobrando o envelope e colocando-lo com cuidado no bolso da frente da calça. Observando o ambiente, notou que era extremamente masculino, com móveis em tons escuros. Percebeu uma revista pornográfica ao lado da TV. “Provavelmente ele mora sozinho”, concluiu.
— Posso lhe oferecer uma bebida? Cerveja, talvez? — perguntou Tobias, com um agradável sorriso.
Quem trabalha nesse ramo sabe que não é muito seguro aceitar bebidas de estranhos. Apesar dos quinze anos que tinha na época, Matheus não era inocente e sabia disso. Mas a personalidade segura e encantadora daquele homem fez com que ele se sentisse compelido a aceitar.
— Cerveja, pode ser. Obrigado. — disse, timidamente. Suas bochechas estavam um pouco vermelhas.
Tobias foi à cozinha e logo surgiu com duas long necks. Entregou uma delas para Matheus e girou a tampa da sua garrafa com um movimento rápido e certeiro. Sentou no sofá e deu dois tapinhas no seu lado, como quem convida para sentar – mas não sem antes conferir o traseiro do menino. As calças jeans, um tanto apertadas, fizeram sua imaginação correr solta. Aquele bumbum era redondo e firme, e era possível ver claramente a linha onde terminam as nádegas e começam as coxas. Tomou um gole da cerveja, recém-saída da geladeira, e tentou disfarçar a ereção que teimava em surgir.
Matheus sentou e usou o moletom proteger sua mão ao abrir a cerveja. Seus dedos eram curtos e a mão, delicada. Tomou um gole e percebeu que Tobias lhe olhava fixamente. Olhou de volta, envergonhado. Ele nunca se sentia assim com seus clientes. Tentou relaxar e sorrir, mas logo desistiu ao perceber que seu sorriso não estava sendo natural. Levou a garrafa à boca, desta vez tomando um generoso gole. Logo sentiu a mão firme de Tobias em sua coxa.
A mão deslizou para o lado de dentro da coxa de Matheus, que fechou os olhos e logo sentiu lábios quentes deslizando por sua orelha direita. Quando os beijos desceram e chegaram ao pescoço, sua respiração ficou mais ofegante. O jovem garoto de programa sentiu-se mais relaxado – ou melhor, com tesão – e, ainda de olhos fechados, passou a mão pela barriga firme de Tobias, descendo até encontrar seu membro completamente rígido, que já estava fora da bermuda. Os beijos que ele recebia eram firmes, rápidos e ao mesmo tempo carinhosos, como ele nunca antes havia experimentado.
Quando abriu os olhos, Matheus pôde observar melhor o pau de seu cliente. Tinha aproximadamente dezesseis centímetros e circunferência mediana, era circuncisado e perfeitamente reto. Os pelos, aparados, davam a impressão de que ele era ainda maior. Tobias massageou seu cacete e gentilmente segurou a cabeça de Matheus, que entendeu o recado, tirou o boné e inclinou-se para fazer seu trabalho. Resolveu começar com lambidas rápidas, concentrando-se na cabeça do pau, e depois passou a massagear os testículos enquanto colocava tudo o que podia dentro da sua boca. Ao ouvir os gemidos de Tobias, aumentou a velocidade, sempre movimentando a língua ao redor da cabeça daquele cacete quente e pulsante.
Enquanto isso, Tobias acariciava admirava o corpo do menino e acariciava suas costas por dentro do moletom, percebendo como sua pela era macia e perfeitamente lisa, sem nenhum pelo. Puxou a manga do moletom e percebeu que seus braços tinham pouquíssimos pelos, o que o deixou com mais tesão ainda. Acariciou os cabelos de Matheus.
— Estou quase gozando. — falou, bem baixinho.
Matheus parou de chupar, levantou-se e tirou o moletom, ficando apenas de calças jeans. Tobias não resistiu e passou a mão pela barriga e pelo peito, agora expostos, sentindo a pele macia e ainda sem pelos. Puxou Matheus e o fez sentar nas suas pernas. Pegou sua mão delicadamente e pousou-la em cima do seu pau. Matheus fez carinho, sentindo a textura e o calor do pau de Tobias, e logo começou uma punheta em ritmo acelerado. Em pouco tempo Tobias contraiu os músculos da barriga, deixou escapar um gemido e gozou sobre seu próprio peito. Deu um tapinha na perna de Matheus, que se levantou. Foi ao banheiro.
Enquanto Tobias limpava-se, Matheus colocou o moletom e arrumou o boné no hall de entrada do apartamento. Logo Tobias voltou e chamou o elevador. Deu um beijo no rosto de Matheus.
— Até a próxima, meu anjo. — sussurou no ouvido do menino.
Lá fora, chovia furiosamente, e formavam-se poças na calçada. Matheus tirou seu celular do bolso e ligou para o taxista bigodudo. Botou o capuz do moletom e olhou para o chão. Tentava convencer-se de que era apenas mais um dia de trabalho – mas, no fundo, sabia que desta vez sentiu algo diferente.
***
As rodas do avião subitamente tocaram o chão. Com o barulho, paramos a conversa por um breve momento. Quando o jatinho saiu da pista e começou a taxiar lentamente sob o céu azul do Rio, não me contive.
— Ainda não entendi como, afinal, vocês terminaram juntos. Quer dizer, esse parece ter sido um programa como qualquer outro, embora eu ache que o Tobias tenha gozado um pouco rápido demais... – ri sozinho.
— Ah, você perguntou sobre o primeiro encontro. Foi isso que eu te contei.
A esperteza e a agilidade mental do garoto me impressionaram. Fiquei com vontade de vê-lo novamente e ouvir o resto da história.
— Podemos continuar a conversa durante o vôo de volta para São Paulo, amanhã. — propus, embora eu sabia que em um vôo comercial não teríamos a mesma privacidade.
— Está combinado, tio. — disse Matheus, rindo.