Continuando...
Quando eu fui ao tal detetive pra achar o paradeiro do pai dos meninos imaginava encontrar um Sherlock Holmes e acabei vendo um Didi Mocó. Mas deixaria o rapaz fazer o trabalho. A vida seguiu, eu não tinha nenhuma noticia ainda, só possibilidades, isso com 1 mês passado.
Minha vida de motorista não era fácil, era pra lá e pra cá. Era levar Will, depois Well, depois buscá-los, a tarde levar Will no cursinho (de vez em quando, na maioria ele ia de metrô), Marcelo e Well no inglês, e assim seguia todos os dias, eu já estava desanimado de ir na academia de novo. Eu vivia tentando compensar o tempo que eu não passava mais com o Lucas, coitado, ele acabava ficando mais com a Denise.
Não era fácil, eu achava que trabalhar era difícil, mas aquilo era duas vezes mais trabalhoso, quando eu não queria ir ao trabalho antigamente, eu ia no médico pegar atestado, ia doar sangue, se estava doente não precisa ir, já naquela vida não funcionava assim.
Antigamente um resfriado qualquer me derrubava, agora em compensação tinha que ser forte e ficar bem sempre. No meio de setembro, eu comecei com uma gripe das fortes, minha cabeça latejava, meu corpo doía, meu nariz estava horrível, mas eu tinha que continuar firme lá, porque se não fosse eu, ninguém faria.
Ricardo era um bom marido, um bom pai, mas do tipo que trabalhava e vinha depois dar agradinho, porque não tinha organização pra acompanhar minha rotina de motorista, inspeção do trabalho da Maria, estudar e etc.
Naquele dia de manhã, Ricky tentou me convencer a ficar na cama.
Ricardo: - Lindo, fica aí, você não tá bem.
Eu: - Não tem condições lindo, não tem como, alguém precisa levar as crianças nos lugares.
Ricardo: - Quer que eu fique em casa e faça?
Minha cabeça tava doendo tanto que eu tava ficando irritado com aquela insistência e acabei descontando nele.
Eu: - Ricardo, vai fazer o que você faz de melhor, vai trabalhar. Você nunca leva nenhum deles nem na esquina sem mim, não é agora que vai começar a fazer porque to doente.
Eu acabei pegando pesado, mas não foi minha intenção, eu tava morrendo de dor de cabeça, tudo tava me estressando.
Ele abaixou a cabeça, se arrumou pra trabalhar, deu um beijo nos meninos, um em mim meio seco e saiu. Minha consciência pesou de mais, teria que me desculpar com ele a noite, mas aquela hora eu não tinha cabeça pra conversar, tentaria não ser grosso com os meninos também.
Eu: - Vamos meninada?
Wellington: - Vamos. – Disse entusiasmado.
Eu: - Caramba, você tá gostando do colégio mesmo hein?
Will: - Você não faz ideia, ele não para de falar de lá, nem parece ele uns meses atrás.
Eu: - Que bom, então vamos, não quero ninguém perdendo a hora.
A noite, quando Ricardo chegou, ele tava visivelmente chateado, mas ele fazia de tudo pra evitar discussões desnecessárias. Na hora de deitar, fui falar com ele.
Eu: - Ricky, meu amor, desculpa, não foi minha intenção te magoar, eu só tava com dor de cabeça, sei que isso não justifica, desculpa.
Ricardo: - Tudo bem lindo, esquece isso, você tem razão, eu sou um pai muito ausente, eu devia ficar mais com eles, eu não devia ficar só com a parte boa, de curtir os finais de semana, eu devia estar mais na vida deles.
Eu: - Esquece isso, você trabalha bastante pra dar esse luxo pra nós, eu não devia ter falado besteira.
Ricardo: - Não foi besteira, é igual com o Lucas. Eu não quero que meus filhos me neguem como pai, não quero ser negligente, prometo que vou mudar.
Eu: - Não precisa.
Ricardo me beijou com calma.
Ricardo: - Você que tá certo. Agora vem cá, vamos fazer amor gostoso.
Eu ainda estava com dor de cabeça, mas aquela situação excitante fez as dores passarem instantaneamente. Ricardo era uma delicia na cama, ele sabia conduzir as coisas de uma maneira boa pros dois. Eu adorava beijar o corpo sarado e branquinho dele, ele ficava vermelho sempre, eu achava aquilo um barato.
A penetração, era firme e rápida, mas ao mesmo tempo gostosa, ele tinha o gingado, o rebolado pra deixar as coisas boas. Depois de horas fazendo amor, ficamos abraçados vendo TV. Eu lembro que naquela época, saiu o livro “comer, rezar, amar” eu estava louco pra comprar, por essa historia de falar sobre sair de uma vida infeliz e recomeçar. Até hoje é meu filme favorito.
Will tinha feito amizade com uns jovens do prédio, então ele já estava na onde das baladinhas, de ficar com as meninas e etc. Como ele era grande e eu confiava nele, eu dei um cartão de crédito pra ele, pra não ter que ficar dando dinheiro em migalhas sempre, ele ficou contente, agora ele podia curtir. Mas eu sempre dizia pra ele que ele era o responsável pelos gastos, se vacilasse, nunca mais daria essa confiança. Pro menor, Well, eu ia dando dinheiro, colocava no cofrinho dele, ele também tinha seu dinheiro já.
Na sexta-feira, eles iriam a uma balada em São Paulo, Will saiu de casa as 19. O problema era que eu era muito desesperado, eu tinha medo de tudo, eles foram de metrô. Eu disse que me ligasse de madrugada que eu buscava. Eu era o pai chato de saída de balada, aquele que busca o filho em qualquer lugar. Well e Lucas foram pra casa de Gustavo e Silvia ficar com os avós.
Ricardo queria curtir que estávamos a sós, mas eu não conseguia relaxar enquanto não buscasse o Will. 4 horas da manhã eu ainda não tinha pregado os olhos, Ricky já estava no vigésimo sono.
Ricardo: - Lindo, vai dormir, ele tá bem, essa hora já tem metrô.
Eu: - Será que ele bebeu? E se ele tiver bêbado? E se acontecer alguma coisa? Eu não consigo dormir.
Quando meu celular tocou, eu dei um pulo da cama. Coloquei uma roupa por cima do meu pijama e fui buscar o Will lá próximo a Rua Augusta, muito famosa em São Paulo por ser multicultural e ter muitas casas de entretenimento de todos os tipos. Eu tava caindo de sono, mas peguei ele e dois amigos do prédio. Eles foram dormindo no carro.
Em casa, eu tomei um banho, quando fui dormir, Ricardo falou comigo.
Ricardo: - Lindo, você não tem aula hoje?
Eu: - Puts, eu tinha esquecido, que droga.
Tive que sair. Passei o dia com sono, não conseguia prestar atenção na aula, chegando em casa queria capotar, mas Gabriel e Bruno estavam lá, então eu tinha que fazer sala.
Bruno: - Oi lindo, como você tá?
Gabriel: - Olha ele ai, o pai do ano.
Eu: - Besta, oi pessoal.
Abracei os dois. Tínhamos uma amizade linda, eu adorava aquilo.
Gabriel: - Cadê meus afilhados todos?
Eu: - Por ai, pelo mundo. Os menores tão com os avós e o outro tá aí na sua frente.
Gabriel: - É, to ligado que esse ai já ta nas baladas e você fica ai se descabelando.
Eu: - Não tem graça Ga, você sabe como eu sou, não tem como não ficar preocupado.
William: - É padrinho, deixa ele, eu gosto dessa preocupação toda. – E ele me abraçou, o que não era tão raro, mas era importante de mais pra mim aquele abraço de reconhecimento.
Ricardo: - Vamos sair pra comer?
Eu: - Vamos que to com muita fome.
Fomos comer em uma lanchonete muito boa do outro lado de onde morávamos, meio longe, mas muito boa, tinha valido a pena, conversávamos muito lá.
William: - Então, queria aproveitar que estão aqui todos, meus pais e meus tios e queria falar pra vocês que to namorando.
Eu quase engasguei na hora.
Eu: - O Q-q-que?
William: - eu to namorando pai.
Eu: - Pai??
William: - É, você é meu pai pô!
Pronto, passou o ciúmes rápido, quando ele me chamou de pai, fui ao céu e voltei, cem vezes melhor que um orgasmo. Não é fácil criar filhos, ainda mais de uma hora pra outra, mas era compensador.
Ricardo: - Ela é gata?
William: - Muito gostosa e muito legal.
Eu: - Só espero que você respeite a menina e use camisinha.
Gabriel: - Para de ser careta lindo, deixa o menino. Não vem dar uma de velho.
Eu: - Eu não to dando uma de velho. Cala a boca Gabriel.
Bruno: - Amor, para de se intrometer na vida dos outros.
Depois fomos pra casa, ficamos jogando conversa fora por lá, eles jogaram videogame e eu e Bruno jogamos buraco como sempre.
O resto da semana seguiu normal, assim como o mês, em Outubro, dali a 12 dias, Lucas faria um ano, já teria uma festa do caramba que o Gustavo e a Silvia dariam pra ele, seria um festa de sonho mesmo, porque o que eles não tinham pensado, o padrinho dele tinha. Fazia certo tempo que eu não via Carla, estava com saudades dela.
Naquele dia ainda, recebi uma ligação do rapaz que estava procurando o pai dos meninos. Disse que tinha quase certeza que tinha encontrado com as informações que eu tinha dado, me passou o endereço do trabalho dele, mas que não tinha o endereço pessoal.
Eu agora, não sabia o que fazer. Não sabia se conversava com o Ricky, não sabia o que ele ia pensar, nem sabia se o cara era um bandido, então eu tinha decidido ir e olhar de longe, eu tinha a descrição física dele. Eu nem sabia o que falaria pra ele, muito menos, se falaria algo.
Peguei meu carro no dia seguinte, terça-feira exatamente, fui até o lugar que o detetive tinha me passado. Era uma autoelétrica. O rapaz que eu suspeitava ser o pai dos garotos, tinha uma aparência jovem, era bonito até, era do tipo magrinho sarado, isso dava pra ver no uniforme colado, tinha muitas tatuagens.
Eu respirei fundo, desci do carro, peguei toda a coragem que eu achava que tinha, juntei e fui caminhando, não sabia o que faria pra ter certeza, mas alguma coisa eu faria...
______________________________________________________________________________________________________
Bom pessoal, ta aí mais uma parte, espero que vocês gostem. Muito obrigado pelo carinho presente nos votos e comentários, me sinto muito honrado. Qualquer crítica e sugestão são bem vindas.
E-mail para contato: marcio.casadoscontos@hotmail.com
Até mais ;)
Ps: Meus amigos, se vocês quiserem e puderem, me dêem sugestões de contos pra ler, não tenho mais tempo de ler pra conferir, então podem dar as sugestões.