Olá escritores e leitores da casa dos contos, muito obrigado pelos comentários e votos no último conto. Gostei muito e levei cada um em consideração.
Eu pensei em fazer dos três primeiro contos uma introdução para a história. Então esta é a segunda parte da introdução. Espero que vocês curtam. Abraços.
Era um sábado de manhã típico do inverno gaúcho. Um frio de renguear cusco que nem dizia o meu avô (para quem não sabe =frio tão intenso que pode deixar um cachorro mancando hahaha fonte: Wikipédia). Mas alguma coisa estava diferente aquela manhã, um feixe de luz do sol vinha direto no meu rosto, o que me dava àquela sensação boa de sentar no sol num dia frio. Levantei-me e fui direto para a cozinha tomar café. Por um milagre estava a minha mãe, meu pai e minha irmã tomando café juntos no mesmo horário.
– Hoje é natal e se esqueceram de me avisar? – não pude controlar.
– Bom Dia para você também meu filho, mas respondendo a sua pergunta não, eu e o seu pai só achamos que seria bom nós começarmos a ter momentos assim para variar – disse minha mãe.
Minha irmã se levantou da mesa e disse.
– Não é isso não Eduardo, você não sabe que agora somos uma autentica família cristã?
– O que você quer dizer com isso Elisandra?- disse meu pai.
Eles ficaram se estranhando, nunca tinha visto eles se tratando daquele jeito.
– Pai ela ta brincando!- disse tentando acalmar as coisas.
Depois desse bom começo de manhã, minha irmã saiu com umas amigas e o meu pai saiu para o escritório resolver algumas coisas. Fiquei tomando café enquanto minha mãe lavava a louça.
– Mãe
– Fala filho
– O Marcos me convidou para posar na casa dele hoje. Eu posso ir?
– Onde que ele mora Eduardo?
– Eu não sei ainda, ele ficou de vir com o pai dele aqui para falar com você lá pelas 17 h e depois eu já vou com eles.
– Ta, não tem problema. Eu vou falar com seu pai para ele estar aqui a hora que eles vierem.
- Obrigado mãe. Agora eu precisava ligar para o Marcos para confirmar com ele, mas acabei me esquecendo de pedir o número dele.
- A igreja deve ter o número dele, liga para lá e pede.
Liguei para a igreja e pedi o número dele, a sorte que eles tinham um telefone da casa dele.
–Alo!- uma voz feminina surgiu do outro lado da linha.
– Oi meu nome é Eduardo, eu sou amigo do Marcos. Ele se encontra?
–Oi Eduardo, eu sou a mãe do Marcos. Ele me falou que tinha lhe convidado para posar aqui. Faz o seguinte, eu vou te passar o número do celular dele e você pode falar direto com ele.
– Obrigado senhora
– Senhora não, você pode me chamar de Ivone querido. - Já vi que não ia conseguir me esquecer do nome dela, afinal era o mesmo da minha avó. Ela me passou o número dele, agradeci e desliguei.
Resolvi não ligar para ele apenas mandei uma mensagem. “Oi Marcos, é o Eduardo. Quando puder me liga. Abraço”. Fui para o meu quarto e na mesma hora tocou o meu celular. Era ele.
–Oi Marcos, desculpa te incomodar cara. É que eu precisava falar contigo.
–Como assim incomodar? Você nunca vai conseguir me incomodar. O que aconteceu? Você vai ir lá em casa hoje né?
–Vou sim, eu liguei só para confirmar se você e seu pai iam vir aqui às 17h.
– Vamos sim. Lá pelas 17 horas eu passo por ai, depois agente vai direto lá para casa.
– Ok, vou esperar. Abraço.
Me despedi dele e fiquei contando os minutos, olhei no relógio e eram 10 horas.
-Mãe vou almoçar lá na minha avó, lá pelas 17 horas o Marcos vai vir aqui conhecer vocês e depois eu vou para lá. Beijos.
– Eu vou passar o dia em casa, só a tua tia vai vir para cá mais tarde, então não se preocupa.
-Ta bom, tchau.
Cheguei à casa da minha avó e o Ruan estava lá vendo um filme que agora não me lembro do nome, fiquei assistindo com ele depois almoçamos e ficamos conversando enquanto ele jogava vídeo game. Acabei dormindo e eu tenho um problema grave, eu falo muito enquanto durmo. Acordei, já eram quase 17 horas, levei um susto quando vi o relógio. Levantei a TV estava desligada e o Ruan não estava em casa, mas eu ouvi a voz dele vindo da rua. Me arrumei rápido para ir para casa, enquanto saia pela porta o Ruan me chama e fala na cara.
– Quem é Marcos? Duda.
–Que? Como assim?
–Você, não parava de chamar o tal Marcos enquanto dormia.
Que vergonha, disse para ele que era um amigo que fico de me emprestar uns jogos, ele não acreditou muito, mas deixei ele falando sozinho. Quando cheguei em casa vi que tinha um carro que eu não conhecia na frente da minha casa, provavelmente ele já chegou. Entrei e vi a cena mais estranha da minha vida era o meu pai, a minha mãe, o Marcos e os pais dele conversando e rindo como se fossem velhos amigos. E realmente eram. O meu pai já havia representado o pai dele contra uma empresa que ele havia sido demitido injustamente. Os pais dele me abraçaram e a mãe dele disse para minha mãe que eu era muito lindo, nesse momento fiquei vermelho de novo e todos riram. Eles ficaram um bom tempo conversando e eu fui para a sala para assimilar o que estava acontecendo. O Marcos veio por traz de mim e sentou no meu lado.
– Por que você saiu de fininho Dudu?- Ele falou com uma voz rouca, que eu adorava.
- Eu não acredito que nossos pais já se conheciam.
- Que loucura ne? Mas o que você achou dos meus pais?
- Eles são muito legais, eu já tinha ligado mais cedo para sua casa e tinha falado direto com a sua mãe. Ela é muito simpática.
- Que bom que você gostou deles.
- Eu nem te mostrei a minha casa. Vêm comigo.
Levei ele pela casa, mostrei tudo para ele e depois fomos para o meu quarto.
- Acho que já esta na hora de te falar uma coisa que não sai da minha cabeça. - Ele me disse, enquanto sentava ao lado dele. - Faz pouco tempo que eu te conheço. Eu não sei bem o que esta acontecendo comigo, mas sinto que devo te contar.
- Pode falar.
- Depois que te vi a primeira vez, quando você entrou na igreja aquele dia. Não consegui mais parar de te olhar. E depois que terminou o culto eu tinha que falar contigo, mas ainda não sabia como. Então eu vi aquela oportunidade em que você estava sozinho e resolvi ir falar contigo. Depois fiquei contando os dias para te ver no sábado, fiquei com muito medo de não te ver mais. Mas eu tinha esperança que você fosse. E na sexta quando eu vi que você já tinha chegado, o meu coração parecia que ia sair pela boca de tão feliz que eu fiquei em te ver de novo. Depois de conversar mais com você, eu percebi que não consigo mais ficar longe de você, por isso convidei você para ir posar hoje lá em casa.
Depois que ele falou tudo, eu fiquei paralisado sem saber o que falar. Eu realmente me apaixonei por ele, mas não esperava que ele tivesse se apaixonado por mim também. Apesar de ele ser muito carinhoso comigo, ele podia estar confundindo o que ele sentia por mim. Afinal ele era da igreja e eu bem sei o que as igrejas pensam dos relacionamentos entre homossexuais.
- Você não vai falar nada?
- O que você quer dizer, com não conseguir mais ficar longe de mim?
- Eu quis dizer que estou apaixonado por você.
Na hora eu gelei, foi muito lindo o ouvir falar que estava apaixonado por mim. Mas eu precisava ter certeza se o que ele disse que sentia era real.
- Você tem certeza disso?
- Não só tenho como quero fazer uma coisa, que esperei a semana inteira para fazer.
Ele colocou carinhosamente a mão por traz da minha cabeça e me puxou em direção a sua boca quente. Foi um beijo calmo, mas longo. Nossas línguas se encontravam e se entrelaçavam de uma forma muito gostosa, eu nunca pensei que fosse tão bom beijar alguém como beijei ele. Quando nos afastamos, percebi que ele me olhava como se estivesse procurando uma reação. Ele estava lindo, mas só agora havia percebido que ele estava com uma camisa preta justinha e uma calça jeans que deixava ele ainda mais gostoso de quando vi ele a primeira vez.
- Você já pensou o que nós vamos fazer quanto as nossas famílias? – Falei me afastando um pouco dele.
- Eu acho que no momento certo, agente deveria contar. Não vai ser fácil, mas no final eles vão entender que o que esta acontecendo entre agente é real.
Conhecendo minha família, ainda mais meu pai. Eu tinha certeza que eles iam surtar e talvez até me correr de casa.
Sugestões e criticas, desde que construtivas, sempre serão bem-vindas.
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