• 18 – Discutindo o relacionamento
Enquanto Eu chorava no ombro de Sofia, a imagem de José e Karen não sai da minha cabeça. Era algo torturante. E só em pensar que Eu poderia perder a pessoa que Eu amava para qualquer uma, me dava náuseas. Eu me sentia terrível.
José entrou enfurecido na sala, acho que por causa da atitude de Sofia e da minha “delicadeza” que chagava a ser uma coisa chata. Ele entrou empurrando as cadeiras e Eu olhei para ele. Ele fitou Sofia por alguns instantes e disse:
– Sai do meu lugar agora!
– Seu grosso! – Sofia gritou e levantou-se. – Eu saio. Mas não por você, e sim pelo meu amigo.
– Vaza daqui Sofia!
Sofia saiu com raiva e medo. José estava realmente alterado.
Ele pegou meu rosto e puxou-me para perto do seu peito. E começou a falar:
– Que besteira amor... Não precisava daquilo. Parecia um show barato de drama que palhaços fazem em esquinas.
– Sabe... – Eu falei enxugando as minhas lágrimas. – Talvez esse seja o problema. Eu acho que sou um palhaço nessa história. – Me afastei e vi a expressão de José que não era nada legal.
– O que você está falando? A Karen só estava sentada no meu colo. Nada demais.
– Nada demais? – Fitei-o com expressão de raiva. – O que você faria se fosse uma situação inversa?
José nada falara. Então Eu disse:
– Você vai sentir a mesma dor que Eu senti em instantes atrás.
– O qu-q-que v-você va-va-vai fazer? – José falou gaguejando todas as palavras.
Não dei ouvidos a sua pergunta e fui em direção a Marcos que estava sentado na terceira cadeira da segunda fileira. Ao chegar lá Eu fiquei meio receoso e disse:
– Preciso conversar com você...
– Se você não percebeu já estamos conversando. – Marcos me olhava com uma cara séria.
– Se Eu te fiz alguma coisa errada, por favor, me desculpe!
– Não! – Ele abriu um sorriso e continuou: – Eu que te devo desculpas. Eu não sei com o que Eu estava na cabeça. Eu apenas te queria naquele momento. É que tu mexes demais com a cabeça das pessoas. –Ele riu e Eu retribuí.
– Não fica assustado... Mas agora Eu vou sentar no seu colo e te dar um abraço. Não quero muros nessa amizade.
– Amizade... – Ele fez uma cara de triste e depois riu – Claro! Vem dar um abraço no seu novo amigo.
Eu sentei no colo dele e dei um beijo em sua bochecha. Quando olhei para Marcos ele tirou uma mexa do meu cabelo e pôs atrás da minha orelha e ficou me olhando por um tempo. E Eu permaneci sorrindo até que ouvi:
– Acabou essa palhaçada? – Droga! Acho que exagerei... – Porque Eu acho que já foi longe demais.
– José não é isso que você está pensando cara... – Marcos tentava explicar com um nervosismo no olhar, mas foi interrompido.
– Cala a boca! – Olhou para mim e disse: – Vem! Deixa esse Mané pra lá!
– Esse “Mané” é meu amigo e Eu vou ficar no colo dele até quando Eu quiser.
– Não! – Disse Marcos desesperado. – Ele já vai sair cara.
– Meu irmão, Eu já mandei você calar a boca! Quanto a você Walmir, você vem comigo.
– Já disse que n... – E antes que Eu terminasse a frase, ele me puxou do colo de Marcos e me levou para o refeitório em um de seus ombros.
Somente quando ele me pôs no chão pude contestar:
– Grosso! Você é um grosso! Porque fez aquilo com meu amigo?
– Primeiro porque ele não é seu amigo. – José olhava com fúria para mim. – Segundo porque você me fez provar uma dose de ciúme que Eu nunca pensei em ter. Se seu plano funcionou? Sim. Funcionou. E terceiro porque Eu sou seu homem e não ia deixar você no colo de outro macho.
– Eu nunca tive outras intenções com o Marcos e você sabe disso.
– Eu sei. A palhaçada acabou?
– Ainda não. Como você se sentiu enquanto Eu estava no colo de Marcos?
– Muito puto. Nunca mais faça aquilo de novo, entendeu!?
– Sabe... Eu me senti pior enquanto a Karen estava no seu colo. Eu estava pedindo desculpas ao Marcos e a Karen estava te dando carinho. São duas coisas bem diferentes não acha?
– Sim. Acho. – Ele olhou sério para mim e disse: – Se é pra ser sincero que Eu seja. Acabou com a palhaçada agora?
– Se você está falando do nosso namoro... Sim! Acabou a palhaçada.
Na hora vi uma lágrima cair do olho de José. Eu não queria dizer aquilo. Mas era preciso. Pra mim e para ele, aquela decisão seria a melhor a se tomar naquela hora.
...
E Eu não demonstrei um pingo de sentimentos. Nem um pingo.